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Uma Breve História do Homem - Nota sobre custos e benefícios da família
#1
No excelente livro de Hans-hermann Hoppe, está nota se destacou quando o reli. Compartilho as observações muito pertinentes do autor:

Por mais racionalmente motivada que fosse a instituição da família, a transição de um regime de “amor livre” para outro de vida familiar não se deu sem
nenhum custo, e os benefícios e custos associados a ela foram diferentes
para os homens e para as mulheres.
Sem dúvida, do ponto de vista do homem, era vantajoso ter todas as mulheres disponíveis para sua gratificação sexual. Além do mais, isto ampliava enormemente suas chances de sucesso reprodutivo. Ao ter filhos com o mai-
or número possível de mulheres, a probabilidade de seus genes serem transmitidos a
 gerações futuras aumentava. E isto era realizado aparentemente
sem nenhum ônus para ele, uma vez que a responsabilidade de criar as crianças até a maturidade podia ser transferida para a sociedade como um todo.
Por outro lado, se o acesso sexual fosse restrito a apenas uma mulher (no
caso da monogamia) ou a algumas poucas mulheres (no caso da poligamia),
suas chances de gratificação sexual e de sucesso reprodutivo eram reduzidas.
Além disso, os homens passaram a ter de pesar e de comparar os prós (benefícios) e os contras (custos) do sexo e da procriação – algo que até então não
tinham que fazer. Por outro lado, os homens primitivos também não podiam deixar de notar, ainda que ocasionalmente, que até num regime de amor livre
as chances de gratificação sexual e de sucesso reprodutivo não eram, de
modo iguais. Alguns homens – os machos-alfa mais fortes e atraentes – tinham muito mais chances do que outros. De fato, como qualquer criador de
animais sabe, basta apenas um macho para manter todas as fêmeas constantemente prenhas. Assim, o amor livre significava, na prática, que alguns poucos homens “tinham” a maior parte das mulheres, especialmente as mulheres
mais atraentes e com maior apelo reprodutivo, e eram pais da maior parte
dos descendentes, enquanto a maioria dos homens tinha a obrigação questionável de ajudar a criar os filhos de outros homens. Seguramente, a mais tênue constatação deste fato deve ter se apresentado como uma ameaça permamente a qualquer solidariedade intratribal, e, em especial, a qualquer solidariedade entre os homens necessária para, por exemplo, defender-se de tribos
rivais; e esta ameaça deve ter se intensificado à medida que a população ultrapassava seu tamanho ideal. Em contrapartida, a instituição de uma família
monogâmica e, em menor escala, de uma família poligâmica ofereceu a cada
homem uma chance mais justa de sucesso reprodutivo, criando assim um incentivo bem maior para que cada homem se envolvesse com o comportamento cooperativo e investisse nele.
A questão muda significativamente do ponto de vista feminino. Afinal, são as mulheres que sofrem o risco da gravidez associado à relação sexual; são
elas que ficam especialmente vulneráveis durante a gravidez e após o parto.
Além do mais, são as mulheres que têm um laço natural único com os filhos;
pois, embora sempre possa existir alguma dúvida quanto à paternidade, nenhuma dúvida é possível no que diz respeito à maternidade. Toda mulher
sabe quem são seus filhos e quem são os filhos de outras mulheres. À luz destes fatos naturais, a principal vantagem de um regime de amor livre, do
ponto de vista feminino, torna-se aparente. Devido ao maior risco e ao investimento associado ao sexo para as mulheres, elas tendem a ser mais seletivas
no que diz respeito ao seu parceiro sexual. Logo, para aumentar a probabilidade de seu próprio sucesso reprodutivo, elas demonstram forte preferência
por parceiros sexuais que pareçam saudáveis, fortes, atraentes, inteligentes
etc., isto é, em suma: por machos-alfa. E, como os homens são menos criteriosos em sua seleção de objetos sexuais, sob um sistema de amor livre até as
mulheres menos atraentes podem ter uma expectativa realista de conseguir
acasalar ocasionalmente com alguns dos homens mais atraentes e, por consequência, ter possibilidade de passar os genes “superiores” destes homens
para seus próprios descendentes. Obviamente, esta vantagem desaparece assim que a instituição da família substitui um regime de amor livre. Cada mulher agora tem obrigação de tentar sua sorte reprodutiva com apenas um ou talvez alguns poucos grupos de genes masculinos, e, na maior parte dos casos, estes genes não figuram entre os melhores. O que as mulheres obtêm de
vantajoso a partir do casamento, então? Muito pouco, pareceria, desde que a
população se mantivesse em torno de seu tamanho ideal e a vida da tribo caçadora e coletora se caracterizasse por conforto e abundância. Isto mudava,
no entanto, assim que a população ultrapassava este ponto ideal. Quanto mais a população superava o tamanho ideal, mais intensa se tornava a com-
petição pelas ofertas limitadas de alimento. Qualquer solidariedade entre as
mulheres que existisse antes acabava então por ser enfraquecida. Naturalmente, cada mulher tinha interesse em assegurar seu próprio sucesso reprodutivo e ajudar seus filhos a atingir a maturidade, entrando assim em conflito com todas as outras mulheres e seus filhos. Até matar o filho de outra mulher, para melhorar a perspectiva de sobrevivência de seus próprios filhos,
passava cada vez mais a ser uma opção a ser considerada, nesta situação. (A
propósito, o mesmo tipo de competição entre mulheres por sucesso reprodutivo ainda prevalece, até certo ponto, dentro da estrutura das relações poligâmicas, e explica algumas das tensões e instabilidades peculiares inerentes a essas relações). Nesta situação, cada mulher (e seus filhos) tem necessidade
crescente de proteção pessoal. Mas quem estaria disposto a fornecer esta proteção? A maior parte das crianças tem o mesmo pai – entre os poucos machos-alfa com chances de procriação maiores que a média –, mas tem mães diferentes. Por consequência, não se pode esperar que a proteção de uma
mulher e de seus filhos em relação a outra mulher venha do pai das crianças,
porque muitas vezes o pai de crianças de mães diferentes é o mesmo. Tampouco se pode esperar que venha de outro homem; pois por que um homem
ofereceria proteção e apoio pessoal a uma mulher que manteve relações sexuais com outros homens e cujas crianças são filhas de outros homens, especialmente se os descendentes destes outros homens representassem uma ameaça ao seu próprio padrão de vida? Uma mulher só poderia obter proteção pessoal de um homem ao abrir mão de todas as vantagens do amor livre e se comprometer a conceder seus favores sexuais exclusivamente a esse homem, conseguindo assim garantir que os filhos gerados por ela também fossem seus.
Perspectivas distintamente masculinas e femininas não existem apenas no que diz respeito ao próprio estabelecimento da instituição da família, mas
também quanto à importância da fidelidade marital na manutenção de sua
estabilidade. A diferença entre o raciocínio masculino e o feminino neste
ponto tem origem no fato natural de que, ao menos até o desenvolvimento
recente de testes genéticos confiáveis de paternidade, a identidade da mãe de
uma criança sempre era conhecida com um grau de certeza que era indisponível e inatingível para a do seu pai. Como diz a sabedoria popular: bebê da
mãe, talvez do pai (“mother’s baby, father’s maybe”). Este fato fez com que
mais uma vez, de maneira um tanto “natural”, fossem geradas expectativas
significativamente diferentes – assimétricas – quanto à conduta conjugal
apropriada (e inapropriada) masculina e feminina. Obviamente, para que a
estabilidade da instituição da família fosse garantida, qualquer forma de infidelidade conjugal tinha de ser reprovada socialmente; mas a reprovação tinha de ser mais acentuada, e suas sanções muito mais severas, no caso da infidelidade feminina, em comparação com a infidelidade masculina. Embora
isto possa parecer “injusto”, era, na realidade, algo muito racional e de acordo com a “natureza das coisas”, já que a infidelidade feminina envolvia um
risco muito maior para os maridos traídos do que a infidelidade masculina
envolvia para as esposas traídas. A infidelidade de uma esposa pode ser o
primeiro passo para o divórcio de seu marido, assim como a infidelidade de
um marido pode ser o primeiro passo para o divórcio de sua esposa; neste
ponto, a situação é a mesma (simétrica) em ambos os casos, e o “pecado” cometido é igualmente grave. No entanto, se e na medida em que a infidelidade
conjugal não leve ao divórcio, o “pecado” cometido por uma mulher deve
ser considerado muito mais grave que o cometido por um homem; porque relações sexuais extraconjugais podem levar a uma gravidez, e, caso uma mulher
que engravidou de uma destas relações permaneça com seu marido, surge o perigo real de que ela possa sucumbir à tentação de apresentar este filho
ilegítimo a seu marido como se fosse dele próprio, enganando-o assim e fazendo com que ele sustente o filho de outro. Não existe o mesmo perigo na
situação inversa; nenhum homem pode tentar impingir seus filhos ilegítimos à sua esposa sem que ela saiba a verdade do ocorrido. Vem daí o maior estigma social associado à infidelidade feminina, quando comparada à masculina.
(Incidentalmente – e, da mesma forma, racionalmente – no caso da infidelidade masculina faz-se uma distinção semelhante: a ofensa é considerada
mais grave se o um homem tiver uma relação extraconjugal com uma mulher
casada do que se ele o fizer com uma mulher solteira; pois, no primeiro caso,
ele está se tornando cúmplice em potencial de um ato de traição por parte da
mulher, enquanto no segundo isto não ocorre. Da mesma forma, como maneira de reconhecer esta instituição, e para se conformar ao impulso sexual
um tanto indiscriminado masculino, a prostituição se tornou uma instituição social quase universal).
  • Sem a visão de um objetivo um homem não pode gerir a sua própria vida, e muito menos a vida dos outros.
Leia: Nuvem de Giz
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