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[POLITICA] Esquerdismo e demais -ismos
#10
Olá companheiros, estou a quase dois meses lendo O Segundo Sexo, livro escrito por uma das primeiras feministas relevantes da história, não, não sou feminista, apenas comecei a ler para entender como as coisas chegaram a um nível tão degenerado como nos dias de hoje.

Sendo bem sincero, esperava um livro hostil aos homens, que os rebaixassem o quanto possível, e que meio que fizesse um complo entre as mulheres para que elas se unissem e destruíssem o patriarcado, em outras palavras, esperava ódio puro aos homens com esse livro, mas me surpreendi, existem certas partes em que ela força a barra em relação a competência das mulheres, dizendo que elas são donas do lar apenas por obrigação e que isso é inferno para elas, entretanto quando se trata de falar sobre a natureza feminina, este livros tem trechos que são no minimo...interessantes, e vou coloca-los aqui, junto com as paginas e os parágrafos que eu os achei.

A jovem prefere o maravilhoso à aventura; ela espalha

sobre as pessoas e as coisas uma luz mágica incerta. A ideia de magia é a de uma
força passiva; como é destinada à passividade e no entanto aspira ao poder, é
preciso que a adolescente acredite na magia: a de seu corpo que submeterá os
homens a seu jugo, a do destino em geral que a satisfará sem que precise fazer nada.
Quanto ao mundo real, tenta esquecê-lo.(Pagina 328 Ultima parte do ultimo paragrafo)

Aqui, se percebe um pouco do que é dito aqui no fórum sobre como as mulheres tem necessidades de emoções fortes, mas acham que os homens é que tem que ter a responsabilidade por essas emoções, achando que o mundo é uma eterna fantasia.

Mais adiante.

O homem a fascina, entretanto a amedronta. Para conciliar os sentimentos

contraditórios que lhe dedica, vai dissociar nele o macho que a assusta e a
divindade radiosa que adora piedosamente. Brusca, selvagem com colegas
masculinos, ela adora longínquos príncipes encantados: atores de cinema cuja
fotografia pendura em cima da cama, heróis mortos ou vivos, mas em todo caso
inacessíveis, desconhecidos vistos por acaso e que ela sabe que não tornará a ver.
Tais amores não suscitam nenhum problema. Com frequência é a um homem
dotado de prestígio social ou intelectual, mas cujo físico não a pode perturbar,
que se dedica; a um velho professor um tanto ridículo, por exemplo; esses homens
idosos emergem além do mundo em que a adolescência está confinada, é possível
destinar-se a eles em segredo, consagrar-se a eles como se consagraria a Deus:
um tal dom nada tem de humilhante, é livremente consentido, já que não desejado
na carne. A amorosa romanesca aceita até de bom grado que o eleito tenha um
aspecto humilde, seja feio, até insignificante: sente-se, com isso, ainda mais
segura. Finge deplorar os obstáculos que a separam dele, mas na verdade ela o
escolheu exatamente porque nenhuma relação efetiva era possível entre ambos.
Assim ela pode ter do amor uma experiência abstrata, puramente subjetiva, que não
atenta contra sua integridade; seu coração bate, ela conhece a dor da ausência,
as angústias da presença, o despeito, a esperança, o rancor, o entusiasmo, mas
sem consequências; nada de si mesma se acha empenhado. É engraçado constatar
que o ídolo escolhido é tanto mais brilhante quanto mais distante estiver: é útil
que o professor de piano com quem ela se encontra cotidianamente seja ridículo e
feio; mas se se apaixona por um estranho que se movimenta em esferas
inacessíveis, prefere-o belo e macho. O importante é que, de uma maneira ou de
outra, a questão sexual não se coloque. Esses amores de imaginação prolongam e
confirmam a atitude narcisista em que o erotismo só aparece em sua imanência,
sem a presença real do Outro. É porque encontra um álibi, que lhe permite
esquivar-se das experiências concretas, que muitas vezes a adolescente
desenvolve uma vida imaginária de extraordinária intensidade. Ela escolhe
confundir seus fantasmas com a realidade. Entre outros exemplos, H.
Deutsch298 relata um muito significativo: é o de uma jovem bonita e sedutora
que teria podido ser facilmente cortejada e que se recusava a qualquer relação
com os jovens de seu meio; entretanto, no segredo de seu coração, tinha, aos 13
anos, decidido render culto a um rapaz de 17, mais ou menos sem encantos e que
nunca lhe endereçara uma palavra. Obteve uma fotografia dele, dedicou-a a si
mesma, e durante três anos redigiu um diário em que relatava suas experiências
imaginárias: trocavam beijos e abraços apaixonados; havia, às vezes, entre eles,
cenas de lágrimas que lhe deixavam os olhos realmente vermelhos e inchados;
depois se reconciliavam, ela mandava flores a si mesma etc. Quando uma
mudança de residência a separou dele, ela lhe escreveu cartas, que nunca lhe
enviou, mas a que ela mesma respondia. Essa história era, evidentemente, uma
defesa contra experiências reais de que tinha medo.(Pagina 335 Inteira)


Aqui a própria mãe do feminismo afirma que mulheres gosta do que para elas é inacessível.

Esse caso é quase patológico. Mas ilustra, de modo exagerado, um processo

comum. Vemos em Maria Bashkirtseff um exemplo surpreendente de vida
sentimental imaginária. Nunca falou com o duque de H., por quem acha estar
apaixonada. O que almeja na verdade é a exaltação de seu eu; mas sendo mulher, e
principalmente na época e na classe a que pertencia, não podia alcançar êxitos por
meio de uma existência autônoma. Com a idade de 18 anos ela anota lucidamente:
“Escrevo a C. que gostaria de ser um homem. Sei que poderia tornar-me alguém;
mas com saias aonde se quer chegar? O casamento é a única carreira para as
mulheres; os homens têm 36 possibilidades, a mulher uma só; o zero, como na
roleta.” Ela precisa, portanto, do amor de um homem; mas, para que este seja
capaz de lhe conferir um valor soberano, deve ser ele próprio consciência
soberana. “Nunca um homem abaixo de minha posição poderia agradar-me,
escreve. Um homem rico, independente, traz consigo o orgulho e certo aspecto
confortável. A segurança tem certo ar vitorioso. Gosto em H. dessa atitude
caprichosa, pretensiosa e cruel; tem algo de Nero.” E mais ainda: “Esse
aniquilamento da mulher diante da superioridade do homem amado deve ser o
maior gozo de amor-próprio que pode uma mulher superior experimentar.” Assim, o
narcisismo conduz ao masoquismo: essa ligação já se encontrava na criança
sonhando com Barba Azul, Grisélides, as santas mártires. O eu é constituído como
para outrem, por outrem: quanto mais poderoso é esse outrem tanto mais o eu tem
riquezas e poderes; cativando seu senhor, ele envolve em si todas as virtudes que
aquele detém; amada por Nero, Maria Bashkirtseff seria Nero; aniquilar-se diante
de outrem, é realizar outrem em si e para si ao mesmo tempo; em verdade, esse
sonho do nada é uma orgulhosa vontade de ser. Na verdade Maria Bashkirtseff
jamais encontrou homem maravilhoso o bastante para que aceitasse alienar-se
através dele. Uma coisa é ajoelhar-se diante de um deus forjado por si mesma e
que permanece distante, e outra entregar-se a um macho de carne e osso. Muitas
moças obstinam-se durante muito tempo a continuar seu sonho através do mundo
real: procuram um homem que lhes pareça superior a todos os outros pela posição,
o mérito, a inteligência; querem-no mais velho do que elas, tendo já conquistado
um lugar na Terra, gozando de autoridade e prestígio. A fortuna e a celebridade as
fascinam: o eleito apresenta-se como o Sujeito absoluto que pelo amor lhes
comunicará seu esplendor e sua necessidade. Sua superioridade idealiza o amor que
a jovem lhe dedica: não é porque ele é homem que ela deseja unir-se a ele, é por
esse ser de elite. “Eu quisera gigantes e só encontro homens”, dizia-me outrora
uma amiga. Em nome dessas grandes exigências, a jovem desdenha pretendentes
demasiado cotidianos e foge dos problemas da sexualidade. Ela adora também, em
seus sonhos, sem riscos, uma imagem de si própria que a encanta enquanto
imagem, embora não consinta em absoluto adaptar-se a ela. Assim, Marie Le
Hardouin299 conta que se comprazia em se ver como vítima, inteiramente
dedicada a um homem, quando na verdade era autoritária.(Pagina 236 Inteira)

A mãe do feminismo falando sobre como as mulheres dão um valor extremo ao status, coisa que é considerada machista de se dizer hoje.

Para não deixar o post muito longo, postarei outras passagens depois, mas creio que isso é o suficiente para gerar um bom diálogo.

Posso estar cego para minha vida emocional pessoal, mas estou afiado para os conhecimentos do mundo.  Idea
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