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Botar a mão na massa nunca valeu tanto a pena
#1
Algo histórico no Brasil sempre foi a ideia de que pra vencer na vida é necessário estudar bastante e ter curso superior. Isso é mesmo verdade na maioria dos casos, mas em um país de terceiro mundo onde o conhecimento nem sempre é recompensado, a ideia de quem apenas aqueles com educação superior se dão bem, pode estar mudando. 

O Brasil é o país das aparências, todos sabemos muito bem disso. Tanto é que nossa geração está dedicada a aparecer. Falei disso detalhadamente em alguns artigos do PFL, entre eles A arte de ser low profile (que está disponível aqui).


Fato é, hoje muitas profissões que são NECESSÁRIAS para que qualquer país aconteça são ridicularizadas no Brasil. Essas profissões geralmente não recebem o respeito que merecem. O mal do brasileiro é julgar a pessoa pelas suas posses, aparência e geralmente seu trabalho, não pelo que as pessoas são.


Uma coisa que tenho observado e que não é de hoje: a maioria quer empregos que paguem bem e proporcionem STATUS. Mas trabalhar de verdade nem todos querem. A antiga crença dizia que aquele se tornasse advogado, engenheiro ou médico, estaria feito na vida. Hoje em dia ser advogado já saiu dessa lista, se dar bem na carreira jurídica hoje não é algo garantido como foi no passado. Os engenheiros e principalmente os médicos continuam no topo da cadeia “alimentar” do status profissional das profissões tradicionais. Mas ai eu te pergunto:


E a grana? Como fica a grana?”






Não vamos nos enganar. Médicos e engenheiros, dependendo da área de atuação dentro de suas profissões e do local em que atuam, estão sim em ótima situação financeira e de status profissional, a melhor possível dentro das limitações do país.


Mas e o povão? Somos 200 milhões de brasileiros, nem todo mundo vai ser engenheiro ou médico. Não seria possível. A sociedade precisa de pessoas desempenhando centenas de milhares de outras ocupações pra poder existir. E nem todo mundo teve acesso à uma educação que forme uma personalidade e capacidade acadêmica necessária pra desenvolver um potencial para essas duas profissões.


Não vamos nos esquecer que os homens mais ricos do Brasil geralmente não são engenheiros e nem médicos, mas sim empreendedores (sem contar é claro, artistas e atletas profissionais). Só que hoje eu não vou falar sobre empreendedores.


Hoje vou falar do peão, do trabalhador braçal, do “chão de fábrica”.


Você que trabalha em um escritório com ar condicionado, de camisa e calça social, talvez até de gravata. Você acha que está melhor que, digamos, um pedreiro?


Tenho uma notícia boa e uma ruim.


A notícia boa vai para você que não tem um trabalho de escritório com ar condicionado e roupas bonitas. A notícia ruim vai para você, o cara do escritório. Talvez o pedreiro esteja ganhando MAIS QUE VOCÊ. E não, não estou viajando na maionese. Eu gostaria é de estar viajando para o Hawaii ou o Nepal agora (maldito socialismo que atrapalha nossos planos). Ocorre hoje no Brasil um fenômeno muito interessante.


Os jovens do Brasil, devido à um grande numero de fatores, incluindo o da ostentação, tem vergonha de um sem número de profissões que poderiam deixa-los muito bem financeiramente com algum tempo de atividade e um pouco de planejamento financeiro.


Outro fator determinante é a falta de mão de obra e a falta de qualificação. É por isso que citei o pedreiro ali em cima. Essa profissão é extremamente necessária na nossa sociedade, mas os bons profissionais estão cada vez mais escassos, são aquela velha guarda que aprendeu a profissão na prática. Os jovens de hoje, aqueles que trabalham como serventes ou mesmo pedreiros, estão despreparados e querem logo abandonar a profissão para buscar algo melhor que nem sabem o que é.


No mês passado (isso aconteceu em Dezembro de 2015), meu pai contratou um senhor para fazer uma grande reforma na edícula da casa dele. Esse senhor é um pedreiro conhecido lá no bairro e tive a oportunidade de ir ver o trabalho dele. Em 20 dias ele praticamente derrubou e refez um cômodo e uma varanda. Fez a parte de alvenaria, instalou janelas e porta, cortou, calculou e fez o madeiramento do telhado, colocou as telhas, fez o forro de madeira, assentou pisos, pia e alguns azulejos, etc. O que ele não fazia, que era a parte elétrica e a pintura, pagou para fazerem e incluiu no preço final. Digo que ele não cobrou barato, foram quase R$ 10 mil pela sua mão de obra. Mas me impressionou a limpeza, rapidez e competência com que ele trabalhou. E ele trabalhou até a metade da tarde na véspera de Natal.


Quando fui lá ver o trabalho, aproveitei para conversar e dar uma especulada. O que descobri é que ele tinha 56 anos e tirava em média R$ 10 a R$ 15 mil por mês. Ele disse que quando pega casas para levantar, chega a cobrar R$ 60 a R$ 80 mil, coisa que demora 3 a 4 meses se o clima ajudar e não houver contratempos com funcionários. Este senhor trabalha apenas com obras residenciais pequenas em casas/apartamentos e pega obras inteiras em condomínios uma ou duas vezes por ano. Quando pega obras inteiras, ele levanta a casa do alicerce até dar a chave na mão do proprietário.


Ele é um pedreiro. Alguns gostam de dar o título de mestre de obras. Quanto você tá ganhando por mês? Tá ganhando R$ 10 mil ai no seu emprego de escritório?


Porra, o cara é pedreiro, não tem estudo nenhum e ganha mais que eu, que fiquei 4 anos fazendo administração na faculdade. Isso não é justo.”


O caso é que existem muitas profissões de “peão” e profissões técnicas de “chão de fábrica”, que proporcionam um ótimo salário por causa da maravilhosa lei da oferta e da procura. Talvez seu emprego administrativo possa ser feito por um computador, mas a mão de obra dessas profissões desconsideradas é que fazem a roda da indústria e da infraestrutura girar.


Você talvez não seja tão necessário. Se começar a faltar pessoas para ocupar cargos administrativos, seja no funcionalismo público ou na iniciativa privada, não será um problema tão grande. Mas se faltar pessoas para colocar a mão na massa, fazer acontecer, ai a coisa vai ficar ruim. Não fique triste, porque esse cara tá ganhando mais do que a grande maioria dos engenheiros civis por ai. Este senhor é talentoso e é um empreendedor. Ele vende o excelente serviço dele por um valor alto, mas merece. Pelo fato de ser autônomo, ele não deixa o governo esfolar a carteira dele como acontece com o pagamento de um engenheiro contratado todos os meses. Ponto fora da curva? Talvez sim. Mas garanto que existem muitos como ele por ai.


Vou dar outro exemplo. Dessa vez não aconteceu perto de mim. É uma matéria que li e acho que se encaixa perfeitamente aqui. A matéria do G1 fala de um ex-cortador de cana (quer profissão mais desprestigiada que essa?) que perdeu seu emprego devido à automação nas colheitas do interior do estado de SP. Muitos na situação desse cara se especializaram e agora tem empregos de operadores de colheitadeiras e outras máquinas pesadas. Leia abaixo.


Ex-cortador de cana ganha três vezes mais para operar colheitadeira de luxo


Boia-fria que concluiu a 8ª série se especializou para pilotar alta tecnologia. Colheitadeira de R$ 1,2 milhão tem ar-condicionado e piloto automático.


[Image: dsc9788.jpg]


A proibição da queima da palha da cana-de-açúcar e o consequente fim da colheita manual nos próximos três anos mudou o cenário nas lavouras no interior de São Paulo. Cada vez mais, cortadores de cana dão lugar a operários de máquinas, mais qualificados, com melhores salários e benefícios. Alguns, chegam a receber até R$ 3 mil por mês, além de benefícios e comissão por produtividade, um cenário bem diferente de 20 anos atrás.


É o caso do operador Luis Augusto Biagi, que dos 18 aos 25 anos trabalhou como lavrador em Cajuru (SP), cidade em que nasceu. Na época, ganhava cerca de mil reais de salário e vivia no sítio com a família, até ser contratado por uma usina de açúcar e etanol, e receber a proposta de fazer um curso técnico profissionalizante – Biagi estudou até o Ensino Fundamental.


Comecei a operar trator, depois fui dirigir um equipamento maior, fiz um curso técnico para operar colheitadeira, mas nem montei na máquina, era tudo no papel. Um dia, um colega disse que me ensinaria a pilotar, aí eu aprendi de verdade”, afirma o operador.


Biagi relembra que em pouco tempo aprendeu a lidar com o equipamento e hoje é um dos 60 funcionários da usina a operar a colheitadeira de cana. “Se pegar uma máquina dessas, com um dia de serviço já dá para sair usando. É muito fácil de trabalhar porque é tudo automatizado.”


Equipamento de luxo


Ar condicionado digital, banco e volante com regulagem de altura, computador de bordo, GPS e piloto automático. Esses são apenas alguns dos luxos oferecidos pela colheitadeira de cana-de-açúcar operada por Biagi, um equipamento que chega a custar até R$ 1,2 milhão na 21ª Agrishow, em Ribeirão Preto (SP). “É um carro de rico”, afirma.


As mordomias não terminam por aí. Biagi sempre carrega consigo um pen drive com músicas escolhidas por ele, para ligar no aparelho de som instalado na cabine da máquina. “Trabalho ouvindo música. Sertaneja, é claro”, brinca o operador, destacando que não basta saber “dirigir” a colheitadeira, mas precisa entender cada detalhe do funcionamento.


Tem que lavar, lubrificar as peças, orientar os mecânicos quando tem algum vazamento. A gente não pode pegar em nenhuma peça, mas a gente tem que entender para explicar o que está acontecendo com a máquina”, diz.


Próxima geração


Biagi esteve na Agrishow junto do filho, Pedro Augusto Carvalho Biagi, de 10 anos, que se encantou ao ver de perto a máquina pilotada pelo pai nos canaviais. O garoto chegou a subir em um dos equipamentos e perguntou cada detalhe sobre o funcionamento da colheitadeira.

[Image: dsc9762.jpg]


Ele diz que quer ser agrônomo, gosta de mexer com terra, de plantar. Vai ser fácil para ele. Essa geração aprende tudo muito rápido”, diz Biagi, que aposta na integração cada vez maior da tecnologia com o campo. “Todo mundo está mecanizando a produção e esses jovens que vêm aí só vão conseguir emprego se entenderem disso. O futuro está aí.”


O cara era cortador de cana e só terminou o ensino fundamental. Provavelmente mal sabe ler e escrever direito. Mas veja só, ele opera um equipamento que vale mais de R$ 1 milhão de reais e pelo que é dito na matéria, ganha quase R$ 3 mil por mês, sem contar com os benefícios. Sei de ocupações onde operadores de equipamentos pesados estão ganhando R$ 6, 7 mil por mês. Operadores de guindastes de torre são um exemplo.


Muitas ocupações que exigem apenas um curso técnico ou até um curso profissionalizante estão proporcionando salários decentes (a nível Brasil, é claro) para quem decide seguir esse caminho. Que tal soldadores, eletricistas e encanadores industriais? Esses caras, por exemplo, dependendo dos cursos, da experiência e do local onde estão trabalhando, ganham ai seus R$ 5 mil tranquilamente, se estiverem trabalhando no setor de petróleo e gás ou mineração, tiram muito mais.


Temos os polos industriais aqui em no ABC em São Paulo, no Rio de Janeiro, Minas Gerais, Camaçari na Bahia, o polo ceramista em Santa Catarina, etc. Temos os centros agropecuários, onde empregos como esse do Luis Augusto ex-boia fria estão lá esperando. Temos o setor de energia e mineração. Todos esses locais precisam de “peões”. No Brasil, por pior que tudo seja, por pior que a economia esteja, TEM TRABALHO. Mas o trabalho é aquele que ninguém quer, o que tem que pegar no pesado, trabalhar de verdade. Todo mundo quer trabalhar bem vestido, sentado atrás de uma mesa, com tempo de sobra pra abrir o Facebook de 10 em 10 minutos, mas são poucos que querem fazer um trabalho que exige talento manual.


Falta também competência. Esse pedreiro que trabalhou pro meu pai só ganha tudo aquilo e está bem na vida porque ele é COMPETENTE e domina a profissão dele. Tem muito pedreiro por ai que faz R$ 1500 por mês e gasta metade só com cachaça. São casos e casos.


E os concursos, Rover?”


Já falei o que acho de concursos aqui (não aqui no fórum, mas sim no blog, sou totalmente contra). Você acha que consegue passar? Então vai na fé, mas cuidado pra não ficar fechado em casa se enganando enquanto o tempo passa e você perde oportunidades reais.


Qual a mensagem que quero deixar com esse artigo? Você quer estudar até rachar pra ser um engenheiro ou um médico (talvez um advogado) ou qualquer outra coisa? Estude, porque o país precisa desses profissionais. Mas caso essas profissões não sejam a sua praia e empreender esteja fora dos planos agora ou no futuro, sem trabalho você só vai ficar se quiser. O dinheiro está ai para ser ganho, basta ser esperto e sair da zona de conforto para ir lá ganhar. No Brasil tem tanto vagabundo, tanta gente despreparada e burra, que se você for um pouquinho acima da média e tiver vontade de trabalhar, você consegue.


E lembre-se, médico ou engenheiro, pedreiro ou cortador de cana, empresário ou funcionário público, não importa, estamos todos no Brasil. Temos que economizar, salvar cada centavo, porque sabemos que tempos difíceis nos esperam. E o objetivo de alguém esperto deveria sempre ser o de sair daqui. Mas para sair daqui é necessário o que? Isso mesmo, dinheiro. Então vamos trabalhar.


Você está desempregado? Se você teve a capacidade de achar esse blog fórum e está lendo isso aqui agora, significa que tem capacidade para pesquisar sobre alguma dessas profissões ai e ir atrás.


Artigo publicado no Projeto Free Lifestyle em Janeiro de 2016.
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Botar a mão na massa nunca valeu tanto a pena - de Mr. Rover - 30-03-2017, 08:36 PM

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