09-12-2017, 04:17 PM
Parte 2
por Nassim Taleb, o original está aqui.
Tradução por Daniel Castro. A primeira parte da tradução está aqui.
Vamos suspender a sátira por um minuto.
IPIs fracassam em distinguir entre a letra e o espírito das coisas. Eles são tão cegados por noções verbalísticas como ciência, educação, racismo, igualdade, evidências, racionalidade e chavões similares que eles podem ser facilmente enganados. Deste modo eles podem causar iatrogenias monstruosas[1] sem uma sombra de culpa, porque eles são convencidos de que eles têm boas intenções e que assim sendo eles estão justificados em ignorar o efeito profundo na realidade. Você riria de um médico que quase mata seu paciente mas argumenta sobre a efetividade de seus esforços porque ele abaixo o colesterol deste, não entendendo que uma medida que se correlaciona com saúde não é exatamente saúde– demorou muito tempo para a medicina convencer seus praticantes de que a saúde era aquilo em que eles deveriam trabalhar, e não no exercício do que eles pensavam ser “ciência”, e logo não fazer nada era muitas vezes preferível (via negativa). Mas ainda assim, num domínio diferente, digamos política externa, um neoconservador que não sabe que tem esse defeito mental nunca sentiria qualquer culpa por explodir um país como Líbia, Iraque ou Síria, pela “democracia”. Eu tentei explicar a via negativa para um neoconservador: foi como tentar descrever cores para alguém nascido cego.
IPIs podem se sentir satisfeitos em dar seu dinheiro a um grupo com o objetivo de “salvar as crianças” que gastará a maior parte deste dinheiro fazendo uma apresentação em powerpoint e organizando conferências sobre como salvar as crianças, e deixar completamente de reparar na inconsistência.
Do mesmo modo um IPI rotineiramente não consegue distinguir entre uma instituição (digamos um ambiente formal universitário e credenciamento) e qual é seu verdadeiro objetivo (conhecimento, rigor de raciocínio) – Eu já vi um acadêmico francês argumentando contra um matemático que tinha grandes (e úteis) contribuições porque este não “fora a uma boa escola” quando ele tinha 18 anos aproximadamente.
A propensão a esta deficiência mental pode ser compartilhada por todos os humanos, e talvez tenha de ser um defeito arraigado, exceto que ela desaparece com a pele em jogo. (NT.: Recomendo também a leitura do capítulo sobre autoridade do livro As Armas da Persuasão, de Robert Cialdini).
[1] Danos causados por quem deveria curar.
Postscript
A partir das reações a este artigo, eu descobri que o IPI tem dificuldade, quando lendo de diferenciar entre o satírico e o literal.
PostPostcript
O IPI pensa que críticas aos IPIs significam que “todo mundo é um idiota”, não percebendo que seu grupo representa, conforme dissemos, uma minúscula minoria — mas eles não deixam que seu senso de direito seja desafiado e embora eles tratem o resto dos humanos como inferiores, eles não gostam quando a mangueira d’água é virada na direção oposta (p que os franceses chamam de arroseur arrosé). (Por exemplo, Richard Thaler, parceiro do perigoso defensor de OGM (NT.: Organismos Geneticamente Modificados) e Übernudger Cass Sunstein, interpretou este artigo como se dissesse que “não há muitos não-idiotas não chamados Taleb”, não percebendo que pessoas como ele são < 1% ou talvez 0,1% da população.)
Post-Post Postscript
(Escrito após a eleição surpresa de 2016; o capítulo acima foi escrito diversos meses antes do evento). A eleição de Trump foi tão absurda para eles e não se encaixava em sua visão de mundo por uma margem tão larga que eles não conseguiram encontrar instruções em seu manual sobre como reagir. Foi exatamente como numa pegadinha, imagine a aparência característica no rosto de alguém após terem pregado uma peça nele, e a pessoa não tem ideia de como reagir.
Ou, mais interessantemente, imagine a aparência e reação de alguém que pensou que estava bem casado fazendo um retorno não previsto para sua casa e escuta sua esposa gemendo na cama com um porteiro (imenso).
Quase tudo que previsores, subprevisores, superprevisores, “cientistas” políticos, psicólogos, intelectuais, criadores de campanhas, “consultores”, cientistas de grandes dados, tudo que eles sabiam instantaneamente se provou ser uma fraude. Então, meu sonho levado de colocar um rato dentro da camisa de alguém (conforme expressado em A Lógica do Cisne Negro) subitamente se tornou verdade.
Nota: este artigo pode ser reproduzido, traduzido, e publicado por qualquer um desde que na condição que seja integral, e que se mencione que foi extraído do livro Skin in the Game.
Publicações banidas de reproduzir meu trabalho sem a permissão escrita e explícita: Huffington Post (todos idiomas).
por Nassim Taleb, o original está aqui.
Tradução por Daniel Castro. A primeira parte da tradução está aqui.
Vamos suspender a sátira por um minuto.
IPIs fracassam em distinguir entre a letra e o espírito das coisas. Eles são tão cegados por noções verbalísticas como ciência, educação, racismo, igualdade, evidências, racionalidade e chavões similares que eles podem ser facilmente enganados. Deste modo eles podem causar iatrogenias monstruosas[1] sem uma sombra de culpa, porque eles são convencidos de que eles têm boas intenções e que assim sendo eles estão justificados em ignorar o efeito profundo na realidade. Você riria de um médico que quase mata seu paciente mas argumenta sobre a efetividade de seus esforços porque ele abaixo o colesterol deste, não entendendo que uma medida que se correlaciona com saúde não é exatamente saúde– demorou muito tempo para a medicina convencer seus praticantes de que a saúde era aquilo em que eles deveriam trabalhar, e não no exercício do que eles pensavam ser “ciência”, e logo não fazer nada era muitas vezes preferível (via negativa). Mas ainda assim, num domínio diferente, digamos política externa, um neoconservador que não sabe que tem esse defeito mental nunca sentiria qualquer culpa por explodir um país como Líbia, Iraque ou Síria, pela “democracia”. Eu tentei explicar a via negativa para um neoconservador: foi como tentar descrever cores para alguém nascido cego.
IPIs podem se sentir satisfeitos em dar seu dinheiro a um grupo com o objetivo de “salvar as crianças” que gastará a maior parte deste dinheiro fazendo uma apresentação em powerpoint e organizando conferências sobre como salvar as crianças, e deixar completamente de reparar na inconsistência.
Do mesmo modo um IPI rotineiramente não consegue distinguir entre uma instituição (digamos um ambiente formal universitário e credenciamento) e qual é seu verdadeiro objetivo (conhecimento, rigor de raciocínio) – Eu já vi um acadêmico francês argumentando contra um matemático que tinha grandes (e úteis) contribuições porque este não “fora a uma boa escola” quando ele tinha 18 anos aproximadamente.
A propensão a esta deficiência mental pode ser compartilhada por todos os humanos, e talvez tenha de ser um defeito arraigado, exceto que ela desaparece com a pele em jogo. (NT.: Recomendo também a leitura do capítulo sobre autoridade do livro As Armas da Persuasão, de Robert Cialdini).
[1] Danos causados por quem deveria curar.
Postscript
A partir das reações a este artigo, eu descobri que o IPI tem dificuldade, quando lendo de diferenciar entre o satírico e o literal.
PostPostcript
O IPI pensa que críticas aos IPIs significam que “todo mundo é um idiota”, não percebendo que seu grupo representa, conforme dissemos, uma minúscula minoria — mas eles não deixam que seu senso de direito seja desafiado e embora eles tratem o resto dos humanos como inferiores, eles não gostam quando a mangueira d’água é virada na direção oposta (p que os franceses chamam de arroseur arrosé). (Por exemplo, Richard Thaler, parceiro do perigoso defensor de OGM (NT.: Organismos Geneticamente Modificados) e Übernudger Cass Sunstein, interpretou este artigo como se dissesse que “não há muitos não-idiotas não chamados Taleb”, não percebendo que pessoas como ele são < 1% ou talvez 0,1% da população.)
Post-Post Postscript
(Escrito após a eleição surpresa de 2016; o capítulo acima foi escrito diversos meses antes do evento). A eleição de Trump foi tão absurda para eles e não se encaixava em sua visão de mundo por uma margem tão larga que eles não conseguiram encontrar instruções em seu manual sobre como reagir. Foi exatamente como numa pegadinha, imagine a aparência característica no rosto de alguém após terem pregado uma peça nele, e a pessoa não tem ideia de como reagir.
Ou, mais interessantemente, imagine a aparência e reação de alguém que pensou que estava bem casado fazendo um retorno não previsto para sua casa e escuta sua esposa gemendo na cama com um porteiro (imenso).
Quase tudo que previsores, subprevisores, superprevisores, “cientistas” políticos, psicólogos, intelectuais, criadores de campanhas, “consultores”, cientistas de grandes dados, tudo que eles sabiam instantaneamente se provou ser uma fraude. Então, meu sonho levado de colocar um rato dentro da camisa de alguém (conforme expressado em A Lógica do Cisne Negro) subitamente se tornou verdade.
Nota: este artigo pode ser reproduzido, traduzido, e publicado por qualquer um desde que na condição que seja integral, e que se mencione que foi extraído do livro Skin in the Game.
Publicações banidas de reproduzir meu trabalho sem a permissão escrita e explícita: Huffington Post (todos idiomas).
- Sem a visão de um objetivo um homem não pode gerir a sua própria vida, e muito menos a vida dos outros.