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A História do Protestantismo - parte 3
#1
A História do Protestantismo - parte 3
Postado por Major Lobo Honrado.

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Leia aqui as partes 1 e 2

Com o decorrer do século 17, alguns protestantes reformistas e luteranos começaram a se queixar do caráter da fé e da sua vida religiosa que surgia dos esforços que competiam para definir a ortodoxia. Esses críticos foram chamados de pietistas. O pietismo gerou uma grande quantidade de atividade prática incluindo atenção a questões sociais como educação, auxílio aos pobres, abolição da escravidão e temperança. O esperimento religioso inglês terminou quando a monarquia inglesa foi restaurada por Carlos II, em 1660 e a religião anglicana foi rapidamente restabelecida. Os protestantes fora da Igreja inglesa tornaram-se oficialmente conhecidos dessidentes e o Ato de Tolerência de 1689 permitiu seus cultos. O ressurgimento evangélico ocorreu em circunstâncias bem diferentes na Europa, na Grã-Betanha e nas colônias britâncias na América. Um historiador identificou quatro propriedades da religião evangélica. Primeiro, seu interesse na conversão ao cristianismo, baseado na crença de que vidas precisam ser mudadas. Segundo, a mensagem do Evangelho é expressa no esforço tanto pessoal como social. Terceiro, também há grande consideração pela Bíblia. E, finalmente, a visão evangélica da expiação enfatiza que não basta reverenciar Jesus como líder espiritual. Os evangélicos proclamam que Jesus foi um Salvador que foi sacrificado na cruz pelos pecados da humanidade.

Uma das formas mais importantes de evangélicos do século 18, foi o movimento metodista, fundado e liderado pelo anglicano João Wesley. O entendimento de Wesley da mensagem e da tarefa cristã, refletia em vários aspectos dos ideais do pietismo. O movimento de Wesley visava renovar as instituições existentes em vez de estabelecer uma nova instituição religiosa. Centrava-se nos leigos e pregava o crescimento na santidade, mais do que a correção teológica. “Para Wesley, o coração do cristianismo é o amor a Deus e o amor ao próximo. Sua preocupação principal não era com uma compreensão intelectual da fé, mas preocupava-se em viver a fé na vida das pessoas.” (Kenneth L. Carder – Bispo da Igreja Metodista – Igreja Metodista Unida – Espaço Episcopal Nashville). Mas em vários pontos Wesley foi além do que os pietistas tinham ido um século antes. Ele acreditava que todo ser humano tem um papel em sua salvação. Isso significava que ele opunha à doutrina da predestinação. Sobre a questão de se a graça de Deus é oferecida só a alguns ou a todos, Wesley entrou em discórdia com os calvinistas. “Pela sua crença na ‘graça divina universal, para todos e em todos’, citando as sua palavras, ele assim propagou a mensagem do amor redentor de Deus por todas as pessoas: juntou pessoas em pequenos grupos, educou-as na fé e então enviou pessoas para a América, para continuar aquele movimento. Ele não tinha intenção de iniciar uma nova igreja. Ele somente estava interessado em espalhar a santidade das Escrituras pela Terra.” (Kenneth L. Carder – Bispo da Igreja Metodista – Igreja Metodista Unida – Espaço Episcopal Nashville). “O quadro ‘Ofereça-lhes Cristo’ foi feito com tamanha pesquisa que é como se pudéssemos voltar ao final do século 18 e ver João Wesley enviando Tomás Coke para a América. A pesquisa é tão completa, que o Sol está na posição correta, às nuvens corresponde à época do ano, o nível da água está correto e, felizmente, o pintor pôde ir até a Inglaterra e examinar esta área específica. Assim ele pôde examinar, estudar e retratar as coisas com precisão.” (Katheryn Kimball).

Wesley organizou pequenos grupos por sexo e estado civil. Também desenvolveu uma organização de pastores para viajar entre as comunidades metodistas.

João Wesley morreu em 1791. Durante a sua vida, o movimento metodista permaneceu parte da Igreja Anglicana. Mas, após sua morte, aos poucos foi se tornando uma religião à parte.

Um culto protestante típico possui leitura da Bíblia, orações, sermão e canto de toda a congregação. Mas o que os protestantes cantam e como o fazem, mudou consideravelmente com o passar dos séculos.

Durante o século 16, os primórdios do protestantismo: o canto geralmente envolvia canções métricas. Os primeiros protestantes só aceitavam orações contendo as próprias palavras de Deus. Assim, diziam que o saltério era o hinário cristão por excelência. Mas, embora a salmodia fornecesse hinos clássicos, como o Salmo 100, apenas algumas variações dos textos antigos podiam ser usadas.

Wesley se impressionou com o poder da música de mover os ouvintes e de despertar suas emoções. E o movimento metodista aproveitou-se ao máximo dessa oportunidade. Ele recomendava a construção de capelas octagonais, pois a acústica delas era boa para pregar e cantar. João Wesley estava plenamente ciente de que música exagerada ou inapropriada poderia afastar as pessoas da intenção espiritual adequada. Assim, ele propôs que só canções e hinários autorizados deveriam ser utilizados em encontros metodistas.

O irmão dele, Carlos, escreveu milhares de versos metodistas sobre uma ampla gama de assuntos. “Se você quiser saber de fato no que os metodistas crêem, descobrirá melhor lendo e ouvindo os hinos de Carlos Wesley do que de qualquer outro jeito, e a teologia que será cantada é uma teologia que terá impacto sobre a sociedade e as pessoas. Os hinos mais conhecidos talvez sejam familiares a todos os cristãos. ‘Hark! The Herald Angels Sing’. ‘Christ The Lord Is Risen Today’. ‘O for a Thousand Toungues to Sing’. ‘Love Divine, All Loves Excelling’. São do tipo de palavras, hinos e canções que penetram fundo na alma e essência das pessoas e da sociedade inteira.” (Kenneth L. Carder – Bispo da Igreja Metodista – Igreja Metodista Unida – Espaço Episcopal Nashville).

Os hinos protestantes floresceram no século 19. Os hinos e canções apoiavam causa de organizações voluntárias, tais como sociedades missionárias e grupos de temperança. Hinos seriam adaptados a eventos como cultos de “reviva”. As convicções básicas de uma comunidade religiosa também podiam ser forçadas e lembradas pela música, que, por sua vez podia ser adaptada para diferentes ambientes.

A Igreja Anglicana dominava as primeiras colônias americanas na Virgínia do século 17. Como veremos mais tarde, o anglicanismo também dominaria as futuras colônias sulistas.

Nas colônias centrais, povoados em Nova York e New Jersey eram reformistas ou presbiterianos escoceses-irlandeses. Os quakers estabeleceram-se na Pensilvânia. Tal mistura gerou mais diversidade religiosa nas colônias centrais do que nas outras colônias.

As colônias puritanas no norte privilegiaram um meio-termo. Elas não eram nem sectárias nem episcopais. Mas um agregado de congregações individuais, cujos os membros comandavam a comunidade. Elas se estabeleceram na Nova Inglaterra visando a estabelecer um experimento sagrado que se tornaria uma luz para as nações.

A conversão ao puritanismo incluía uma série de estágios pelos quais as pessoas deveriam passar. Mas mal haviam começado e já surgiram os desafios e dissidência.

Roger Willians, um pastor puritano, opôs-se à mistura de autoridades civil e religiosa em sua colônia de Massachusetts. Willians foi banido, e iniciou a colônia de Rhode Isaland com uma base religiosa bastante diferente.

Anne Hutchinson acusou pastores de tornarem as obras humanas parte de um processo de conversão. Sua acusação penetrou fundo no coração da teologia puritana. Hutchinson foi julgada diante dos pastores e também foi banida.

Mais tarde, os quakers chegaram à colônia de Massachusetts para pregar sobre a obra do Espírito Santo e para defender a tolerância de crenças dissidentes. Eles também foram banidos. Alguns dos quakers banidos voltaram a Massachusetts e, na segunda prisão, foram encarcerados ou enforcados.

Em 1742, o pastor congregacional da Igreja de Northampton, Jonathan Edwards, escreveu sobre o que as pessoas chamavam de “um grande despertar nas colônias”. O despertar da América foi parecido com o europeu, mas foi tão trágico que Edwards começou a achar que Deus fazia algo especial na América. Uma renovação da religião agora se centrava na conversão daqueles fora da Igreja e na separação daqueles que ainda não tinham sido convertidos.

Fortes opiniões sobre tais questões dividiram os presbiterianos entre a chamada “facção nova”, que defendia o despertar e sua oponente “facção antiga”. Este cisma presbiteriano persistiu por volta de 20 anos. No final, o Grande Despertar provou ser um dos movimentos mais influentes da História americana.

No século 18, o sul dos EUA continha apenas as 4 colônias de Virgínia, Carolina do Norte, Carolina do sul e Geórgia. Todas, menos a Virgínia, recentemente assentadas. Mas as tradições que se iniciaram no sul acabaram por causar grande impacto sobre o protestantismo dos EUA. Batistas e metodistas no sul chamavam-se de irmão e irmã, e incluíam escravos em suas famílias religiosas. Os sulistas se concentravam mais em questões de santidade pessoal frequentemente condenando danças e bebida. Eles tentavam reproduzir a instituição religiosa anglicana na que se tornaria conhecida como Igreja Episcopal nos EUA.

O novo estilo religioso dos despertares do século 18, transformou o convívio entre as raças negra e branca. Os evangélicos no Sul dos Estados Unidos em geral, acolhiam bem todos os tipos e condições de pessoas incluindo pastores negros, que viraram líderes de comunidades religiosas, principalmente batistas e metodistas.

Muitos evangélicos eram contra a escravidão. Mas no início do século 19, o evangelismo branco recuou em suas posições antiescravagistas e o evangelismo negro seguiu por uma trilha distinta. “Em novembro de 1786, a ruptura mais drástica, com a igreja mãe, a Igreja Metodista de São Jorge, na Filadélfia; ocorreu quando Absalom Jones, William White e Richarde Allen tentaram ajoelhar e orar no altar. Os diáconos da igreja, que era predominantemente branca os retiraram fisicamente e a congregação, o segmento negro da congregação, sentiu-se ultrajado. E eles, de um modo bem dramático, se retiraram. Em decorrência disso, entre 1787 e 1791, uma Igreja, sob o nome de The First Church Mother Bethel, na Filadélfia, nascia.” (Rovert. D. Taylor, Jr. – Escritor, Historiador e Ministro de Música – Mother Liberty C.M.E. Church).

O novo estilo religioso do século 19 era cada vez mais baseado em valores democráticos. Algo que os metodistas e batistas possuíam em abundância. Em seus pastores, eles queriam entusiasmo mais que educação, e encorajavam a participação dos leigos em todos os aspectos da obra, incluindo a pregação.

Os pastores itinerantes adaptaram-se bem à expansão da fronteira ocidental. E a ênfase metodista e batista no livre-arbítrio em vez de predestinação, encaixou-se ao espírito da nação.

Tal panorama se tornou a base para uma nova onde de “revivals” no primeiro terço do século 19. E energia espiritual dos “revivals”, espalharia novas denominações como a Igreja Presbiteriana de Cumberland e a Igreja Cristã ou Discípulos de Cristo. “O fenômeno que estava tomando o Kentucky naquela época foi o segundo grande despertar, em especial o grande “revival” em Cana Ridge, em agosto de 1801 e acabou por ser o mais climático e grandioso de todos os “revivals”. Havia pessoas de todas e de nenhuma convicção religiosa. Mas um fenômeno surgiu que ainda nos causa espanto hoje, como causava naquela época. As pessoas surpreendiam-se fazendo exercícios espirituais. Algumas rolavam no chão, algumas latiam como cães, algumas tinham grandes surtos de gargalhadas. É um mistério, mas quem pode explicar tudo que se relaciona com o Espírito? Porém, há um acordo e é o poder desse momento de transcender as divisões entre denominações. Presbiterianos ouvem metodistas, metodistas ouvem batistas. Que bom era estar em comunhão no mesmo espírito na adoração de Deus.” (Peter Morgan – Presidente da Sociedade Histórica dos Discípulos de Cristo).

Normalmente, mulheres não podiam se tornar líderes protestantes. Mas muitas participavam daquele entusiasmo, empregando-o a seu modo. Francês Willard organizou mulheres para apoiar a temperança. Algumas mulheres, como Jarena Lee, reivindicaram o direito de pregar.

A chamada Era Moderna tem sido caracterizada com termos sugestivos, tais como “liberal” e “democrática”. Foi a época do desenvolvimento de impérios industriais e complexos urbanos.

A modernidade também foi caracterizada por ideias que incluem o capitalismo, o nacionalismo, o colonialismo e o darwinismo. Para os protestantes, a Era Moderna foi cheia de oportunidades e ansiedade. Protestantes liberais acreditavam que a fé religiosa é consistente com a crítica acadêmica. E que se pode descartar muito das velhas tradições, a fim de preservar a essência da mensagem cristã. Para os liberais, a pior coisa que os cristãos podiam fazer seria proteger ou isolar a Bíblia de seus críticos. Assim, para os protestantes liberais a Bíblia é um livro humano e histórico assim como a religião é um fenômeno humano.

O século 19 também testemunhou em ressurgimento conservador. E não apenas entre carolas (devotos) antiquados do tipo que interpretam literalmente os relatos da Criação no Gênese.

Os liberais alegavam que o homem tem a capacidade de conhecer o desejo de Deus. Os conservadores argumentavam o contrário: que Deus só é conhecido por meio da revelação bíblica.

Textos bíblicos mencionam o chamado “fim dos tempos” e espera-se que Jesus Cristo volte em glória.

Pré-milenaristas acreditavam que nos aproximávamos desse milênio. Rejeitavam a esperança liberal nas possibilidades humanas na Terra. Eles alegavam que a volta de Cristo seria um cataclisma carregando os crentes para fora do mundo para estar com Deus. “E eu vi o céu aberto: apareceu um cavalo branco e o seu cavaleiro se chama Fiel e Verdadeiro. Ele julga e combate com justiça.” (Se baseiam nesse versículo alguns pastores dessa linha teológica.).

Algumas visões milenaristas geraram novas religiões no século 19. A mais notável foram as igrejas adventistas que surgiram após um fazendeiro de Nova York, William Miller, prever que Cristo voltaria em 1844. Liberais e conservadores coexistiam sob a mesma denominação. Nos pontos extremos do debate, houve discussões notáveis incluindo cismas de denominações e até julgamentos de heresia. Mas tais conflitos não geraram grandes reajustes institucionais.

No século 20, o movimento ecumênico remodelou o juízo cristão sobre outras religiões. A postura antiga de rejeitar e condenar religiões não-cristãs foi questionada. A mensagem evangélica tradicional de simplicidade e clareza centrada na confiabilidade na Bíblia e na Salvação em Jesus Cristo, atraiu muitos seguidores na metade final do século 20.

Da mesma forma que os protestantes conservadores apoiaram causas politicamente conservadoras, também protestantes liberais atuaram ativamente a favor de causas politicamente liberais. Questões como homossexualismo, aborto, política externa e ambientalismo tornaram-se polêmicas religiosas. Elas invocam poderosos ideais e compromissos religiosos, quando cristãos deparam-se com questões que inflamam a vida política moderna.

“Protestante” é um termo amplo e flexível. Se indagarmos, poucos membros de igrejas protestantes se identificariam primeiro como “protestantes”.

Uma provável primeira descrição seria “cristão” ou nome de uma denominação específica ou adjetivos definidores, como “evangélico” ou “pentecostal”. Vários protestantes têm diferentes visões da natureza da igreja, do ministério, do culto e da autoridade religiosa. Eles celebram o batismo e a comunhão de modos diferentes e associam diferentes significados a esses dois sacramentos. E, apesar da diversidade das ideias protestantes ou da volatilidade que isso traz os compromissos fundamentais continuam a dar significado e vitalidade a essa grande e mundial expressão da religião cristã.

Espero que essa série tenha sido de edificação para o leitor. Que Deus Abençoe abundantemente a sua vida.

Um grande abraço em Cristo Jesus.


Este texto faz parte do projeto: Segunda das Relíquias Perdidas.
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