18-04-2023, 09:28 PM
(18-04-2023, 03:25 AM)Libertador Escreveu: O livro de Eclesiastes é o meu preferido da Bíblia. As pessoas no geral o acham depressivo, mas eu o vejo como realista e com muitas reflexões geniais. Já li ele dezenas de vezes. Minha Bíblia é toda marcada neste livro (em outros também). E o tema da morte e da brevidade da vida me chama a atenção de uma forma singular.
Eu já li Seneca e Marco Aurelio que também falam sobre a transitoriedade da vida, mas considero o livro de Eclesiastes muito superior a estes e olha que foi escrito muitos séculos antes deles.
Os realistas as vezes são bem chatos com temas que não curtem. Como eu gosto de ler estou achando interessante os tópicos que você está criando, e você está melhorando nas postagens deles, os últimos que fez já estão bem melhores que os primeiros, e dá pra ir melhorando ainda mais. Não deixa o pessoal te desanimar de postar não, receba as críticas como incentivo para ir melhorando a escrita e as reflexões postadas.
Sobre essa passagem citada em específico eu vejo a importância da reflexão sobre a mortalidade. Ao visitar a casa onde há luto refletimos sobre a natureza transitória da vida e a inevitabilidade da morte. Essa reflexão nos ajuda a manter uma perspectiva adequada sobre nossas próprias vidas e a valorizar o tempo que temos e a concentrar nossos esforços nas coisas que realmente importam.
Também ensina que existe um valor de aprendizado nas provações e dificuldades na vida do cristão, pois elas nos ensinam lições importantes e nos ajudam a crescer espiritualmente. A tristeza e as dificuldades podem nos levar a depender mais de Deus e a buscar força e sabedoria Nele. Pode nos levar também a uma reflexão mais profunda. Também seria importante aproveitar a situação para se envolver em uma autoavaliação honesta.
A passagem também sugere que o riso e a alegria dos banquetes podem ser superficiais e passageiros, enquanto as experiências de tristeza e luto podem ter um impacto mais profundo e duradouro em nosso coração. E isso nos encoraja a buscar a verdadeira alegria e satisfação em nossa relação com Deus e em viver de acordo com Seus propósitos, em vez de buscar prazeres temporários.
Pelo contexto do livro vemos que o sofrimento pode ser uma ferramenta nas mãos de Deus para refinar nosso caráter e nos aproximar Dele. A tristeza do semblante, como mencionado na passagem, pode nos levar a uma reflexão mais profunda e a uma maior dependência de Deus, resultando em crescimento espiritual e fortalecimento de nossa fé. Os realistas que me conhecem pessoalmente já leram uma reflexão muito interessante que escrevi em meu livro sobre isso, fato que chamo de “A escola das aflições” nele. Deus frequentemente usa nossas experiências difíceis para nos moldar e refinar nosso caráter e é importante reconhecer e estar atento pra isso.
A passagem também nos leva a refletir sobre a eternidade e a realidade da ressurreição. Ao considerar a mortalidade e a finitude da vida na Terra, somos lembrados de olhar além das circunstâncias temporárias e a fixar nossos olhos na promessa de um futuro eterno com Deus.
Teve uma colega de trabalho que o marido dela morreu em um acidente de moto, deixando ela com dois filhos pra criar, ela estava trabalhando comigo na hora que aconteceu e que recebeu a notícia. Alguns dias depois eu e uns colegas fomos visitá-la e todos insistiam para ela voltar a trabalhar imediatamente e parar de ficar pegando atestado, falavam que se distrair trabalhando ia ajudar, ou se não quisesse voltar imediatamente para procurar um médico e tomar remédios controlados para depressão (ou seja dopar ela pra não conseguir pensar em nada). Ela já tinha falado com o médico que insistia em entupir ela de controlados, mas ela estava em dúvida sobre isso. E tanto os amigos quanto os familiares, insistiam de forma enfática para ela não ficar sozinha de forma alguma, como se fosse algo muito perigoso e errado. E pra se dopar e procurar ficar ocupada com várias coisas e procurar coisas felizes pra fazer o tempo todo até passar o luto. Fiquei impressionado que não deixavam ela “curtir” o luto de forma natural.
Aí eu expliquei pra ela que o luto é um processo saudável e importante. Que eu havia passado por um processo semelhante e ficar sozinho por algumas semanas para assimilar foi extremamente importante e me ajudou a superar tudo de forma bem saudável. Mas a sociedade hoje trata isso como se fosse algo muito errado e incentiva a abafar a todo custo, usando processos que são realmente prejudiciais como entupindo de remédios controlados e tentando forçar a pessoa a procurar meios de ficar sempre alegre pra esconder os sintomas que estão tentando aparecer, o que acaba gerando traumas e problemas emocionais irreversíveis porque o assunto nunca é enfrentado nem superado adequadamente. E ficou todo mundo me olhando com os olhos arregalados, mas ninguém teve coragem de questionar e as insistências sem noção pra cima dela acabaram.
E ela durante esse processo sendo passado de forma natural (que os outros estavam tentando interromper) já estava mais próxima de Deus (inicialmente com muita raiva dEle e questionando o que houve) e sendo levada naturalmente as reflexões citadas acima. E é óbvio que não estou falando de viver em luto o tempo todo, nem glamorizando isso, é necessário equilíbrio emocional. Mas também é importante saber viver cada processo da vida. Como diz o sábio: Há tempo para todo propósito debaixo do sol, tempo de rir e tempo de chorar.
Perfeitas observações. Venho percebido esse padrão na sociedade atual, as pessoas não sabem mais lidar com o sofrimento, quando enfrentam a menor das dificuldades na vida já começam a reclamar e querer desistir de tudo, não entendem que sempre há um proposito no sofrimento.
A sorte favorece os audazes