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Que livros estão lendo?
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(02-04-2024, 09:07 AM)Héracles Escreveu:
(01-04-2024, 09:57 PM)hjr_10 Escreveu: Bom livro, mas confesso que não me causou nenhum tipo de espanto ou surpresa (sentimentos comuns, quando se trata de Dostoiévski)

Bem, considerando as profundas digressões existenciais e tragédia de todos os sentidos que vemos em outras obras, uma "simples" traição basicamente é um reducionismo ou um lugar comum. De todos os livros que eu li desse autor, destaco os mesmos que todo mundo - Crime e castigo e os Irmãos Karamazov - e também Memória da Casa dos Mortos e O Idiota. Memórias do Subsolo eu li e reli e sinceramente, não consegui gostar - perdoem a minha blasfêmia - . Não sei ao certo o porque, talvez porque  essa história meio que me remeteu ao fórum, ondem uns malucos ficam ruminando o próprio fracasso até a inércia completa. Enfim ...

Pegando esse gancho de um livro sobre "traições", vou citar um que eu li mais ou menos recentemente:

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Partindo de um perspectivismo realista, não sei ao certo quem nós poderíamos colocar como protagonista dessa história, Emma ou Charles. Poderíamos pegar duas vertentes ou melhor, dois "princípios" bastante difundidos por aqui e fazer uma breve digressão tendo como norte a trama que se passa nesse livro de MIL OITOCENTOS E CINQUENTA E SEIS! Como disse um sábio, não há nada de novo sob o sol, mas enfim ...

Emma é o que poderíamos classificar como "esposa dos sonhos da ala templários da real - ala sonho de noiva"... muito bem educada, pasmem, num convento -  recatada, gestos majestosos, linda, VIRGEM, oriunda de uma família digna, praticamente uma princesa. Gostava muito de ler romances, acreditava friamente que o amor romântico que lia nesses livros e desejava mais do que qualquer coisa se casar e ter um lar com o amor da sua vida. Seguia o que a Santa Igreja pregava... ou seja, o sonho de mulher para grande maioria dos possíveis leitores desse fórum, especialmente os rambos da moral.

Chales era o típico cara mediano, o bonzinho, o beta talvez... Oriundo de uma família da burguesa que se encontrava em declínio, viu que a sua única chance de reerguer o nome da família e o seu próprio seria fazer? Um concurso fodão? não ... sua única chance seria fazer medicina e assim o fez. Qualquer semelhança com o que já limos e lemos na Real é mera "coincidência". Pois bem, entretanto ele não tinha muita aptidão para a coisa, era um aluno obtuso, fraco, como eu gosto de falar, "inepto"... mas mesmo assim persistiu no seu sonho, teve perseverança, confiou em Deus e finalmente concluiu seu martírio.

Se casou como uma tal Heloise, uma balzaca meio histérica que como não deve ser surpresa para ninguém aqui, não o respeitava muito e frequentemente o chutava como um cachorro sarneto, e porém, sem surpresa para ninguém mais uma vez, ele gostava verdadeiramente dela. Mas a vida é uma coisa engraçada, surpreendente ...  e um certo dia numa certa circunstância Chales conheceu Emma. E o que acontece quando um beta meio bundão conhece o esteriótipo perfeito da ala sonho de noiva? Paixão avassaladora, é claro.

Acabou que essa tal Heloise morreu e Chales de viu livre para poder cortejar Emma. Como ele tinha um certo "prestígio" e era um cara muito sem personalidade, ou seja, queria agradar todo mundo, não foi difícil de convencer o velho pai de Emma a aceitar o casamento, pois afinal de contas ele era médico, os Bovary tinham uma notoriedade relevante, ele tratava Emma como uma rainha e era completamente apaixonado por ela. No outro lado, Emma de fato se apaixonou pelo nosso beta... ela acreditava de coração que tinha encontrado o amor verdadeiro, pensava que a sua vida seria como nos livros que ela tanto gostava de ler.

Casaram-se, Charles dava tudo do bom e do melhor para Emma - até se endividava por isso - amava-a de todo coração e verdadeiramente, porém ele não tinha uma coisa, e essa coisa fez com que Emma se entediasse profundamente a medida que os dias de casada iam se passando. Charles não tinha ambição, não tinha ímpeto, era completamente previsível... estava confortável na sua posição de médico medíocre de uma vila qualquer no interior da frança.

Bem, repetindo, qualquer semelhança com o que lemos aqui é mera coincidência ...  qualquer semelhança com aquele velho discurso de "você só precisa passar em um concurso foda e será automaticamente um destacado" ou "você só precisa se preservar e escolher uma mulher que siga os santos mandamentos da igreja e estará tudo resolvido, pois só rodadas traem" é puro acaso.

Nem a filha que Emma teve a tirou do tédio quase que mortal que sentia, inclusive ela não gostava muito da guriazinha justamente por ela também ser filha  de um cara tão sem graça. Como talvez não seja nenhuma surpresa, Emma encontrou um pouco de alívio do seu tédio tendo amantes. Enquanto mantinha relações com seus amantes, sustentava sua imagem de esposa dos sonhos aos olhos da sociedade.

O desenrolar da história é muito interessante e acaba de uma maneira surpreendentemente trágica, pelo menos eu fiquei muito surpreso quando eu li, não vou contar aqui mas sem dúvidas vale a lida. Interessante que essa narrativa pode gerar uma certa ruptura com alguns conceitos cristalizados aqui, inclusive sobre o fato de: será que Emma foi uma genuína vagabunda por ter traído o pobre Charles, um cara tão limitado e sem graça que chegava a dar pena? Seguramente, e podemos notar isso indiretamente, ele era um corno manso, mas sabia consistentemente que jamais acharia uma mulher melhor que Emma, por isso seguia fazendo de conta que não sabia de nada, e também o seu amor por ela era tão avassalador que superava qualquer comportamento dela.

Charles mesmo tendo algum prestígio social advindo do seu ofício, ainda assim era um cara limitado, que não investia em si mesmo profissionalmente e em outros sentidos. Por mais que tivesse alcançado algo, ainda era um pobre miserável e isso corrobora estritamente o que batemos aqui sistematicamente: não é um cargo na polícia ou no corregedoria pública, etc... ou uma mulher santa que vão te resgatar da sua falta de hombridade. Só você pode fazer isso por si, e acreditar em rótulos por eles serem simplesmente RÓTULOS seguramente será um caminho para ser corno ou coisa pior. Como um colega nosso sempre diz, o homem precisa de 'pele no jogo' de não te rótulos, o homem precisa sofrer e se foder para nãos ser mais uma maldito fulaninho sem graça ...

Mas enfim, sinto que a maioria ainda não está preparado para essa conversa. Vamos ficar por aqui.

Estou no início do livro O vermelho e o Negro e algo semelhante acontece.
Julien, um jovem camponês ambicioso e detentor de algum conhecimento vai morar na casa de um político com a função de educar os filhos desse ilustre senhor.
A mulher do político é descrita como uma verdadeira dama honrada, bonita, um tanto ingênua e nada exibicionista. Seria como uma mulher gostosa que não posta fotos no Instagram e usa roupas modestas, mas adivinha só o que acontece entre a senhora honrada e Julien...

O que não falta na literatura é a corrupção de uma mulher "honrada".
Nada como um dia após o outro.
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Terminei de ler o livro A Ovelha Negra e outras fábulas de Augusto Monterroso.

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Achei o livro muito bom e com tiradas bem inteligentes. Pena que é pequeno. O curioso é que mostrei algumas (várias) fábulas para várias pessoas e elas não conseguiam entender nenhum sentido por trás e não faziam ideia do que poderia significar. Raramente alguém dava pelo menos algum sentido superficial para a fábula. Pensaram bastante mas não conseguiram entregar nada que exigisse o mínimo de senso crítico da parte deles. Surpreendente como é baixo o nível dos bonobos médios na sociedade brasileira. E o pior que muitos deles tem nível superior e bons empregos e estão em funções de responsabilidades. Mas o analfabetismo funcional impera em todos os setores mesmo. O legal do livro é que ele é recheado de ironia e paródia, o livro tem uns 40 anos mas critica muita coisa atual como a falsa ciência, as hipocrisias das ideologias de esquerda e coisas do tipo.

Vou mostrar duas fábulas que gostei bastante do livro para vocês verem como são interessantes:

Citação:A Ovelha Negra:

Em um país distante existiu faz muitos anos uma Ovelha negra.
Foi fuzilada.
Um século depois, o rebanho arrependido lhe levantou uma estátua equestre que ficou muito bem no parque.
Assim, sucessivamente, cada vez que apareciam ovelhas negras eram rapidamente passadas pelas armas para que as futuras gerações de ovelhas comuns e vulgares pudessem se exercitar também na escultura.

Acabou. As fábulas são todas bem curtas. Tente pensar nos possíveis significados e depois dá uma olhada no que escrevi em spoiler:

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Eu entendi essa parábola como uma simbologia da hipocrisia das sociedades, principalmente dessas de esquerda que arrotam coisas como diversidade, aceitar os diferentes e coisas do tipo, mas quando algum individuo pensa diferente da manada de ovelhas (de burros no caso) eles atacam e punem sumariamente por essa diferença. A parte do remorso do rebanho simboliza um falso arrependimento porque apesar de exaltarem os diferentes do passado (que não oferecem mais risco) eles continuam matando os diferentes do presente. Então a estátua é muito irônica porque celebra a diferença só depois de eliminar o diferente. É o paradoxo de glorificar os inovadores e agentes de mudança só depois que seus desafios às convenções são amplamente aceitos e já não oferecem ameaça ao sistema. 

Um exemplo mais prático, foi que um dia desses foi o feriado de Tiradentes, ele é homenageado hoje como um grande herói brasileiro, até mesmo pelo governo que é quem estipula o feriado em homenagem a ele, mas se alguém fizer hoje o mesmo que ele fez, que foi um motim aberto e com muita adesão contra o pagamento desses impostos extorsivos, aí já não vão aplaudir e o novo herói vai ser exemplarmente atacado, condenado, cancelado e expurgado. E, daqui uns 100 anos, o dia em que ele foi morto vai virar feriado nacional, e ele vai ser tratado como um herói, afinal já não vai mais apresentar risco ao sistema.

Em spoiler acima foi a minha interpretação, é claro que existem várias outras e muitos mais exemplos que podemos citar. Essa próxima fábula achei tão legal quanto a anterior e com significados bem interessantes, e praticamente nenhum bonobo médio conseguiu pensar em um significado. Vou deixar a interpretação em aberto para vocês refletirem e tentarem encontrar o significado por conta própria também. 

Citação:O Coelho e o Leão:

Um célebre Psicanalista encontrou-se certo dia no meio da Selva, semiperdido.
Com a força que dão o instinto e o desejo de investigação, conseguiu facilmente subir numa árvore altíssima da qual pôde observar à vontade não apenas o lento pôr do sol mas também a vida e os costumes de alguns animais, que comparou algumas vezes com os dos humanos.
Ao cair da tarde viu aparecer, por um lado, o Coelho; por outro, o Leão.
A princípio não aconteceu nada digno de mencionar, mas pouco depois ambos os animais sentiram as respectivas presenças e, quando toparam um com o outro, cada qual reagiu como desde que o homem é homem.
O Leão estremeceu a Selva com seus rugidos, sacudiu majestosamente a juba como era seu costume e feriu o ar com suas garras enormes; por seu lado, o Coelho respirou com mais rapidez, olhou um instante nos olhos do Leão, deu meia-volta e se afastou correndo.
De volta à cidade, o célebre Psicanalista publicou cum laude seu famoso tratado em que demonstra que o Leão é o animal mais infantil e covarde da Selva, e o Coelho, o mais valente e maduro: o Leão ruge e faz gestos e ameaça o universo movido pelo medo; o Coelho percebe isso, conhece sua própria força, e se retira antes de perder a paciência e acabar com aquele ser extravagante e fora de si, a quem ele compreende e que afinal não lhe fez nada.
“A maior necessidade do mundo é a de homens — homens que se não comprem nem se vendam; homens que, no íntimo de seu coração, sejam verdadeiros e honestos; homens que não temam chamar o pecado pelo seu nome exato; homens cuja consciência seja tão fiel ao dever como a bússola o é ao polo; homens que permaneçam firmes pelo que é reto, ainda que caiam os céus.” Ellen White, Educação, Pág 57.
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Terminei de Reler a Light Novel de Overlord, são 16 volumes. Vale a leitura.

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Nada muito filosófico e que vá mudar o futuro do Brasil, mas é um baita passatempo.

Basicamente um jogador fica preso no mundo de um MMO e decide dominar o mundo e não possui vontade de morar no mundo normal. Leitura rápida, fluída e interessante.

https://animecenterbr.com/1803-2/

Agora quero começar alguns sobre BTC.
"Há um amplo fosso de aleatoriedade e incerteza entre a criação de um grande romance – ou joia, ou cookies com pedaços de chocolate – e a presença de grandes pilhas desse romance – ou joia, ou sacos de biscoitos – nas vitrines de milhares de lojas. É por isso que as pessoas bem-sucedidas em todas as áreas quase sempre fazem parte de um certo conjunto – o conjunto das pessoas que não desistem." O andar do bêbado.
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(16-04-2024, 10:14 AM)Libertador Escreveu: O curioso é que mostrei algumas (várias) fábulas para várias pessoas e elas não conseguiam entender nenhum sentido por trás e não faziam ideia do que poderia significar. Raramente alguém dava pelo menos algum sentido superficial para a fábula. Pensaram bastante mas não conseguiram entregar nada que exigisse o mínimo de senso crítico da parte deles. Surpreendente como é baixo o nível dos bonobos médios na sociedade brasileira. E o pior que muitos deles tem nível superior e bons empregos e estão em funções de responsabilidades. Mas o analfabetismo funcional impera em todos os setores mesmo. O legal do livro é que ele é recheado de ironia e paródia, o livro tem uns 40 anos mas critica muita coisa atual como a falsa ciência, as hipocrisias das ideologias de esquerda e coisas do tipo.

Essa sua chateação fez e faz parte da vida da maioria dos confrades aqui do rescinto.
Já sofri bastante com isso, hoje um pouco menos. 

A real é que, pelo menos das pessoas que eu conheço e/ou convivo, ninguém tem a menor noção do que é esquerdismo, comunismo, Mises, black pill, red pill, todas as pills, e por aí vai. Nessahan Alita por exemplo. Quem vocês conhecem que já leram essas porras? Eu não conheço ninguém.

E pessoas que também ocupam cargos e funções importantes, seja na iniciativa privada, seja na administração pública. 

No início eu ficava "caralho cara, como essas pessoas são idiotas, como estão nesses cargos? como elas têm sucesso? eu sou muito melhor do que elas e não estou nesse nível".
Acredito que quase todos nós aqui já passamos por isso.

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Terminei de ler O Cântico, da Ayn Rand.

Que obra espetacular. Já li algumas distopias e afirmo que essa é A distopia.
Aynd Rand, a mãe do objetivismo, sempre lutou contra o controle social, o coletivo.

Como ela mesma dizia:
Citação:Controle da linguagem implica em controle do pensamento, aqueles que pensam com as palavras autorizadas pelo governo, pensam o que e como o governo deseja.

(Qualquer semelhança é mera coincidência).

Em um futuro distópico, extremamente controlado pelo Estado, onde o coletivismo impera, qualquer ação individual – até palavras – é considerada crime.
A única palavra individualista que não foi banida foi a palavra EU, pois ela sequer existe. Aqui, tudo é NÓS. Nós somos. Nós pensamos. Nós queremos.
E como diz o membro mais antigo da cidade, o Coletivo 0-0009, “o que não pode ser pensado por todos, não pode ser verdade”.

As crianças são separadas da mãe no nascimento e enviadas à escola, onde saberão pelo Conselho das Profissões o que farão durante toda a vida. Aliás, existem Conselhos para tudo e são eles que determinam tudo (de novo, qualquer semelhança é mera coincidência).

Nosso heroi é Igualdade 7-2521. Desde sempre, nunca foi bem-quisto. Talvez por ser mais inteligente e alto que os demais. Por isso, recebeu do Conselho das Profissões uma punição: iria ser varredor de rua!

Em um momento, varrendo as ruas, descobre um caminho que leva a um túnel, onde começa fazer alguns experimentos e descobre a luz elétrica.
Nesse ínterim, conhece a mais bela das camponesas, chamada Liberdade 5-3000.

Igualdade 7-2521 vai precisar ir contra sua própria natureza, pois se apaixona por Liberdade 5-3000 e óbvio: a paixão também é proibida, pois não há como se apaixonar por alguém se todos são iguais e pensam exatamente a mesma coisa.

Igualdade 7-2521 foi ensinado desde cedo que só há felicidade servindo aos irmãos. O nós. Os irmãos sabem, melhor do que ele, o que é bom para sua própria vida, afinal, a vida dele é dos irmãos. Ainda assim, Igualdade 7-2521, mesmo sem saber exatamente o que é, sabe que há algo de errado nisso. Ele sabe que nasceu para ser mais que isso.

Ele sabe, por algum motivo, que pode pensar, agir, ser livre.

“Eu existo. Eu penso. Eu quero.”

Uma obra que explica muito bem uma outra passagem de Ayn Rand:
Citação:Os defensores do coletivismo devem ter no mínimo a bondade de chamá-lo pelo nome correto, ESCRAVIDÃO.
Mateus 21:22
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Terminei a leitura da trilogia do Cixin Liu, com o último livro "O Fim da Morte", finalizado.

O livro é espetacular, um final extremamente digno para a trilogia. 

Porém, diferente dos outros, este eu não curti muito a protagonista. A palavra protagonista nesta trilogia é até relativa, pois existem vários personagens e você acompanha a perspectiva de todos, mas sem dúvidas a "Cheng Xin" foi quem mais teve destaque.

Ela destoou um pouco dos anteriores, pois fazia as coisas por "amor"... foi uma personagem que para evitar uma guerra civil momentânea, deixou o destino da humanidade em risco. Salvou alguns milhares para comprometer BILHÕES, ou seja, não foi uma personagem capaz de tomar decisões difíceis de maneira racional e isso me frustrou um pouco, pois entra naquele ritmo de romances ocidentais de "ser bonzinho".

Mas ela também, sofreu as consequências disso, o que tornou tudo mais verossímel. Além do fato, que foi amplatamente retratado no próprio livro, que ela em nenhum momento escolheu ter a posição de escolher alguma coisa, ela meio que caiu de paraquedas e se deu mal. 

Mesmo assim, não curti muito a tragetória desta personagem. Mas, nada que desabone a obra, recomendo de olhos fechados!
Se você gosta de ficção científica, foi como eu disse ali em cima, provavelmente vai gostar da trilogia: "O problema dos três corpos", "Floresta Sombria" e o "O Fim da Morte"

Agora, a leitura seguinte é BitCoin RedPill.
"Paulistarum Terra Matter..."
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Salve.
Terminei de ler essa semana o livro O que o governo fez com o nosso dinheiro, do Murray N. Rothbard.

Livro extremamente simples e impactante, mostra como os governos têm sede por autoritarismo, tirania e controle. Fazem o que podem e o que não podem (aliás, eles podem tudo) para controlar o dinheiro.
A obra mostra, por exemplo, como o Nixon assaltou os americanos em 1971, cortando todas as relações do dólar com o ouro pela primeira vez na história americana.

É inacreditável o que esses tiranos fazendo com a civilização.
Eles gastam para um caralho e se endividam. Tomam nosso dinheiro através de tributos para pagar essa porra. Não pagam e emitem moeda. Tomam nosso dinheiro de novo. Geram inflação. Os preços vão lá em cima e eles, para pagarem de santos, congelam a porra toda ("o pobre vai comer picanha toda sexta"). Mais inflação. Tomam nosso dinheiro de novo para consertar a cagada. A medida que eles tomam para consertar a cagada é com mais cagada, emitindo mais moeda. Tomam nosso dinheiro de novo.
E assim vai, num ciclo vicioso de sodomizar o filho da puta trabalhador ad eternum.

Recomendo muito para quem tá dando os primeiros passos (meu caso) nesses assuntos.

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Eu vou dar uma parada nessas leituras e iniciar algo do Bukowski, para dar uma relaxada.

Comento aqui depois e no tópico que eu fiz sobre o velho buk.
Mateus 21:22
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Não comecei a ler nada do Bukowski mas iniciei o Flores para Algernon.
Há tempos queria começar esse livro e agora criei coragem.

Estou quase na metade da obra.
Muito provavelmente vai se tornar o melhor livro que já li na minha vida.
Mateus 21:22
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(11-05-2024, 11:03 AM)hjr_10 Escreveu: Não comecei a ler nada do Bukowski mas iniciei o Flores para Algernon.
Há tempos queria começar esse livro e agora criei coragem.

Estou quase na metade da obra.
Muito provavelmente vai se tornar o melhor livro que já li na minha vida.

O loko, tão bom assim?!

Depois volte para dar mais detalhes, por favor.
"Paulistarum Terra Matter..."
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Salve. Pós almoço de dia das mães, estava ansioso para vir postar minha percepção do livro Flores Para Algernon. Terminei de lê-lo ontem.

Título: FLORES PARA ALGERNON
Autor: DANIEL KEYS

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  [Image: 51OoTRAChFL.jpg] 

Terminei de ler Flores Para Algernon. A última vez que me senti tão envolvido emocionalmente com uma história foi em A Metamorfose, do Kafka. Acontece que aqui essa conexão é triplicada, quadruplicada, quintuplicada, pois você está literalmente acompanhando e lendo a vida de Charles Gordon através do seu diário, intitulado de Relatórios de Progresso. Ou Relatorios de Progreso? Tanto faz.

Bom, quando pensei em escrever o que achei do livro, fiquei pensando na linha tênue entre dar minha opinião de forma geral ou pormenorizar algumas situações e acabar dando spoiler aos camaradas.

Acontece que não há como ser superficial ao falar desse livro, mas também é quase criminoso dar spoiler dessa obra de arte em forma de livro. Por isso, peço perdão se der algum spoiler, mas já adianto que a sensação de ler esse livro é única, não percam essa chance.

Se eu pudesse fazer apenas uma recomendação nesse fórum, seria: leiam Flores para Algernon.

Muitas das situações vividas por Charlie Gordon também são vividas por nós.

A pesquisa, a ciência, a cirurgia, o Q.I. de 1 milhão de Charlie Gordon... nada disso supriu seu maior desejo desde o início: se sentir amado.

Citação:“Aprendi muito nos últimos meses – declarei. – Não apenas sobre Charlie Gordon, mas sobre a vida e as pessoas, e descobri que ninguém realmente se importa com Charlie Gordon, seja ele um imbecil ou um gênio. Então, que diferença faz?”

Quando eu tinha uns 18/19 anos, assisti a um vídeo do professor Olavo em que ele dizia que o conhecimento e a solidão andam de mãos dadas.

“O preço da consciência é a angústia”, e Charlie Gordon descobre isso da pior maneira possível: praticamente desde a infância, em sua relação quase que kafkiana com sua família, em especial sua mãe. Aliás, falam dele como se fosse um terceiro, um estranho. Lembrei-me de Gregor Samsa, metamorfoseado num inseto, vegetando em sua cama. Antes provedor da casa, autoridade, respeitado pelos familiares. Agora, desprezado cruelmente pela sua família, até literalmente morrer no seu quarto claustrofóbico e solitário.

Puta merda, que história triste do caralho.

Quantas foram as vezes em que me peguei pensando “Caralho, cara, as pessoas que conheço não fazem a mínima ideia do que é uma ditatura, um governo totalitário, o plano comunista e gramsciano, não sabem quem é Nessahan Alita, real, inflação, não sabem porra nenhuma. E vivem de boa, ocupando bons cargos e bons salários. Puta merda, olha só essas pessoas conversando essas futilidades, como conseguem? Que imbecis”.

A realidade é que muitas coisas que debatemos aqui por horas e horas a fio são completamente inúteis e irrelevantes no nosso dia a dia, mas nos achamos gênios por isso.

Mas será mesmo? É melhor ser inocente e “ter amigos” que riem de você (mas você não consegue ter discernimento disso), como Charlie Gordon, ou ser tão mais esperto e inteligente que todos e se sentir solitário, como Charlie Gordon? Duas faces distintas de um mesmo rosto.

Flores para Algernon não me derrubou apenas pela história do autor. Derrubou-me por escancarar minha própria hipocrisia.
Eu ficava extremamente irritado quando via os “amigos” de Gordon se aproveitando dele. Mas espera, não sou eu que me acho melhor do que todo mundo por saber o que é a porra da inflação e o que é Alita?

Eu já tive momentos de Charlie Gordon com Q.I. 68. Desgraçados filhos da puta.
Eu já tive momentos de Charlie Gordon com Q.I. 200. Caramba, agora eu sou o desgraçado filho da puta.

Eu terminei de ler, recentemente, o evangelho de Mateus. Quando Pedro nega a Deus três vezes (Jesus já havia o avisado), eu pensei “caramba, o cara tinha a oportunidade de conviver pessoalmente com Jesus e o negou, que otário”. Depois de alguns segundos eu refleti de novo “Porra, eu devo negar a Deus mais de três vezes todo santo dia, através dos meus pensamentos, ações, falta de oração, etc”.

É de partir o coração ler que ele conseguiu concluir sua pesquisa acerca do resultado da cirurgia em Algernon, pois acontecerá o mesmo com ele.

Sua racionalidade (quando ainda a tinha) de mandar Alice embora, mesmo a amando.
Seu desespero em tentar ler tudo o que consegue para tentar se lembrar de algo depois, mas em vão.

É um choque quando você começa a perceber que ele abandonara a vírgula. Não por querer, mas já não sabe mais usar.
É um nocaute quando os primeiros erros de ortografia aparecem. Reaparecem, na verdade.

Você assiste de camarote a ascensão e a degeneração intelectual e mental dele e não pode fazer absolutamente nada. Não há nada a ser feito.

Gordon do fim é o Gordon do início. Na realidade, nunca deixou de ser Charlie Gordon, sempre esteve ali, observando a si mesmo, sem saber se vivia melhor sendo um retardado ou um gênio. No apagar das luzes, é o que é.

Seu último pedido vai muito além de Flores para Algernon. São também flores para si mesmo. Flores para Charlie Gordon. O de Q.I. 68 e o de Q.I. 200. Flores para o imbecil e flores para o gênio. Cada um na sua angústia, mas também na sua vontade de querer ser mais.
 
Eu sempre gostei de livros desse tipo, mas esse foi diferente.

Livro irretocável, dificilmente perderá o posto de top 1.

Livraço!
Mateus 21:22
Responda-o
Alguém já leu/ouviu? Já ouviu falar dele? Se sim, leram qual versão; A original (em inglês) ou traduzida?

Algo me chamou muita atenção.

Estou em busca de referências sobre. Esse tipo de livro/contéudo é muito dificil de achar no Brasil, digo do debate/experiência sobre vivência, especialmente do EUA. Nunca ouvi ninguém citá-lo, até mesmos nos redutos da Real. (acho que ouvi o nome dele no seriado "Todo mundo odeia o chris").

[Image: the-strangest-secret-1.jpg]
"...os homens se corrompem, o sistema quebra, mas DEUS CONTINUA SENDO DEUS!"  
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Autor Desconhecido
Responda-o
(13-05-2024, 01:37 AM)Libre Escreveu: Alguém já leu/ouviu? Já ouviu falar dele? Se sim, leram qual versão; A original (em inglês) ou traduzida?

Algo me chamou muita atenção.

Estou em busca de referências sobre. Esse tipo de livro/contéudo é muito dificil de achar no Brasil, digo do debate/experiência sobre vivência, especialmente do EUA. Nunca ouvi ninguém citá-lo, até mesmos nos redutos da Real. (acho que ouvi o nome dele no seriado "Todo mundo odeia o chris").

[Image: the-strangest-secret-1.jpg]

Aquele livro "O Segredo" tem ideias de vários autores e correntes de pensamento (Norman Vincent Peale, PNL, "Pensamento Positivo", William Walker Atkinson, Napoleon Hill etc)

Charles Nightingale deve ser um deles.
Responda-o
(13-05-2024, 02:59 PM)Texugo Real Escreveu:
(13-05-2024, 01:37 AM)Libre Escreveu: Alguém já leu/ouviu? Já ouviu falar dele? Se sim, leram qual versão; A original (em inglês) ou traduzida?

Algo me chamou muita atenção.

Estou em busca de referências sobre. Esse tipo de livro/contéudo é muito dificil de achar no Brasil, digo do debate/experiência sobre vivência, especialmente do EUA. Nunca ouvi ninguém citá-lo, até mesmos nos redutos da Real. (acho que ouvi o nome dele no seriado "Todo mundo odeia o chris").

[Image: the-strangest-secret-1.jpg]

Aquele livro "O Segredo" tem ideias de vários autores e correntes de pensamento (Norman Vincent Peale, PNL, "Pensamento Positivo", William Walker Atkinson, Napoleon Hill etc)

Charles Nightingale deve ser um deles.

O lugar que encontrei a recomendação citou ele também, "O Segredo". Esse livro é bem famosinho por essa coisa de "pedir/agradecer ao Universo", "Entrar no flow do universo". Essas fisoloficas esotéricas. O mesmo é muito controvérso, respectivamente, sua credibilidade também é questionada. Contudo, parace que o Nightigale tem prestígio e credibilidade (não sendo mais um marketeiro - ao menos é o que 'os pablos marçal' de hoje tornal essas ideias), mesmo falando desses assuntos (talvez o dom da comunicação e certo ceticismo ajudou...) 

Normalmente, leio por recomendações. Mas parece que terei que embarcar nessa jornada.
"...os homens se corrompem, o sistema quebra, mas DEUS CONTINUA SENDO DEUS!"  
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Autor Desconhecido
Responda-o
Em geral, sou um grande fã de Richard Dawkins e de sua visão de mundo.

Recentemente, li "The Selfish Gene" (O Gene Egoísta) e "God as an Illusion" (Deus como uma Ilusão). Para mim, esses livros deveriam ser lidos por todos para entender quem são e por que nasceram. Eles também apresentam uma visão muito boa da possível origem da vida na Terra. Para uma melhor visão de mundo e consideração de fatos interessantes, a leitura é altamente recomendada. 
Se alguém precisar de um livro, este é um exemplo. Você pode encontrar tudo isso no ibean https://www.ebay.com/itm/395219642484

Há um ano, li uma enciclopédia inteira "The Creation of the Atomic Bomb" (A criação da bomba atômica), que descreve todas as delícias do mundo moderno e todos os eventos que ocorreram para criá-lo. O livro é bastante difícil de ler para um amador despreparado, mas vale a pena cada minuto gasto nele e, principalmente, o conhecimento que ele acaba proporcionando sobre a situação moderna do mundo. 

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Eu o li em inglês, não consegui encontrar o livro físico em português - https://www.amazon.com/Making-Atomic-Bom...1451677618.

Geralmente, gosto de ler literatura científica, mas não me importo de voltar para o lado da fantasia: a coleção de livros de Stephen King também está invadindo minha estante. Reli "ONO" duas vezes, passei noites com Carrie, o recém-lançado Alien (a propósito, assisti à série), confrontos, insônia e muitas outras coisas. 
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Recentemente, também li um artigo sobre o desenvolvimento dos jogos de azar no Brasil. Basicamente, aprendi sobre as novas tecnologias que foram criadas, dei uma olhada no site cassinoexpert.com e em possíveis sites que oferecem tudo isso. 


Também li a psicologia da influência de Robert Cialdini. Aprendi sobre diferentes truques de campanhas, nos quais quase todas as pessoas caem, quando não têm argumentos para uma resposta. Mas agora eu tenho um  Cachorro
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Finalizei o "Bitcoin Red Pill" ontem.

Não é um livro grande, porém, os estudos em minha área de atuação profissional andam ocupando muito tempo, então demorei para finalizar.

Como já relatado por outros confrades, é um livro extremamente denso. Cada página contém de 1 até 6 ou 7 referências sobre cada tópico abordado!
Realmente, a sensação ao término da leitura é que você foi jogado no meio de um oceano onde não é possível saber onde tem terra e qual a profundidade de água!

Mas nem por isso, deixo de recomendar!
A abordagem não é focada em "como fazer", mas sim, o motivo pelo qual você deve aderir ao BC.

A questão não é apenas "investimento" (ou hedge), é um chamado para moralização ampla, que inclue:
Relação com o Estado, relação com a família, relação afetiva, economia e principalmente: INDEPENDÊNCIA em um sentido amplo! (auto responsabilização absoluta, com todos seus bônus e ônus).

Meu próximo passo é efetivamente entender "como fazer", pois o "porquê", o livro somado a todos os tópicos do fórum, não deixam MARGEM para dúvida.

Se a pergunta é "ainda está em tempo", a resposta é SIM! E não perca mais tempo!


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Sigo firme em minha meta de transformar a leitura em um hábito (1 por mês, já li 5 até o momento), muito motivado por este tópico em específico, agradeço a contribuição dos confrades. Faz toda diferença!
"Paulistarum Terra Matter..."
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Próximos livros para leitura são estes!

Ganhei de aniversário, juntamente com a trilogia do "Problema dos três corpos".

Trilogia do DUNA!

Já assisti os dois filmes, gostei pra caramba, então a chance desta ser uma leitura agradável são enormes!

Depois volto com opiniões, talvez demore um pouco pois estes são colossais para um leitor casual Gargalhada Gargalhada.

Este box em específico (o da foto abaixo, é igual o que eu ganhei), são de capa dura, as folhas tem umas artes de cor amarelada, como as areias do deserto! Já aumentou a vontade de ler!  

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"Paulistarum Terra Matter..."
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Confesso (autobiografia do Rob Halford do Judas Priest)
O Imbecil Coletivo (Olavo)
A Taberna Ambulante (Chesterton)
12 Regras Para A Vida (Jordan Peterson)
Learning the Bash Shell (para melhorar a programação em shell pra Linux rsrsrs)

(12-04-2024, 07:01 PM)Nativo Escreveu:
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(02-04-2024, 09:07 AM)Héracles Escreveu: Bem, considerando as profundas digressões existenciais e tragédia de todos os sentidos que vemos em outras obras, uma "simples" traição basicamente é um reducionismo ou um lugar comum. De todos os livros que eu li desse autor, destaco os mesmos que todo mundo - Crime e castigo e os Irmãos Karamazov - e também Memória da Casa dos Mortos e O Idiota. Memórias do Subsolo eu li e reli e sinceramente, não consegui gostar - perdoem a minha blasfêmia - . Não sei ao certo o porque, talvez porque  essa história meio que me remeteu ao fórum, ondem uns malucos ficam ruminando o próprio fracasso até a inércia completa. Enfim ...

Pegando esse gancho de um livro sobre "traições", vou citar um que eu li mais ou menos recentemente:

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Spoiler Revelar
Partindo de um perspectivismo realista, não sei ao certo quem nós poderíamos colocar como protagonista dessa história, Emma ou Charles. Poderíamos pegar duas vertentes ou melhor, dois "princípios" bastante difundidos por aqui e fazer uma breve digressão tendo como norte a trama que se passa nesse livro de MIL OITOCENTOS E CINQUENTA E SEIS! Como disse um sábio, não há nada de novo sob o sol, mas enfim ...

Emma é o que poderíamos classificar como "esposa dos sonhos da ala templários da real - ala sonho de noiva"... muito bem educada, pasmem, num convento -  recatada, gestos majestosos, linda, VIRGEM, oriunda de uma família digna, praticamente uma princesa. Gostava muito de ler romances, acreditava friamente que o amor romântico que lia nesses livros e desejava mais do que qualquer coisa se casar e ter um lar com o amor da sua vida. Seguia o que a Santa Igreja pregava... ou seja, o sonho de mulher para grande maioria dos possíveis leitores desse fórum, especialmente os rambos da moral.

Chales era o típico cara mediano, o bonzinho, o beta talvez... Oriundo de uma família da burguesa que se encontrava em declínio, viu que a sua única chance de reerguer o nome da família e o seu próprio seria fazer? Um concurso fodão? não ... sua única chance seria fazer medicina e assim o fez. Qualquer semelhança com o que já limos e lemos na Real é mera "coincidência". Pois bem, entretanto ele não tinha muita aptidão para a coisa, era um aluno obtuso, fraco, como eu gosto de falar, "inepto"... mas mesmo assim persistiu no seu sonho, teve perseverança, confiou em Deus e finalmente concluiu seu martírio.

Se casou como uma tal Heloise, uma balzaca meio histérica que como não deve ser surpresa para ninguém aqui, não o respeitava muito e frequentemente o chutava como um cachorro sarneto, e porém, sem surpresa para ninguém mais uma vez, ele gostava verdadeiramente dela. Mas a vida é uma coisa engraçada, surpreendente ...  e um certo dia numa certa circunstância Chales conheceu Emma. E o que acontece quando um beta meio bundão conhece o esteriótipo perfeito da ala sonho de noiva? Paixão avassaladora, é claro.

Acabou que essa tal Heloise morreu e Chales de viu livre para poder cortejar Emma. Como ele tinha um certo "prestígio" e era um cara muito sem personalidade, ou seja, queria agradar todo mundo, não foi difícil de convencer o velho pai de Emma a aceitar o casamento, pois afinal de contas ele era médico, os Bovary tinham uma notoriedade relevante, ele tratava Emma como uma rainha e era completamente apaixonado por ela. No outro lado, Emma de fato se apaixonou pelo nosso beta... ela acreditava de coração que tinha encontrado o amor verdadeiro, pensava que a sua vida seria como nos livros que ela tanto gostava de ler.

Casaram-se, Charles dava tudo do bom e do melhor para Emma - até se endividava por isso - amava-a de todo coração e verdadeiramente, porém ele não tinha uma coisa, e essa coisa fez com que Emma se entediasse profundamente a medida que os dias de casada iam se passando. Charles não tinha ambição, não tinha ímpeto, era completamente previsível... estava confortável na sua posição de médico medíocre de uma vila qualquer no interior da frança.

Bem, repetindo, qualquer semelhança com o que lemos aqui é mera coincidência ...  qualquer semelhança com aquele velho discurso de "você só precisa passar em um concurso foda e será automaticamente um destacado" ou "você só precisa se preservar e escolher uma mulher que siga os santos mandamentos da igreja e estará tudo resolvido, pois só rodadas traem" é puro acaso.

Nem a filha que Emma teve a tirou do tédio quase que mortal que sentia, inclusive ela não gostava muito da guriazinha justamente por ela também ser filha  de um cara tão sem graça. Como talvez não seja nenhuma surpresa, Emma encontrou um pouco de alívio do seu tédio tendo amantes. Enquanto mantinha relações com seus amantes, sustentava sua imagem de esposa dos sonhos aos olhos da sociedade.

O desenrolar da história é muito interessante e acaba de uma maneira surpreendentemente trágica, pelo menos eu fiquei muito surpreso quando eu li, não vou contar aqui mas sem dúvidas vale a lida. Interessante que essa narrativa pode gerar uma certa ruptura com alguns conceitos cristalizados aqui, inclusive sobre o fato de: será que Emma foi uma genuína vagabunda por ter traído o pobre Charles, um cara tão limitado e sem graça que chegava a dar pena? Seguramente, e podemos notar isso indiretamente, ele era um corno manso, mas sabia consistentemente que jamais acharia uma mulher melhor que Emma, por isso seguia fazendo de conta que não sabia de nada, e também o seu amor por ela era tão avassalador que superava qualquer comportamento dela.

Charles mesmo tendo algum prestígio social advindo do seu ofício, ainda assim era um cara limitado, que não investia em si mesmo profissionalmente e em outros sentidos. Por mais que tivesse alcançado algo, ainda era um pobre miserável e isso corrobora estritamente o que batemos aqui sistematicamente: não é um cargo na polícia ou no corregedoria pública, etc... ou uma mulher santa que vão te resgatar da sua falta de hombridade. Só você pode fazer isso por si, e acreditar em rótulos por eles serem simplesmente RÓTULOS seguramente será um caminho para ser corno ou coisa pior. Como um colega nosso sempre diz, o homem precisa de 'pele no jogo' de não te rótulos, o homem precisa sofrer e se foder para nãos ser mais uma maldito fulaninho sem graça ...

Mas enfim, sinto que a maioria ainda não está preparado para essa conversa. Vamos ficar por aqui.

Estou no início do livro O vermelho e o Negro e algo semelhante acontece.
Julien, um jovem camponês ambicioso e detentor de algum conhecimento vai morar na casa de um político com a função de educar os filhos desse ilustre senhor.
A mulher do político é descrita como uma verdadeira dama honrada, bonita, um tanto ingênua e nada exibicionista. Seria como uma mulher gostosa que não posta fotos no Instagram e usa roupas modestas, mas adivinha só o que acontece entre a senhora honrada e Julien...

O que não falta na literatura é a corrupção de uma mulher "honrada".

Li O Vermelho e O Negro acho que em 2014. Tinha também lido outro do Stendhal: A Cartuxa de Parma. O legal no O Vermelho e o Negro é o amigo dandy do Julien Sorel, q mete a Real nele e ele segue e a mina q antes o desprezava fica louca por ele. Recomendo complementar essa leitura com a leitura do livro Mentira Romantica e Verdade Romanesca, do filosofo francês Rene Girard. 

Outro livro que é pura Real é Servidão Humana, do Maughan. Bem pesado esse
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Terminei de ler este livro recentemente (mais precisamente, ontem) e falando honestamente, talvez ele se afaste um bocado da temática realista... geralmente eu recomendo livros que tenham alguma ligação latente com os assuntos que discutimos por aqui. Porém, por ser um livro muito rico de informações religiosas e conteúdo histórico, além de tratar de algumas questões políticas proeminentes na discussão global, e também por ser bastante interessante no sentido de proporcionar muitas reflexões de cunho moral especialmente em relacionamentos homem/mulher, eu resolvi escrever essa breve sinopse a partir do meu ponto de vista.


Primeiramente é preciso ressaltar que por causa desse livro o autor Salman Rushdie teve sua cabeça posta a prêmio:

Citação:
O romance "Os versos satânicos", do autor anglo-indiano Salman Rushdie, começou a gerar ódio entre muçulmanos assim que foi lançado no Reino Unido, em 26 de setembro de 1988. Dias depois de chegar às prateleiras na Europa, o livro foi banido pelo governo indiano. Logo, África do Sul, Paquistão, Egito, Indonésia e vários outros países tomaram a mesma medida. Ainda em outubro daquele ano, a editora Viking Press recebeu milhares de cartas com ameaças. Em dezembro, cerca de 7 mil pessoas reunidas em Bolton, na Inglaterra, queimaram cópias da obra exigindo seu banimento na terra da rainha.

O pior ainda estava por vir. No início de 1989, protestos em vários países geraram sérios distúrbios. Seis pessoas morreram e mais de 80 ficaram feridas quando milhares de manifestantes, exigindo a morte de Rushdie e o banimento global do livro, atacaram um centro de cultura americana em Islamabad, no Paquistão. No dia 14 de fevereiro de 1989, o aiatolá Rurollah Khomeini, então o líder supremo do Irã, editou um pronunciamento legal (fatwa) exortando todos os muçulmanos a assassinar o escritor. Logo depois, diferentes organizações ofereceram prêmios milionários pela morte dele. (O Globo)

OBS: Ele chegou sim a ser esfaqueado, mas sobreviveu. 

Toda essa polêmica se deu pela forma como o autor interpreta os primeiros fatos históricos do islã, onde relata-se que o arcanjo Gibreel fez revelações em versos ao profeta Maomé – no livro sendo chamado de Mahound, que possui uma conotação satânica em alguns lugares – do que depois viria a ser o livro sagrado do Alcorão. Pois bem, inegável que essas revelações no decorrer da narrativa tem uma conotação irônica e até cômica em muitos aspectos. Sem querer dar spoiler, mas os versos satânicos propriamente ditos seriam uma dessas revelações que o arcanjo recomenda ao profeta que aceita-se a autoridade de outras Deusas que eram cultuadas na época (Al-lat, Manate e Uza), mas após alguns acontecimentos ele (Mahaund) resolve voltar atrás na sua declaração afirmando que havia sido iludido pelo diabo no momento dessa visão (revogo os versos satânicos). Essa passagem está logo nos primeiros capítulos do livro que tem 582 páginas.

Pois bem, a narrativa é bastante interessante para se conhecer mais sobre a cultura do islã e mais propriamente da Índia, lugar bastante estranho para nossa visão ocidental de mundo, mas que inegavelmente possui uma cultura riquíssima, especialmente se a comparamos com o nosso Bananil. A leitura é envolvente, eu particularmente não achei cansativa, todos os personagens são muito bem desenvolvidos e você fica verdadeiramente curioso para saber o que diabos vai acontecer a seguir.

Essa é uma interpretação bastante pessoal minha, mas eu tive a impressão que o autor brinca com essa questão da não linearidade do tempo, coisas no passado e presente acontecem ao mesmo tempo e você fica intrigado tentando tecer um fio condutor que ligue tudo, tentando entender as mensagens subliminares de cada frase proferida, “o que isso tem haver com o que acontecer lá trás no passado, e vice versa”.

As questões atuais na discussão política global ao qual eu me referi, diz respeito às imigrações... mais especificamente a imigração para Inglaterra de uma multidão de estrangeiros, especialmente indianos e mulçumanos. Na minha interpretação, as duas opiniões políticas sobre isso são bem abordadas e eu sinceramente não percebi algum ativismo do autor para esse ou aquele lado, o que seria de se esperar uma vez que ele mesmo é um imigrante indiano. São retratados fatos, de forma imparcial, explicitando os dilemas de ambas as visões políticas sobre o tema. Com certeza por ter vivido essa realidade, o cotidiano indiano em um pais ocidental é muito detalhadamente descrito, juntamente com todas as questões de aceitação e rejeição desse povo pelos nativos, inclusive sendo esse um dos grandes impasses dos protagonistas.

Uma questão que me chamou atenção, e que no final acabou tendo uma importância fundamental e definitiva para a tragédia do romance, é sobre relacionamentos amorosos e a liberdade sexual feminina, e talvez por isso mesmo a leitura seja recomendada aqui na Real. São levantados muitos pontos para reflexão, sobre como o relacionamento de um homem com uma mulher pode ser um fator definitivo de mudança e de desgraça na vida do sujeito... a busca por uma validação social, o não reconhecimento de uma pessoa de valor na nossa vida devido a vaidade, como a submissão de um homem a uma mulher pode ser perigoso, como um desejo alimentado com inveja pode ser a erva daninha numa pessoa e como o ciúme doentio colocará tudo, literalmente tudo a perder.

Reflexões de cunho filosófico sobre como encaramos e levamos a vida, sobre as ilusões que nos deixamos cair também são extensivamente abordadas, além é claro, do poder da fé religiosa na mente das pessoas. Até onde a realidade vai? Onde é a divisão do real e do divino? Existe de fato um além ou é tudo uma questão de perspectiva, de interpretações viciadas? O que é mais real, ciência ou a fé... ou seja, o que é mais verdadeiro na vida de um ser humano? Quanto o fanatismo religioso tem poder de transformar o real em metafísica?

Enfim, você vai encontrar isso e muitos mais nesse livro, e seguramente vai ficar com uma sensação estranha e incomoda no final, uma sensação de “o que era real, o que era ilusão...o que diabos aconteceu aqui?”. 
"Compreendi o tormento cruciante do sobrevivente da guerra, a sensação de traição e covardia experimentada por aqueles que ainda se agarram à vida quando seus camaradas já dela se soltaram."  (Xeones para o rei Xerxes)

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