04-01-2021, 07:31 PM
2. As cadeias magnéticas
Quando as vontades se unem, formam cadeias magnéticas (egrégoras). Por afinidade simpática, formam-se e propagam-se socialmente espontâneas cadeias de sentimentos comandadas desde o centro por indivíduos manipuladores. As cadeias podem ser de teor político, comercial, artístico, religioso etc. A abrangência temporal e espacial que possuem é variável.
As guerras são exemplos de cadeias magnéticas altamente destrutivas e se devem ao choque de cadeias antagônicas. No atual mundo globalizado, formam-se cadeias simpáticas de abrangência geográfica internacional que podem ter como núcleo uma empresa, um governo, uma notícia, uma grande produção do cinema ou da arte. Quanto mais extensa for uma cadeia simpática, maior será sua força. A força simpática se propaga pela comunicação entusiasmada contínua e se desencadeia por práticas sólidas.
Os seres humanos comuns necessitam de liderança. Um homem de gênio forma sua própria cadeia para atingir seus objetivos. Adquire um ponto de fixidez, a imobilidade psíquica, e desencadeia em seguida uma ação circular perseverante de iniciativas. Possui grande força de ação e direção. Se for um gênio do bem, utilizará sua força para ajudar seus semelhantes. Se for um gênio do mal, os levará à desgraça e terá que responder por isso.
Hitler foi um gênio do mal. Hoje há muitos gênios do mal ativos. O movimento do agente magnético é duplo e se multiplica em sentido contrário pois a cada ação corresponde uma reação equivalente (por exemplo: o privilégio concedido a alguém desencadeará a simpatia do beneficiado por quem o concedeu mas, ao mesmo tempo, provocará a antipatia dos inimigos do beneficiado ao benfeitor).
O segredo consiste em calcular as reações antecipadamente e evitar agir por impulso. Aquele que não se isola das correntes magnéticas é fulminado por não resistir à tentação de satisfazer seu desejo a despeito das reações contrárias e perigosas que sua satisfação possa desencadear. Cada ato cria uma sequência encadeada de efeitos em rede. As opiniões circulantes influenciam diretamente a força do agente magnético formador da cadeia, motivo pelo qual é preciso avaliar cuidadosamente a abrangência e a profundidade das predisposições existentes, sob o risco de se desencadear uma catástrofe contra nós mesmos ou contra o mundo. O amor é superior ao ódio por ser intrinsecamente simpático.
Cristo foi crucificado por estar influenciando a multidão progressivamente e em um sentido contrário aos interesses dos centros das cadeias mais fortes de sua época. As cadeias estão submetidas a um movimento pendular, evoluem e involuem. Uma cadeia finalizante é sucedida por uma cadeia oposta. Atualmente (ano 2003), a cadeia simpática mundial que tem os EUA como centro entrou em lento movimento regressivo.
Os democratas retardam esse processo histórico através de sua maleabilidade e os republicanos, seus antagonistas, o apressam através de atitudes unilaterais. George Bush acelera a difusão do anti-americanismo no mundo sem o querer e apressa, portanto, a derrocada do império dentro da escala temporal das idades das nações.
3. A resistência e a manipulação das correntes
Uma chave utilizada pelos manipuladores para o encantamento e o enfeitiçamento é a capacidade de esperar os resultados de antemão e acompanhá-los lentamente, com paciência e sem ansiedade por atingir a meta. O pretenso encantador que esteja tomado de paixão fracassará por não suportar a espera. O mesmo necessita ir contra si mesmo, conter-se, para acompanhar a evolução do processo.
É impossível que alguém seja escravo e senhor ao mesmo tempo, com relação a um mesmo fluxo magnético. Se uma pessoa estiver imune à atração, será senhor do objeto; se for vitimada pela paixão, será escrava. É por isso que aqueles que tentam manipular as forças magnéticas para fins pessoais são fulminados mais cedo ou mais tarde. Resistir às atrações e repulsões é resistir às tentações.
Os agregados psíquicos são os fatores de debilidade. Quando mortos, estamos imunes à manipulação pois as fraquezas estarão eliminadas. Aqueles que não suportam as tentações colocam a satisfação dos desejos à frente dos efeitos colaterais das ações e se queimam ao tentar criar cadeias simpáticas que atendam aos seus desejos e concupiscências pois não possuem presciência das reações sociais que serão liberadas.
A pessoa tomada por um dsejo está louca, sendo incapaz de julgar e discernir. Quanto mais débil, propensa à histeria, nervosa, impressionável, fascinável e menos resistente psiquicamente aos acontecimentos for uma pessoa, maior será seu poder inconsciente de concentração e propagação da força magnética e sua atuação como elemento propulsor da cadeia. O entusiasmo é altamente contagioso. Através de atitudes, o charlatão exalta a paixão alheia. Entretanto, a paixão concentrada é altamente contagiosa e pode fulminar o pretenso manipulador em um movimento retrógrado caso esteja tomado por desejo passional e não se isole da corrente magnética que concentrou e começou a movimentar.
O isolamento se consegue pela recordação de si e pela morte dos egos. Quanto mais mortos estivermos psiquicamente, tanto menos condicionados estaremos e tanto maior será nossa capacidade de nos comportarmos de maneira a simpatizar ou antipatizar com o outro. A dissolução dos egos erradica os condicionamentos comportamentais, nos proporcionando liberdade interna para agirmos tanto de uma maneira como da maneira oposta, de acordo com as necessidades circunstanciais. Ao invés de vítimas, nos convertemos em senhores das circunstâncias.
Para dominar o fluxo dos acontecimentos é necessário, antes de tudo, não possuirmos condicionamentos comportamentais. Os condicionamentos comportamentais são fraquezas por onde somos manipulados pelas circunstâncias. Aquele que se entrega a uma paixão não pode dominá-la pois está dominado. O simples aparecimento de um velhaco que o tome através desta paixão o converterá em escravo. Aquele que estiver imune ao magnetismo, ou seja, à fascinação e, consequentemente, sem o condicionamento comportamental correspondente, pode influenciar algumas paixões do próximo por meio de outras paixões que o mesmo possua pois os fluxos libidinais de cada pessoa são múltiplos e conflitantes.
Deste modo, podemos fazer com que uma pessoa que nos odeia passe a nos amar ou decepcionar alguém que nos admira. Toda ação, atitude ou comportamento exerce em efeito sobre os sentimentos de quem a sofre ou presencia. Enquanto tenhamos os egos vivos, seremos manipuláveis. Se, em um dado instante, alguém for incapaz de nos manipular, isto se deverá unicamente ao fato de não estar emitindo os comandos corretos. Somos robôs viventes, de carne e osso, autômatos que atuam mecanicamente de acordo com as circunstâncias.
Basta que sejam apertados alguns botões para que tenhamos certos sentimentos, determinados pensamentos e executemos automaticamente as ações correspondentes. O que impede nossa total manipulação é unicamente o desconhecimento dos corretos comandos por parte do manipulador e não nossa resistência ao fatal poder do magnetismo universal. Este é o ponto central a ser compreendido. O desconhecimento é a causa das tentativas de enfeitiçamento e encantamento que surtem efeitos contrários aos almejados.
Explica, por exemplo, porque um homem que entrega flores de joelhos a uma mulher não conquista seu coração ao passo que outro que a ignora ou rejeita por considerá-la feia torna-se objeto de sua obsessão. O que ocorre aqui é um desconhecimento da mecânica do magnetismo: aquele que entrega flores não compreende que seu ato surte um efeito oposto ao esperado. São fatos interessantes de se observar as provocações irritantes que visam enfurecer ou as agressões que visam ferir o próximo.
O agressor/provocador necessita do sofrimento de sua vítima e atua de modo a alcançar esta meta, tendo por motivação a crença de que seu ato surtirá o efeito imaginado. Quando o efeito obtido com tais atitudes hostis é oposto ao esperado pelo manipulador, este sofre as consequências do processo que criou. Isso se chama "efeito especular do feitiço".
O velhaco, ao tentar ferir, está movido pelo desejo de causar sofrimento e, portanto, submetido a uma paixão. Se a psiquismo da vítima, por sua peculiaridade natural ou treinamento espiritual, repele a força magnética, isto é, não aceita a influência, a paixão do agente não é satisfeita e o mesmo sofrerá na proporção dos seus desejos de causar o mal, os quais se converterão em verdadeiros parasitas interiores que o tragarão vivo. Por isso se diz que o feitiço repelido retorna àquele que o lançou.
Exemplos: se um homem tenta me ridicularizar ou irritar e descobre que seu ato provocador me faz bem ao invés de mal, por eu considerar sua atitude ridiculamente engraçada ou agradável, sentirá em si mesmo os estados emocionais negativos que havia destinado a mim; então se enfurecerá com a intenção de me amedrontar para que eu sofra com o medo mas, se descobrir que considero suas ameaças vãs por serem visivelmente inofensivas, sofrerá mais ainda. Seu sofrimento será diretamente proporcional à sua impotência em me fazer mal.
Seu sofrimento somente irá abandoná-lo quando conseguir me causar algum dano. O fracassado manipulador insistirá dia e noite na tentativa de transferir sua dor para mim. Sua situação será ainda pior se eu não lhe houver dado nenhum motivo para me odiar. Então, neste caso, eu terei repelido todos os seus fluxos magnéticos, todos os seus feitiços e tentativas de hipnotização.
Apesar de eu estar aparentemente passivo, minha ausência de reação e meu silêncio serão sentidos como atos provocadores de múltiplos sentimentos e pensamentos resultantes do trabalho involuntário da mente do inimigo, a qual então irá corroê-lo. A morte do ego nos transforma em um espelho que refrata os feitiços.
Exemplo: um vendedor que fracassa em encantar o cliente, um sedutor que se apaixona miseravelmente por uma mulher que tentou encantar etc. É importante emanciparmos a vontade, torná-la livre das influências das circunstâncias, o que se consegue por meio da morte dos egos.
4. A manipulação e a instrumentalização das crenças
Um dos requisitos para provocar a paixão é ocultar esta intenção para que o ego da vítima não reaja à manipulação de sua mente. Caso esta chegue a tomar consciência das reais intenções do criminoso, reagirá com indignação ao fato de estar sendo manipulada e usada, compreenderá que os atos falsos e fingidos do manipulador têm como único objetivo o controle do seu comportamento.
O charlatão hábil faz a vítima crer que domina a situação e que o está enganando. A crença da vítima em sua autonomia é fundamental para evitar reações contrárias. Os padrões individuais ou coletivos de reações mecânicas obedecem às crenças. Manipular crenças é manipular significados atribuídos e, por extensão inequívoca, as reações correspondentes. Os significados se fazem e alteram através de atitudes.
O manipulador será tanto mais perigoso quanto maior for sua liberdade interna, ou seja, sua capacidade de tomar atitudes antagônicas dentro de uma mesma situação. Por ser capaz de assumir o comportamento que quiser, o espertalhão induz crenças a seu bel prazer. Atua como santo para que creiam que é honesto ou como cafajeste para que creiam que é desonesto. Atua como tímido para que creiam que é covarde ou como arrogante para que creiam que é poderoso. A força magnética habilmente instrumentalizada em manipulações da mente alheia é hipnótica.
Um estado hipnótico induzido é um estado de crença. Se o hipnotizado for levado a crer que é um cão, latirá. Se for levado a crer que seu amigo vai matá-lo, tentará se defender travando uma luta de vida ou morte. As crenças possuem intensidade variável, na proporção direta da qual influenciam a conduta. Acreditamos facilmente naquilo que desejamos ou tememos intensamente. Induzir crenças é operar sobre a imaginação.
Se estou convicto que fulano é um ladrão, é porque assim o imagino. Os combates ideológicos, verbais ou corporais são definidos pelo poder de indução de crenças. Aquele que for induzido a crer que é infer ior ao adversário será derrotado. As crenças e imaginações definem, portanto, o sentido fluxional do magnetismo universal. Aquele que odeia atua de acordo com o que acredita poder ferir o inimigo, física ou emocionalmente, porque sua intenção é prejudicar. Aquele que ama atua de acordo com o que acredita poder ajudar ou proteger a pessoa amada.
O manipulador pondera previamente a respeito das reações de sua vítima com a intenção de prevê-las e desencadeá-las. Pergunta-se, diante do inimigo: de que maneiras esta pessoa tentará me prejudicar caso eu provoque o seu ódio? Em seguida busca benefícios ocultos entre as possíveis tentativas de danificação. Se o identifica, calcula as probabilidades de que a vítima reaja exatamente da forma prevista. Em seguida aperta os botões. As crenças do odiante condicionam suas ações em relação ao odiado.
As ações do odiado são como botões psicológicos que ativam de forma exata certos comportamentos ao serem apertados. Tudo se resume em encontrar os botões corretos de acordo com os benefícios que busca o manipulador. Um erro de cálculo pode ser fatal. O ódio é um dos impulsionadores mais fortes do comportamento. Aqueles que eliminam o ego, eliminam os botões.