A iniciativa privada vale a pena?

[Commodoro]

Se você alcançou CR com apenas alguns meses de estudo, tenho certeza de que você é diferenciado, por que nem de longe isso é o padrão, exceto, é claro, se for algum concurso de baixo nível ou com muitas vagas (área da Educação, por exemplo).

Mesmo tendo uma ótima bagagem e levando os estudos a sério na faculdade (inclusive já com especialização), reprovei várias vezes até vir uma aprovação em uma PC que mal chegava a 4k na remuneração líquida... Preferi não assumir pois precisaria mudar de Estado e minha remuneração em casa era quase a mesma coisa. Continuei estudando por mais um ano e consegui uma aprovação em um concurso de oficialato sem imaginar em algum momento que daria certo. Atualmente, aguardo essa nomeação.

Continuei estudando para delegado e reprovei, injustamente, na 2ª fase (prova discursiva). Recorri e venho aguardando o resultado definitivo mas sem expectativas. Isso sem contar alguns outros concursos que prestei e fui reprovado (agente, escrivão, investigador etc.). Então nesse ciclo de concursos, as aprovações são contadas nos dedos e as reprovações são na casa das dezenas...

O mundo real é foda mesmo, a vida do concurseiro é no modo hard: muito tempo de estudo diário, muitas renúncias, cansaço mental absurdo, ansiedade a mil e inúmeras outras dificuldades que aparecem, física, emocional, financeira. E, além de tanta renúncia, geralmente os familiares NÃO conseguem entender a dificuldade que é a rotina do concurseiro.

Após muitos meses de estudo diário, venho tirando uma semana sabática, refletindo SE eu teria condições (emocionais mesmo) de encarar nos próximos anos os estudos para a magistratura. Agora, se o sonho vale mais do que tudo, é preciso resistir e seguir em frente.

É muita coisa para decorar e jogar na memória de médio/longo prazo, você fica de mãos atadas nesse caso, até porque se quiser fazer a loucuragem de estudar 8h por dia para aprender mais rápido, em 1 semana teu cérebro frita. 

Pelo visto você já está em um nível bem avançado, prestando concursos de alto nível, eu acabei de sair da escola então estou preso aos de nível médio e fundamental. Não sei se chegarei a esse ponto porque tenho lá minhas desconfianças a respeito das fraudes, ainda mais nessa palhaçada de prova discursiva, em que se tu não lê o pensamento do examinador, ele te reprova.

Esses dias vi um perfil em uma rede social de uma mulher que está estudando para magistratura há mais de 10 anos, ela já tem quase 40 anos e ainda tem o sonho de ter filhos. Fiquei impressionado, realmente é uma resiliência absurda e muita coragem pra ver a vida passando enquanto aposta em uma prova.

Sobre os familiares, cortei o contato com praticamente todos, ficar se explicando não dá em nada. A família bostileira média não tem sensibilidade nenhuma com o concurseiro, e só vão chupar suas bolas e pedir o cartão de crédito emprestado quando você já estiver em exercício.

O importante não é decorar, embora nas últimas semanas que antecedem uma prova é essencial gravar algum ponto aqui e ali. A melhor dica é realmente entender a lógica do que está sendo estudado, obviamente, de acordo com o modo que a banca examinadora aplica a prova.

Saiu do ensino médio, e já sabe qual carreira seguir, comece a preparar a sua base, mesmo que o faça ainda dentro da faculdade.

Eu só comecei a estudar para concursos 3 anos após formado. Provavelmente estaria melhor se tivesse começado mais cedo.. Mas claro que na época isso não me passava sequer pela cabeça, vivia relativamente bem.

Infelizmente as fraudes são uma realidade, mais do que o normal nos grandes concursos, mas sempre é possível ser aprovado na raça. De toda forma, com o nível crescendo dia após dia, é preciso vir se preparando muito tempo antes.