17-04-2018, 07:14 PM
Olá companheiros, estou a quase dois meses lendo O Segundo Sexo, livro escrito por uma das primeiras feministas relevantes da história, não, não sou feminista, apenas comecei a ler para entender como as coisas chegaram a um nível tão degenerado como nos dias de hoje.
Sendo bem sincero, esperava um livro hostil aos homens, que os rebaixassem o quanto possível, e que meio que fizesse um complo entre as mulheres para que elas se unissem e destruíssem o patriarcado, em outras palavras, esperava ódio puro aos homens com esse livro, mas me surpreendi, existem certas partes em que ela força a barra em relação a competência das mulheres, dizendo que elas são donas do lar apenas por obrigação e que isso é inferno para elas, entretanto quando se trata de falar sobre a natureza feminina, este livros tem trechos que são no minimo...interessantes, e vou coloca-los aqui, junto com as paginas e os parágrafos que eu os achei.
A jovem prefere o maravilhoso à aventura; ela espalha
sobre as pessoas e as coisas uma luz mágica incerta. A ideia de magia é a de uma
força passiva; como é destinada à passividade e no entanto aspira ao poder, é
preciso que a adolescente acredite na magia: a de seu corpo que submeterá os
homens a seu jugo, a do destino em geral que a satisfará sem que precise fazer nada.
Quanto ao mundo real, tenta esquecê-lo.(Pagina 328 Ultima parte do ultimo paragrafo)
Aqui, se percebe um pouco do que é dito aqui no fórum sobre como as mulheres tem necessidades de emoções fortes, mas acham que os homens é que tem que ter a responsabilidade por essas emoções, achando que o mundo é uma eterna fantasia.
Mais adiante.
O homem a fascina, entretanto a amedronta. Para conciliar os sentimentos
contraditórios que lhe dedica, vai dissociar nele o macho que a assusta e a
divindade radiosa que adora piedosamente. Brusca, selvagem com colegas
masculinos, ela adora longínquos príncipes encantados: atores de cinema cuja
fotografia pendura em cima da cama, heróis mortos ou vivos, mas em todo caso
inacessíveis, desconhecidos vistos por acaso e que ela sabe que não tornará a ver.
Tais amores não suscitam nenhum problema. Com frequência é a um homem
dotado de prestígio social ou intelectual, mas cujo físico não a pode perturbar,
que se dedica; a um velho professor um tanto ridículo, por exemplo; esses homens
idosos emergem além do mundo em que a adolescência está confinada, é possível
destinar-se a eles em segredo, consagrar-se a eles como se consagraria a Deus:
um tal dom nada tem de humilhante, é livremente consentido, já que não desejado
na carne. A amorosa romanesca aceita até de bom grado que o eleito tenha um
aspecto humilde, seja feio, até insignificante: sente-se, com isso, ainda mais
segura. Finge deplorar os obstáculos que a separam dele, mas na verdade ela o
escolheu exatamente porque nenhuma relação efetiva era possível entre ambos.
Assim ela pode ter do amor uma experiência abstrata, puramente subjetiva, que não
atenta contra sua integridade; seu coração bate, ela conhece a dor da ausência,
as angústias da presença, o despeito, a esperança, o rancor, o entusiasmo, mas
sem consequências; nada de si mesma se acha empenhado. É engraçado constatar
que o ídolo escolhido é tanto mais brilhante quanto mais distante estiver: é útil
que o professor de piano com quem ela se encontra cotidianamente seja ridículo e
feio; mas se se apaixona por um estranho que se movimenta em esferas
inacessíveis, prefere-o belo e macho. O importante é que, de uma maneira ou de
outra, a questão sexual não se coloque. Esses amores de imaginação prolongam e
confirmam a atitude narcisista em que o erotismo só aparece em sua imanência,
sem a presença real do Outro. É porque encontra um álibi, que lhe permite
esquivar-se das experiências concretas, que muitas vezes a adolescente
desenvolve uma vida imaginária de extraordinária intensidade. Ela escolhe
confundir seus fantasmas com a realidade. Entre outros exemplos, H.
Deutsch298 relata um muito significativo: é o de uma jovem bonita e sedutora
que teria podido ser facilmente cortejada e que se recusava a qualquer relação
com os jovens de seu meio; entretanto, no segredo de seu coração, tinha, aos 13
anos, decidido render culto a um rapaz de 17, mais ou menos sem encantos e que
nunca lhe endereçara uma palavra. Obteve uma fotografia dele, dedicou-a a si
mesma, e durante três anos redigiu um diário em que relatava suas experiências
imaginárias: trocavam beijos e abraços apaixonados; havia, às vezes, entre eles,
cenas de lágrimas que lhe deixavam os olhos realmente vermelhos e inchados;
depois se reconciliavam, ela mandava flores a si mesma etc. Quando uma
mudança de residência a separou dele, ela lhe escreveu cartas, que nunca lhe
enviou, mas a que ela mesma respondia. Essa história era, evidentemente, uma
defesa contra experiências reais de que tinha medo.(Pagina 335 Inteira)
Aqui a própria mãe do feminismo afirma que mulheres gosta do que para elas é inacessível.
Esse caso é quase patológico. Mas ilustra, de modo exagerado, um processo
comum. Vemos em Maria Bashkirtseff um exemplo surpreendente de vida
sentimental imaginária. Nunca falou com o duque de H., por quem acha estar
apaixonada. O que almeja na verdade é a exaltação de seu eu; mas sendo mulher, e
principalmente na época e na classe a que pertencia, não podia alcançar êxitos por
meio de uma existência autônoma. Com a idade de 18 anos ela anota lucidamente:
“Escrevo a C. que gostaria de ser um homem. Sei que poderia tornar-me alguém;
mas com saias aonde se quer chegar? O casamento é a única carreira para as
mulheres; os homens têm 36 possibilidades, a mulher uma só; o zero, como na
roleta.” Ela precisa, portanto, do amor de um homem; mas, para que este seja
capaz de lhe conferir um valor soberano, deve ser ele próprio consciência
soberana. “Nunca um homem abaixo de minha posição poderia agradar-me,
escreve. Um homem rico, independente, traz consigo o orgulho e certo aspecto
confortável. A segurança tem certo ar vitorioso. Gosto em H. dessa atitude
caprichosa, pretensiosa e cruel; tem algo de Nero.” E mais ainda: “Esse
aniquilamento da mulher diante da superioridade do homem amado deve ser o
maior gozo de amor-próprio que pode uma mulher superior experimentar.” Assim, o
narcisismo conduz ao masoquismo: essa ligação já se encontrava na criança
sonhando com Barba Azul, Grisélides, as santas mártires. O eu é constituído como
para outrem, por outrem: quanto mais poderoso é esse outrem tanto mais o eu tem
riquezas e poderes; cativando seu senhor, ele envolve em si todas as virtudes que
aquele detém; amada por Nero, Maria Bashkirtseff seria Nero; aniquilar-se diante
de outrem, é realizar outrem em si e para si ao mesmo tempo; em verdade, esse
sonho do nada é uma orgulhosa vontade de ser. Na verdade Maria Bashkirtseff
jamais encontrou homem maravilhoso o bastante para que aceitasse alienar-se
através dele. Uma coisa é ajoelhar-se diante de um deus forjado por si mesma e
que permanece distante, e outra entregar-se a um macho de carne e osso. Muitas
moças obstinam-se durante muito tempo a continuar seu sonho através do mundo
real: procuram um homem que lhes pareça superior a todos os outros pela posição,
o mérito, a inteligência; querem-no mais velho do que elas, tendo já conquistado
um lugar na Terra, gozando de autoridade e prestígio. A fortuna e a celebridade as
fascinam: o eleito apresenta-se como o Sujeito absoluto que pelo amor lhes
comunicará seu esplendor e sua necessidade. Sua superioridade idealiza o amor que
a jovem lhe dedica: não é porque ele é homem que ela deseja unir-se a ele, é por
esse ser de elite. “Eu quisera gigantes e só encontro homens”, dizia-me outrora
uma amiga. Em nome dessas grandes exigências, a jovem desdenha pretendentes
demasiado cotidianos e foge dos problemas da sexualidade. Ela adora também, em
seus sonhos, sem riscos, uma imagem de si própria que a encanta enquanto
imagem, embora não consinta em absoluto adaptar-se a ela. Assim, Marie Le
Hardouin299 conta que se comprazia em se ver como vítima, inteiramente
dedicada a um homem, quando na verdade era autoritária.(Pagina 236 Inteira)
A mãe do feminismo falando sobre como as mulheres dão um valor extremo ao status, coisa que é considerada machista de se dizer hoje.
Para não deixar o post muito longo, postarei outras passagens depois, mas creio que isso é o suficiente para gerar um bom diálogo.
Posso estar cego para minha vida emocional pessoal, mas estou afiado para os conhecimentos do mundo.
Sendo bem sincero, esperava um livro hostil aos homens, que os rebaixassem o quanto possível, e que meio que fizesse um complo entre as mulheres para que elas se unissem e destruíssem o patriarcado, em outras palavras, esperava ódio puro aos homens com esse livro, mas me surpreendi, existem certas partes em que ela força a barra em relação a competência das mulheres, dizendo que elas são donas do lar apenas por obrigação e que isso é inferno para elas, entretanto quando se trata de falar sobre a natureza feminina, este livros tem trechos que são no minimo...interessantes, e vou coloca-los aqui, junto com as paginas e os parágrafos que eu os achei.
A jovem prefere o maravilhoso à aventura; ela espalha
sobre as pessoas e as coisas uma luz mágica incerta. A ideia de magia é a de uma
força passiva; como é destinada à passividade e no entanto aspira ao poder, é
preciso que a adolescente acredite na magia: a de seu corpo que submeterá os
homens a seu jugo, a do destino em geral que a satisfará sem que precise fazer nada.
Quanto ao mundo real, tenta esquecê-lo.(Pagina 328 Ultima parte do ultimo paragrafo)
Aqui, se percebe um pouco do que é dito aqui no fórum sobre como as mulheres tem necessidades de emoções fortes, mas acham que os homens é que tem que ter a responsabilidade por essas emoções, achando que o mundo é uma eterna fantasia.
Mais adiante.
O homem a fascina, entretanto a amedronta. Para conciliar os sentimentos
contraditórios que lhe dedica, vai dissociar nele o macho que a assusta e a
divindade radiosa que adora piedosamente. Brusca, selvagem com colegas
masculinos, ela adora longínquos príncipes encantados: atores de cinema cuja
fotografia pendura em cima da cama, heróis mortos ou vivos, mas em todo caso
inacessíveis, desconhecidos vistos por acaso e que ela sabe que não tornará a ver.
Tais amores não suscitam nenhum problema. Com frequência é a um homem
dotado de prestígio social ou intelectual, mas cujo físico não a pode perturbar,
que se dedica; a um velho professor um tanto ridículo, por exemplo; esses homens
idosos emergem além do mundo em que a adolescência está confinada, é possível
destinar-se a eles em segredo, consagrar-se a eles como se consagraria a Deus:
um tal dom nada tem de humilhante, é livremente consentido, já que não desejado
na carne. A amorosa romanesca aceita até de bom grado que o eleito tenha um
aspecto humilde, seja feio, até insignificante: sente-se, com isso, ainda mais
segura. Finge deplorar os obstáculos que a separam dele, mas na verdade ela o
escolheu exatamente porque nenhuma relação efetiva era possível entre ambos.
Assim ela pode ter do amor uma experiência abstrata, puramente subjetiva, que não
atenta contra sua integridade; seu coração bate, ela conhece a dor da ausência,
as angústias da presença, o despeito, a esperança, o rancor, o entusiasmo, mas
sem consequências; nada de si mesma se acha empenhado. É engraçado constatar
que o ídolo escolhido é tanto mais brilhante quanto mais distante estiver: é útil
que o professor de piano com quem ela se encontra cotidianamente seja ridículo e
feio; mas se se apaixona por um estranho que se movimenta em esferas
inacessíveis, prefere-o belo e macho. O importante é que, de uma maneira ou de
outra, a questão sexual não se coloque. Esses amores de imaginação prolongam e
confirmam a atitude narcisista em que o erotismo só aparece em sua imanência,
sem a presença real do Outro. É porque encontra um álibi, que lhe permite
esquivar-se das experiências concretas, que muitas vezes a adolescente
desenvolve uma vida imaginária de extraordinária intensidade. Ela escolhe
confundir seus fantasmas com a realidade. Entre outros exemplos, H.
Deutsch298 relata um muito significativo: é o de uma jovem bonita e sedutora
que teria podido ser facilmente cortejada e que se recusava a qualquer relação
com os jovens de seu meio; entretanto, no segredo de seu coração, tinha, aos 13
anos, decidido render culto a um rapaz de 17, mais ou menos sem encantos e que
nunca lhe endereçara uma palavra. Obteve uma fotografia dele, dedicou-a a si
mesma, e durante três anos redigiu um diário em que relatava suas experiências
imaginárias: trocavam beijos e abraços apaixonados; havia, às vezes, entre eles,
cenas de lágrimas que lhe deixavam os olhos realmente vermelhos e inchados;
depois se reconciliavam, ela mandava flores a si mesma etc. Quando uma
mudança de residência a separou dele, ela lhe escreveu cartas, que nunca lhe
enviou, mas a que ela mesma respondia. Essa história era, evidentemente, uma
defesa contra experiências reais de que tinha medo.(Pagina 335 Inteira)
Aqui a própria mãe do feminismo afirma que mulheres gosta do que para elas é inacessível.
Esse caso é quase patológico. Mas ilustra, de modo exagerado, um processo
comum. Vemos em Maria Bashkirtseff um exemplo surpreendente de vida
sentimental imaginária. Nunca falou com o duque de H., por quem acha estar
apaixonada. O que almeja na verdade é a exaltação de seu eu; mas sendo mulher, e
principalmente na época e na classe a que pertencia, não podia alcançar êxitos por
meio de uma existência autônoma. Com a idade de 18 anos ela anota lucidamente:
“Escrevo a C. que gostaria de ser um homem. Sei que poderia tornar-me alguém;
mas com saias aonde se quer chegar? O casamento é a única carreira para as
mulheres; os homens têm 36 possibilidades, a mulher uma só; o zero, como na
roleta.” Ela precisa, portanto, do amor de um homem; mas, para que este seja
capaz de lhe conferir um valor soberano, deve ser ele próprio consciência
soberana. “Nunca um homem abaixo de minha posição poderia agradar-me,
escreve. Um homem rico, independente, traz consigo o orgulho e certo aspecto
confortável. A segurança tem certo ar vitorioso. Gosto em H. dessa atitude
caprichosa, pretensiosa e cruel; tem algo de Nero.” E mais ainda: “Esse
aniquilamento da mulher diante da superioridade do homem amado deve ser o
maior gozo de amor-próprio que pode uma mulher superior experimentar.” Assim, o
narcisismo conduz ao masoquismo: essa ligação já se encontrava na criança
sonhando com Barba Azul, Grisélides, as santas mártires. O eu é constituído como
para outrem, por outrem: quanto mais poderoso é esse outrem tanto mais o eu tem
riquezas e poderes; cativando seu senhor, ele envolve em si todas as virtudes que
aquele detém; amada por Nero, Maria Bashkirtseff seria Nero; aniquilar-se diante
de outrem, é realizar outrem em si e para si ao mesmo tempo; em verdade, esse
sonho do nada é uma orgulhosa vontade de ser. Na verdade Maria Bashkirtseff
jamais encontrou homem maravilhoso o bastante para que aceitasse alienar-se
através dele. Uma coisa é ajoelhar-se diante de um deus forjado por si mesma e
que permanece distante, e outra entregar-se a um macho de carne e osso. Muitas
moças obstinam-se durante muito tempo a continuar seu sonho através do mundo
real: procuram um homem que lhes pareça superior a todos os outros pela posição,
o mérito, a inteligência; querem-no mais velho do que elas, tendo já conquistado
um lugar na Terra, gozando de autoridade e prestígio. A fortuna e a celebridade as
fascinam: o eleito apresenta-se como o Sujeito absoluto que pelo amor lhes
comunicará seu esplendor e sua necessidade. Sua superioridade idealiza o amor que
a jovem lhe dedica: não é porque ele é homem que ela deseja unir-se a ele, é por
esse ser de elite. “Eu quisera gigantes e só encontro homens”, dizia-me outrora
uma amiga. Em nome dessas grandes exigências, a jovem desdenha pretendentes
demasiado cotidianos e foge dos problemas da sexualidade. Ela adora também, em
seus sonhos, sem riscos, uma imagem de si própria que a encanta enquanto
imagem, embora não consinta em absoluto adaptar-se a ela. Assim, Marie Le
Hardouin299 conta que se comprazia em se ver como vítima, inteiramente
dedicada a um homem, quando na verdade era autoritária.(Pagina 236 Inteira)
A mãe do feminismo falando sobre como as mulheres dão um valor extremo ao status, coisa que é considerada machista de se dizer hoje.
Para não deixar o post muito longo, postarei outras passagens depois, mas creio que isso é o suficiente para gerar um bom diálogo.
Posso estar cego para minha vida emocional pessoal, mas estou afiado para os conhecimentos do mundo.