26-11-2020, 07:35 PM
ERNEST HEMINGWAY
Valeu camaradas.
Citação:“Um homem inteligente é por vezes forçado a embebedar-se ou a isolar-se, para conseguir aguentar os idiotas com que se vai cruzando todos os dias”
Esse era o lema do autor de O Velho e o Mar, Ernest Hemingway, nascido em 21 de julho de 1899, no estado norte-americano de Illinois.
Ernest era filho de pais respeitados na periferia onde nasceu, sendo seu pai médico e sua mãe professora de canto (ópera). O desejo de seu pai era que ele seguisse carreira na medicina, mas desde sempre se sentiu atraído pela literatura.
Interessante que diferente dos autores que já vimos, como Kafka e Bukowski, que tinham relações conturbadíssimas com os pais, era a mãe dele que tinha um gênio forte e difícil de se conviver.
Hemingway, que sempre teve fascínio pela literatura, começou a trabalhar como jornalista em um jornal do Kansas antes mesmo de sair do colegial, tamanha sua desenvoltura e facilidade de escrita.
Chegou a se alistar no exército, mas foi dispensado devido a um problema de visão. Mas isso não o impediu de ir atrás do seu objetivo: participar de alguma forma da Primeira Grande Guerra, que viria mudar os rumos do mundo. Ele se voluntariou no exército italiano e foi chamado para ser motorista de ambulância.
Ocorre que ele foi gravemente ferido durante o trabalho e passou um bom tempo em recuperação, ao passo que se apaixonou por sua enfermeira e, assim como os grandes escritores, transformou isso em livro, dando vida a obra Adeus às Armas (1929), onde ele relata suas recordações da guerra, ao passo que o jovem personagem do livro, um jornalista americano que defende a Itália na guerra, se apaixona por uma enfermeira e deserta.
Depois de recuperado, voltou para a sua cidade natal, mas não se adaptou muito bem. Ora, a vida era pacata demais para um veterano de guerra de nem 20 anos de idade
Logo se casou – apaixonava fácil o cidadão – e foi morar em Paris (1921), que na época era o berço da cultura do mundo. Lá começou a trabalhar para uma revista e escreveu dezenas de histórias.
Em 1925 foi tirar férias na Áustria e conheceu, então, a mulher que viria a ser sua segunda esposa, ao passo que tiveram um filho (já era o segundo de Ernest) e foram morar em 1928 na Flórida, por indicação de um amigo (detalhe que ele conheceu essa mulher enquanto estava casado com a primeira. Antes de pedir o divórcio, a ex esposa descobriu a parada hehehe).
Nesse intervalo, ele escreveu o que viria a ser uma das suas obras mais esplendorosas, O Sol Também se Levanta. Na obra – que lhe deu fama, de fato – ele retrata a vida de um jornalista americano que, ferido na guerra, se torna impotente.
Foi mais ou menos nessa época que ficou sabendo que seu pai havia tirado a própria vida.
Sua mãe, gente finíssima, o encaminhou a arma que seu genitor usara no suicídio. Ele não conseguiu decifrar o significado de tal ato, tendo morrido sem saber.
Citação:“São precisos dois anos para aprender a falar e sessenta para aprender a calar”
Depois desse acontecido, voltou a morar na França e por lá ficou um bom tempo, até que foi convidado a ser correspondente no exército republicano na Guerra Civil Espanhola, ao passo que Ernest acompanhou tudo o que ocorreu nesse período, já que havia se aliado às forças republicanas contra o fascismo (1936 a 1939).
Diante de tudo que vira, publicou Por Quem os Sinos Dobram em 1940 (a Segunda Guerra já havia começado), livro que narra três dias na vida de um americano na Guerra Civil Espanhola. O relato é tão reconhecido que chegou a virar filme.
Bom, como eu disse, Hemigway se apaixonava fácil (inclusive por mulheres casadas e casou-se mais uma cacetada de vezes, tendo outros filhos).
Depois desse período, Ernest, que fazia pescarias todo ano em Havana, foi morar definitivamente em Cuba.
Em 1946 casou-se pela quarta e última vez.
Quatro anos depois, já famoso por seus escritos e aclamado pela crítica, o New York Times chegou a colocá-lo como o melhor escritor do mundo após a morte de Shakespeare.
E é em 1952 que escreve a maior de suas obras primas: O Velho e o Mar.
Aos camaradas realistas, indico fortemente a leitura desse livro. É um senhor que passa dias e dias a fio sem pescar um peixe sequer, quando de repente, pesca uma baleia. Não vou dar spoiler, mas é uma das grandes obras da minha vida.
Não se trata de um velho, um peixe e/ou um mar. Trata-se de princípios, valores, paciência, respeito. Muito respeito.
Por conta dessa obra, ganhou um prêmio Pulitzer (hoje é dado só para mentes esquerdistas doentias) em 1953 e, no ano seguinte, premiado com um Nobel da Literatura, também por O Velho e o Mar.
Merecidíssimo, grande obra. Espetacular. Puta que o pariu.
Citação:“A felicidade em pessoas em inteligentes é das coisas mais raras que conheço”
Em 1960 saiu de Cuba e voltou para sua terra natal, ainda com sua quarta esposa.
Ernest começou a ter problemas com a depressão e, em 1961, pegou sua espingarda de caça favorita (fazia coleção de armas) e deu um tiro na sua própria cabeça. Assim como seu pai, Hemingway tirou a própria vida.
Sua esposa, tempos depois, reuniu seus manuscritos e publicou, sob título Paris é Uma Festa.
Bom, uma curiosidade, só para encerrar, é que Ernest foi uma das inspirações literárias do cidadão que eu mais acho absurdo na literatura, Charles Bukowski.
Mais uma gama de obras que vão entrar aí na lista de leituras futuras.
Vou ter que viver 250 anos para ler tudo.
Mateus 21:22