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[REFLEXÃO] Lições valiosas que a morte pode nos ensinar
#12
@Aragons

Boa analogia essa do garoto com o bilhete para o parque de diversões, gostei. Mas vamos esquecer por um momento o Kierkegaard e seus estádios existenciais. E pelo amor de Deus, vamos esquecer essa porra desse Kanye West. Se quiser me comparar com algum músico me compare com o Steve Vai, eu toco guitarra e não acho que meus ancestrais foram kangz n'sheit.


Vamos pensar aqui entre nós, pessoalmente falando. No meu caso, você quase acertou ao descrever o sentido que dei à minha vida (e que não precisa ser o sentido da sua e o de mais ninguém aqui). O que quero da vida é um pouco mais complexo do que você citou, mas pra simplificar e resumir bastante, troque mulheres ali pela minha família, adicione aprender algo sempre que for possível e você está quase perto de acertar.


Ai eu te pergunto: é errado compartilhar sua vida e experiências com aqueles que você ama (no meu caso, minha família), estar sempre tentando aprender algo novo e fazer as coisas que eu gosto usando os recursos que são recompensa pelo meu trabalho/responsabilidade financeira?


O que mais temos além disso com o nosso limitado tempo nesse canto escuro e esquecido do universo? E não me venha com ditames religiosos, vamos tirar a religião da equação aqui. Pense na vida e somente na vida. Será que dá pra rotular o meio de vida que citei acima com o simplista termo realista do "viva o carpe diem, hur dur vamos comer mulher"?


Você tem avatar de um astronauta do projeto Apollo. Mesmo com a imagem reduzida dá pra ver que é um astronauta da Apollo 16 ou 17, pois o traje que usaram nessas duas missões era um pouco diferente da versão utilizada nas anteriores, já que essas ultimas duas missões eram totalmente cientificas com ênfase em geologia e os astronautas ficavam muito tempo em EVA. Mas você com certeza sabe isso, as poucas pessoas que gostam do assunto (como eu) sabem.


Já que tem um astronauta ali, vou usar o exemplo de outro astronauta, no caso, o Alan Bean da Apollo 12, quarto homem a pisar na Lua. A história dele é bem interessante. Você também deve conhecer mas vou resumir pros outros confrades que talvez leiam esse comentário e não conhecem.


Depois de ser selecionado para os Astronaut corps no começo dos anos 60, Alan Bean ficou anos treinando e estudando sem saber se sairia do chão (quem dirá andar na Lua), pois o grupo de astronautas era grande, todo mundo era muito capacitado, muitos eram mais carismáticos, tinham seus laços políticos e amizades influentes. A competição pelos lugares era imensa entre os veteranos que já tinham missões (incluindo Mercury e Gemini) no curriculo e para os juvenas que não tinham (caso do Bean). Mesmo assim, o Alan Bean conseguiu seu lugar na Apollo 12, não apenas porque era competente mas porque o comandante da missão, Pete Conrad, tinha sido seu instrutor na escola de pilotos de teste em Pax River, Maryland. Aliou-se competencia, mais a amizade entre os dois e o famoso QI (quando o cara é competente e merece, QI não tem problema na minha opinião).


Seis anos treinando pra pisar na Lua. Seis anos treinando pra passar 8 horas em pé na superfície da Lua cumprindo um cronograma de tarefas cinetíficas bem apertado. Na volta da Lua para a Terra, quando aquela tensão da missão já tinha quase que se dissipado totalmente, ele virou pro Pete Conrad e perguntou "That's all there is?".


"Isso é tudo?"






Dá pra comparar essa pergunta/afirmação dele com a vida. Quando lembramos que a morte vem pra todos, não são apenas os resultados e o legado que interessa, afinal, uma pequena minoria de pessoas realmente deixa um legado que é lembrado por alguém, que beneficiou a sociedade como um todo. Nós mesmos, eu, você, todos aqui nesse forum, muito provavelmente seremos parte da maioria que não deixa um legado pra sociedade, vamos deixar pra nossas famílias talvez, mas é só.


Então o que realmente vai importar é como você percorre a jornada da sua vida. Como no final desse episódio do From the Earh to the Moon, o personagem do Alan Bean diz que ir pra Lua e andar no Ocean of Storms não passa de uma lembrança, com imagens que vem e vão, como se fosse uma ida à praia, o importante na verdade foi ir até lá com seus dois melhores amigos. E os três realmente foram o trio na Apollo que eram mais unidos. O que é importante é como você aproveita aquela experiência e se faz isso com aqueles que gosta.


Talvez eu seja simplório demais, mas acho que essa é uma bela lição de como viver uma vida bem vivida, se tirarmos religião e política do cenário, é claro. Porque esses dois citados vão sempre trazer outras implicações.


Sobre a pergunta do porquê de eu não cometer crimes, me fez parar pra pensar. Cheguei à conclusão de que não cometo crimes porque é errado, me foi ensinado desde pequeno pelos meus pais que é errado e eu me sentiria mal ao cometer algo de ruim pra outra pessoa. Depois de adulto percebi que aquele ditado do Confúcio que diz "Não faça aos outros o que você não quer que seja feito a você" é o que define o fato de eu não ser criminoso. É isso e não "medo de ir pra cadeia". Eu já fui assaltado com arma na cara duas vezes. Depois de passado o susto fiquei pensando em algo do tipo "Queria saber como aqueles filhos da puta reagiriam se fizessem o mesmo com eles!". Isso é uma reação natural causada pela impotência e raiva que você sente ao estar numa situação injusta e totalmente fora do seu controle.


Insinuar que eu não cometo crimes apenas porque vou perder tempo na cadeia e não poderei viver meu estilo de vida "carpe diem" é bobagem. Todos sabemos que perder tempo dentro da cadeia é o menor dos problemas. Ter que conviver com a escória da sociedade confinado em um espaço reduzido sem nenhuma privacidade e segurança seria muito pior. Essa é a cadeia para cidadãos comuns igual eu e você, e não a cadeia de luxo dos políticos, onde apenas perde-se tempo e certas liberdades. E não vamos esquecer o país em que vivemos. Existem dois pesos e duas medidas para o crime no Brasil.


Apesar de eu não ter ficado ofendido, essa afirmação sobre perder tempo na cadeia foi infeliz da sua parte Aragons, seria a mesma coisa que eu te perguntasse:


"Aragons, por que você não comete crimes? Pelo que você escreveu sobre esse filósofo e seus estádios, acho que você só não está assaltando e matando por ai, porque tem medo de ser punido por uma entidade sobrenatural, que você acredita cegamente, mesmo não tendo absolutamente nenhuma prova material de que existe. É essa impressão que tenho."


Seria desonesto e calunioso da minha parte perguntar/comentar isso, não? Acho que você vai concordar com isso. Por isso não devemos rotular ninguém ou achar que sabemos o que leva as pessoas à fazer o que fazem ou à não fazer. Temos que fazer nossa parte em ser pessoas corretas, de bem e não se tornar um fardo pra sociedade, pras nossas famílias ou nós mesmos.


Quanto aos ditames, concordo e nem vou debater, point taken.


E pra finalizar digo...

Mas para que ter filhos se tem tantas guerreiras por ai procurando por um homem de verdade para ser o pai dessas criaturas inocentes que são os filhos delas? trollface


@ Libertador

Sim, tem poucas tretas aqui, menos que na época dos outros fóruns e do orkut. Acho que ninguém odeia ninguém aqui de verdade. As vezes tem uma disputinha de ego aqui e ali, alguém que fica ofendido porque não aprendeu ainda a lidar com gente que discorda das opiniões deles e um ou outro moleque que vive fora da realidade e fica falando bobagens (como citar o tal do pobretão). Mas tirando isso, o forum tá excelente. Aliás parabéns pelo milésimo inscrito, a interface aqui me agrada demais. E é por isso que sempre que dá estou por aqui dando uma olhada.


Depois que o tópico esfriar e não estivermos mais debatendo sobre o corpo do artigo que postei, colocarei as imagens que citei aqui mesmo nesse tópico. Ai poderemos discutir o que achamos que acontece depois da morte. Falemos da importância da vida primeiro, por ela ser abreviada pela morte, e depois falemos do que achamos do além.


Bem interessante as passagens que você citou, vou esperar você terminar o seu argumento pra responder, senão fica muito grande a resposta e difícil de ler.


Apesar de não ter postado esse artigo pra discutir sobre religião, pois essa definitivamente não é minha praia, só quero adiantar que não defendi no texto que as pessoas não devem se preocupar com deveres morais, pois serão perdoados por Deus independente do que fizerem. Não foi isso que eu quis dizer. O que eu quis dizer é que, caso exista mesmo uma vida após a morte e uma existência espiritual, e exista um Deus de amor infinito, mesmo aqueles que fizeram o mal serão perdoados, porque Deus não condena nenhum filho à danação eterna. É provável que exista alguma passagem na própria bíblia que cite isso. Mas isso não dá passe livre pra ninguém ser bandido e canalha.


Eu sei que se olharmos por esse lado, não seria "justo" que, digamos, um Stalin da vida não fosse pro inferno ser enrabado 24/7 pelo capiroto, mas esse é um jeito humano de pensar, o de querer punir o mal fazendo o mal. E temos que lembrar que a vida não é justa, então porque o além morte, caso ele exista, teria que ser?
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RE: Lições valiosas que a morte pode nos ensinar - de Mr. Rover - 15-08-2017, 07:40 PM

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