08-01-2018, 04:55 PM
Corrupção, nada mais é que a obtenção de vantagens em detrimento de terceiros.
Neste sentido, corromper e ser corrompido, são duas praticas comumente replicadas pela sociedade brasileira. Apesar de impressões gerais chegarem a conclusão de ser este um comportamento díspar em relação ao restante do mundo, engana-se quem compartilha de dessa ideia. Por outro lado, os que creem no fortalecimento do cenário pela natureza alarmante da cultura da impunidade, além de ter a razão, são tentados pelas facilidades geradas por um quadro vicioso e confuso: a corrupção no Brasil.
Vou contar um relato, a história de alguém que aprendeu desde cedo a trabalhar com a corrupção no meio social brasileiro, perdendo e ganhando dinheiro.
Mr. R, aos 12 anos já ambicionava ser dono do próprio nariz.
Um dia, voltou da escola, tentou vender picolé nas lojas de jogo do bicho do pai, a mãe de o buscou horas depois, quebrando sua caixa de isopor e o puxando pela orelha. Assim, a primeira investida no empreendedorismo fracassou, já que o envolvimento com as lojas do pai era proibido e Mr. R mentiu, sobre onde iria naquela tarde.
O pai de Mr. R era figura rígida e amorosa ao mesmo tempo, infelizmente, também foi um mangina. Cedia facilmente aos mandos e desmandos da esposa. Apesar de orgulhoso por ver o primogênito querendo se virar com as próprias pernas, teve uma conversa com Mr. R afim de convencê-lo de que trabalhar tão cedo era uma ideia ruim.
A mãe de Mr. R era mãe como qualquer outra e, sua reação fora compreensível pelo filho somente quando este amadureceu e tornou-se pai (clássico clichê).
O ambiente dos jogos de bicho é o lar da malandragem. Mr. R, no futuro veria seu pai indo e vindo de delegacias, carregando malotes de dinheiro para liberar funcionário detido, diversas vezes, assim como presenciaria a facilidade com a qual se da o vício em jogos de azar. Passaram-se poucos dias desde aquela tarde, Mr. R teve outra ideia para ganhar dinheiro, vender pipas e cerol. Aí, surge sua primeira experiência direta com a corrupção. Um dos funcionários do pai de Mr. R, soube do negócio e o ameaçou, dizendo que contaria tudo para a mãe de Mr. R, ou ficaria de bico calado se ganhasse 2 reais todos os dias. Para Mr. R, ser chantageado não parecia algo grave como apanhar da mãe e perder o dinheiro das vendas. Induzido pelo medo, aceitou pagar a propina. Entretanto, a falta de sorte acompanhava os passos de Mr. R, já que algumas semanas depois, foi pago com talão de cheques, por um dos amigos da rua, a mãe de Mr R ao encontrar o talão escondido no meio de suas coisas, disse que quebraria um cabo de vassouras contra sua cabeça se ele não contasse toda a história. O pai tentou protegê-lo, e naquela noite tensa, a mãe do próprio amigo ligou para a mãe de mr R, as duas conversaram, e o resultado é fácil de se imaginar.
Aos 14 anos, o pai de Mr. R lhe arruma um trabalho como menor aprendiz na empresa do irmão, uma transportadora. Trabalhar com o tio foi uma das experiências mais marcantes para o garoto por vários motivos e, paralelo a eles, passa a ver a corrupção multifacetada.
Os motoristas falavam da PF do RJ como se o próprio papa falasse do demônio.
Nordeste e Rio, os lugares que eles mais detestavam.
Viu um supervisor ser demitido por criar esquema de superfaturamento de NF's de compra de UNIFORME DE TRABALHO. Viu um setor financeiro inteiro composto por quatro mulheres ser dizimado por desvio e falsificação. Viu um homem ser chantageado pelo responsável do T.I., que leu seus os e-mails e fotos da suruba em que se envolveu com a própria namorada.
Ajudado por mais algum tipo de esquema, não teve dificuldades para obter dispensa imediata do exército. A corrupção se alastrava em torno da vida de Mr. R, agora via seus amigos pagarem por trabalhos prontos na universidade. Aos 21 anos, abriu o próprio negócio, legalizado até a pág 4, comprou peças sem notas de origem, foi descoberto, mais uma vez se viu chantageado e obrigado a recorrer a propina. Dois anos se passaram e ele estava falido e endividado. Passou os próximos meses fazendo representações comerciais e viu que para se estabelecer no ramo, porcentagens em cima das notas de compra, além de ingressos para jogos, shows, cestas de happyhour, etc. Deveriam entrar na rota como meio comum de operação. A politicagem e o perfil comercial lhe renderam um convite para ocupar um bom cargo em um grande grupo, consequentemente galgar melhores posições. Porém, Mr. R se vê pressionado semana após a semana, entre a custura de buracos e remanejos pós auditorias internas de seu grupo.
Há um equivoco profundo em quem sustenta a teoria da corrupção como mal exclusivo do DNA brasileiro. O ser humano é corrupto! Mas quando Deltran Dellagnol, procurador da federal da republica afirma que 97% dos casos de corrupção ficam impunes no país. Mr. R e outros milhões de brasileiros, tocam a lei do foda-se. Ou, dos fins que justificam os meios, da boa omelete sem quebrar ovos.
A moralidade das discussões na mesa de bar que apredeja políticos e vitimiza a população, é frágil. E se mr R ou qualquer brasileiro enxerga um tipo de corrupção que não vá ferir outras pessoas, ainda que isso contrarie a lógica. As coisas continuarão da mesma forma porque corrupção no BR, não é mais algo ruim ou bom, é um pré requisito para conseguir crescer em um país terra de ninguém. Se você consegue trabalhar e viver sem se envolver com ela. Parabéns. Depois de tantos anos, Mr.R descobriu o que vale não só para o Brasil, onde o sistema de punião é brando. Mas que vale para o homem, é fazer o errado parecer certo, aqui, no Japão ou nos EUA. Talvez mr R aceite ser chamado de filho da puta, corrupto e desonesto sem que se sinta ofendido. Mas e você, o que faria no lugar dele? Acredita que há mesmo como crescer e subir sem abraçar a corrupção? Sem fazer de cabeças, degraus até o topo?
Neste sentido, corromper e ser corrompido, são duas praticas comumente replicadas pela sociedade brasileira. Apesar de impressões gerais chegarem a conclusão de ser este um comportamento díspar em relação ao restante do mundo, engana-se quem compartilha de dessa ideia. Por outro lado, os que creem no fortalecimento do cenário pela natureza alarmante da cultura da impunidade, além de ter a razão, são tentados pelas facilidades geradas por um quadro vicioso e confuso: a corrupção no Brasil.
Vou contar um relato, a história de alguém que aprendeu desde cedo a trabalhar com a corrupção no meio social brasileiro, perdendo e ganhando dinheiro.
Mr. R, aos 12 anos já ambicionava ser dono do próprio nariz.
Um dia, voltou da escola, tentou vender picolé nas lojas de jogo do bicho do pai, a mãe de o buscou horas depois, quebrando sua caixa de isopor e o puxando pela orelha. Assim, a primeira investida no empreendedorismo fracassou, já que o envolvimento com as lojas do pai era proibido e Mr. R mentiu, sobre onde iria naquela tarde.
O pai de Mr. R era figura rígida e amorosa ao mesmo tempo, infelizmente, também foi um mangina. Cedia facilmente aos mandos e desmandos da esposa. Apesar de orgulhoso por ver o primogênito querendo se virar com as próprias pernas, teve uma conversa com Mr. R afim de convencê-lo de que trabalhar tão cedo era uma ideia ruim.
A mãe de Mr. R era mãe como qualquer outra e, sua reação fora compreensível pelo filho somente quando este amadureceu e tornou-se pai (clássico clichê).
O ambiente dos jogos de bicho é o lar da malandragem. Mr. R, no futuro veria seu pai indo e vindo de delegacias, carregando malotes de dinheiro para liberar funcionário detido, diversas vezes, assim como presenciaria a facilidade com a qual se da o vício em jogos de azar. Passaram-se poucos dias desde aquela tarde, Mr. R teve outra ideia para ganhar dinheiro, vender pipas e cerol. Aí, surge sua primeira experiência direta com a corrupção. Um dos funcionários do pai de Mr. R, soube do negócio e o ameaçou, dizendo que contaria tudo para a mãe de Mr. R, ou ficaria de bico calado se ganhasse 2 reais todos os dias. Para Mr. R, ser chantageado não parecia algo grave como apanhar da mãe e perder o dinheiro das vendas. Induzido pelo medo, aceitou pagar a propina. Entretanto, a falta de sorte acompanhava os passos de Mr. R, já que algumas semanas depois, foi pago com talão de cheques, por um dos amigos da rua, a mãe de Mr R ao encontrar o talão escondido no meio de suas coisas, disse que quebraria um cabo de vassouras contra sua cabeça se ele não contasse toda a história. O pai tentou protegê-lo, e naquela noite tensa, a mãe do próprio amigo ligou para a mãe de mr R, as duas conversaram, e o resultado é fácil de se imaginar.
Aos 14 anos, o pai de Mr. R lhe arruma um trabalho como menor aprendiz na empresa do irmão, uma transportadora. Trabalhar com o tio foi uma das experiências mais marcantes para o garoto por vários motivos e, paralelo a eles, passa a ver a corrupção multifacetada.
Os motoristas falavam da PF do RJ como se o próprio papa falasse do demônio.
Nordeste e Rio, os lugares que eles mais detestavam.
Viu um supervisor ser demitido por criar esquema de superfaturamento de NF's de compra de UNIFORME DE TRABALHO. Viu um setor financeiro inteiro composto por quatro mulheres ser dizimado por desvio e falsificação. Viu um homem ser chantageado pelo responsável do T.I., que leu seus os e-mails e fotos da suruba em que se envolveu com a própria namorada.
Ajudado por mais algum tipo de esquema, não teve dificuldades para obter dispensa imediata do exército. A corrupção se alastrava em torno da vida de Mr. R, agora via seus amigos pagarem por trabalhos prontos na universidade. Aos 21 anos, abriu o próprio negócio, legalizado até a pág 4, comprou peças sem notas de origem, foi descoberto, mais uma vez se viu chantageado e obrigado a recorrer a propina. Dois anos se passaram e ele estava falido e endividado. Passou os próximos meses fazendo representações comerciais e viu que para se estabelecer no ramo, porcentagens em cima das notas de compra, além de ingressos para jogos, shows, cestas de happyhour, etc. Deveriam entrar na rota como meio comum de operação. A politicagem e o perfil comercial lhe renderam um convite para ocupar um bom cargo em um grande grupo, consequentemente galgar melhores posições. Porém, Mr. R se vê pressionado semana após a semana, entre a custura de buracos e remanejos pós auditorias internas de seu grupo.
Há um equivoco profundo em quem sustenta a teoria da corrupção como mal exclusivo do DNA brasileiro. O ser humano é corrupto! Mas quando Deltran Dellagnol, procurador da federal da republica afirma que 97% dos casos de corrupção ficam impunes no país. Mr. R e outros milhões de brasileiros, tocam a lei do foda-se. Ou, dos fins que justificam os meios, da boa omelete sem quebrar ovos.
A moralidade das discussões na mesa de bar que apredeja políticos e vitimiza a população, é frágil. E se mr R ou qualquer brasileiro enxerga um tipo de corrupção que não vá ferir outras pessoas, ainda que isso contrarie a lógica. As coisas continuarão da mesma forma porque corrupção no BR, não é mais algo ruim ou bom, é um pré requisito para conseguir crescer em um país terra de ninguém. Se você consegue trabalhar e viver sem se envolver com ela. Parabéns. Depois de tantos anos, Mr.R descobriu o que vale não só para o Brasil, onde o sistema de punião é brando. Mas que vale para o homem, é fazer o errado parecer certo, aqui, no Japão ou nos EUA. Talvez mr R aceite ser chamado de filho da puta, corrupto e desonesto sem que se sinta ofendido. Mas e você, o que faria no lugar dele? Acredita que há mesmo como crescer e subir sem abraçar a corrupção? Sem fazer de cabeças, degraus até o topo?