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Nessahan Alita - O Magnetismo nas Relações Sociais
#2
1. As atrações e repulsões

Em 29 de dezembro de 2002.

As relações sociais obedecem a princípios magnéticos como o fazem os corpos inanimados. Os seres humanos instalam entre si e com o mundo relações de atração e repulsão: são atraídos pelo que gostam e repelidos pelo que detestam. Quando são irresistivelmente atraídos ou repelidos, atua o magnetismo universal. Por trás das influências magnéticas estão as fascinações.

A qualidade das mesmas determinam o que será atraente ou repelente. Quanto mais expostos à fascinação estivermos, mais vitimados pelas circunstâncias seremos. Os fluxos magnéticos formam estruturas sociais que vão dos pares de casais, famílias ou parcerias de amigos até a humanidade inteira. A força psíquica promove agregações sociais por afinidade simpática e desagregações por efeitos antipáticos.

A simpatia se origina da convergência de desejos e a antipatia da divergência. O sentido assumido pelo desejo é o fluxo da libido. Uma mesma pessoa possui múltiplos e conflitantes fluxos libidinais. Sua linha psicológica principal será determinada pelos fluxos libidinais predominantes, os quais a expõem ao perigo da manipulação por um inimigo astuto, que tenha experiência na dominação dos sentimentos alheios.

Os manipuladores intensificam a simpatia ou a antipatia por meio da excitação dos desejos conscientes e, principalmente, inconscientes de sua vítima, levando-a à dependência, à entrega e à submissão completas. O segredo de seu perverso poder é a engenhosa estratégia de identificar as paixões da vítima que lhe serão úteis, estimulá-las e acentuá-las. A vítima deste modo é induzida, inconscientemente, a adorá-lo, temê-lo ou odiá-lo.

A força magnética é muito perigosa. Seu poder de atração pode ser muito intenso e nos fulminar. Para movimentá-la precisamos de um ponto de fixidez, o auto-centramento, o qual é obtido por meio da dissolução dos complexos que nos confere liberdade comportamental e o poder de resistir às atrações e repulsões fatais do magnetismo universal. É sempre conveniente, na medida do possível, evitar antipatias mas para tanto é necessário dissolver os egos. A antipatia não nos é em geral favorável a não ser que disponhamos de intensa dose de simpatia para lhe fazer frente de maneira muito segura. Devemos evitar ao máximo a constelação de antipatias.

Quando mexemos na corrente magnética, isto é, no fluxo libidinal interpessoal ou intrapessoal, desencadeamos reações. A presciência das mesmas é fundamental para não sermos fulminados. O meio para determinar simpatias e antipatias é a observação. Por meio da observação o manipulador descobre quais são os objetos de amor e de ódio. A afinidade simpática se estabelece pela correspondência de atitudes, pela convergência de comportamentos. Se atuarmos contrariamente ao que alguém detesta e favoravelmente ao que alguém ama, entraremos em afinidade simpática.

Para se superar uma grande antipatia é preciso uma dose superior de simpatia. A supressão de um ódio ou mágoa imensos requer a aplicação exaustiva do magnetismo em sentido contrário e proporcional à hostilidade sentida. Somos seres altamente mecânicos. Reagimos aos acontecimentos automaticamente e dentro de padrões detectáveis. Para sermos induzidos a ações ou estados de mente e sentimento, basta que o manipulador conheça a forma de provocá-los.

Por exemplo, induzimos alguém que sente prazer na oposição gratuita a defender nossas idéias quando fingimos defender idéias opostas às que em realidade são as nossas. Induzimos um fofoqueiro a propagar uma notícia quando lhe pedimos para ocultá-la sob a alegação de ser um grande segredo. Assim age o manipulador. O primeiro passo na manipulação é a identificação dos condicionamentos do outro.

O segundo passo é descoberta do agente desencadeador da ação mecânica. O terceiro passo é a instrumentalização desse condicionamento, a descoberta de situações em que o mesmo é útil aos nossos propósitos. Então basta “apertar os botões” e as reações se desencadeiam. O manipulador faz um levantamento dos condicionamentos comportamentais e dos objetos que exercem atração e repulsão em sua vítima. Então os utiliza conforme as circunstâncias.

Quando as reais intenções do manipulador são percebidas, sua imagem sofre um desgaste perante a vítima. Para recuperá-la, este precisará agir como se o objeto de seu desejo fosse altamente desinteressante e, em seguida, dar continuidade aos atos encantadores. Na manipulação opera-se por alternância. Não se opõe força contra a força mas, ao contrário, se intensifica e instrumentaliza os fluxos de força existentes. A insistência em uma única direção produz um fluxo de força resistente na direção contrária.

A lisonja e o carinho contínuos e excessivos conduzem à irritação e ao fastio. A indiferença e o desprezo contínuos consolidam a fr ieza e afastamento. O manipulador combina dialeticamente os opostos: toma atitudes encantadoras ao mesmo tempo em que simula estar desinteressado. Então vai acompanhando a evolução do processo de enlouquecimento de sua vítima. Pode-se induzir no outro estados internos por simpatia ou antipatia. Todas as nossas atitudes desencadeiam no outro reações mecânicas contra as quais se é indefeso.

Para instrumentalizá-las, basta observar os efeitos de cada atitude e descobrir situações em que seriam desejáveis. As pessoas reagem automaticamente ante as circunstâncias, de modo padronizado. São absolutamente manipuláveis através de um jogo de atração e repulsão que corresponde ao fluxo do magnetismo universal. A voz e o olhar são poderosas ferramentas de encantamento.

Induzem a atitudes de modo facilmente verificável. Encarar ou ofender verbalmente um homem de natureza exaltada é induzí-lo, sem chances de defesa, a criar um conflito e cair em estados psicológicos negativos. A simpatia se estreita e intensifica quando alguém toma as idéias do outro e a desenvolve e amplifica como se fossem suas através da palavra. Ao endossar as frases do próximo, estará cumprindo sua vontade. O contato contínuo mas não desgastante por insistências unilaterais é essencial no instalação da simpatia ou antipatia. A distância prolongada induz ao esfriamento, à neutralidade. Em torno de um objeto de desejo ou de ódio, pode-se criar toda uma cadeia magnética envolvendo um número infinito de pessoas. Obviamente, o desejo está contido no ódio sob forma de intensos impulsos de buscar a distância ou de ocasionar danos ao objeto detestado.

Querer afastar-se de uma situação é quase o mesmo que querer aproximar-se da situação oposta. Nos níveis inconscientes da psique, o magnetismo apresenta liberdade de direcionamento e intensidade em seu fluxo. Continuamente nos influenciamos reciprocamente sem o perceber. Eis o perigo do manipulador hábil. O manipulador hábil consegue enxergar a parte oculta da psique alheia. Identifica e instrumentaliza fraquezas que a vítima desconhece possuir para transformá-la em um fantoche excitando suas debilidades e induzindo crenças.

Os padrões de atração e repulsão de cada pessoa apresentam um estrato individual, exclusivo dela, e um estrato coletivo, compartilhado com outras pessoas ou até mesmo com a humanidade inteira. A simpatia se instala quando uma pessoa considera que outra a auxiliará a realizar seus desejos. Antipatia se instala na situação oposta: quando a satisfação do desejo é ameaçada.

Opor-se à satisfação do outro é torná-lo nosso inimigo e favorecê-la é torná-lo nosso amigo. Dar livre curso aos desejos alheios é tornar a si mesmo de algum modo útil e necessário ao outro. Contra os próprios desejos, a resistência dos seres humanos comuns é nula por não terem dissolvido o ego. Não se tem notícia da existência de alguém que se torne inimigo de uma pessoa por ter sido auxiliado pela mesma na satisfação de seus desejos, sonhos, anelos etc. Depreende-se, assim, que este é um ponto fraco que nunca se fecha.

Tal abertura à manipulação é utilizada pelos malfeitores expertos mas pode também ser aproveitada em casos justos nos quais precisamos nos defender ou ajudar alguém. Uma vez excitada a paixão ou desejo, seu portador se mobiliza para satisfazê-las, atirando-se em direção ao objeto cobiçado como uma bala de revólver em direção ao alvo. É algo absolutamente mecânico e irresistível.

O controle deste processo exige do manipulador a capacidade de influenciar sem ser influenciado, de encontrar nos impulsos alheios utilidades, de aceitá-los tal como se manifestam e de conhecer as palavras e ações que os intensificam. São particularmente interessantes os casos em que o elemento manipulado acredita estar enganando o manipulador ao ter os seus desejos satisfeitos.

As pessoas mais propícias a este tipo de enganação são as pouco evoluídas, muito primitivas e que querem sempre levar vantagem às custas do próximo. Obviamente, é exigida imensa frieza e indiferença por parte do elemento ativo para que ridicularizações, escárnio etc. sejam suportados com tranquilidade.
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RE: Nessahan Alita - O Magnetismo nas Relações Sociais - de Guardião - 04-01-2021, 07:21 PM

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