10-06-2023, 03:24 AM
Reflexões sobre o dia do orgasmo
Postado por The Truth na Segunda-feira, 1 de agosto de 2011.
O dia 31 de julho é considerado o dia do orgasmo. Nessa data sempre aparece algumas estatísticas sobre o orgasmo feminino. Cerca de 30% das mulheres brasileiras adultas nunca chegaram ao orgasmo.
Se o problema fosse apenas cultural, seria muito mais fácil resolvê-lo. Mas não é. Existe uma questão que envolve a própria anatomia feminina. De alguma forma, a estimulação da mulher não é tão simples quanto parece. Mas não é simples, porque a mulher precisa de um clima emocional favorável. Fora desse clima, a parte física do sexo parece ser insuficiente. A mulher quer uma cena mágica. E qualquer coisa que gere cobranças ou estigmas acaba com a magia da situação.
Quando o homem possui um bom nível de instrução e conhece a anatomia feminina, então o problema não é mais cultural, ou social. Poderíamos dizer que a falta de orgasmo feminino é um problema de gente “pobre e sem instrução” e que uma geração mais instruída não passa por esse problema? Um homem sem instrução é apenas um ser prático, que chega lá e penetra a mulher e acha que isso é suficiente. Provavelmente a mulher dele, que também não possui muita instrução, não irá ensiná-lo o modo certo de fazer a coisa.
E o caso de um homem que tem instrução, o que impediria esse homem de ter êxito? Se a mulher não tiver prazer suficiente, ela também não falará da mesma forma, pois ela terá medo de desagradar o homem ou ela achará que isso quebrará a magia do sexo. No primeiro caso, o homem não sabe o que fazer. No segundo caso, o homem sabe o que fazer, porém ele está iludido com as reações aparentemente positivas da mulher.
Se a mulher abandonar radicalmente a teatralização, o homem verá o quanto é difícil satisfazê-la. O homem pode ter instrução e não ser agressivo ou intimidador, que mesmo assim, isso não garante o orgasmo feminino. Ou seja, estimular a mulher num nível suficiente é muito difícil. Na maioria dos casos, a própria mulher ajuda e se masturba durante o sexo. Porém, sem essa ajuda da mulher, fica muito difícil estimular a mulher num nível suficiente.
Diferentemente da mulher, o orgasmo masculino é fácil demais. É tão fácil que vira problema. O problema do homem não é a demora do orgasmo, mas a rapidez excessiva. Trata-se de um problema totalmente diferente do problema feminino. Estimular o homem é fácil e o orgasmo masculino é óbvio de ser percebido, pois é acompanhado de ejaculação. Porém, o orgasmo feminino é muito difícil de ser interpretado e as muitas mulheres não sabem o que é direito.
Para efeito de demonstração, trata-se de um pico intenso de prazer acompanhado por fortes contrações musculares. Se você escutar apenas gemidos e mais gemidos, mas sem qualquer tremelique muscular, então não houve orgasmo, mas só simulação. Mas ainda sim, muitos homens ainda caem no golpe do gemido.
Mesmo que o homem saiba o que é preciso fazer para levar a mulher ao orgasmo, o orgasmo feminino continuará sendo uma dificuldade. E essa dificuldade é a razão do estresse feminino em relação ao sexo. As próprias mulheres acham o sexo mais entediante do que confortável, pois elas não assumem as dificuldades do sexo e se escondem nos gemidos.
Se a mulher reconhecer que o parceiro não consegue satisfazê-la, é claro que isso será frustrante para ela e para o homem. Ela tem medo de ficar com a fama de frígida e por outro lado, ela tem medo de desagradar o parceiro. Desse modo, ela finge que está tudo bem e não consegue obter o tão desejado orgasmo. E claro, o homem fica inculcado, porque a mulher quase sempre diz que tudo está bem.
A mulher carrega o estresse do sexo, porque ela quer um mundo sexual mágico, sem frustrações. Ela é orgulhosa demais e vive de fantasia. Mesmo com toda a estimulação, às vezes é preciso de uma dose de estímulo muito alta e isso torna todo o processo muito estressante e desgastante, porque o processo não é rápido. O processo é demorado e ainda pode não funcionar! Então a mulher prefere deixar a coisa do jeito que está ao invés de relatar suas dificuldades e acabar com a magia da situação. Ela prefere guardar o estresse de um sexo insatisfatório para ela do que confessar sua dificuldade. Nesse ponto, o homem não tem como ser adivinho.
Se as mulheres assumissem que é difícil satisfazê-las e levá-las ao orgasmo, o mundo da magia sexual acabaria, mas isso seria uma forma de melhorar o sexo. Para a mulher poder chegar ao orgasmo, ela precisa reconhecer suas dificuldades. O orgasmo fácil das ninfomaníacas não passa de ficção. As mulheres não possuem a mesma facilidade masculina para o orgasmo e isso não é vergonha, porque é um fenômeno natural. Isso não é falta de cultura ou educação, mas é falta de estimulação suficiente. Certamente, após o reconhecimento dessa dificuldade, o sexo será muito mais estressante para os homens, pois os mesmos perceberão que não são os reis da cama.
O estresse causado pela dificuldade de orgasmo torna o sexo uma espécie de trabalho para a mulher. É por isso que a mulher precisa de situações fetichistas para gostar de sexo. Nessas situações, o cenário de emoção substitui o objetivo do orgasmo. O fetiche é o substituto do orgasmo. Nesse sentido, a mulher tolera o “trabalho” sexual, enquanto ele é parte de um lazer fetichista. Isso explica porque os casamentos não duram mais. Enquanto os homens casados não enjoam do sexo, as mulheres enjoam do sexo, porque o combustível fetichista do casamento acabou.
O orgasmo feminino existe, mas é bem mais difícil do que o orgasmo masculino e essa dificuldade é a razão de tanta discrepância entre o valor do sexo para os homens e as mulheres. O homem valoriza o orgasmo independente de situações fetichistas. A mulher percebe o sexo como um trabalho, uma vez que o seu orgasmo envolve interesses conflitivos. O estresse causado pela dificuldade sexual obriga a mulher a criar uma espécie de taxa para o sexo. O fetiche é o pagamento do trabalho sexual da mulher. Mas ainda há outras formas de pagamento, que resultam numa coisa parecida com a prostituição.
Este texto faz parte do projeto: Segunda das Relíquias Perdidas.