02-04-2024, 08:17 PM
(Esta publicação foi modificada pela última vez: 02-04-2024, 08:57 PM por Matuto Paulista.)
Fala, confraria!
Quero dividir com vocês uma reflexão que extrai na leitura do livro “Portões de Fogo” (Steven Pressfield):
Esta leitura fez uma diferença enorme para mim, em um momento limítrofe. A situação em questão, era profissional, mas podemos adapta-la para qualquer contexto da vida pessoal também.
Abaixo, um resumo do ponto da história que quero abordar, seguido do trecho do livro em destaque e minha breve reflexão ao final.
(Fim do trecho do livro)
Reflexão e insigth a respeito deste trecho
Quero dividir com vocês uma reflexão que extrai na leitura do livro “Portões de Fogo” (Steven Pressfield):
Esta leitura fez uma diferença enorme para mim, em um momento limítrofe. A situação em questão, era profissional, mas podemos adapta-la para qualquer contexto da vida pessoal também.
Abaixo, um resumo do ponto da história que quero abordar, seguido do trecho do livro em destaque e minha breve reflexão ao final.
Meu resumo sobre o ponto da história em questão
Xeones é o protagonista de Portões de Fogo.
Teve sua Polis (cidade natal) destruída pelos Argivos, viu sua família e amigos serem massacrados e sua prima (por quem nutria uma paixão), ser estuprada pelos invasores.
Nutriu um ardente sentimento de vingança, de um cidadão constituído pela sua terra natal (para os Helenos na antiguidade clássica, o senso de identidade era enormemente vinculado a sua Polis, com sua cidade destruída para sempre, Xeones era menos que um indigente).
Então, lutou para sobreviver e esperava ser aceito como um Hóplita em Esparta.
Devida a fama destes soldados, que eram conhecidos por toda Hélade, Xeones encontrou neste plano a possibilidade de obter a tão sonhada vingança, em uma eventual guerra entre os espartanos e argivos.
Os espartanos tornaram-se em seu sonho, como deuses da vingança!
Porém, em uma tentativa de roubo para obter alimentos, foi capturado por pastores e tão severamente castigado através de surras e uma “crucificação”, que seus tendões, ligamentos e mesmo alguns músculos, tiveram danos irreversíveis.
Após ser resgatado e levado de volta às escondidas em segurança para as montanhas por sua prima e seu cuidador Bruxieus, Xeones teve que encarar a dura realidade que seu sonho, agora era impossível.
Devido os danos irreparáveis, não seria mais capaz de segurar a lança ou o escudo Hóplon, ou ao menos, ajudar sua prima e Bruxieus nas atividades do dia adia. Sentiu-se um estorvo e acreditou que nunca mais conseguiria restaurar sua dignidade e nem das pessoas que ele queria proteger.
Em um momento sozinho, mesmo com uma febre e dores terríveis oriundas de seus ferimentos, decidiu tirar a própria vida a acabar com sua existência miserável.
Ao tentar escolher a árvore que iria auxiliar na consumação do suicídio, ele não conseguia decidir... teve o receio de não conseguiria se matar e na tentativa, ficaria ainda mais dependente de seus parceiros.
Ele foi tomado pelo desespero... não servia sequer para se matar.
Com a febre acentuando as dores de seus ferimentos, ele foi tomado por um terror inexplicável.
Porém, este momento que parecia ser um fim indigno, foi na verdade, o momento de sua redenção...
Trecho do livro descrevendo este momento e a revelação, para Xeones
E se essa fosse a árvore errada? Talvez eu devesse me apoiar naquela outra. Ou ainda naquela mais adiante. Fui tomado por um pânico de indecisão.
Estava no lugar errado! Tinha de me levantar, mas havia perdido o comando dos meus membros. Gemi. Estava falhando até mesmo em minha morte.
Quando o meu pânico e desespero atingiram o seu ápice, levei um susto com um homem em pé, bem diante de mim, no bosque! O meu primeiro pensamento foi que ele poderia me ajudar a me mover. Poderia aconselhar-me. Ajudar-me a me decidir.
Juntos escolheríamos a árvore certa e ele me apoiaria contra ela. De alguma parte de minha mente, surgiu um pensamento meio dormente: o que um homem está fazendo a esta hora, aqui, nesta tempestade?
Pisquei e tentei, com todas as minhas forças, focar a visão. Não, não era um sonho.
Quem quer que fosse, estava realmente ali. Ocorreu-me, um tanto indistintamente, que poderia ser um deus. Ocorreu-me que eu podia estar agindo de maneira ímpia com ele. Eu o estava insultando. Certamente o decoro exigia que eu reagisse com terror ou reverência, ou que me prostrasse diante dele.
Mas alguma coisa em sua postura, que não era solene, mas estranhamente extravagante, parecia me dizer:
- "Não se incomode com isso." Acatei.
Parecia agradar-lhe. Eu sabia que ele ia falar, e que quaisquer palavras que fossem proferidas seriam de suma importância para mim, nessa minha vida terrena ou avida que estava prestes a deixar. Tinha de escutar com toda a atenção e não me esquecer de nada.
Os seus olhos encontraram os meus com uma gentileza divertida, delicada.
— Sempre achei a lança — falou ele com uma majestade que não poderia ser outra coisa que não a voz de um deus — uma arma muito deselegante.
Que coisa esquisita a se dizer, pensei eu. E por que "deselegante"? Tive a impressão de que a palavra era decisivamente deliberada, o preciso termo que o deus buscava. Parecia conter um significado sutil, embora eu não fizesse a menor idéia de qual pudesse ser. Então, vi o arco de prata pendurado em seu ombro.
O Arqueiro em pessoa.
Apolo, o Atirador a Longa Distância.
Em um lampejo, que não foi nem um raio nem uma revelação, mas uma compreensão mais simples, menos elaborada do mundo, percebi tudo o que as suas palavras e sua presença implicavam. Soube o que ele queria dizer, e o que eu devia fazer. A minha mão direita. Os tendões rompidos nunca permitiriam um punho de guerreiro na haste de uma lança.
Mas seus dedos podiam pegar e puxar a cordado arco. A minha esquerda, apesar de nunca mais ser capaz de se fechar para segurar o escudo hoplon, ainda podia manter estável um arco e esticá-lo até o fim.
O arco.
O arco me preservaria!
Os olhos do Arqueiro devassaram os meus, gentilmente, por um último instante. Tinha eu compreendido? Seu olhar parecia não tanto me perguntar
"Agora, servirá a mim?"
Quanto confirmar o fato, desconhecido para mim até aquele momento, que eu estivera a seu serviço durante toda a minha vida...
(Fim do trecho do livro)
Reflexão e insigth a respeito deste trecho
Quando li isso, tomei uma das maiores decisões de minha vida, que foi uma mudança de carreira do setor bancário onde eu atuava de maneira estável por quase 16 anos, para realizar o desejo de deixar isso para trás e investir em outra carreira, que me traria felicidade que eu já havia perdido a tempo nas selvas do setor financeiro (que já a muito tempo, só me causavam dores de estomago e muitas dores de cabeça), além de uma qualidade de vida indescritível, que antes eu nunca sequer sonhei.
Não foi uma decisão fácil, mas quando li este trecho do livro, eu tinha finalmente decidido.
- Vou servir a Apolo...!
A analogia que minha mente fez, foi inevitável!
Me sentia esgotado na minha carreira, apesar de ter alcançado o patamar que eu sempre quis... assim como Xeones, percebi apesar de não ser mais possível segurar a lança e o escudo, poderia me dedicar a algo novo, que fosse mais de encontro inclusive, as minhas aptidões naturais! Poderia sustentar o arco, o arco me preservaria!
Um novo deus, um novo senhor, mais especificamente no meu caso, uma nova carreira profissional que mudaria tudo.
E desde esta leitura e desta mudança, lá se foram 2 anos, do qual só tenho a agradecer pelo meu “eu do passado” ter tomado esta decisão. Realizei a leitura novamente esta ano, e me lembrei desta reflexão.
Confrades, muitos de vocês chegam neste fórum destruídos por inúmeros motivos, desilusão amorosa, peso da idade, situação financeira complicada, ou até mesmo alguém, pensando em tirar a própria vida como Xeones cogitou!
Saibam que sempre está em tempo de “servir a um novo senhor” e um novo propósito!
Espero que o trecho extraído deste livro fantástico, tenha algum impacto positivo para algum de vocês.
Não foi uma decisão fácil, mas quando li este trecho do livro, eu tinha finalmente decidido.
- Vou servir a Apolo...!
A analogia que minha mente fez, foi inevitável!
Me sentia esgotado na minha carreira, apesar de ter alcançado o patamar que eu sempre quis... assim como Xeones, percebi apesar de não ser mais possível segurar a lança e o escudo, poderia me dedicar a algo novo, que fosse mais de encontro inclusive, as minhas aptidões naturais! Poderia sustentar o arco, o arco me preservaria!
Um novo deus, um novo senhor, mais especificamente no meu caso, uma nova carreira profissional que mudaria tudo.
E desde esta leitura e desta mudança, lá se foram 2 anos, do qual só tenho a agradecer pelo meu “eu do passado” ter tomado esta decisão. Realizei a leitura novamente esta ano, e me lembrei desta reflexão.
Confrades, muitos de vocês chegam neste fórum destruídos por inúmeros motivos, desilusão amorosa, peso da idade, situação financeira complicada, ou até mesmo alguém, pensando em tirar a própria vida como Xeones cogitou!
Saibam que sempre está em tempo de “servir a um novo senhor” e um novo propósito!
Espero que o trecho extraído deste livro fantástico, tenha algum impacto positivo para algum de vocês.
Agradeço também ao confrade @Héracles, pela indicação do livro.
A REAL SALVA VIDAS!
"Paulistarum Terra Matter..."