29-09-2019, 07:00 PM
(27-09-2019, 11:39 PM)Daredevil Escreveu: A paixão por uma atividade deve anteceder a paixão por uma pessoa sempre. Explico com um exemplo comum. Já viram o cara que gosta de jogar seu futebol duas vezes por semana como se isso fosse uma religião? Aí o desgraçado começa a namorar e aos poucos a mulher vai tentando afastar o cara desse convívio que para ele é extremamente benéfico. O cara se mantem num relacionamento doentio querendo fazer coisas que gosta das quais é privado, engorda, se torna um zero a esquerda para a sociedade e, se termina o relacionamento, ou volta para as atividades que gostava ou fica deprimido por um longo período (tornando ainda mais difícil voltar para as atividades que antes praticava assiduamente).
Ou seja, meu primeiro argumento, a paixão por uma atividade deve anteceder a paixão amorosa, e a paixão amorosa em hipótese alguma pode fazer com que o homem deixe seus hobbies de lado.
Agora respondo propriamente a questão do tópico, e a resposta é: depende. Exemplificando novamente, eu trabalho na polícia militar, e a maioria das pessoas que acabam de entrar na instituição fazem exatamente como você exemplificou: compram um iphone e ganham um samsung obsoleto. As pessoas que entram na instituição têm dela uma imagem que não condiz com a realidade. De fato, a atividade exercida é uma das mais empolgantes que existe entre as profissões. Meter a porrada em bandido, pegar arma, droga, etc., é deveras prazeroso, contudo... Com o tempo começam a chegar os inquéritos policiais, os processos disciplinares, audiências na folga, punições que impedem a ascensão na hierarquia da instituição etc. E é aí que, mesmo fazendo o que ama, e vou deixar claro aqui uma coisa, MESMO FAZENDO O CERTO, você se decepciona e é obrigado a tirar o pé do acelerador para não acabar preso no quartel como se fosse um bandido. Aonde quero chegar? Essa atividade é um excelente passatempo e ajuda a esquecer as frustrações em outras áreas de relacionamento, entretanto, você não consegue trabalhar na sua capacidade máxima (o que é mais prazeroso) sem dor de cabeça.
O objetivo transpessoal não pode vir desacompanhado do cuidado consigo mesmo, isto é, de um bem-estar físico e mental. Do contrário, você não está perseguindo um objetivo transpessoal, mas a sombra do objetivo.
Vamos ao seu exemplo. Se o homem ingressa nas fileiras da PM e, vibrante, começa a cometer delitos em prol da causa (ex. torturar bandidos, apossar-se de apreensões - o famoso "espólio da guerra" - etc.); o que era objetivo transpessoal torna-se, na verdade, compulsão, sadismo. O que o move, na verdade, não são valores, é a ansiedade.
