06-09-2017, 09:40 PM
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Hoje escrevo um breve artigo sobre a vida, sobre sorte e sobre motivação. Você com certeza já ouviu falar sobre o poker, o famoso jogo de cartas que nasceu em algum lugar dos EUA no início do século XIX. É provável que você até jogue poker, pois é um excelente exercício para sua mente e uma excelente diversão. Muitos brasileiros jogam hoje em dia, deixou de ser coisa de “filme de gringo”.
Eu pessoalmente gosto muito de poker e pelo menos uma vez por mês me reúno com meus irmãos, pai e/ou alguns amigos para jogar poker. É claro que não rolam apostas em dinheiro (isso estraga a diversão e pode estragar amizades), é apenas pelo prazer de jogar o jogo, tomar uma cerveja, comer uns petiscos, conversar, contar umas piadas e dar umas risadas. Como eu disse acima, o poker é uma diversão sadia se for levado minimamente a sério (e não se tornar vício), pois diferente de jogos como o truco, você não consegue jogar bêbado, por exemplo. É preciso raciocinar, é preciso estar com a mente afiada para manipular seus adversários, então cachaça na cabeça e sonzão alto não orelha não combinam com poker.
“O artigo é sobre poker, Rover?”
Sim e não. Hoje, neste artigo, eu uso o poker como uma ferramenta. Uma ferramenta de comparação com a vida. Se você conhece o jogo de poker, será mais fácil de compreender, entretanto vou tentar escrever de maneira que qualquer pessoa entenda.
O vício de reclamar
Reclamar. A maioria das pessoas só sabe reclamar. Todo mundo é muito bom nisso, até eu sou bom nisso, veja como sempre reclamo do Brasil (e é uma bosta mesmo). A choradeira e vitimismo da maioria é constante. As pessoas até quebram o gelo e iniciam conversas com estranhos reclamando de algo “Ahh esse calor, quando será que acaba hein?”, “Que vergonha esses políticos, esse país tá perdido.”, etc. Eu até já escrevi um artigo chamado Para você que reclama demais (Update: sobre um jovem rapaz que teve câncer), onde mostro uma situação tocante, para te fazer parar pra pensar se reclama tanto com razão. Todo mundo reclama, é verdade, mas quantos fazem algo pra mudar a situação que os fazem reclamar? O problema não é exatamente reclamar, o problema é ser chorão e não fazer nada para mudar a situação, ficar se fazendo de vítima. Esse é o X da questão.
Eu pessoalmente gosto muito de poker e pelo menos uma vez por mês me reúno com meus irmãos, pai e/ou alguns amigos para jogar poker. É claro que não rolam apostas em dinheiro (isso estraga a diversão e pode estragar amizades), é apenas pelo prazer de jogar o jogo, tomar uma cerveja, comer uns petiscos, conversar, contar umas piadas e dar umas risadas. Como eu disse acima, o poker é uma diversão sadia se for levado minimamente a sério (e não se tornar vício), pois diferente de jogos como o truco, você não consegue jogar bêbado, por exemplo. É preciso raciocinar, é preciso estar com a mente afiada para manipular seus adversários, então cachaça na cabeça e sonzão alto não orelha não combinam com poker.
“O artigo é sobre poker, Rover?”
Sim e não. Hoje, neste artigo, eu uso o poker como uma ferramenta. Uma ferramenta de comparação com a vida. Se você conhece o jogo de poker, será mais fácil de compreender, entretanto vou tentar escrever de maneira que qualquer pessoa entenda.
O vício de reclamar
Reclamar. A maioria das pessoas só sabe reclamar. Todo mundo é muito bom nisso, até eu sou bom nisso, veja como sempre reclamo do Brasil (e é uma bosta mesmo). A choradeira e vitimismo da maioria é constante. As pessoas até quebram o gelo e iniciam conversas com estranhos reclamando de algo “Ahh esse calor, quando será que acaba hein?”, “Que vergonha esses políticos, esse país tá perdido.”, etc. Eu até já escrevi um artigo chamado Para você que reclama demais (Update: sobre um jovem rapaz que teve câncer), onde mostro uma situação tocante, para te fazer parar pra pensar se reclama tanto com razão. Todo mundo reclama, é verdade, mas quantos fazem algo pra mudar a situação que os fazem reclamar? O problema não é exatamente reclamar, o problema é ser chorão e não fazer nada para mudar a situação, ficar se fazendo de vítima. Esse é o X da questão.
![[Image: PqsUjUh.jpg]](http://i.imgur.com/PqsUjUh.jpg)
"A vida é um jogo de poker. Não se trata das cartas que você recebe. É sobre como você escolhe jogar suas cartas."
Fazer algo para mudar a situação que incomoda, poucos fazem. Às vezes não é possível, mas na grande maioria das vezes é.
“Tá Rover, ficar reclamando é ruim e não leva a lugar nenhum, mas e o poker? Onde entra nisso?”
O poker é algo muito parecido com a vida, como eu já disse. Se você é daqueles que não entendem as regras do poker, não sabe como funciona basicamente, é preciso que você saiba, para que consiga entender a comparação que faço aqui. Vou usar o exemplo da modalidade de poker (existem várias) que estou mais acostumado a jogar e é o mais popular, o Texas Hold’em. Para evitar a fadiga e para que o artigo não fique tão extenso, vou usar a aula descritiva excelente feita pelo canal Hobbz. Assista caso você não entenda como funciona o poker. Caso entenda, pode pular o vídeo se quiser.
Primeiramente, se você não entendia absolutamente merda nenhuma sobre poker e assistiu o vídeo com atenção, sinta-se feliz, pois você já aprendeu algo novo hoje (e de graça).
De nada!
“Tá Rover, ficar reclamando é ruim e não leva a lugar nenhum, mas e o poker? Onde entra nisso?”
O poker é algo muito parecido com a vida, como eu já disse. Se você é daqueles que não entendem as regras do poker, não sabe como funciona basicamente, é preciso que você saiba, para que consiga entender a comparação que faço aqui. Vou usar o exemplo da modalidade de poker (existem várias) que estou mais acostumado a jogar e é o mais popular, o Texas Hold’em. Para evitar a fadiga e para que o artigo não fique tão extenso, vou usar a aula descritiva excelente feita pelo canal Hobbz. Assista caso você não entenda como funciona o poker. Caso entenda, pode pular o vídeo se quiser.
Primeiramente, se você não entendia absolutamente merda nenhuma sobre poker e assistiu o vídeo com atenção, sinta-se feliz, pois você já aprendeu algo novo hoje (e de graça).
De nada!
Agora vamos ao assunto. Assim como no poker nós não escolhemos as cartas que vem na nossa direção, não podemos escolher nossa “mão” na vida também, ou seja, as circunstâncias. Elas simplesmente acontecem. Aquelas duas cartas são as situações que a vida nos apresenta, sem que tenhamos nenhum controle, principalmente no começo da nossa vida. Quer comparar de maneira mais direta? Veja...
Este é um par de aces ou ás (azes no plural?). Esta combinação (ou mão) é a mais forte que pode vir pra você no jogo, para começar uma rodada antes de conhecer o flop.
O que isso significa na vida? Por exemplo, um cara que nasceu em berço de ouro, ou seja, rico e perfeitamente saudável. Podemos considerar que no “poker da vida”, já veio um par de aces logo no começo para esse cara. Ou que tal uma mulher que nasceu com uma beleza muito acima da média, saudável e rica também? Mão de aces. Com certeza eles vão aceitar isso e vão entrar no jogo muito bem.
Agora que tal essas duas cartas? Um rei e um 4 de paus. Essa é uma mão “mais ou menos”, dá pra tentar apostar e jogar, e também dá pra “passar” (fold), desistir. Eu mesmo posso me colocar como exemplo nessa mão. Meus pais trabalharam muito para criar eu e meus irmãos, colocaram comida na mesa, não deixaram nos faltar um teto e nos deram boa educação de berço. Mas foi só. Eles não tiveram condições de nos colocar em escolas ou faculdades particulares, não tivemos brinquedos caros quando éramos crianças, não ganhamos carros nem viagens quando completamos 18 anos, eles não nos ensinaram coisas realmente úteis sobre o dinheiro, etc. Ou seja, nunca estivemos na merda, mas também nunca estivemos numa boa. Meu pai nunca teve um carro zero. Nossas férias, por exemplo, se resumiam à ir até Santos, pois temos um parente que tinha apartamento por lá. Mas essas “férias” não aconteciam todos os anos, tinha anos que o negócio era ficar quietinho em casa mesmo, enquanto muitos dos vizinhos “desciam” para “Acapulco”.
Miséria passou longe de casa, não tenho do que reclamar e considero meus pais um casal de sucesso, simplesmente pelo fato de terem conseguido criar uma família decente sem deixar faltar nada. Resumindo, essa é a mão que a vida me deu, bem mais ou menos. Uns reclamariam disso, muitos reclamam, aliás. Eu não, mas enfim, vamos continuar.
Agora vamos pensar em alguém que recebeu essa mão pra começar a “jornada”.
“Fiadapu, me fudi!!!!!”
Essa é uma péssima mão, temos que admitir. Um 2 de paus e um 7 de ouros? Péssimo. O azar bateu forte? Deus te odeia? Não, são apenas circunstâncias da vida, algo aleatório. Vamos pensar num cara que nasceu de uma mãe solteira favelada e ela jogou ele no lixo. Foi resgatado e passou seus primeiros meses no hospital. A infância? Num orfanato, nenhuma família quis adotar. E quando se tornou maior de idade, simplesmente deram um pé na bunda dele. Caiu no mundão sozinho, sem família nenhuma, provavelmente sem amigo nenhum também.
Exagero? Não. No mundo todo (ou pegue apenas o exemplo do Brasil), todos os dias, milhares de pessoas vem ao mundo nessas três situações que citei como exemplo. Um número maior de “fodidos” do que daqueles que nascem em berço de ouro, é claro. E existem muitas outras situações, muitas outras.
Agora só porque não veio uma bela mão na sua direção, você vai passar? Fugir? Desistir da vida? Vai dar fold e chorar?
NÃO, PORRA!
E sabe porque? Porque a vida continua sendo parecida com o poker.
Para aqueles que decidiram apostar suas fichas, independente das cartas que receberam, vão ser colocadas três cartas na mesa (Não entendeu? Você não assistiu a porra do vídeo?).
Essas três cartas que caem na mesa, chamados de flop no jogo do poker, podem mudar tudo. Na vida o mesmo ocorre. As circunstâncias podem começar extremamente bem ou extremamente mal, mas nada permanece igual para sempre, muito pelo contrário, a vida sempre traz oportunidades com o tempo, sejam elas para você se dar bem, ficar na mesma ou se dar mal.
Quer um exemplo do poker? Olhe novamente as duplas de cartas acima. Agora imagine que o flop, essas três primeiras cartas, fossem essas abaixo:
Ih rapaz, acho deu ruim ali pros “ricaços” do par de aces...
Depois do flop, ou seja nova circunstância do jogo, a coisa mudou totalmente de figura. O cara que foi abandonado pela mãe e tinha uma mão péssima, apenas com o flop, agora tem uma trinca nas mãos (three of a kind). O cara que tinha uma mão mais ou menos (usei meu próprio exemplo) tem a chance de conseguir um flush, se mais uma das duas cartas que vierem pra mesa forem uma carta com naipe de paus. Perceba, ele tem duas cartas com naipes de paus e tem duas cartas com naipes de paus na mesa, falta apenas uma para o Flush. Caso não saia mais nenhuma carta com naipe de paus, mas saia um 6 e um 8... é mais difícil acontecer, seria um Straight, tudo pode acontecer.
E o cara/mulher que tinham recebido um par de aces? Nessa situação, eles tem apenas um par na mão, tudo bem que é o par mais poderoso dos pares, e esse par será usado com o par de setes na mesa, ou seja, os ricaços tem dois pares. Mas não são o suficiente para bater uma trinca. Nosso amigo fudido está ganhando o jogo nesse momento e o nosso amigo mais ou menos ainda tem chance de se dar muito bem.
Na vida, algo semelhante poderia ocorrer também, assim como nessa mão de poker. Os dois ricos vivem sem se preocupar com nada, só festejando, não estudam, começaram a se envolver com drogas. Já o cara mais ou menos, começou a tentar melhorar de vida e está caminhando devagar, mas se tiver paciência, pode chegar lá, tem boas perspectivas. Ahhh... e o cara que começou fudido na vida? Meteu a cara nos livros e foi pra uma boa universidade, está fazendo um curso que promete uma carreira muita boa. Pra quem foi jogado no lixo e agora está encaminhado numa boa universidade, já é um grande salto.
A quarta carta que cai na mesa de poker se chama Turn. Vem mais uma carta ai. Vamos continuar nossa mão imaginária.
Saiu um 3 de espadas. Nosso amigo fudido, continua com sua trinca, continua bem no jogo. Nosso amigo mais ou menos não conseguiu o seu Flush ainda (não saiu um naipe de paus), mas as chances de Straight continuam com a necessidade de um 6 de qualquer naipe ou um Flush com um naipe de paus.
Já os nossos amigos ricos do par de aces e setes... bom, as chances deles diminuem a cada carta que cai na mesa. Se não sair outro ás ou sete na próxima e última carta na mesa (o chamado River), eles vão dançar.
Na vida? Nosso amigo fudido e o da classe média continuam estudando, trabalhando, se desenvolvendo e melhorando a cada rodada. Já os que começaram no berço de ouro começaram a ficar viciados na farinha que cheiram nas festinhas de bacanas. A coisa está começando a sair de controle. Vamos à carta final.
O River foi um valete de espadas. Fim de jogo para os ricos, o cara de classe média quase conseguiu. E o vencedor dessa mão, foi o órfão, com ridículos 2 de paus e 7 de ouros.
Sim, isso acontece tanto no poker como na vida real. Quantos exemplos de filhos de empresários ricos que jogam impérios no chão? Que tal um bem local para os meus conterrâneos paulistanos, o do Luis Eulálio de Bueno Vidigal Filho? Que conseguiu acabar em poucos anos com o que um dia foi a maior fundição da América Latina, a Cobrasma. Ou que tal um cara que tinha todas as chances de se dar mal na vida e... leia a história desse cara.
O que poderíamos considerar desse resultado (do exemplo que dei) na vida real? Ficou bem claro que o coitado venceu. Se tornou doutor e virou professor numa universidade dos EUA onde vive uma vida excelente e é respeitado na sua profissão (sim, copiei o exemplo do link acima).
Os outros três jogadores, o cara de classe média e os ricos morreram? Não necessariamente. Ficaram pobres, viraram mendigos? Não necessariamente, mas eles perderam essa. A vida, vai continuar mandando cartas para todos. Pois é um jogo que começa quando você nasce e só termina quando morre.
Só existem duas diferenças entre o poker e a vida. No poker, se você não for o Big blind ou Small blind (se não entendeu, novamente, assista o vídeo) e tiver uma mão ruim, você simplesmente pode desistir sem consequências.
Na vida você sempre tem que jogar. Todos jogam, não tem como fugir de uma mão ruim. A mão que vier para você... veio. Você será obrigado a jogar com elas. Se você vai apostar alto ou baixo nelas, são outros quinhentos, mas você é OBRIGADO a enfrentar a mão.
A outra diferença é que o poker é um Zero Sum Game, ou seja, um jogo de soma zero. O que isso significa? Significa que pra alguém ganhar, será necessário alguém perder. Não existe todos ganharem, todos perderem ou empate.
A vida, por mais que você possa vir a discordar de mim nos comentários (se você discordar é porque você provavelmente tem “cartas ruins” no momento), não é um jogo de soma zero. Na vida é possível que muitos ganhem juntos, que muitos percam juntos ou que tudo fique na mesma. Assim como também acontece de alguém ter que perder para que outro ganhe.
Então qual a lição que fica desse artigo (além da pequena aula de poker)? A lição é que não importam as cartas que a vida te ofereceu, está oferecendo no momento e vai oferecer no futuro. Tente sempre fazer o melhor jogo possível com elas agora, porque mais cedo ou mais tarde mãos melhores virão. Digo isso porque eu não recebi cartas excelentes para começar o “jogo” e nos últimos anos as mãos vem cada vez melhores. No poker, assim como na vida, a “sorte” também acompanha aqueles que são competentes, que são preparados, são motivados, tem disciplina e sabem jogar.
Não fique chorando se a vida te mandou uma mão ruim, apenas continue jogando.
Artigo publicado no PFL em 20/09/2015
![[Image: PgcVgXI.jpg]](http://i.imgur.com/PgcVgXI.jpg)
Este é um par de aces ou ás (azes no plural?). Esta combinação (ou mão) é a mais forte que pode vir pra você no jogo, para começar uma rodada antes de conhecer o flop.
O que isso significa na vida? Por exemplo, um cara que nasceu em berço de ouro, ou seja, rico e perfeitamente saudável. Podemos considerar que no “poker da vida”, já veio um par de aces logo no começo para esse cara. Ou que tal uma mulher que nasceu com uma beleza muito acima da média, saudável e rica também? Mão de aces. Com certeza eles vão aceitar isso e vão entrar no jogo muito bem.
![[Image: jPQNqAQ.jpg]](http://i.imgur.com/jPQNqAQ.jpg)
Agora que tal essas duas cartas? Um rei e um 4 de paus. Essa é uma mão “mais ou menos”, dá pra tentar apostar e jogar, e também dá pra “passar” (fold), desistir. Eu mesmo posso me colocar como exemplo nessa mão. Meus pais trabalharam muito para criar eu e meus irmãos, colocaram comida na mesa, não deixaram nos faltar um teto e nos deram boa educação de berço. Mas foi só. Eles não tiveram condições de nos colocar em escolas ou faculdades particulares, não tivemos brinquedos caros quando éramos crianças, não ganhamos carros nem viagens quando completamos 18 anos, eles não nos ensinaram coisas realmente úteis sobre o dinheiro, etc. Ou seja, nunca estivemos na merda, mas também nunca estivemos numa boa. Meu pai nunca teve um carro zero. Nossas férias, por exemplo, se resumiam à ir até Santos, pois temos um parente que tinha apartamento por lá. Mas essas “férias” não aconteciam todos os anos, tinha anos que o negócio era ficar quietinho em casa mesmo, enquanto muitos dos vizinhos “desciam” para “Acapulco”.
Miséria passou longe de casa, não tenho do que reclamar e considero meus pais um casal de sucesso, simplesmente pelo fato de terem conseguido criar uma família decente sem deixar faltar nada. Resumindo, essa é a mão que a vida me deu, bem mais ou menos. Uns reclamariam disso, muitos reclamam, aliás. Eu não, mas enfim, vamos continuar.
![[Image: 3OlWDQy.jpg]](http://i.imgur.com/3OlWDQy.jpg)
Agora vamos pensar em alguém que recebeu essa mão pra começar a “jornada”.
“Fiadapu, me fudi!!!!!”
Essa é uma péssima mão, temos que admitir. Um 2 de paus e um 7 de ouros? Péssimo. O azar bateu forte? Deus te odeia? Não, são apenas circunstâncias da vida, algo aleatório. Vamos pensar num cara que nasceu de uma mãe solteira favelada e ela jogou ele no lixo. Foi resgatado e passou seus primeiros meses no hospital. A infância? Num orfanato, nenhuma família quis adotar. E quando se tornou maior de idade, simplesmente deram um pé na bunda dele. Caiu no mundão sozinho, sem família nenhuma, provavelmente sem amigo nenhum também.
Exagero? Não. No mundo todo (ou pegue apenas o exemplo do Brasil), todos os dias, milhares de pessoas vem ao mundo nessas três situações que citei como exemplo. Um número maior de “fodidos” do que daqueles que nascem em berço de ouro, é claro. E existem muitas outras situações, muitas outras.
![[Image: XP82KQr.jpg]](http://i.imgur.com/XP82KQr.jpg)
"Gastar hoje reclamando sobre ontem não fará com que amanhã seja melhor."
Agora só porque não veio uma bela mão na sua direção, você vai passar? Fugir? Desistir da vida? Vai dar fold e chorar?
NÃO, PORRA!
E sabe porque? Porque a vida continua sendo parecida com o poker.
Para aqueles que decidiram apostar suas fichas, independente das cartas que receberam, vão ser colocadas três cartas na mesa (Não entendeu? Você não assistiu a porra do vídeo?).
Essas três cartas que caem na mesa, chamados de flop no jogo do poker, podem mudar tudo. Na vida o mesmo ocorre. As circunstâncias podem começar extremamente bem ou extremamente mal, mas nada permanece igual para sempre, muito pelo contrário, a vida sempre traz oportunidades com o tempo, sejam elas para você se dar bem, ficar na mesma ou se dar mal.
Quer um exemplo do poker? Olhe novamente as duplas de cartas acima. Agora imagine que o flop, essas três primeiras cartas, fossem essas abaixo:
![[Image: qolRvVh.png]](http://i.imgur.com/qolRvVh.png)
Ih rapaz, acho deu ruim ali pros “ricaços” do par de aces...
![[Image: Fk9vvZ2.jpg]](http://i.imgur.com/Fk9vvZ2.jpg)
Depois do flop, ou seja nova circunstância do jogo, a coisa mudou totalmente de figura. O cara que foi abandonado pela mãe e tinha uma mão péssima, apenas com o flop, agora tem uma trinca nas mãos (three of a kind). O cara que tinha uma mão mais ou menos (usei meu próprio exemplo) tem a chance de conseguir um flush, se mais uma das duas cartas que vierem pra mesa forem uma carta com naipe de paus. Perceba, ele tem duas cartas com naipes de paus e tem duas cartas com naipes de paus na mesa, falta apenas uma para o Flush. Caso não saia mais nenhuma carta com naipe de paus, mas saia um 6 e um 8... é mais difícil acontecer, seria um Straight, tudo pode acontecer.
E o cara/mulher que tinham recebido um par de aces? Nessa situação, eles tem apenas um par na mão, tudo bem que é o par mais poderoso dos pares, e esse par será usado com o par de setes na mesa, ou seja, os ricaços tem dois pares. Mas não são o suficiente para bater uma trinca. Nosso amigo fudido está ganhando o jogo nesse momento e o nosso amigo mais ou menos ainda tem chance de se dar muito bem.
Na vida, algo semelhante poderia ocorrer também, assim como nessa mão de poker. Os dois ricos vivem sem se preocupar com nada, só festejando, não estudam, começaram a se envolver com drogas. Já o cara mais ou menos, começou a tentar melhorar de vida e está caminhando devagar, mas se tiver paciência, pode chegar lá, tem boas perspectivas. Ahhh... e o cara que começou fudido na vida? Meteu a cara nos livros e foi pra uma boa universidade, está fazendo um curso que promete uma carreira muita boa. Pra quem foi jogado no lixo e agora está encaminhado numa boa universidade, já é um grande salto.
A quarta carta que cai na mesa de poker se chama Turn. Vem mais uma carta ai. Vamos continuar nossa mão imaginária.
![[Image: ga1DMip.png]](http://i.imgur.com/ga1DMip.png)
Saiu um 3 de espadas. Nosso amigo fudido, continua com sua trinca, continua bem no jogo. Nosso amigo mais ou menos não conseguiu o seu Flush ainda (não saiu um naipe de paus), mas as chances de Straight continuam com a necessidade de um 6 de qualquer naipe ou um Flush com um naipe de paus.
Já os nossos amigos ricos do par de aces e setes... bom, as chances deles diminuem a cada carta que cai na mesa. Se não sair outro ás ou sete na próxima e última carta na mesa (o chamado River), eles vão dançar.
Na vida? Nosso amigo fudido e o da classe média continuam estudando, trabalhando, se desenvolvendo e melhorando a cada rodada. Já os que começaram no berço de ouro começaram a ficar viciados na farinha que cheiram nas festinhas de bacanas. A coisa está começando a sair de controle. Vamos à carta final.
![[Image: zOciMS9.png]](http://i.imgur.com/zOciMS9.png)
O River foi um valete de espadas. Fim de jogo para os ricos, o cara de classe média quase conseguiu. E o vencedor dessa mão, foi o órfão, com ridículos 2 de paus e 7 de ouros.
Sim, isso acontece tanto no poker como na vida real. Quantos exemplos de filhos de empresários ricos que jogam impérios no chão? Que tal um bem local para os meus conterrâneos paulistanos, o do Luis Eulálio de Bueno Vidigal Filho? Que conseguiu acabar em poucos anos com o que um dia foi a maior fundição da América Latina, a Cobrasma. Ou que tal um cara que tinha todas as chances de se dar mal na vida e... leia a história desse cara.
O que poderíamos considerar desse resultado (do exemplo que dei) na vida real? Ficou bem claro que o coitado venceu. Se tornou doutor e virou professor numa universidade dos EUA onde vive uma vida excelente e é respeitado na sua profissão (sim, copiei o exemplo do link acima).
Os outros três jogadores, o cara de classe média e os ricos morreram? Não necessariamente. Ficaram pobres, viraram mendigos? Não necessariamente, mas eles perderam essa. A vida, vai continuar mandando cartas para todos. Pois é um jogo que começa quando você nasce e só termina quando morre.
Só existem duas diferenças entre o poker e a vida. No poker, se você não for o Big blind ou Small blind (se não entendeu, novamente, assista o vídeo) e tiver uma mão ruim, você simplesmente pode desistir sem consequências.
Na vida você sempre tem que jogar. Todos jogam, não tem como fugir de uma mão ruim. A mão que vier para você... veio. Você será obrigado a jogar com elas. Se você vai apostar alto ou baixo nelas, são outros quinhentos, mas você é OBRIGADO a enfrentar a mão.
A outra diferença é que o poker é um Zero Sum Game, ou seja, um jogo de soma zero. O que isso significa? Significa que pra alguém ganhar, será necessário alguém perder. Não existe todos ganharem, todos perderem ou empate.
A vida, por mais que você possa vir a discordar de mim nos comentários (se você discordar é porque você provavelmente tem “cartas ruins” no momento), não é um jogo de soma zero. Na vida é possível que muitos ganhem juntos, que muitos percam juntos ou que tudo fique na mesma. Assim como também acontece de alguém ter que perder para que outro ganhe.
Então qual a lição que fica desse artigo (além da pequena aula de poker)? A lição é que não importam as cartas que a vida te ofereceu, está oferecendo no momento e vai oferecer no futuro. Tente sempre fazer o melhor jogo possível com elas agora, porque mais cedo ou mais tarde mãos melhores virão. Digo isso porque eu não recebi cartas excelentes para começar o “jogo” e nos últimos anos as mãos vem cada vez melhores. No poker, assim como na vida, a “sorte” também acompanha aqueles que são competentes, que são preparados, são motivados, tem disciplina e sabem jogar.
Não fique chorando se a vida te mandou uma mão ruim, apenas continue jogando.
Artigo publicado no PFL em 20/09/2015
UPDATE: Continuo jogando poker (em ambos os sentidos) e recentemente a vida tem me mandado boas mãos. Como eu disse no fim do artigo, mesmo que as mãos iniciais não sejam as melhores no começo do seu jogo (vida), dependendo de como você jogar com essas cartas, provavelmente melhores virão no futuro.