A verdade é universal ou relativa? Por vezes eu me senti extremamente sufocado, preso, encarregado não de uma árdua tarefa mas de algo que me entediava muito porém simultaneamente eu não conseguia me livrar, era como se eu não tivesse controle sobre mim ou se tivesse, estava inapto a exercê-lo. Além disso, eu percebia que já estava dissolvendo toda a minha personalidade e me tornando algo completamente não condizente com o meu verdadeiro ser e tudo isso por puro comodismo, por medo de dizer não, por não ter maturidade para saber que aquilo ainda não era pra mim, eu sustentei um relacionamento tóxico, para ambos os lados, por puro medo de dizer chega, é confortante você olhar para o lado e predizer que terá por tempo indefinido uma fêmea integralmente a sua disposição seja para um apoio emocional, para carícias, para o sexo..., o medo e as incertezas de uma simples palavra, um não, ensombravam minha mente para tomar uma única decisão que poderia mudar todo o curso de minha vida. Só para ilustrar, horas a fio no telefone conversando frivolidades, péssimas noites de sono, sacrifícios de tempo para levá-la para sair, para ouvir suas lamúrias diárias, não ter um só segundo de descanso, suportar crises de ciúmes dela ou sentir-se enciumado, conviver com aquela sensação desgostosa de inseguridade "será que estou sendo traído?", deixar de lado os seus hobbys, aquilo que mais lhe alegrava em sua vida e tudo isso por uma simples faixa de relacionamento sério?
Enfim, hoje eu aprecio a identidade que construí, quando lembro do desespero ao descobrir que aquele castelo de cartas ruiu completamente, sinto apenas pena pelo meu eu do passado e um pouco de vergonha também, tento agourar o que teria acontecido comigo caso eu tivesse permanecido no conformismo, teria me casado? Construído uma família com a pessoa errada? Teria deixado de contemplar informações preciosíssimas que poderiam me direcionar rumo aos meus maiores sonhos? Me sinto mal quando penso nisso mas ao mesmo tempo muito contente por não ter caído nesse pântano de areia movediça, hoje eu tenho orgulho da pessoa que me tornei e ainda estou muito longe do meu ideal mas tenho a convicção de que pelo menos eu sei o que quero ser, tenho muito o que aprender mas pelo menos um pouco de maturidade eu adquiri nesses últimos anos. Por outro lado, vejo alguns colegas caindo nas mesmas ciladas de sempre, desperdiçando a energia da juventude, deixando de lado a busca por suas verdadeiras individualidades, eu respeito a decisão deles, mas não deixo de analisar tudo aquilo que está ao meu redor, deixo tudo na minha mente, arquivado e aqui acolá lembro da Real, é inevitável, mas não posso fazer nada por essas pessoas, somente uma força maior poderá lhes tirar de algumas armadilhas (para os que acreditam), algumas pessoas me alertaram mas eu fechei os olhos na época e caí ainda mais na ilusões, a vida me ensinaria algum tempo depois e tenho sorte por ter aprendido em tempo, mas é nítido o olhar vazio e perdido dessas pessoas, elas suportam o comodismo por puro medo das incertezas, elas aceitam uma vida de fachada, aceitam ignorar os seus verdadeiros sonhos e se sacrificam por prazeres que muitas vezes são até conseguidos de outras formas, oxitocina, dopamina, serotonina..., essa tríade pode fazer verdadeiros estragos na mente de pessoas fracas, daquelas que ainda não possuem identidade e nem adianta procurar isso em outra pessoa.
Logo, não entendo todo esse alarde por conta desse lance de Mgtow, é sabido que tudo aquilo que ofereça uma pílula mágica para os tidos como fracassados dará espaço para charlatães, radicais e pessoas de mentalidade fraca que disputarão espaço numa mesma sala mas não podemos esquecer daqueles que são tocados tal como aqueles avisos "Jesus está voltando" pregados por aí, para muitos aquilo é fundamentalmente irrelevante mas eu lhe garanto que pelo menos uma pessoa será tocada, assim o é com a Real e com o Mgtow, alguns serão tocados e por um acaso da natureza terão uma segunda chance, a chance de repensarem seus destinos, de encontrarem suas respectivas identidades, o problema não é o namoro, o casamento ou as mulheres, o problema é a imaturidade e o desconhecimento do próprio ser, você nunca chegará muito longe caso não se autoconheça e bem sabemos que fazer as coisas de olhos fechados pode resultar em problemas que poderão vir a tornar-se irreversíveis.