19-08-2017, 01:50 PM
(Esta publicação foi modificada pela última vez: 19-08-2017, 01:53 PM por Dallas.)
Fala senhores, ontem como de costume eu estava lendo N.A, gosto sempre de ler e reler em momentos oportunos uso-o como uma espécie de livro de bolso, inclusive recomendo que sempre leiam os livros de N.A, coloquem em pdf's no celular e leiam em filas de banco, ônibus rsrs, nos momentos de folga, de tempo livre, enfim... leiam sempre que der, garanto que não será tempo perdido. O livro que estava a ler era Textos Complementares parte 2, que por sinal é bem curto, prático e de fácil leitura, uma das partes que mais me chama a atenção nesse livro sempre que leio é essa, e resolvi trazer pro fórum visto que é aquele típico fragmento de texto que acaba por te fazer refletir sobre tua vida, sobre o que tu passou, sobre como é teu modo de enxergar o mundo, enfim...
Mudando o destino
É direito de todo homem transformar-se em alguém distinto do que sempre foi.
Todo homem tem o direito de modificar-se e mudar, assim, a sua vida. Temos o direito
de pensarmos hoje de uma forma totalmente distinta, e até contrária, da que pensávamos
ontem. Temos o direito de adotar novas concepções, novas ideologias, novas posturas,
novas atitudes, novas condutas e novos comportamentos. Permanecer petrificado no
passado, estático, é não evoluir. Aquele que se aperfeiçoa necessariamente se modifica,
se transforma em outro. É por isso que temos que adotar uma construção contínua de
nossas concepções.
Ao longo da existência, sofremos muito emocionalmente. Nosso sofrimento
existencial tem como origem fundamental, a meu ver, o aprisionamento da alma nos
impulsos animais. Tais impulsos são distorções de instintos naturais puros que se
deformam pela mente abstrata quando atingimos o estado humanóide. Se antes serviam
para guiar a alma e proteger o corpo físico e espécie, agora a escravizam e a arrastam
como folhas ao vento, rumo à destruição. O sofrimento que se origina do desejo
insatisfeito, das trapaças e artimanhas egoístas da pessoa que amamos, da paixão
amorosa, da traição, do ódio etc. tem sua origem nos impulsos animais. Nós somos
animais em fase de humanização, motivo pelo qual temos que transcender os impulsos.
Permitir que os impulsos cegos nos guiem é lançar-se de cabeça no precipício. Não
devemos “sufocar” os impulsos, devemos transcendê-los.
A vida é uma rede de caminhos, com muitas ramificações. Os desejos nos
atraem através dessas estradas e constroem nosso destino. Cada atitude tem múltiplas
conseqüências que se desdobram no tempo. O que somos hoje resulta de opções feitas
no passado. Como o desejo desrespeita o livre arbítrio, nosso destino é tecido de forma
inconsciente em grande medida.
Ao cairmos em determinada situação, o fazemos como resultado de termos
enveredado naquela direção anteriormente. Se houvéssemos enveredado em outras
direções, estaríamos agora em outras situações (efeito borboleta).
Convém sempre prestar atenção nos possíveis desdobramentos futuros de nossos
atos grandes e pequenos, para evitar aquilo que possa prejudicar a nós ou aos outros.
Assim evitamos adquirir dívidas kármicas.
Se uma pessoa briga com outra, isso se deve a que ambos enveredaram por este
caminho em um passado recente ou distante. Se não houvessem de modo algum entrado
na via conflitiva no passado, não estariam agora em conflito, o conflito não seria
possível.
Podemos evitar desentendimentos com a parceira, com familiares ou amigos
antecipando-nos e os evitando. Antes que um conflito se estabeleça, há muitos sinais que denunciam o fato de estarmos enveredando por aquele caminho. Parece-me melhor
prevenir do que remediar, embora necessitemos conhecer, também, os meios de
remediação.
Para mudar o rumo da nossa vida, temos que começar evitando os erros antes
que surjam e nos desviando de caminhos destrutivos. Isso vale para coisas grandes e
pequenas. Se não consigo abster-me de um copo de álcool quando estou em um bar,
então não devo entrar no bar. E se não consigo evitar entrar em um bar quando me
encontro com um amigo, então não devo encontrar este amigo, pelo menos até o dia em
que eu esteja curado deste vício e possa, então, influenciá-lo para que vá comigo a
outros lugares melhores.
Qualquer ato ou situação destrutiva pode ser analisado em busca de suas origens.
Um homem pode beber porque encontra um amigo e pode encontrar um amigo sempre
que vai a determinado local. Mas poderá ir àquele local sempre que queira algo
específico, que aparentemente nada tenha a ver com o amigo ou com o vício. A cadeia
de eventos que se sucedem no tempo em relação causal não tem um limite definido.
A morte dos detalhes nos oferece a oportunidade de desviar completamente o rumo
existencial programado pelos egos de acordo com a lei de recorrência, lançando-nos em
um caminho cuja direção, a partir dali, será determinada conscientemente em grande
medida.
Pequenos atos, aparentemente inofensivos, podem ter graves desdobramentos
indesejáveis. Daí a importância de nos vigiarmos.
A manifestação de um pequeno detalhe abre caminho para a manifestação de
outros defeitos, cada vez maiores e mais graves. É muito mais fácil evitar o primeiro
deslize do que sair da lama após estarmos atolados até o pescoço. Porém, se já estamos
atolados na lama, e este é o caso da maioria de nós, temos que evitar afundar ainda mais
e também evitar trilhar este caminho na próxima oportunidade, a qual surge todos os
dias.
Aqueles que todos os dias trilham este caminho para o “atolamento total na
lama”, reforçam este caminho e o tornam mais e mais largo. Mas possuem também,
todos os dias, a oportunidade de não começar a trilhá-lo e aí reside a chave para sua
salvação. Devem descobrir o antes do antes, onde se localiza o ponto em que se iniciou
a trilhá-lo, antecipar-se ainda um pouco mais e manter-se ali. Naquele ponto de início
do ato delituoso encontra-se um importante detalhe a ser vigiado.
Uma seqüência de atos que, um após o outro, nos aproximam mais e mais de
uma catástrofe tem seu início em algo aparentemente inofensivo. Ali reside o ponto
inicial sobre o qual devemos operar.
Para nos livrarmos das garras de um comportamento destrutivo, temos que
conhecer suas causas. No nível tridimensional do mundo físico, tais causas radicam nos
atos, pensamentos e situações que antecederam o comportamento no tempo e que
deveriam ter sido evitados. Se o fossem, não teríamos chegado à situação atual.
O que importa é começar uma nova vida. E não se pode começar uma nova vida
quando se preserva os elementos que originaram a antiga vida indesejável.
Para começar um nova vida, temos que alterar aquilo que está originando os problemas na
vida atual. Em alguns casos, vale a pena mudar de casa, estreitar amizades com pessoas
diferentes daquelas com que nos associamos para originar os problemas, fazer coisas
novas e deixar de fazer as coisas antigas que sempre resultaram, em uma cadeia muitas
vezes longa de eventos, em situações catastróficas para nós ou para nossos semelhantes.
No caso do amor, entendo que não devemos nos envolver com uma pessoa que
torne a nossa vida pior. Devemos nos envolver com alguém que nos permita tornar sua
vida melhor ou então procurar outra pessoa para um relacionamento amoroso. E se o
desejo de nos envolvermos com pessoas complicadas for muito forte, temos que
descobrir onde estão as causas deste desejo (o porquê, antes do porquê, que estava antes
do porquê...). Temos que retroceder até onde sejamos capazes.
Não nutrir os defeitos
É fundamental cortar a alimentação dos defeitos que almejamos dissolver. Corta-
se a alimentação evitando-se as situações que os favoreçam. É contraditório permitir-se
cair em situações favoráveis aos desejos ao mesmo tempo em que se objetiva eliminá-
los. O pretexto de lançar-se a tais situações com o intuito de observar o Ego é uma
armadilha do mesmo para subsistir pois se trata de um uso equivocado do ginásio
psicológico. Lançar-se ao ginásio para “desfrutar” do sabor dos acontecimentos, ao
invés de descobrir tais desfrutes fascinatórios para nos apartarmos deles, nos leva a uma
escravização ainda maior aos “eus”.
Portanto, o mesmo ginásio psicológico que serve à descoberta e à liberação da
alma pode servir para o seu encarceramento se for tomado de forma errônea.
Uma pessoa viciada em películas pornográficas não conseguirá se libertar das
mesmas se continuar a assistí-las sob o pretexto de “estudar a luxúria”. Na verdade, não
estará estudando nada porque estará identificado. Um viciado em drogas não conseguirá
se libertar do vício se continuar se encontrando com seus amigos viciados sob o
pretexto de “estudar seu próprio vício. O que eles deveriam fazer? Descobrir os
elementos psíquicos que iniciam tais processos auto-destrutivos, eliminá-los e desviar
totalmente o rumo de seus caminhos. O viciado em pornografia deveria não mais passar
perto de bancas de jornais ou cinemas, o viciado em drogas deveria mudar de cidade e
travar amizades com outras pessoas. Assim, evitando as causas, livramo-nos das
conseqüências.
De nada adianta lutar contra os defeitos, observar os pensamentos etc. se os
estamos fortificando a todo momento por canais insuspeitados.
Em suma, interrompemos a alimentação dos defeitos e ocasionamos o seu
definhamento quando nos acostumamos a reagir imediatamente à sua tênue
aproximação, não permitindo que o mesmo se instale. A aproximação do mesmo em
qualquer centro é rapidamente detectada por aquele que se encontra em estado de alerta.
Momentos a aproveitar
Há momentos em que as paixões e desejos arrefecem e nos deixam em paz,
temporariamente. Esses são momentos em que devemos trabalhar intensamente sobre
esses elementos psíquicos para enfraquecê-los, afastando da mente todos os pensamentos relacionados e nos apartando de situações que costumam nos levar ao
fundo poço. Antes que os momentos indesejáveis retornem, isto é, antes que os desejos
e paixões contra os quais estamos lutando nos importunem novamente, temos que trilhar
outros caminhos que nos conduzam a direções diferentes e evitar os mesmos caminhos
viciados, pelos quais sempre terminamos atolados até o pescoço.
Os momentos de arrefecimento costumam suceder à satisfação dos desejos (o
que não significa que devamos nos entregar à satisfação para provocá-los). São
momentos em que chega realmente a parecer que não seremos mais atormentados pelos
indesejáveis impulsos novamente e que estamos definitivamente satisfeitos, para
sempre. Entretanto, o equívoco de tal idéia não demora por se revelar: após um lapso de
tempo, curto ou longo, a insatisfação retorna e o desejo pressiona novamente por
satisfação. Aqui há um ponto importante a ser considerado.
Acontece que o retorno do desejo não se dá de forma abrupta. Antes de sermos
sacudidos novamente pelo impulso propriamente dito, surgem pequenas reminiscências,
pequenas recordações, pensamentos ou atos que marcam o início da manifestação que
logo se repetirá. Tais reminiscências sutis e quase imperceptíveis não são difíceis de
desintegrar por não terem ainda tomado força. Se nos mantivermos vigilantes contra as
mesmas muito antes que apareçam, antecipando-nos à manifestação, podemos detectá-
las no exato momento em que principiam a brotar e reagir imediatamente. De que
maneira devemos reagir? Rompendo a identificação e orando pela desintegração
daquele impulso, o qual ainda é sutil nesse nível de manifestação. O fato da manifestação ser ainda débil facilita imensamente a dissolução, motivo pelo qual é
sumamente importante não permitir que a mesma se fortifique e cresça, o que se verifica
rapidamente após poucos segundos de negligência. Basta que permitamos que um
simples pensamento delituoso se instale para que logo não consigamos nos livrar dos
seus resultados nefastos.
Pelo caminho acima descrito, podemos libertar nossa alma dos desejos sexuais
perigosos, das paixões amorosas violentas, dos ciúmes destrutivos, da ira, do trágico
ódio e de todos os impulsos negativos e prejudiciais que fazem adoecer a nós ou ao
próximo. Sem libertar a alma dos impulsos animais, não é possível transcender os
infernos da relação amorosa e nem tampouco outros infernos psicológicos correlatos.
Quem não emancipa sua alma fica preso aos sofrimentos internos, entre os quais o
sofrimento amoroso.
A mente é um problema
A mente é a grande inimiga do ser humano. Sofremos porque pensamos. As
paixões se fortificam e nos dominam porque pensamos. Pensar, lembrar e imaginar são
formas de fortificar o desejo. O desejo tem a mente como fundamento. Se não
lembramos, não desejamos. Desejamos porque pensamos. Por isso a quietude da mente
é nossa preocupação contínua e principal.
Mas há pensamentos insistentes que voltam, voltam e voltam, trazendo seus
desejos consigo. A minha explicação para isso é a seguinte: tais pensamentos são o
produto secundário de pensamentos primários ocultos. Em outras palavras: pensamentos
que não enxergamos ou não damos importância (por parecerem inofensivos) abrem caminho para outros pensamentos, cujo caráter prejudicial nos incomoda e nos preocupa. Antes de um pensamento insistir, é precedido por outros pensamentos precursores. Pensamentos inocentes abrem espaço em nossa mente para pensamentos
piores. Daí a importância de vigiar.
A libertação da alma está no esquecimento.
Vigiando a mente, nos antecipamos aos maus pensamentos e, consequentemente, aos desejos que os mesmos trazem.
Prejuízos dos desejos
Temos visto, através da televisão e dos jornais, como os desejos conduzem as
pessoas à desgraça. E quanto mais nos ocupamos com os mesmos desejos, tanto mais os
reforçamos. Quanto mais nos debatemos, tanto pior. Quanto mais nos entreguemos,
igualmente pior. A solução está em um terceiro caminho, que é o da morte do Ego
(observação sem identificação, acompanhada de compreensão e oração).
É um erro tentar conter ou reprimir nossas próprias atitudes ao mesmo tempo em
que as reforçamos com pensamentos e lembranças. Para dissolver a paixão, temos que
descobrir em nós mesmos tudo o que esteja relacionado a ela e nos apartar de tudo isso.
Uma causa do fracasso
Uma das razões pelas quais fracassamos em superar nossos defeitos é a
interrupção da vigilância e/ou da devoção.
Há momentos em que somos absorvidos pelas preocupações mundanas do dia a
dia e nos esquecemos da dedicação integral ao Espírito. São momentos em que nos
distraímos com compromissos que nos parecem muito importantes, mas que no final das
contas não servem para nada.
Os momentos de negligência são também chamados de “noite espiritual”. Os eus
se fortificam sutilmente em tais fases obscuras e irrompem com tudo repentinamente,
arrastando-nos sempre um pouco mais para o fundo do poço. Nos momentos da noite,
temos a impressão que tudo está bem e que não necessitamos cuidar da vigilância e da
oração. Então os resultados nefastos não demoram.
A solução para tal problema consiste em não permitirmos nunca que a vigilância
e oração arrefeçam, pondo especial cuidado nos momentos em que nos sentimos
seguros.