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[Reflexão] Não se feche a novas (e velhas) ideias
#1
Esses dias tava lendo esse post do Rick: https://legadorealista.net/forum/showthr...#pid103572

Acho que entendo onde o comentador quer chegar. E pensando nisso cheguei numas reflexões que deixo pra hoje. 

I)

Esse ponto do comentário sempre foi exatamente esse um dos apelos que faço para que a gente continue sempre se esforçando para poder nunca entrar numa zona de conforto por tempo demais e continuar evoluindo as discussões, tornando elas mais especializadas, trazendo novos temas, fomentando novas narrativas, etc.

No fundo muito cara dito red pill e até black pill pode ser libertado da Matrix da sociedade, mas é preso na Matrix das suas próprias ideias. A pessoa está longe da ilusão sonífera, mas ainda está longe de ter uma visão da realidade, vive tendo essas alucinações.

Ao invés de ter esse conhecimento como uma base pra construir outros, usa ele como um fim em si. Acaba se limitando naquilo lá e torna isso a sua verdade pessoal e absoluta. Isso é mais comum do que parece, mesmo aqui em comunidades realistas.

No fim eu acho que todo mundo procura uma "verdade" para se apegar, algo que o deixe conformado com a situação atual do seu estado de espírito. Não recrimino, isso acontece comigo também. A vigilância precisa ser constante.

Com o tempo e cristalização das ideias na mente, com tanto reforço positivo e viés de confirmação durante anos, o sujeito vai ficando mais cabeça dura e fica progressivamente mais difícil do cara se adaptar a novas ideias e conhecimentos.

Não preciso nem dizer como isso é daninho, como a pessoa rapidamente fica defasada para os novos conhecimentos que surgem todo dia e para as visões válidas de outras pessoas.

II)

Mini-Relato:

Esses dias encontrei umas velharias limpando a bagunça daqui e reencontro textos meus do passado, do tempo do ensino médio. Não sou de registrar a história do meu pensamento, mas naquela época eu tinha um viés claramente mais esquerdista. Se tratava de uma resenha rápida do filme Die Wellen (A onda) que falava sobre autocracia e os perigos de ideias com viés mais "bigosdista" (Sim... Podem jogar suas pedras agora). Por sinal, o filme é uma boa reflexão e a resenha não ficou de todo ruim, mesmo pra época.

De toda forma me pegou de surpresa como sim, aquilo fazia pleno sentido pra época que eu vivia. Eu tinha já alguma desconfiança com relação a algumas coisas, mesmo tendo uma atitude mais "anti-sistema", eu já tinha um sinal de alerta ligado: a diferença maior que vejo é que hoje questiono o progressismo e uma coisa que desconfiava naquela época se mostrou verdade;:

Criticar demais o tradicional, o senso comum ou o status quo, testado e aprovado pelo tempo, e ainda sem sugerir nada comprovadamente melhor no lugar, é algo prejudicial. Hoje sei que é o caminho que os progressistas usam pra ganhar espaço na guerra cultural.

Esse caso anedótico é só um caso isolado, mas isso me deu um "estalo", me mostrou que ao mesmo tempo eu ainda entendo o que pensei naquela época, eu não estou tão a frente daquilo, então não posso me radicalizar numa dita "direita" e apenas criticar tudo o que dizem ser "esquerda". 

Não preciso negar minha história, como meu pensamento chegou até onde está hoje, como muita gente com algum grau de revolta faz, espancando ou ignorando aquele seu velho eu que talvez ainda more lá dentro de você. O cara que talvez fosse um romântico altruísta, mas que hoje se tornou um ressentido egoísta por que suas crenças foram traídas pela realidade cruel.

Há ideias que tem validade, há boas críticas e razões do lado de lá, há ainda gente de boa fé, talvez inocente, talvez apenas diferente, mas que possivelmente concorda com algo que acredita ser o melhor e mais correto, e talvez por azar só esteja do lado errado da história. E falo isso pra todo esse Fla x Flu ideológico que a gente vive hoje.

Eu acredito que a gente tem que ser pragmático e tentar achar essas poucas pessoas honestas e procurar pontos de consenso mínimo, pra poder trabalhar numa base mínima de sociedade para todos, apesar das divergências. É o que acredito ser o caminho para o avanço.

Me permita só reforçar algo aqui: Não estou dizendo que todo pensamento é válido, que a gente tem que discutir com gente merda ou engolir qualquer porcaria. Nunca. Maioria das ideias podem ser "novas", mas serem péssimas. Estou dizendo que qualquer ser humano mais ou menos racional, dentro de um certo delta, vai ter alguns pensamentos que você deve concordar e que isso deve ser trabalhado.

Antagonizar, rechaçar esquerdistas, mesmo com razão, pode parecer ser algo muito mais interessante, mas não traz avanços pra ninguém, é diversão barata, perda de tempo que não agrega. Quem está disposto a conversar pra talvez mudar de ideia não se meteria em tal confusão pra começo de conversa.

III)

Pra resumir, ficam aqui algumas sugestões que resumem bem o espírito do textão:

1. Não se envergonhe das suas ideias passadas, elas são parte do que você se tornou e mesmo sendo ideias ruins, você deve ter tido um motivo pra acreditar nelas.

2. Da mesma forma, não se deixe cair na zona de conforto, procure novas ideias, desafiar suas próprias concepções de maneira honesta. Mas não falo nem exatamente de viés político (aquilo foi só um exemplo), falo de própria real, dos conceitos que conversamos aqui. O mundo não parou, a red pill tem mais conhecimentos disponíveis hoje, a black pill tem validade limitada, mas tá trazendo algumas discussões na ponta da sua lança que valem a pena serem revistos sem apenas julgar isso como coisa de revoltado ou perda de tempo. Já diria lá o mamãechorei: Vamo questionar tudo.

(Eu entendo: É ruim, é desconfortável para uns, é muito melhor ter uma ignorância, uma mentira ou verdade parcial do que ficar na dúvida, que é paralisadora, mas tente desapegar das suas próprias ideias, veja elas como algo mutável, não como uma verdade inquestionável, não ache que sua vida ou essência depende das suas ideias) 

3.Por outro lado, também não é bom polarizar no ceticismo generalizado ou na crítica de ideias contrárias, é melhor opção trabalhar em consensos comuns, tanto pra desenvolver os raciocínios como pra encontrar algo que seja realmente de valor para você e outras partes envolvidas, se houverem. Quando duas pessoas discordam, algo dificilmente avança. Como diria lá o Rodrigo Pimentel, o Capitão Nascimento do mundo real, certamente terá alguma coisa que você e outras pessoas devem concordar e a mudança social tem que partir disso.

Por hora deixo esse texto. Força e honra a cada dia mais,
Citação:“Fortuna Perdida? Nada se perdeu... Coragem perdida?
Muito se perdeu... Honra perdida? Tudo se perdeu...”

(Provérbio Irlandês)
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#2
(12-02-2023, 02:23 AM)Wild Escreveu: Pra resumir, ficam aqui algumas sugestões que resumem bem o espírito do textão:

1. Não se envergonhe das suas ideias passadas, elas são parte do que você se tornou e mesmo sendo ideias ruins, você deve ter tido um motivo pra acreditar nelas.

    Da sua reflexão eu vou destacar essa parte pois é algo que sempre me questionei, mas nunca vi sendo debatida 
As ideias passadas são importantes, sem duvida, o grande problema é que fora dos portões de nossas casas o que se espera que nós é exatamente o que consta nas primeiras paginas de um livro que estou lendo "O homem domado" , as pessoas esperam que, o que nos fazia ter um certo destaque (minimo que fosse) em nossos primeiros anos de vida, seja uma ampliação para o resto de nossa vida, onde o cara que pensasse muito, imaginasse novas rotas, testasse novas possibilidades, era visto como alguem que merecesse menos confiança, é como se o  homem fosse um caçador com uma arma de apenas uma bala, ele precisa ser o mais certeiro possível e não pode testar outras formas de ataque, cristaliza a sua habilidade e não olha mais para os lados 
    Tenho um grande amigo de infância que estudou comigo da segunda até a quarta série, que vive assim, o cara era praticante de kung fu, praticava musculação, estudante universitário, vem de uma família estruturada e tinha tudo para fazer as melhores escolhas, o problema que ele carregava consigo, era uma inutilidade, era a falta de mulher, um belo dia encontrou uma mulher rustica, que não queria nada com ele, mas percebeu que ele tinha dinheiro, colou no cara e não soltou mais, ele por sua vez, abandonou toda a propria historia (e seu histórico) para viver com essa dona, o cara tinha objetivos de fazer uma MBA, chegar a faixa preta de kung fu, abrir uma empresa com alguns amigos, mas no fim acabou casado com uma mulher fria, fez um filho, engordou, não pratica mais atividades fisicas, e esta ladeira abaixo, dia desses perguntei sobre a MBA e o cara disse que não tem mais cabeça pra isso, pois ele ta velho, enfim, o cara afundou numa matrix e se anulou para a vida, sendo que o melhor dele estava na propria atitude que ele tinha no passado e o pior dele era a dependencia de uma afirmação como se nada do que ele era fosse útil 
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#3
(12-02-2023, 01:31 PM)sombra Escreveu:
(12-02-2023, 02:23 AM)Wild Escreveu: Pra resumir, ficam aqui algumas sugestões que resumem bem o espírito do textão:

1. Não se envergonhe das suas ideias passadas, elas são parte do que você se tornou e mesmo sendo ideias ruins, você deve ter tido um motivo pra acreditar nelas.

    Da sua reflexão eu vou destacar essa parte pois é algo que sempre me questionei, mas nunca vi sendo debatida 
As ideias passadas são importantes, sem duvida, o grande problema é que fora dos portões de nossas casas o que se espera que nós é exatamente o que consta nas primeiras paginas de um livro que estou lendo "O homem domado" , as pessoas esperam que, o que nos fazia ter um certo destaque (minimo que fosse) em nossos primeiros anos de vida, seja uma ampliação para o resto de nossa vida, onde o cara que pensasse muito, imaginasse novas rotas, testasse novas possibilidades, era visto como alguem que merecesse menos confiança, é como se o  homem fosse um caçador com uma arma de apenas uma bala, ele precisa ser o mais certeiro possível e não pode testar outras formas de ataque, cristaliza a sua habilidade e não olha mais para os lados 
    Tenho um grande amigo de infância que estudou comigo da segunda até a quarta série, que vive assim, o cara era praticante de kung fu, praticava musculação, estudante universitário, vem de uma família estruturada e tinha tudo para fazer as melhores escolhas, o problema que ele carregava consigo, era uma inutilidade, era a falta de mulher, um belo dia encontrou uma mulher rustica, que não queria nada com ele, mas percebeu que ele tinha dinheiro, colou no cara e não soltou mais, ele por sua vez, abandonou toda a propria historia (e seu histórico) para viver com essa dona, o cara tinha objetivos de fazer uma MBA, chegar a faixa preta de kung fu, abrir uma empresa com alguns amigos, mas no fim acabou casado com uma mulher fria, fez um filho, engordou, não pratica mais atividades fisicas, e esta ladeira abaixo, dia desses perguntei sobre a MBA e o cara disse que não tem mais cabeça pra isso, pois ele ta velho, enfim, o cara afundou numa matrix e se anulou para a vida, sendo que o melhor dele estava na propria atitude que ele tinha no passado e o pior dele era a dependencia de uma afirmação como se nada do que ele era fosse útil 


A questão de experiências passadas só são úteis se você refletir e descobrir onde errou. Para qualquer coisa da sua vida, sejam relacionamentos ou profissionalmente falando.

O problema maior que eu vejo é a quantidade de gente dessa geração que tem medo de tentar pois tem medo de falhar, como se qualquer coisa fosse acabar com sua vida. Enquanto tem coisas que realmente podem mudar e virar de cabeça pra baixo a vida de um homem (como ter um filho por exemplo), as vezes tem caras radicais que surtam só de pensar em ter um namoro com uma menina. Como se um suposto chifre ou término fosse acabar com sua vida, ou um término também.

Às vezes os ensinamentos ficam presos demais na Teoria. Quando chega na prática, na vida, a história é outra.

Exemplo: Sobre a validação, a teoria é bonita. Aquele papo de falar que "não dependo de nada nem de ninguém, não faço questão de validação de ninguém". Na prática, se o cara não estiver na média ou um pouco acima da média, o cara fica deprê se sentindo um fracassado.
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#4
Depende do conjunto de valores, crenças, princípios que o camarada tá inserido, tem vivente por aí achando que a vida é uma passagem aleatória por alguma força cósmica e é feita de emoções, sentimentos, choques de dopamina, etc.

Já outros conseguem captar sentidos mais profundos no viver, as funções da existência, veem o ser humano como corpo, alma e espírito, que possui uma vocação para eternidade, etc.

Muitos buscam uma verdade, ou certos conjuntos de crenças para servir a determinados propósitos e se agarram nos primeiros arranjos minimamente coerentes como se fosse um tronco de madeira no meio do mar ... Me parece que as pills estão nesse balaio aí: São constatáveis, perceptíveis, mas se prendem aos padrões determinados de 'lookismos', utilitarismo das relações, VSM, etc. É como um manual para desatolar um carro na areia ou para levantar a moto do chão sem fazer força. Mas longe de ser preocupar com maiores profundidades e nem para buscar "entendimentos profundos" e a essência destes comportamentos.

Notamos aqui que o ser humano da modernidade, usa o que aprende apenas com objetivo de atender as funcionalidades práticas do cotidiano. As pessoas antes se interessavam pela origem do Universo, se o homem veio do Big Bang, se Deus existe ... hoje em dia a discussão é fake news, banheiro unissex, transição de gênero e outras bagaças.

Quando o homem pensa que o conhecimento e o aprendizado é uma praxis, tratada como algo que deve serví-lo como se ele fosse o centro do Universo, aí ele cai no espiral da loucura.

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#5
(13-02-2023, 12:01 PM)Fernando_R1 Escreveu: Depende do conjunto de valores, crenças, princípios que o camarada tá inserido, tem vivente por aí achando que a vida é uma passagem aleatória por alguma força cósmica e é feita de emoções, sentimentos, choques de dopamina, etc.

Já outros conseguem captar sentidos mais profundos no viver, as funções da existência,  veem o ser humano como corpo, alma e espírito, que possui uma vocação para eternidade, etc.

Muitos buscam uma verdade, ou certos conjuntos de crenças para servir a determinados propósitos e se agarram nos primeiros arranjos minimamente coerentes como se fosse um tronco de madeira no meio do mar ... Me parece que as pills estão nesse balaio aí: São constatáveis, perceptíveis, mas se prendem aos padrões determinados de 'lookismos', utilitarismo das relações, VSM, etc. É como um manual para desatolar um carro na areia ou para levantar a moto do chão sem fazer força. Mas longe de ser preocupar com maiores profundidades e nem para buscar "entendimentos profundos" e a essência destes comportamentos.

Notamos aqui que o ser humano da modernidade, usa o que aprende apenas com objetivo de atender as funcionalidades práticas do cotidiano. As pessoas antes se interessavam pela origem do Universo, se o homem veio do Big Bang, se Deus existe ... hoje em dia a discussão é fake news, banheiro unissex, transição de gênero e outras bagaças.

Quando o homem pensa que o conhecimento e o aprendizado é uma praxis, tratada como algo que deve serví-lo como se ele fosse o centro do Universo, aí ele cai no espiral da loucura.

Falou e disse.
Grande comentário!
"Paulistarum Terra Matter..."
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#6
(12-02-2023, 02:23 AM)Wild Escreveu: Esses dias tava lendo esse post do Rick: https://legadorealista.net/forum/showthr...#pid103572

Acho que entendo onde o comentador quer chegar. E pensando nisso cheguei numas reflexões que deixo pra hoje. 

I)

Esse ponto do comentário sempre foi exatamente esse um dos apelos que faço para que a gente continue sempre se esforçando para poder nunca entrar numa zona de conforto por tempo demais e continuar evoluindo as discussões, tornando elas mais especializadas, trazendo novos temas, fomentando novas narrativas, etc.

No fundo muito cara dito red pill e até black pill pode ser libertado da Matrix da sociedade, mas é preso na Matrix das suas próprias ideias. A pessoa está longe da ilusão sonífera, mas ainda está longe de ter uma visão da realidade, vive tendo essas alucinações.

Ao invés de ter esse conhecimento como uma base pra construir outros, usa ele como um fim em si. Acaba se limitando naquilo lá e torna isso a sua verdade pessoal e absoluta. Isso é mais comum do que parece, mesmo aqui em comunidades realistas.

No fim eu acho que todo mundo procura uma "verdade" para se apegar, algo que o deixe conformado com a situação atual do seu estado de espírito. Não recrimino, isso acontece comigo também. A vigilância precisa ser constante.

Com o tempo e cristalização das ideias na mente, com tanto reforço positivo e viés de confirmação durante anos, o sujeito vai ficando mais cabeça dura e fica progressivamente mais difícil do cara se adaptar a novas ideias e conhecimentos.

Não preciso nem dizer como isso é daninho, como a pessoa rapidamente fica defasada para os novos conhecimentos que surgem todo dia e para as visões válidas de outras pessoas.

Bom post. Como já falou o mestre: E conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará.
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#7
Agradeço as respostas, confras.

Esse é um tópico abstrato e a reflexão ficou bem fraquinha, tá mais como mini-relato mesmo.

De como a gente às vezes não consegue ter controle sobre a evolução das próprias ideias.

A lição que queria deixar é que temos que ser senhores das nossas próprias ideias, não escravos delas.

Força e honra máxima.
Citação:“Fortuna Perdida? Nada se perdeu... Coragem perdida?
Muito se perdeu... Honra perdida? Tudo se perdeu...”

(Provérbio Irlandês)
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