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Usos e costumes patriarcais
Donald Redford, John Van Seters, Thomas L. Thompson, importantes nomes no estudo do Antigo Testamento (AT), afirmam com veemência que as histórias do período patriarcal são na realidade criações fictícias produzidas no exílio babilônico e não possuem valor histórico. Esses são alguns dos autores utilizados pelas revistas parciais em suas matérias sobre o Pentateuco, sendo que boa parte deles estão fundamentados nos trabalhos do alemão Julius Welhausen (1844-1918).
Um dos principais argumentos utilizados na defesa de uma data recente para a composição do material patriarcal (VII-V a.C) é a menção de camelos nas histórias de Abraão (Gn. 12:46), Isaque (24:10-11), Jacó (31:17) e José (37:25). Um dos maiores nomes da arqueologia no século passado, William F. Albright, afirmou que o uso de camelos no Gênesis deve ser considerado como um anacronismo. Um ótimo exemplo de anacronismo é o que aprendemos na escola: “Pedro Alvares Cabral descobriu o Brasil em 1500”, mas o Brasil não se chamava Brasil em 1500! Em outras palavras, o que Albright disse é que a menção de camelos no texto bíblico é atribuir a ele algo que não é necessariamente real. Além dele, Speiser, autor de um excelente comentário sobre o primeiro livro do AT (The Anchor Bible), disse que a menção de camelos é no mínimo suspeita.
Porém, a arqueologia tem trazido à luz diversos documentos que mencionam a existência e domesticação de camelos no III e principalmente no II milênio a.C., a época em que a Bíblia situa a existência dos patriarcas. Um texto sumeriano do ano 2000 a.C. encontrado em Nippur, por exemplo, menciona não só a existência, mas também o leite de camelo. Ora, para se obter leite de um animal, ele deve ser domesticado! Foi encontrada também em Byblos a figura incompleta de um camelo ajoelhado datada entre os séculos XIX e XVIII a.C. Além desses exemplos, uma lista léxica mesopotâmica também menciona o animal, bem como sua domesticação. Sua composição deve ter ocorrido entre 2000 e 1700 a.C.
Num dos escombros das casas da antiga cidade mesopotâmica chamada Mari, foram encontrados ossos de camelos que datavam entre os séculos XV-XIV a.C. O arqueólogo francês André Parrot foi o responsável pela escavação. Mas as evidências não param por aí.
O arqueólogo adventista Randall Younker, responsável pelo Departamento de Arqueologia Bíblica da Andrews University, menciona num trabalho não publicado uma representação em ouro de um camelo ajoelhado encontrado nas ruínas de Ur dos caldeus, a cidade de Abraão, fabricado no período da III dinastia da cidade (2050 a.C). Não só isso, mas também um desenho esculpido na rocha de um homem guiando um camelo por uma corda, em Assuã, no Egito. O texto que acompanha sugere a data 2300 a.C.
A menção de camelos por parte do escritor bíblico não deve ser considerado como as histórias de Alladin com seus camelos na Arábia. Elas são atestadas pela história e pela arqueologia.
A mesopotâmia é um cenário fundamental na narrativa de Gênesis. Foi ali que Abraão viveu; a esposa de Isaque era natural de lá; e Jacó morou ali por muitos anos. Duas das descobertas mais esclarecedoras para uma melhor compreensão dos costumes patriarcais foram a da biblioteca da cidade de Nuzi, com aproximadamente 20 mil tabletes e a da cidade de Mari, com seus 25 mil documentos. Um caso similar ao da adoção do servo Eliézer feita por Abraão, por este não ter filhos, pode ser encontrada num dos textos de Nuzi. Se mais tarde o casal tivesse um filho legítimo, aquele que foi adotado perderia seu status de herdeiro. Foi exatamente o que aconteceu com Eliézer no nascimento de Isaque.
Uma das principais histórias do Gênesis é aquela em que Esaú troca sua primogenitura por um prato de lentilha preparado por Jacó. Práticas assim também são conhecidas em Nuzi, onde vemos um certo Tupkitilla trocando sua herança por três ovelhas do seu irmão! A curiosa atitude de Raquel em roubar os ”ídolos do lar“ (Gn 31:19) é atestada nesses tabletes. Num deles lemos a história de um homem chamado Nashwi que adotou um jovem Wullu. O texto continua dizendo que quando seu pai adotivo morreu, ele se tornou proprietário das suas terras, isso porque ele tomou para si os ídolos do lar que lhe pertenciam. Por que Raquel roubou os ídolos do lar de seu pai? Para se tornar dona de todas as propriedades dele!
O ambiente histórico da narrativa bíblica patriarcal é claramente confirmado pelas descobertas arqueológicas e qualquer tentativa de negá-la pode ser comparada a um homem que olha para um computador e insiste em dizer que é uma máquina de escrever!
Luiz Gustavo Assis
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Sodoma: salgada demais para ser real?
São muitas as histórias do Antigo Testamento (AT) que soam mais como fábulas do que como realidade. Um exemplo disso é o relato da cidade de Sodoma, uma das cinco cidades da campina do Jordão que Ló escolheu para habitar (Gn 13:10-13). É importante notar que boa parte das vezes em que ela é mencionada no texto uma nota negativa a acompanha (Gn 13:13; 18:20; 19:5, etc.), e todas elas se referindo a problemas de comportamento moral e sexual. Isso é tão verdade que na língua portuguesa a palavra "sodomia" traz a idéia de aberração sexual. Essa palavra veio do nome Sodoma.
Os profetas que se levantaram ao longo da história do povo de Israel viam a história de Sodoma como real (Am 4:11), e também o próprio Jesus mencionou algo a respeito dela (Mt 10:15). Qual o valor de uma lenda numa sentença de juízo? Em outras palavras, que diferença faria a história dos três porquinhos na repreensão de um pai a seu filho de 25 anos?
Os autores bíblicos criam nessa narrativa. Mas será que só a Bíblia menciona uma cidade que foi destruída por causa do seu pecado? Os achados arqueológicos sugerem algo sobre esse tema? Há evidências de uma cidade chamada Sodoma fora das Escrituras? A resposta é sim, existe!
Em meados dos anos 1960, G. Pettinato e P. Matthiae foram os responsáveis pela descoberta da antiga cidade de Ebla (Tell Mardikh), a principal cidade síria do III milênio a.C. Como toda grande cidade do passado, Ebla possuía uma vasta biblioteca de aproximadamente 17 mil tabletes cuneiformes. Um desses tabletes foi publicado por Pettinato em 1976, e revelou algo surpreendente. A inscrição falava sobre cinco cidades: Sodoma, Gomorra, Admá, Zeboim e Zoar. A mesma seqüência que aparece em Gênesis 14:2 e 8.
Ebla era um grande centro comercial, mantinha relações econômicas com diversas cidades do antigo Oriente Médio e foi destruída pelo rei Naramsin de Akkad, por volta de 2300 a.C. Assim, fica demonstrado que existia uma cidade chamada Sodoma no mesmo período em que a Bíblia a situa.
E quanto à sua localização geográfica? As Escrituras fornecem algumas pistas sobre sua posição. Em Gênesis 14:3, lemos que Sodoma estava no “vale de Sidim (que é o mar salgado)”, provavelmente o Mar Morto. Em 1924, William F. Albright e M. Kyle, grandes nomes da Arqueologia, visitaram uma região nessas proximidades chamada em árabe de Bab-Edh-Dhra. Ali eles encontraram vários restos de um santuário cananeu que datava de 2800-1800 a.C. Quarenta anos depois, Paul Lapp, juntamente com a sua equipe, realizou a primeira escavação e encontrou o cemitério da cidade que ficava a um quilômetro de distância do centro. Foi nessa época que Lapp e Albright relacionaram esse sítio arqueológico com a bíblica Sodoma e sugeriram a idéia de que o local era no passado grande centro religioso das cidades da planície. Um detalhe é bem sugestivo: na região da cidade foram encontradas várias camadas de cinza com alguns metros de espessura!
No cemitério, a evidência é mais impressionante ainda. Existia um estilo de sepultamento na cidade em que uma cova muito profunda era cavada e vários corpos eram ali depositados com os seus pertences (numa tumba foram colocadas 250 pessoas!); mas no período da destruição o estilo era outro. Uma casa mortuária era colocada sobre o corpo, mais ou menos como as capelinhas que vemos em alguns cemitérios atuais, mas logicamente bem menores. Todas essas casas mortuárias estavam queimadas e a primeira sugestão foi de que o fogo começou dentro e se espalhou para fora. Porém, estudos avançados foram feitos e constataram que o fogo começou no telhado que cedeu e se espalhou por dentro. Como explicar isso? Vulcão? Incêndio? Um conquistador colocou fogo no local? Nenhuma dessas respostas é satisfatória. Como um incêndio começaria num cemitério que ficava a um quilômetro da cidade? Por que um conquistador colocaria fogo num cemitério?
Avaliemos a situação: na cidade temos camadas de cinza e no cemitério cinza e marcas de fogo. Bryant Wood, arqueólogo cristão da atualidade, afirmou que a Arqueologia não tem respostas para esse fenômeno. Por outro lado, a Bíblia fornece a resposta: foi Deus quem destruiu essas cidades com fogo e enxofre (Gn 19:23-29).
Mas por que um Deus de amor (1Jo 4:8) destruiria uma cidade de forma tão violenta? A resposta pode ser encontrada em Judas 7. Ali lemos que Sodoma foi destruída por causa da sua prostituição. Em grego, a palavra é porneia, que deu origem ao nosso vocábulo "pornografia". A idéia básica de porneia é toda e qualquer relação sexual, dentro ou fora do casamento, não aprovada por Deus. Adultério, fornicação, masturbação é apenas uma pequena amostra de uma vasta lista de degradações. Quando olhamos para a triste história de Sodoma, vemos um Deus que é amor, mas também é justo. “Não vos enganeis: de Deus não se zomba; pois aquilo que o homem semear, isso também ceifará” (Gl 6:7). Que triste notícia para aqueles que querem continuar no pecado.
Luiz Gustavo Assis
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Laquis: a segunda mais importante
No ano 701 a.C., o exército assírio, o mais poderoso e terrível de sua época, invadiu a Palestina, dando início a um dos mais importantes acontecimentos da história bíblica (1 Crônicas 32:1-5, 30; 2 Reis 18:13-37; 2 Crônicas 32:6-19, 26; Miquéias 1:13-16; Isaías 36). Era um exército numeroso, forte, organizado e extremamente cruel. À sua frente ia o próprio rei Senaqueribe, que precisava saquear as riquezas de outras nações para sustentar a grandiosidade de seu império e o luxo de Nínive, sua capital. Por onde passavam, os assírios deixavam um rastro de destruição e milhares de cadáveres. Cidade após cidade, fortaleza após fortaleza foram sendo rendidas a seus pés, algumas destruídas, outras queimadas, todas dominadas. Por fim, Senaqueribe conquistou a segunda mais importante cidade da Palestina: Laquis.
Laquis era uma cidade tão importante que, ao voltar para Nínive, Senaqueribe mandou colocar na parede do salão principal de seu imenso palácio um grande painel em alto relevo comemorando essa conquista. Esse painel foi descoberto por arqueólogos, em meados do Século XIX, ao desenterrarem o fantástico palácio de Senaqueribe, que tinha nada menos que 80 grandes cômodos, ocupando uma área de 200 metros de largura por 210 metros de comprimento! Hoje, esse painel está exposto no Museu Britânico, em Londres.
Numa visão panorâmica, rica em detalhes, o painel retrata as cenas da batalha que conquistou Laquis. Uma rampa de terra, construída pelos assírios, facilita o acesso dos guerreiros aos muros que protegiam a cidade. O exército avança de modo ordenado: grupos de arqueiros, flanqueados pela infantaria, empurrando torres de madeira e carros com aríetes para derrubar os muros. Os suprimentos vêm logo atrás, carregados por camelos. Sobre os muros, os defensores de Laquis portam arcos e fundas para lançar pedras. Os muros da cidade, não resistindo ao ataque, se rompem lançando grandes pedras para todos os lados. Algumas cenas mostram seus habitantes sendo levados cativos, alguns torturados, seus bens saqueados, e o governador da cidade ajoelhado diante do rei assírio. Por fim, Senaqueribe ateou fogo à cidade. Escavações arqueológicas realizadas em Laquis revelaram uma camada de cinzas, dessa época, de cerca de 50 cm de espessura. Os arqueólogos encontraram uma vala comum com cerca de 1.500 esqueletos, principalmente de mulheres e crianças. Milhares de outras pessoas devem ter morrido nos combates.
A partir de Laquis, onde estabeleceu seu quartel general, o arrogante Senaqueribe enviou generais a Jerusalém com a mensagem: “Não sejam tolos! Rendam-se! Deus não poderá livrá-los das mãos do rei da Assíria!” (2 Reis 18:17-35). A resposta de Deus, por meio do profeta Isaías, veio pronta: “A quem afrontaste e blasfemaste? Contra o Santo de Israel! Portanto, assim diz o Senhor acerca do rei da Assíria: Não entrará nesta cidade!” (2 Reis 19:20-34).
E, de fato, não entrou! Uma terrível praga dizimou o exército assírio e obrigou Senaqueribe a voltar para sua terra. Nas paredes de seu palácio, ele pôde comemorar a conquista apenas da segunda cidade mais importante, não da primeira!
Jorge Fabbro
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A precisão da profecia bíblica
Sem dúvida, uma das maiores razões que temos para crer é o fato de Deus ter Se revelado numa coleção de livros especiais chamados Bíblia. Mas será que ela é mesmo confiável? Será que um livro tão antigo tem algo a dizer para as pessoas que vivem no século 21? Um dos aspectos surpreendentes da Bíblia são suas profecias perfeitamente cumpridas. Vamos dar apenas um exemplo entre tantos: a destruição anunciada da cidade de Tiro.
Tiro era uma importante cidade situada em uma ilha que hoje está ligada ao continente por meio de um aterro. No tempo de Ezequiel (séc. VI a.C.), ela era o mais importante porto fenício. Jamais havia sido dominada por um rei estrangeiro. Nem Senaqueribe ou Assurbanipal, os maiores conquistadores da Assíria, conseguiram, de fato, anexá-la ao seu vasto império. Dizem os historiadores que a posição geográfica de Tiro era o que a tornava uma fortaleza praticamente inexpugnável. Não é por menos que o nome Tiro significa “rocha” ou “muralha petrificada”.
Contrariando, no entanto, essa história de invencibilidade, o profeta Ezequiel revelou que Tiro seria capturada por um rei babilônico chamado Nabucodonosor (leia o capítulo 26, que foi escrito no ano 590 a.C.). Pelos registros históricos, isso se cumpriu quase literalmente. Quando a Babilônia tornou-se o grande opressor do Oriente Médio e Próximo, Tiro ainda resistiu por algum tempo aos ataques do exército inimigo. Mas o cerco prolongado logo fez com que a cidade acabasse caindo nas mãos de Nabucodonosor, que passou a ser o seu novo governante, em 574 a.C.
Há, porém, um detalhe intrigante na profecia. Se você ler os versos 4 e 5 do mesmo capítulo, notará que ali está escrito que a cidade seria completamente destruída. Seus muros e torres cairiam e os pescadores estenderiam suas redes para secar em cima dos escombros que haveriam de sobrar. Num lado, parece que essa parte do oráculo teria falhado, pois, embora Nabucodonosor tenha invadido a cidade, ele ainda a manteve como um importante porto durante o seu governo. E assim Tiro permaneceu ainda poderosa por mais uns 250 anos.
Até que surge em cena o império macedônico e com ele Alexandre, o Grande, que veio terminar o que Nabudocodonor havia começado. Construindo um aterro que ia do continente à ilha, Alexandre e seus homens atingiram os portões da cidade. O povo, no entanto, desdenhou do pequeno exército, confiando novamente na firmeza de seus muros e na segurança dos portões. Porém, não demorou muito para que os muros fossem destruídos e a cidade fosse completamente arrasada. O resultado disso? Os macedônios literalmente fizeram o que está escrito no verso 12. Roubaram as riquezas e mercadorias e ainda derrubaram as muralhas e casas luxuosas. O que sobrou de pedras e entulhos, eles jogaram no mar, aumentando ainda mais o aterro construído.
Até hoje existe esse aterro feito por Alexandre e seus homens, unindo a velha ilha ao continente. O local tornou-se uma desolada península que abriga pequenas vilas de pescadores. Aliás, para os habitantes da região a pesca ainda é uma das grandes fontes de renda. Por isso, é comum encontrar nas encostas do aterro, pescadores que ali põem suas redes para secar ao sol – exatamente como havia sido profetizado há mais de 2.500 anos!
Assim, fora as partes encrostadas no aterro, pouco ou quase nada existe da antiga Tiro. Até mesmo os arqueólogos têm dificuldades de escavar as ruínas do que sobrou da cidade, pois seus alicerces encontram-se há milênios soterrados embaixo de outras construções do período grego, romano, bizantino e atual. De fato, Ezequiel sabia o que estava dizendo! Pena que Tiro não deu importância à solene advertência.
(Com informações do CD-ROM “História da Vida”, v. 3, de Rodrigo Silva)
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Desenterrando um império (parte 1)
Você consegue imaginar um império tão poderoso e extenso como os egípcios desaparecendo na história e deixando poucos rastros arqueológicos? Por mais estranho que pareça, isso era tão possível que aconteceu. Em 1871, o que se conhecia a respeito dos hititas poderia ser sumarizado em sete linhas, como o fez a enciclopédia germânica Neus Konversationslexicon. Na realidade, o trabalho feito pelo autor do verbete “hititas” foi simplesmente o de juntar as referências esparsas encontradas nas páginas do Antigo Testamento e publicá-las.
Quem eram os hititas? Qual a sua relação com o relato bíblico? No que as descobertas envolvendo esse povo ajudam para a fé nas Escrituras Sagradas? Nesta série de artigos, apresentaremos de forma resumida o que a arqueologia bíblica tem a dizer sobre um dos maiores impérios da antiguidade.
Charles Texier: o ponta-pé inicial
Um nome importante envolvendo o estudo da hititologia é o do francês Charles-Felix-Marie Texier, que por volta de 1834 esteve no norte da Turquia, mais especificamente numa aldeia em Boghazköy. Ao que parece, ele foi o pioneiro em estudos naquela região. Próximo dali Texier se deparou com as ruínas de uma cidade, como Atenas no seu apogeu. A intuição era de que sem dúvida algum grande povo habitou ali passado. Um nativo da aldeia o levou até o lugar chamado Yazilikaya (rocha com inscrições), e foi ali que o pesquisador francês pôde ver os inumeráveis relevos de caráter litúrgico. Além disso, o local estava repleto de sinais semelhantes aos hieróglifos egípcios. Sua expedição, porém, foi sem sucesso na identificação das ruínas e dos sinais.
Pesquisadores alemães e franceses visitaram a região da Ásia Menor e ofereceram excelentes contribuições para os trabalhos de Texier. Ponto decisivo nesta história foram as chamadas “Pedras de Hamath”. Os moradores do local não permitiam qualquer contato com tais pedras, acreditando no seu caráter sobrenatural. É nesse ponto que entra a figura de William Wright. Ele já conhecia os objetos e conseguiu permissão do governo para aprofundar seus estudos utilizando-os. Texier conhecia as peças, mas não sabia o que eram. Em contra-partida, Wright tinha as inscrições, mas não sabia como traduzi-las.
Em 1870, W. H. Skeene e G. Smith, pesquisadores do Museu Britânico, encontraram as ruínas de Carchemish, na margem direita do Eufrates. Para surpresa deles, as imagens desenterradas eram semelhantes àquelas que Texier vira e as inscrições eram idênticas às que Wright tinha em mãos. Não apenas isso, mas alguns selos com a mesma escrita foram encontrados em Ismirna, na costa da Ásia Menor. Em outras palavras, uma escrita unificada de um povo unificado que habitou num vasto território.
Archibald Henry Sayce: a ousadia de um acadêmico
Foi nesse contexto que A. Henry Sayce, pesquisador oriental de 34 anos, afirmou, com base em suas pesquisas de campo e em passagens do Antigo Testamento, que todo esse rastro histórico pertencia aos antigos hititas, os heteus das páginas sagradas. A afirmação foi, é claro, recebida com descrédito. Como um livro religioso poderia conter dados históricos confiáveis? A informação bíblica parecia absurda demais. Em 2 Reis 7:6, por exemplo, os reis hititas são mencionados juntamente com os monarcas egípcios e, de forma curiosa, eles são mencionados antes que desses faraós.
Essa dúvida foi solucionada nos anos seguintes. A pá dos arqueólogos pôde revelar a existência de um poderoso império semelhante ao egípcio e ao babilônico, por volta do II milênio a.C., chamado de Hatti nos textos assírios, de Heta nas inscrições hieroglíficas e de heteus no Antigo Testamento.
No próximo artigo, veremos como se deram as descobertas que confirmaram a historicidade da Bíblia envolvendo os até então anônimos hititas.
Luiz Gustavo S. Assis
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Desenterrando um império (parte 2)
Quando Henry Sayce afirmou que os heteus do Antigo Testamento eram o mesmo povo que deixou diversos rastros na região da Ásia Menor, muitos dos acadêmicos da época lhe conferiram o título de "o inventor dos hititas". Evidentemente, os "homens de ciência" da época (e de hoje também) achavam simplória demais a opinião de um erudito fundamentada na Bíblia e nas suas pesquisas de campo.
Curiosamente, as fontes egípcias da época registravam informações surpeendentes sobre o assunto. Tutmoses III, importante faraó da 18ª dinastia (Ca. 1450 a.C.), foi forçado a pagar tributo ao povo de Heta. Da mesma forma, vários relevos nos templos e palácios do país dos faraós registravam as importantes vitórias de Ramsés II sobre os Hititas, na famosa Batalha de Kadesh, na Síria.
Mas não foram apenas os egípcios que travaram batalhas contra esse povo. O rei assírio Tiglat Pileser I (Ca. 1100 a.C.) gloriava-se em seus registros de ter vencido diversos combates na "Terra de Hatti". As mencões a esse povo só desapareceram em 717 a.C., quando Carchemish, uma das principais cidades hititas, foi destruída.
Entre Tutmes III e a destruição de Carchemish há um período de 700 anos. Seria possível a um pequeno império travar poderosas batalhas com grandes potências como Egito e Assíria? Dificilmente!
Hugo Winckler: a pá alemã em Boghazköy
A confirmação da teoria de Sayce veio por meio dos esforços de um arqueólogo alemão. Seu nome, Hugo Winckler (1863-1913). Os trabalhos foram realizados em Boghazköy, a cidade que foi visitada pelo francês Texier, como vimos anteriormente. Se as pesquisas de Texier foram sem sucesso, o mesmo não se pode dizer daquelas feitas por Winckler, em 1906.
As escavações arqueológicas naquela época eram extremamente precárias. A região era extremamente quente durante o dia, e o frio a noite era praticamente da mesma intensidade. O próprio Winckler registrou em seu diário que durante as noites chuvosas ele dormia com um guarda chuva aberto preso a um dos braços, já que sua barraca estava "um pouco" rasgada.
Além de arqueólogo de campo, este acadêmico alemão era também filólogo, um estudioso de línguas antigas. Os tabletes cuneiformes que foram encontrados em Boghazköy estavam escritos em acadiano, a lingua diplomática das civilizações do antigo oriente médio. Winckler não tinha muitas dificuldades para ler e traduzir esses tabletes. Era comum alguns europeus notáveis terem a habilidade de traduzir textos de civilizações milenares. (Jean François Champolion, por exemplo, aos 16 anos de idade já sabia oito línguas!)
Foi através desse conhecimento que uma de suas principais descobertas veio ao mundo. Certa ocasião, um desses tabletes chegou às mãos dele. Ao começar a tradução, ele se lembrou de uma antiga inscrição egípcia no templo de Karnak, onde Ramsés II selava um tratado (aliança) com o rei Hatusilis III, do país de Hatti. Na verdade, o que Winckler tinha em mão era uma das cartas trocadas entre o próprio Ramsés II com o monarca hitita, discutindo o tratado.
Conclusão: Boghazköy não era uma mera cidade, mas a capital do reino do hititas (na foto ao lado, vê-se as ruínas de Hattusas, atual Boghazköy). Na antiguidade, as correspondências reais ficavam no palácio do rei, que por sua vez ficava na capital do império. No tradução do texto, o antigo nome da capital era Hattusas.
Apesar de estar sendo bem-sucedido, o trabalho foi interrompido por falta de recursos. Um fato interessante nesta história toda é que Winckler era anti-semita, e foi exatamente um banqueiro judeu chamado James Simon que patrocinou as escavações posteriores em Hattusas.
E a Bíblia?
Qual a relevância desses achados para a Bíblia? Quando estudamos o texto do tratado (aliança) entre Ramsés II e Hattusilis III, percebemos que a estrutura é praticamente a mesma daquela encontrada nas alianças registradas no Pentateuco. Uma vez que Ramsés II viveu em meados de 1300 a.C., e a tradição bíblica indica que Moisés escreveu os cinco primeiros livros da Bíblia por volta da mesma época (Ca. 1400 a.C.), somos inclinados a pensar que provavelmente a primeira parte da Bíblia provém da mesma época, não uma época posterior, como querem alguns.
No próximo artigo, examinaremos essa informação comparando a estrutura bíblica com aquela que está no templo de Karnak e que foi descoberta num pequeno tablete por Winckler.
Luiz Gustavo S. Assis
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Desenterrando um império (parte 3)
No artigo anterior, descrevemos como ocorreu uma importante descoberta na antiga Hattusas, a capital dos hititas. Antigos tratados (alianças) entre reis de importantes povos no Antigo Oriente Médio (AOM) são importantes na compreensão do ambiente político dessa região.
As principais formas de tratados do AOM eram: (1) de paridade, envolvendo pessoas do mesmo nível social; (2) concessão real, em que o rei concede a seu súdito alguns benefícios mediante serviços fiéis que o agradaram; e (3) suserano-vassalo, em que o rei que tinha total soberania exigia plena submissão e lealdade do vassalo, que em troca recebia proteção e ajuda militar. O tratado envolvendo Ramsés II e Hatusillis III encaixa-se nessa terceira categoria.
A estrutura dos tratados hititas e o Pentateuco
Os tratados imperiais hititas do 14º e 13º séculos a.C. apresentam uma estrutura elaborada em seis seções: título ou preâmbulo, prólogo histórico, estipulações, o depósito do tratado, a invocação das testemunhas, as maldições e as bênçãos.
George Mendenhall, importante erudito do Antigo Testamento no século passado, foi o primeiro a perceber a semelhança entre a estrutura dos tratados hititas e as alianças de Deus e Israel em Êxodo 20-31; 34-35 e Levítico 11-25. Neste caso, a evidência externa sugere que a melhor data para a composição do Pentateuco é por volta da metade do 2º milênio a.C. (Ca. 1400 a.C.).
A seguir, cada uma das partes desta estrutura será mostrada juntamente com o seu correspondente bíblico:
1) Título ou preâmbulo. Identifica o autor (suserano) do tratado. Em Êxodo 20:1, lemos: “Deus falou todas estas palavras...”
2) Prólogo histórico. O suserano declara os seus benefícios em favor do vassalo, demonstrando assim sua misericórdia e poder. Em Êxodo 20:2, Deus Se identifica como “o Senhor, teu Deus, que te tirei da terra do Egito, da casa da servidão”.
3) Estipulações. Esta parte envolve a declaração dos deveres impostos sobre o vassalo como aquele que deve total lealdade ao suserano. A continuação do texto de Êxodo 20, os versos 3-17, apresenta os dez mandamentos como estipulações, e os capítulos seguintes (21-23 e 25-31) registram outras regulamentações mais detalhadas para reger a vida social. Além destas, há também instruções quanto a provisão para a casa (tabernáculo) do Suserano (Êx 35).
4) Depósito do tratado. O documento deveria ser bem guardado para ser lido novamente em outras ocasiões. A “Arca da Aliança” era assim chamada por conter em seu interior as estipulações de Deus para Seu povo (Êx 25:16).
5) Testemunhas. Os deuses das nações envolvidas eram invocados como testemunhas daquilo que havia sido dito. Há também o caso de elementos da natureza como pedras, vento, sol, lua e estrelas que eram tidos como testemunhas em algumas ocasiões. O correspondente bíblico desta porção parece ser Êxodo 24:4-8, onde Moisés levanta um altar com 12 pedras, representando as 12 tribos de Israel, para cumprir o papel de testemunhas mudas.
6) Bênçãos e maldições. Isto é, aquilo que o suserano faria caso seu vassalo fosse fiel ou não. Em Levítico 26, temos referências a bênçãos (pela obediência) e maldições (pela desobediência).
A evidência dessa estrutura em outras partes do Pentateuco
Essa mesma estrutura pode ser encontrada em outros lugares do Antigo Testamento. Em Deuteronômio 1:1-5, por exemplo, temos o título ou preâmbulo, e o prólogo histórico em 1:6-3:29. Logo após, então, temos as estipulações: (1) os dez mandamentos (5:7:21); (2) outras ordenanças mais extensas (6-11); e (3) regulamentações mais específicas (12-26). O documento da aliança sendo depositado no Santuário (31:9-13). Os céus e a terra sendo chamados de testemunhas (31:28) e, finalmente, as bênçãos (28:1-14) e as maldições (28:15-68) encerrando o livro.
Avaliação da evidência
A composição do Pentateuco é situada por alguns como tendo ocorrido no período do cativeiro babilônico (Ca. 600 a.C.), ou no período persa (Ca. 500 a.C.), ou até no período grego (Ca. 300 a.C.). O problema com esse tipo de argumentação é que a estrutura das alianças da metade do 1º milênio a.C. sofreu drásticas modificações. No período assírio (Ca. 700 a.C.), por exemplo, o tratado suserano-vassalo era composto de quatro partes na seguinte ordem: preâmbulo, testemunhas, estipulações e maldições.
Uma vez que as alianças do Pentateuco possuem a mesma estrutura dos textos hititas do 14º e 13º século a.C., parece mais razoável aceitarmos que a data da composição do texto bíblico seja a mesma de tais tratados e não depois, como os críticos afirmam.
Luiz Gustavo Assis
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Colméias de 3 mil anos são descobertas em Israel
Escavações arqueológicas no norte de Israel revelaram evidências de apicultura praticada há 3 mil anos, incluindo restos de antigos favos de mel, cera de abelhas e o que os pesquisadores envolvidos acreditam ser as mais antigas colméias intactas já descobertas. O achado, nas ruínas da cidade de Rehov, inclui 30 colméias intactas datando de cerca de 8900 a.C., disse o arqueólogo Amihai Mazar, da Universidade Hebraica de Jerusalém. Ele diz que esta é uma evidência sem precedentes da existência da apicultura avançada na Terra Santa em tempos bíblicos.
A apicultura era amplamente praticada na Antiguidade, onde o mel tinha aplicações religiosas e medicinais, além de como alimento, e a cera era usada na fabricação de moldes e como superfície de escrita.
As colméias, de palha e barro cru, têm um orifício em uma extremidade, para permitir a entrada e saída de abelhas, e uma tampa, que dava aos apicultores acesso aos favos.
A Bíblia se refere repetidamente ao território onde hoje está Israel como "terra do leite e do mel", mas acreditava-se que o mel seria um doce feito de tâmaras e figos - não há menção a mel de abelha. Mas a descoberta mostra uma indústria bem desenvolvida de apicultura na área há 3 mil anos.
"Dá para dizer que esta era uma indústria organizada, parte de uma economia organizada, numa cidade ultra-organizada", disse Mazar.
(O Estado de S. Paulo)
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Pesquisadora identifica carimbo de Jezabel
Na Bíblia, ela ganhou fama de manipuladora, inescrupulosa e até devassa. A rainha Jezabel é uma das piores vilãs do Antigo Testamento, sem dúvida. Mas pelo menos tinha um bocado de estilo, a julgar pelo sinete (uma espécie de carimbo pessoal) que uma pesquisadora holandesa acaba de identificar como pertencente a ela - um dos raros [mentira] casos em que um personagem bíblico deixa traços diretos de sua existência.
A análise que confirmou a associação de Jezabel com o sinete, que é feito de opala e está repleto de desenhos e inscrições, foi feita por Marjo Korpel, especialista da Universidade de Utrecht. Com o trabalho de Korpel, que será publicado numa revista científica especializada em estudos lingüísticos, parece chegar ao fim um mistério de quatro décadas.
Isso porque já se suspeitava que o artefato, obtido nos anos 1960 por um arqueólogo israelense no mercado de antigüidades, tivesse pertencido a Jezabel. Mas havia um problema bizarro: o suposto nome da rainha, gravado na opala, estava escrito errado - o que levou muita gente a achar que se tratasse de uma outra pessoa, embora de nome parecido.
Com paciência de detetive, Korpel analisou o sinete e o comparou com outros objetos do mesmo tipo e da mesma época, ou seja, produzidos por volta do ano 850 a.C., quando viveram Jezabel e seu marido Acabe, rei de Israel. Pela distribuição das letras e pela presença de uma pequena área quebrada no objeto, a pesquisadora holandesa estimou que originalmente havia mais duas letras hebraicas no sinete - o suficiente para "corrigir" o nome de Jezabel.
Além disso, o objeto era muito maior que os outros da mesma época e repleto de símbolos associados à realeza e ao sexo feminino, como uma esfinge com coroa de rainha, serpentes e falcões. Para Morjen, tudo isso torna altíssima a probabilidade de que o sinete realmente tenha pertencido a Jezabel.
Jezabel (de origem fenícia, segundo a Bíblia) e seu marido Acabe reinaram numa época em que o antigo reino israelita estava dividido em duas partes rivais: Judá, no sul, cuja capital era Jerusalém e cujo povo deu origem aos atuais judeus; e Israel, no norte, onde o casal governava e cuja capital era Samaria.
No Primeiro Livro dos Reis, na Bíblia, Jezabel é retratada como uma mulher corrupta, que faz os habitantes de Israel adorarem deuses pagãos e ainda induz seu marido Acabe a tomar injustamente as terras de seus súditos. Juízos de valor à parte, o sinete parece mostrar que a rainha de fato era muito influente: ele era usado para ratificar documentos, o que significa que ela podia "despachar" por conta própria em seu palácio.
( G1 Notícias)
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Carimbo prova existência de família bíblica
Arqueólogos israelenses encontraram em Jerusalém um sinete (uma espécie de carimbo) de cerca de 2.500 anos de idade que, segundo especialistas, mostra o valor da Bíblia como fonte de documentação histórica. O sinete estampa o nome da família Tema, a qual, de acordo com o Livro de Neemias, estava entre os exilados que retornaram a Judéia no ano 537 a.C. após o fim do cativeiro na Babilônia.
"É um nexo entre as provas arqueológicas e o relato bíblico, ao evidenciar a existência de uma família mencionada na Bíblia", diz a arqueóloga Eilat Mazar, que dirige as escavações que acharam o sinete, de pedra escura, com forma elíptica e dimensões de 2,1 centímetros por 1,8 centímetro.
Mazar explicou que, segundo a Bíblia, os Tema viviam em uma região de Jerusalém conhecida como Ofel, designada especialmente aos servidores do Primeiro Templo, construído pelo rei Salomão no século 10 a.C. O relato bíblico conta que, após os israelitas serem deportados à Babilônia por Nabucodonosor, depois de este conquistar Jerusalém em 586 a.C., os Tema estavam entre as primeiras famílias a retornar à Judéia.
A arqueóloga ressaltou a influência mesopotâmica mostrada pelo carimbo, que em uma de suas faces possui gravada a cena de um ritual. Nele, dois sacerdotes dispostos em ambos os lados de um altar oferecem sacrifícios à deusa babilônica Sin, representada por uma lua crescente. Para um judeu, essa referência ao paganismo teoricamente não seria permitida.
A especialista disse que o detalhe chamou a atenção, e especulou-se a possibilidade de o selo ter sido feito na Babilônia, com um espaço vazio para o nome de um possível cliente, e que pode ter sido comprado por seus proprietários em algum bazar.
Eilat Mazar, que concentra grande parte de suas investigações no período mais antigo da história de Israel, é responsável também por outras descobertas importantes, como a da base de uma estrutura arquitetônica localizada em Jerusalém e que poderia corresponder ao palácio do mítico rei Davi.
( G1 Notícias)
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O fiasco de um rei
Corria o ano de 1845. Era um inverno rigoroso. Diversos homens trabalhavam em Calah (antiga Ninrode) sob a supervisão do arqueólogo britânico Henry Layard. Devido ao frio intenso e ao solo duro, ficava cada vez mais difícil escavar. Para complicar a situação, o dinheiro que financiava a escavação estava acabando!
Layard pediu para seus homens trabalharem apenas mais um dia. Minutos depois de eles terem voltado às escavações, todo esforço foi recompensado. Eles fizeram uma das descobertas mais importantes da arqueologia bíblica! Trata-se do Obelisco* Negro de Salmanasar III, rei assírio que reinou entre os anos 858 até 824 a.C.
Os especialistas em escrita cuneiforme começaram então a traduzir as quase 200 linhas de textos desse rei. Elas falavam de vários governantes de diversos lugares que haviam presenteado Salmanasar III e lhe prestado homenagem, prostrando-se diante dele.
Vários nomes bem diferentes dos nossos estavam no texto: Marduk-apil-usur, rei de Suhi, Qalparunda, rei de Patin, Jeú, rei de Israel... Rei de Israel? Sim, o obelisco encontrado por Layard continha o nome de um rei de Israel que a Bíblia também menciona. E, para surpresa geral, havia uma “foto”, um relevo de Jeú ajoelhado diante do monarca assírio!
O texto, que está logo após o relevo do personagem bíblico, diz: “Tributo de Jeú, filho de Omri. Prata, ouro, vasos de prata... cetros para a mão do rei [e] dardos, [Salmanasar] recebeu dele.” O rei de Israel não deveria reverenciar um ser humano, já que essa é uma prática que a própria Bíblia condena (Êx 20:3). Só essa informação já nos basta para descobrir que Jeú não era um bom servo de Deus. A Bíblia diz que ele “não teve o cuidado de andar de todo o coração na lei do Senhor, Deus de Israel” (2Rs 10:31).
Hoje, o Obelisco Negro de Salmanasar III pode ser visto no Museu Britânico, em Londres. Provavelmente, Jeú nem imaginava que sua atitude errada seria registrada numa “foto” e que ela seria guardada para a posteridade! É por isso que devemos cuidar das nossas atitudes. Nosso caráter é revelado justamente em momentos em que pensamos que ninguém está nos vendo.
(Luiz Gustavo S. Assis é formado em Teologia e é capelão do Colégio Adventista de Esteio, RS)
*Pilar vertical de quatro faces usado para gravar relevos e inscrições.
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Achado arqueológico 'revive' conspiradores bíblicos
Júbilo impera entre os arqueólogos bíblicos! Mais dois personagens da corte judaica deixaram de ser conhecidos apenas nas páginas das Bíblias ao redor do mundo para se apresentarem a todos através de uma descoberta arqueológica. Essa descoberta é incrivelmente significativa porque reforça o que muitos cristãos têm afirmado ao longo dos séculos: a Bíblia é um documento histórico confiável! Alguém pode questionar: "Qual a importância desse achado para o mundo acadêmico? De que maneira ele favorece a confiabilidade histórica da Bíblia?" Vejamos.
A recente descoberta desenterrou a segunda prova de que o texto de Jeremias 38:1 foi baseado em fatos históricos confiáveis. Esse texto menciona os principais ministros do Rei Zedequias (597-586 a.C), o último rei de Judá: Jucal, filho de Selemias e Gedalias, filho de Pasur.
Esse achado está relacionado com outro artefato desenterrado em 2005 e que também foi causa de muita celebração, pois foi o primeiro que corroborou o texto bíblico de Jeremias 38:1. Na ocasião, foi encontrado o selo de Jucal, filho de Selemias (Yehukal ben Selemyahu).
Desta vez, o selo encontrado foi de Gedalias, filho de Pasur! E tem mais: os nomes impressos sobre eles estão completos e em perfeitas condições de serem lidos. A informação torna-se mais impressionante, já que estamos falando de documentos de 2600 anos atrás!
As letras da inscrição Gedalyahu ben Pasur (Gedalias, filho de Pasur) estão em hebraico antigo e em perfeito estado de conservação, o que facilitou a tradução das duas linhas. Sendo o hebraico uma língua lida da direita para a esquerda, a primeira letra da primeira linha (l), é a preposição “para, pertencente a”, e as três últimas letras da mesma linha (yhw) é a forma abreviada do nome de Deus (YHWH), pronunciado comumente como “yahu”. Gedalias significa “O Senhor é Grande”. Pena que seu nome não revelou seu caráter, já que no capítulo 38 de Jeremias ele e outros ministros, entre eles Jucal, tentaram matar o profeta lançando-o numa cisterna sem água. Jeremias só não morreu graças aos esforços de um etíope, Ebede Meleque, que o retirou de lá.
A responsável pela descoberta foi a arqueóloga israelense Eilat Mazar, da Universidade Hebraica, de Jerusalém. Seu nome veio à tona quando, em 2005, ela anunciou a descoberta do palácio de Davi, na parte mais baixa de Jerusalém.
Nas palavras dela: “Não é muito freqüente que uma descoberta aconteça em que figuras reais do passado agitam a poeira da história e tão vividamente revivem as histórias da Bíblia.”
Todas essas evidências exigem um veredito: a Bíblia é um documento histórico confiável!
(Luiz Gustavo S. Assis)
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Ok, mas o que isso tudo tem à haver com a Real?
A real não está ligada a nenhuma religião.
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(25-09-2017, 06:42 PM)Grausam Escreveu: Ok, mas o que isso tudo tem à haver com a Real?
A real não está ligada a nenhuma religião.
A Real deve ser debatida nas seções principais e relacionamentos amorosos, seções como política e religião, habilidades manuais, musculação, etc. é para quem queira falar de outros assuntos do seu interesse.
Em tudo dai graças.
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(26-09-2017, 11:55 AM)Monarca Escreveu: (25-09-2017, 06:42 PM)Grausam Escreveu: Ok, mas o que isso tudo tem à haver com a Real?
A real não está ligada a nenhuma religião.
A Real deve ser debatida nas seções principais e relacionamentos amorosos, seções como política e religião, habilidades manuais, musculação, etc. é para quem queira falar de outros assuntos do seu interesse.
2 no Monarca.
Tem realista que não quer falar só sobre mulheres o dia todo e tem outras áreas de interesse também. E alguns comentam por um tempo sobre relacionamentos, aprendem bem o tema, saturam do assunto e acabam se interessando por novas áreas, por isso criamos algumas seções separadas, pra dar essa liberdade de expressão sem atrapalhar o foco dos outros nas seções de relacionamentos e desenvolvimento pessoal. Quer falar de musculação? Pode. Quer falar de religião? Pode. Quer falar de culinária? Pode também. Mas façam isso nas seções corretas.
Adão, o seu tópico está excelente. Não comentei nada porque não tenho nada a acrescentar, mas estou gostando de acompanhar o que posta aqui. E depois que comecei a acompanhar as suas postagens o meu respeito e admiração no livro sagrado da Bíblia só aumentou. Para mim está cada vez mais evidente que a Bíblia é um livro sério e de confiança. Continue com as postagens. Parabéns!
“A maior necessidade do mundo é a de homens — homens que se não comprem nem se vendam; homens que, no íntimo de seu coração, sejam verdadeiros e honestos; homens que não temam chamar o pecado pelo seu nome exato; homens cuja consciência seja tão fiel ao dever como a bússola o é ao polo; homens que permaneçam firmes pelo que é reto, ainda que caiam os céus.” Educação, Pág 57.
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Fantástico, confrade! Muita informação, marcando. Sobre a cidade de Sodoma é contundente mesmo.
Se o machado está cego e sua lâmina não foi afiada, é preciso golpear com mais força. Agir com sabedoria assegura o sucesso. - Salomão em Eclesiastes 10.10.
Muito cara legal foi parar debaixo de uma ponte por causa de uma mulher. - Bukowski.
As maiores redpills ouvimos da boca de mulheres.
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Obrigado pelo reconhecimento queridos irmãos da real.
O meu intuito com este tópico é comprovar a veracidade da Bíblia e fortalecer a fé de todos nós.
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Manuscritos do Mar Morto
A maior evidência histórica da autenticidade bíblica são os Manuscritos do Mar Morto. Os MM são uma grande quantidade de documentos encontrados em várias cavernas próximas ao Mar Morto, na Palestina. Foi provavelmente em 1947 que surgiram os primeiros deles numa caverna em Wadi Qumran, situada nas escarpas ocidentais do norte desse mar. Depois disso, foram achados outros tantos fragmentos de rolos de papiro e até livros inteiros, como o de Isaías. Paul Frischauer escreveu o seguinte em seu livro Está Escrito – Documentos que Assinalaram Épocas (p. 105) sobre o Rolo de Isaías: “O texto mais antigo em língua hebraica, o Rolo de Isaías, encontrado em 1947 em Ain Fekskha, no Mar Morto, provém de uma época ao redor do ano 100 antes da nossa era. Seu conteúdo confere, palavra por palavra, com os trechos textuais correspondentes do Códex Petropolitanus, escrito no ano 916 da nossa era e que, antes do achado de Isaías, era tido como o mais antigo original em língua hebraica do Velho Testamento.”
A esse acervo de documentos deu-se o nome de Manuscritos do Mar Morto. E “os Manuscritos do Mar Morto são, talvez, o acontecimento arqueológico mais sensacional do nosso tempo!”[1] Os estudos demonstraram que esses manuscritos foram escritos no período que vai do século 2 a.C. até o século 2 d.C., portanto, cerca de duzentos anos antes do tempo de Jesus Cristo, e cerca de 1000 anos antes da cópia mais antiga até então.
Esse fato é, também, confirmado pelo pesquisador Hugh J. Schonfield, no livro A Bíblia Estava Certa – Novas Luzes Sobre o Novo Testamento. Ali, na página 39, o autor diz: “Quando os pergaminhos do Mar Morto foram desencavados de uma gruta em Khirbet Qumran, lá pelas margens do noroeste daquele mar, o primeiro de todos a ser desenrolado e examinado em Jerusalém, em 1948... era precisamente um dos livros, ou rolos, do profeta Isaías. Perpassou por todo o orbe um calafrio ao fazer-se saber que esse manuscrito datava de cerca de 100 anos antes de Cristo. Era um milênio mais antigo do que qualquer cópia conhecida.” O manuscrito mais antigo, no entanto, é um fragmento do livro de Samuel, do ano 225 a.C., achado na caverna número 4.
A datação do edifício principal de Khirbet Qumran foi facilitada pelo fato de que muitas moedas foram ali achadas. Como de Vaux observou, “as datas são confirmadas [também] pela cerâmica em diferentes partes do edifício” (Citado por S. J. Schwantes, em Arqueologia, p. 135).
Já foram encontrados fragmentos de todos os livros da Bíblia, exceto Ester. E o fato de que há somente variações mínimas entre o texto dos manuscritos de Qumran e o texto tradicional do Antigo Testamento, testemunha do cuidado extremo com que o texto hebraico foi transmitido de geração em geração. “As variações têm que ver em geral com ortografia, divisão de palavras e substituição de uma palavra por um sinônimo, etc., mas não afetam o sentido fundamental do texto” (Ibidem, p. 136).
Durante alguns anos, a tradução dos manuscritos permaneceu restrita a um reduzido número de especialistas, o que trouxe algumas suspeitas. Felizmente, em novembro de 1991 a biblioteca Huntington, da Califórnia, acabou com as especulações, tornando públicas fotocópias de todos os fragmentos. Com isso, a exclusividade sobre o material trancafiado em Jerusalém perdeu o sentido. Venceu a transparência.
No livro Para Compreender os Manuscritos do Mar Morto (Ed. Imago, 1993), à página 150, Frank Moore Cross afirma que “Willian Foxwell Albright, o mais notável arqueólogo especializado em Oriente Próximo e epigrafista hebraico da sua geração, imediatamente saudou o achado como a maior descoberta de manuscritos dos tempos modernos”.
E esses manuscritos, “longe de apontar contradições oriundas de copistas descuidados ou erros que empanassem a verdade do Livro de Deus, confirmaram tudo o que se encontra na nossa Bíblia hoje”.[2] “Graças aos rolos do Mar Morto, reaprendemos a ler o Antigo e o Novo Testamentos. O próprio Jesus, com Suas reações frente a temas tão diversos quanto a pureza, a monogamia, o divórcio, torna-Se mais compreensível. Porque os textos evangélicos reencontraram um pano de fundo histórico, um país, um território.”[3] “Os famosos Manuscritos do Mar Morto trouxeram tantas evidências em favor da exatidão das cópias da Bíblia que possuíamos, que as críticas feitas às Escrituras Sagradas perderam completamente sua razão de ser e algumas delas caíram até no ridículo.”[4]
(Extraído do livro A História da Vida, de Michelson Borges)
Referências:
1. Avrahan Negev, Ed. Arqueological Enciclopedia of the Holy Land. Weindenfeld and Nicholson, p. 89, Londres, Jerusalém, 1972. Obs.: Negev lecionou Arqueologia Clássica no Instituto de Arqueologia da Universidade Hebraica de Jerusalém.
2. Dr. Renato E. Oberg. A Nossa Bíblia e os Manuscritos do Mar Morto, p. 55 e 56, Tatuí, SP: Casa Publicadora Brasileira.
3. André Carquot, professor de estudos semíticos do Collège de France. Artigo: “Segredos do Mar Morto”. Revista Nova Ciência, número 25, 1995, p. 49.
4. Dr. Renato E. Oberg. Op. cit., p. 15.
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Escavações podem confirmar minas do rei Salomão
A velha briga para determinar o que é fato e o que é lenda nos textos bíblicos acaba de passar por mais uma reviravolta - e quem saiu ganhando foi o glorioso reino de Salomão, filho de Davi, que teria governado os israelitas há 3.000 anos. Escavações na Jordânia sugerem que a extração de cobre em escala industrial no antigo reino de Edom - região que, segundo a Bíblia, teria sido vassala dos reis de Israel - coincide, em seu auge, com a época do filho de Davi. Em outras palavras: as célebres "minas do rei Salomão" podem ter existido do outro lado do rio Jordão.
A pesquisa, coordenada pelo arqueólogo Thomas E. Levy, da Universidade da Califórnia em San Diego, está na edição desta semana da prestigiosa revista científica americana PNAS, e bate de frente com os que duvidam da existência de uma monarquia poderosa em Jerusalém durante o século 10 a.C. Segundo esses pesquisadores, como Israel Finkelstein [ele é um arqueólogo ateu, figura sempre presente nas páginas da Superinteressante e da Galileu], da Universidade de Tel Aviv, tanto a região de Jerusalém quanto a área de Edom, onde as minas foram encontradas, eram habitadas por uns poucos aldeões e pastores nômades nessa época. O surgimento de reinos politicamente bem organizados e capazes de empreendimentos de larga escala só teria sido possível por ali cerca de 200 anos depois.
Levy discorda. "O que nós mostramos de forma definitiva é a produção de metal em larga escala e a presença de sociedades complexas, que podemos chamar de reino ou Estado arcaico, nos séculos 10 a.C. e 9 a.C. em Edom. Trabalhos anteriores afirmavam que o que a Bíblia dizia a respeito disso era um mito. Nossos dados simplesmente mostram que a história de Edom no começo da Idade do Ferro precisa ser reinvestigada usando ferramentas científicas", declarou o arqueólogo ao G1.
A região escavada por Levy e seus colegas na Jordânia é uma velha suspeita de ter abrigado as famosas minas salomônicas. Nos anos 1940, o arqueólogo americano Nelson Glueck já tinha defendido a idéia. No entanto, foi só com as escavações em larga escala no sítio de Khirbat en-Nahas (em árabe, "as ruínas de cobre"), ao sul do Mar Morto, que o tamanho da atividade mineradora ali ficou claro. Estima-se que, só em sobras da extração do minério, existam no local entre 50 mil e 60 mil toneladas de detritos.
Numa escavação iniciada em 2006, Levy e seus colegas desceram pouco mais de 6 m e montaram um quadro em alta resolução da história de Khirbat en-Nahas. A ocupação começa com uma estrutura retangular de pedra, com protuberâncias ou "chifres". "Pode ter sido um altar", conta o arqueólogo - esses "chifres" eram usados como plataforma para besuntar o sangue dos animais sacrificados na antiga Palestina. Acima dessa estrutura, ao menos duas grandes fases de extração de cobre estão documentadas, com paredes de pedra que serviam como instalação industrial.
Uma das formas de datar a atividade mineradora é a presença de artefatos egípcios - um escaravelho e um colar - que aparentemente datam da época dos faraós Siamun e Shesonq (chamado de Sisac na Bíblia) - o século 10 a.C. Mas os pesquisadores também usaram o método do carbono 14 para estimar diretamente a idade de restos de madeira usados para derreter o minério e extrair o cobre. O veredicto? O mais provável é que a atividade industrial na área tenha começado em 950 a.C., data equivalente ao auge do reinado de Salomão, e terminado em torno de 840 a.C.
E não é só isso: escavações numa fortaleza próxima também sugerem uma construção na era salomônica, durante o século 10 a.C. Segundo o relato bíblico, Salomão usou vastas quantidades de bronze (cuja matéria-prima, ao lado do estanho, era o cobre) na construção do templo de Jerusalém. Também teria continuado o domínio estabelecido por seu pai Davi sobre Edom e financiado uma frota de navios mercantes que saíam do litoral edomita em busca de produtos de luxo.
Levy diz que os dados obtidos em Khirbat en-Nahas são compatíveis com o quadro do Antigo Testamento, mas mostra cautela. "Se as atividades lá podem ser atribuídas ao controle da produção de metal pela Monarquia Unida israelita, pelos edomitas ou por uma combinação de ambos, ou até por um outro grupo, é algo que nossa equipe na Jordânia ainda está investigando", ressalta ele.
A pedido do G1, o arqueólogo Israel Finkelstein comentou o estudo na PNAS e fez pesadas críticas [o que se podia esperar dele?]. Para começar, Finkelstein não reconhece a região de Khirbat en-Nahas como parte do antigo reino de Edom, porque o sítio fica nas terras baixas jordanianas, e não no planalto do além-Jordão.
"Na época em que Nahas está ativa, não há um único sítio arqueológico no platô de Edom, que só passa a ser ocupado nos séculos 8 a.C. e 7 a.C.", diz o pesquisador israelense. "A mineração em Nahas não tem a ver com o povoamento de Edom, mas com o do vale de Bersabéia [parte do reino israelita de Judá], que fica a oeste, ao longo das estradas pelas quais o cobre era transportado até o Mediterrâneo", afirma.
Finkelstein também critica o fato de Levy e seus colegas teram usado os rejeitos de mineração como base para sua estratigrafia, ou seja, as camadas que ajudam a datar o sítio arqueológico, porque eles formariam estratos naturalmente "bagunçados" de terra. E afirma que a fortaleza estudada pelos pesquisadores também é posterior ao século 10 a.C.
"Aceitar literalmente a descrição bíblica do rei Salomão equivale a ignorar dois séculos de pesquisa bíblica. Embora possa existir algum fundo histórico nesse material, grande parte dele reflete a ideologia e a teologia da época em que saiu da tradição oral e foi escrito, por volta dos séculos 8 a.C. e 7 a.C. Os dados de Nahas são importantes, mas não vejo ligação entre eles e o material bíblico sobre Salomão", arremata Finkelstein. [Não vê ou não quer ver?]
Levy preferiu não responder diretamente as críticas do israelense, embora um artigo anterior de sua lavra aponte que, ao contrário do que diz Finkelstein, há ligação cultural entre os habitantes das terras baixas e os edomitas do planalto. "Suponho que, toda vez que há uma interface entre textos sagrados e dados arqueológicos, é natural que o debate se torne emocional", diz ele. [Bingo!]
( G1 Notícias)
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A historicidade confiável do livro de Daniel
Há pelo menos três bons motivos para acreditarmos que o livro de Daniel é confiável do ponto de vista histórico e que de fato foi escrito no 6º século antes de Cristo:
1) A arqueologia tem reconstruído as informações históricas do livro de Daniel.
a) Toda a história desse profeta hebreu se passa na cidade de Babilônia. Os críticos da Bíblia afirmavam que se Babilônia realmente houvesse existido, não passaria de um pequeno clã. A arqueologia demonstrou o oposto. Os resultados dos estudos do arqueólogo alemão Robert Koldewey, feitos entre 1899 e 1917, provaram que Babilônia era um grande centro econômico e político no Antigo Oriente Médio na metade do 1º milênio a.C. (600 a.C.).
b) Outro ponto de questionamento era sobre a existência ou não de Nabucodonosor, rei de Babilônia na época do profeta Daniel. Mais uma vez a arqueologia resolveu a questão trazendo à luz muitos tabletes que foram encontrados nas ruínas escavadas por Koldewey com o nome Nabu-Kudurru-Usur, ou seja, Nabucodonosor! Não é incrível como um tablete de 2.600 anos consegue esmiuçar teorias fundamentadas no silêncio?
c) Assim como a opinião dos críticos teve que ser radicalmente mudada a respeito de Babilônia e de Nabucodonosor, o mesmo aconteceu com Belsazar, o último rei da Babilônia. Críticos modernos não concordavam com essa informação. Novamente a arqueologia refutou essa opinião. Vários tabletes cuneiformes confirmam que Nabonido, o último rei de Babilônia, deixou seu filho Bel-Shar-Usur (Belsazar) cuidando do Império enquanto ele estava em Temã, na Arábia. Você pode confirmar em Daniel 5:7 que Belsazar ofereceu para Daniel o terceiro lugar no reino, já que o pai, Nabonido, era o primeiro e ele, Belsazar, o segundo.
d) Até os amigos de Daniel estão documentados nos tabletes cuneiformes da antiga Babilônia. Foi descoberto um prisma de argila, publicado em 1931, contendo o nome dos oficiais de Nabucodonosor. Três nomes nos interessam: Hanunu (Hananias), Ardi-Nabu (Abed Nego) e Mushallim-Marduk (Mesaque). Incrível! Os mesmos nomes dos companheiros de Daniel mencionados nos capítulos 1, 2 e 3 de seu livro! Um grande defensor dessa associação é o adventista e especialista em estudos orientais William Shea, em seu artigo: “Daniel 3: Extra-biblical texts and the convocation on the plain of Dura”, AUSS 20:1 [Spring, 1982] 29-52. Hoje esse artefato encontra-se no Museu de Istambul, na Turquia.
Resumindo: as informações históricas do livro de Daniel são confirmadas pela arqueologia bíblica.
2) Por muitos anos os defensores da composição do livro de Daniel no 2º século a.C. se valeram das palavras gregas do capítulo 3 para “confirmar” a autoria da obra no período helenístico. Essa opinião apresenta dois problemas sérios:
a) Há ampla documentação do relacionamento entre os gregos e os impérios da Mesopotâmia antes mesmo do 6º século a.C. Nos registros do rei assírio Sargão II, por exemplo, fala-se sobre cativos da região da Macedônia (Cicília, Lídia, Ionia e Chipre). Se os judeus em Babilônia eram solicitados para tocar canções judaicas (Salmo 137:3), por que não imaginar o mesmo com os gregos? Um poeta grego chamado Alcaeus de Lesbos (600 a.C.) menciona que seu irmão Antimenidas estava servindo no exército de Babilônia. Logo, não nos deve causar espanto algum o fato de termos na orquestra babilônica instrumentos gregos.
b) Se o livro de Daniel foi escrito durante o período de dominação grega sobre os judeus, por que há apenas três palavras gregas ao longo de todo o livro? Por que não há costumes helenísticos em nenhum dos incidentes do livro numa época em que os judeus eram fortemente influenciados pelos filósofos da Grécia? Esse fato parece negar uma data no 2º século a.C.
Resumindo: o fato de existirem palavras gregas no terceiro capítulo de Daniel não prova sua composição no 2º século a.C., pelo contrário, intercâmbio cultural entre Babilônia e Grécia era comum antes mesmo do 6º século a.C.
3) Daniel foi escrito em dois idiomas: hebraico (1:1-2:4 e 8:1-12:13) e aramaico (2:4b-7:28).
Diversos nomes no estudo do aramaico bíblico (Kenneth Kitchen, Gleason Archer Jr, Franz Rosenthal, por exemplo) afirmam que o aramaico usado por Daniel difere em muito do aramaico utilizado nos Manuscritos do Mar Morto que datam do 2º século a.C. Para Archer Jr., a morfologia, o vocabulário e a sintaxe do aramaico do livro de Daniel são bem mais antigos do que os textos encontrados no deserto da Judéia. Não só isso, mas que o tipo da língua que Daniel utilizou para escrever era o mesmo utilizado nas “cortes” por volta do 7º século a.C.
Resumindo: o aramaico utilizado por Daniel corresponde justamente àquele utilizado em meados no 6º século a.C. nas cortes reais.
Qual a relevância dessas informações para um leitor da Bíblia no século 21? Gostaria de destacar dois pontos para responder esta questão:
1) Como foi demonstrado acima, Daniel escreveu seu livro muito antes do cumprimento de suas profecias. Logo, isso nos mostra a Soberania e Autoridade de Deus sobre a história da civilização. Se Deus é capaz de comandar o futuro, Ele é a única resposta para os problemas da humanidade.
2) A inspiração das Escrituras. O livro de Daniel se mostrou confiável no ponto de vista histórico e, consequentemente, profético. Essa é a realidade com toda a Bíblia, que graças a descobertas de cidades, personagens e inscrições, mostra-se verdadeira para o ser humano.
O livro de Daniel, longe de ser uma fraude, é um relato fidedigno. Ao escavarmos profundamente as Escrituras e estudarmos a História, podemos perceber que a Bíblia é um documento histórico confiável.
Luiz Gustavo Assis é formado em Teologia e atua como Capelão no Colégio Adventista de Esteio, RS.
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