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Conhecendo o Autor #04 - Ernest Hemingway
#1
ERNEST HEMINGWAY

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Citação:“Um homem inteligente é por vezes forçado a embebedar-se ou a isolar-se, para conseguir aguentar os idiotas com que se vai cruzando todos os dias”

 
Esse era o lema do autor de O Velho e o Mar, Ernest Hemingway, nascido em 21 de julho de 1899, no estado norte-americano de Illinois.

Ernest era filho de pais respeitados na periferia onde nasceu, sendo seu pai médico e sua mãe professora de canto (ópera). O desejo de seu pai era que ele seguisse carreira na medicina, mas desde sempre se sentiu atraído pela literatura.

Interessante que diferente dos autores que já vimos, como Kafka e Bukowski, que tinham relações conturbadíssimas com os pais, era a mãe dele que tinha um gênio forte e difícil de se conviver.


Hemingway, que sempre teve fascínio pela literatura, começou a trabalhar como jornalista em um jornal do Kansas antes mesmo de sair do colegial, tamanha sua desenvoltura e facilidade de escrita.

Chegou a se alistar no exército, mas foi dispensado devido a um problema de visão. Mas isso não o impediu de ir atrás do seu objetivo: participar de alguma forma da Primeira Grande Guerra, que viria mudar os rumos do mundo. Ele se voluntariou no exército italiano e foi chamado para ser motorista de ambulância.

Ocorre que ele foi gravemente ferido durante o trabalho e passou um bom tempo em recuperação, ao passo que se apaixonou por sua enfermeira e, assim como os grandes escritores, transformou isso em livro, dando vida a obra Adeus às Armas (1929), onde ele relata suas recordações da guerra, ao passo que o jovem personagem do livro, um jornalista americano que defende a Itália na guerra, se apaixona por uma enfermeira e deserta.

Depois de recuperado, voltou para a sua cidade natal, mas não se adaptou muito bem. Ora, a vida era pacata demais para um veterano de guerra de nem 20 anos de idade Gargalhada

Logo se casou – apaixonava fácil o cidadão – e foi morar em Paris (1921), que na época era o berço da cultura do mundo. Lá começou a trabalhar para uma revista e escreveu dezenas de histórias.

Em 1925 foi tirar férias na Áustria e conheceu, então, a mulher que viria a ser sua segunda esposa, ao passo que tiveram um filho (já era o segundo de Ernest) e foram morar em 1928 na Flórida, por indicação de um amigo (detalhe que ele conheceu essa mulher enquanto estava casado com a primeira. Antes de pedir o divórcio, a ex esposa descobriu a parada hehehe).

Nesse intervalo, ele escreveu o que viria a ser uma das suas obras mais esplendorosas, O Sol Também se Levanta. Na obra – que lhe deu fama, de fato – ele retrata a vida de um jornalista americano que, ferido na guerra, se torna impotente.

Foi mais ou menos nessa época que ficou sabendo que seu pai havia tirado a própria vida.

Sua mãe, gente finíssima, o encaminhou a arma que seu genitor usara no suicídio. Ele não conseguiu decifrar o significado de tal ato, tendo morrido sem saber.
 
Citação:“São precisos dois anos para aprender a falar e sessenta para aprender a calar”
 
Depois desse acontecido, voltou a morar na França e por lá ficou um bom tempo, até que foi convidado a ser correspondente no exército republicano na Guerra Civil Espanhola, ao passo que Ernest acompanhou tudo o que ocorreu nesse período, já que havia se aliado às forças republicanas contra o fascismo (1936 a 1939).


Diante de tudo que vira, publicou Por Quem os Sinos Dobram em 1940 (a Segunda Guerra já havia começado), livro que narra três dias na vida de um americano na Guerra Civil Espanhola. O relato é tão reconhecido que chegou a virar filme.
 
Bom, como eu disse, Hemigway se apaixonava fácil (inclusive por mulheres casadas Gargalhada e casou-se mais uma cacetada de vezes, tendo outros filhos).
 
Depois desse período, Ernest, que fazia pescarias todo ano em Havana, foi morar definitivamente em Cuba.
Em 1946 casou-se pela quarta e última vez.

Quatro anos depois, já famoso por seus escritos e aclamado pela crítica, o New York Times chegou a colocá-lo como o melhor escritor do mundo após a morte de Shakespeare.

E é em 1952 que escreve a maior de suas obras primas: O Velho e o Mar.

Aos camaradas realistas, indico fortemente a leitura desse livro. É um senhor que passa dias e dias a fio sem pescar um peixe sequer, quando de repente, pesca uma baleia. Não vou dar spoiler, mas é uma das grandes obras da minha vida.

Não se trata de um velho, um peixe e/ou um mar. Trata-se de princípios, valores, paciência, respeito. Muito respeito.
 
Por conta dessa obra, ganhou um prêmio Pulitzer (hoje é dado só para mentes esquerdistas doentias) em 1953 e, no ano seguinte, premiado com um Nobel da Literatura, também por O Velho e o Mar.

Merecidíssimo, grande obra. Espetacular. Puta que o pariu.
 
Citação:“A felicidade em pessoas em inteligentes é das coisas mais raras que conheço”
 
Em 1960 saiu de Cuba e voltou para sua terra natal, ainda com sua quarta esposa.
Ernest começou a ter problemas com a depressão e, em 1961, pegou sua espingarda de caça favorita (fazia coleção de armas) e deu um tiro na sua própria cabeça. Assim como seu pai, Hemingway tirou a própria vida.
 
Sua esposa, tempos depois, reuniu seus manuscritos e publicou, sob título Paris é Uma Festa.
 
Bom, uma curiosidade, só para encerrar, é que Ernest foi uma das inspirações literárias do cidadão que eu mais acho absurdo na literatura, Charles Bukowski.

 
Mais uma gama de obras que vão entrar aí na lista de leituras futuras.

Vou ter que viver 250 anos para ler tudo.
 
Valeu camaradas.
Mateus 21:22
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#2
Não conhecia a história desse velho... nessas horas que vemos o quão juvenis somos. O cara foi para 2-3 guerras, casou 4x, viajou o mundo todo, deve ter feito todo tipo de maluquice, se tornou famoso e aclamado - merecidamente - e ainda assim se matou ... sobre isso cabe uma reflexão: qual é o verdadeiro objetivo na vida para um homem? fazer de tudo o que for capaz para descobrir no final que nada tem valor?

A citação dele que tu colocou ali é simplesmente lapidar e fundamental para o realista: "São precisos dois anos para aprender a falar e sessenta para aprender a calar" ... quanto mais o homem cresce espiritualmente, menos ele precisa falar, menos precisa provar, menos ele precisa parecer ser ... ele simplesmente é.

É triste notar que e hoje em dia vemos nego que só assiste vídeo no youtube, faz comentários pseudointelectuais na internet protegido pelo anonimato, nunca tirou o traseiro gordo e fedorento de dentro do apartamento e não ser que seja para comprar comida e acha que sabe tudo sobre a vida. Não há mais exemplos como esse, por isso a literatura é tão importante na nossa vida. Quem aqui tem a possibilidade de ouvir e colher lições de um cara que foi para 2 guerras? E nessas horas também é que essa viadagem de pandemia me deixa com mais raiva ainda. O que diabos está acontecendo com os homens do mundo?

Eu já li o Velho e o Mar, e sem dúvida deveria ser uma das leituras obrigatórias no fórum. Importantes lições de masculinidade são passadas de uma maneira tão simples que chega a ser genial.
"Compreendi o tormento cruciante do sobrevivente da guerra, a sensação de traição e covardia experimentada por aqueles que ainda se agarram à vida quando seus camaradas já dela se soltaram."  (Xeones para o rei Xerxes)

Responda-o
#3
Matou a pau no comentário.
Inclusive a reflexão que você propôs foi tão certeira que eu até cheguei a pensar que você já conhecia a história do Ernest.

Digo isso pois a obra O Sol Também se Levanta é uma citação de uma frase bíblica que trata justamente disso, a inutilidade dos esforços humanos.

A maioria dos grandes autores tiveram experiências de todos os tipos durante suas vidas. Residiram em vários países, casamentos, guerras, entre outras coisas.

Hoje nós praticamente não temos histórias para contar.
Eu que sou um merda, quando vou contar para alguns amigos as experiências que tive no serviço militar obrigatório, que não é nada demais, percebo que eles ficam de cara, como se fosse algo surreal e absurdo.

Eu costumo brincar que quem consome livros, não precisa gastar R$ 10.000,00 em uma viagem para conhecer algum país ou cultura diferentes.
Através dos livros você tem experiências inexplicáveis, fora o acesso a lugares e culturas que sequer imaginaríamos em ter.

Como você conseguiria se sentir dentro dos campos de concentração da Coréia do Norte, vivenciando todo o sofrimento daquele povo? Nunca.
Mas se ler Fuga do Campo 14, vai ter essa experiência, por exemplo.
Mateus 21:22
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#4
(27-11-2020, 08:45 PM)hjr_10 Escreveu: A maioria dos grandes autores tiveram experiências de todos os tipos durante suas vidas. Residiram em vários países, casamentos, guerras, entre outras coisas.

Hoje nós praticamente não temos histórias para contar.
Eu que sou um merda, quando vou contar para alguns amigos as experiências que tive no serviço militar obrigatório, que não é nada demais, percebo que eles ficam de cara, como se fosse algo surreal e absurdo.

Eu costumo brincar que quem consome livros, não precisa gastar R$ 10.000,00 em uma viagem para conhecer algum país ou cultura diferentes.
Através dos livros você tem experiências inexplicáveis, fora o acesso a lugares e culturas que sequer imaginaríamos em ter.

Como você conseguiria se sentir dentro dos campos de concentração da Coréia do Norte, vivenciando todo o sofrimento daquele povo? Nunca.
Mas se ler Fuga do Campo 14, vai ter essa experiência, por exemplo.

Realmente. Eu fiquei atordoado com a história desse livro "Fuga do Campo 14" por vários dias refletindo e digerindo tudo aquilo. Se a pessoa souber ler, tiver a empatia bem desenvolvida, saber se colocar no lugar do protagonista, realmente ela vive aquela experiência de tabela e aprende muita coisa. 

Eu mesmo depois de ler um livro, fico alguns dias sem ler nada só digerindo aquilo que acabei de ler. 

E um livro bom custa bem menos de 100 reais. Agora, sobre a viagem, mesmo que o cara gaste 10 mil reais em uma boa viagem para o exterior, ele pode voltar quase do mesmo jeito que foi, porque fica naquela rota turística, em um ambiente seguro e confortável, e praticamente vive o mesmo que viveria se tivesse ficado em um hotel perto de casa, indo para os pontos turísticos mais conhecidos, comprando roupas, usando as dependências do hotel e usando o celular o tempo todo.

Outro ponto, algumas pessoas ficam correndo atrás de fama, experiências e conhecimento pela literatura, achando que isso vai preencher o vazio dentro delas, e não percebem o exemplo em pessoas como esse Ernest que mesmo tendo alcançado muitas dessas coisas se matou. No final das contas, eu acho que esse vazio que as pessoas sentem, mesmo sendo famosas e ricas, é um vazio que só Deus pode preencher. 

(27-11-2020, 08:15 AM)Héracles Escreveu: Não conhecia a história desse velho... nessas horas que vemos o quão juvenis somos. O cara foi para 2-3 guerras, casou 4x, viajou o mundo todo, deve ter feito todo tipo de maluquice, se tornou famoso e aclamado - merecidamente - e ainda assim se matou ... sobre isso cabe uma reflexão: qual é o verdadeiro objetivo na vida para um homem? fazer de tudo o que for capaz para descobrir no final que nada tem valor? 

Eu realmente acho que estamos aqui apenas para tomar uma decisão: se estamos contra Deus ou a favor de Deus, porque isso definirá para onde iremos quando morrermos. Todo o resto é passatempo e distração, e como diz Salomão, é simplesmente como correr atrás do vento.

Já anotei esse livro para ler. Valeu HJR_10 por mais uma ótima indicação.
“A maior necessidade do mundo é a de homens — homens que se não comprem nem se vendam; homens que, no íntimo de seu coração, sejam verdadeiros e honestos; homens que não temam chamar o pecado pelo seu nome exato; homens cuja consciência seja tão fiel ao dever como a bússola o é ao polo; homens que permaneçam firmes pelo que é reto, ainda que caiam os céus.” Educação, Pág 57.
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#5
(27-11-2020, 08:15 AM)Héracles Escreveu: Não conhecia a história desse velho... nessas horas que vemos o quão juvenis somos. O cara foi para 2-3 guerras, casou 4x, viajou o mundo todo, deve ter feito todo tipo de maluquice, se tornou famoso e aclamado - merecidamente - e ainda assim se matou ... sobre isso cabe uma reflexão: qual é o verdadeiro objetivo na vida para um homem? fazer de tudo o que for capaz para descobrir no final que nada tem valor?

Ele estava  doente... muito doente. Salta os olhos (ao vermos as fotografias) o quanto ele degenerou em pouco tempo. Junto da aclamação,  vieram também os acidentes,  as doenças,  a vida desregrada e o alcoolismo. E, é claro, estar debaixo dos olhos do Tio Sam, por suas relações com o Fidel, não ajudou nada.
Ah... claro... a mãe dele era uma megera.
O corpo não aguenta. No caso do  Ernest, a cabeça também não.
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#6
Comprei o livro por causa desse tópico. Chegou aqui em casa e fiquei surpreso de ver como o livro é curto para ter causado tanto sucesso. Vou começar a ler imediatamente.

Excelente tópico HJR_10!
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