12-02-2023, 02:23 AM
(Esta publicação foi modificada pela última vez: 12-02-2023, 02:30 AM por Wild.)
Esses dias tava lendo esse post do Rick: https://legadorealista.net/forum/showthr...#pid103572
Acho que entendo onde o comentador quer chegar. E pensando nisso cheguei numas reflexões que deixo pra hoje.
I)
Esse ponto do comentário sempre foi exatamente esse um dos apelos que faço para que a gente continue sempre se esforçando para poder nunca entrar numa zona de conforto por tempo demais e continuar evoluindo as discussões, tornando elas mais especializadas, trazendo novos temas, fomentando novas narrativas, etc.
No fundo muito cara dito red pill e até black pill pode ser libertado da Matrix da sociedade, mas é preso na Matrix das suas próprias ideias. A pessoa está longe da ilusão sonífera, mas ainda está longe de ter uma visão da realidade, vive tendo essas alucinações.
Ao invés de ter esse conhecimento como uma base pra construir outros, usa ele como um fim em si. Acaba se limitando naquilo lá e torna isso a sua verdade pessoal e absoluta. Isso é mais comum do que parece, mesmo aqui em comunidades realistas.
No fim eu acho que todo mundo procura uma "verdade" para se apegar, algo que o deixe conformado com a situação atual do seu estado de espírito. Não recrimino, isso acontece comigo também. A vigilância precisa ser constante.
Com o tempo e cristalização das ideias na mente, com tanto reforço positivo e viés de confirmação durante anos, o sujeito vai ficando mais cabeça dura e fica progressivamente mais difícil do cara se adaptar a novas ideias e conhecimentos.
Não preciso nem dizer como isso é daninho, como a pessoa rapidamente fica defasada para os novos conhecimentos que surgem todo dia e para as visões válidas de outras pessoas.
II)
Mini-Relato:
Esses dias encontrei umas velharias limpando a bagunça daqui e reencontro textos meus do passado, do tempo do ensino médio. Não sou de registrar a história do meu pensamento, mas naquela época eu tinha um viés claramente mais esquerdista. Se tratava de uma resenha rápida do filme Die Wellen (A onda) que falava sobre autocracia e os perigos de ideias com viés mais "bigosdista" (Sim... Podem jogar suas pedras agora). Por sinal, o filme é uma boa reflexão e a resenha não ficou de todo ruim, mesmo pra época.
De toda forma me pegou de surpresa como sim, aquilo fazia pleno sentido pra época que eu vivia. Eu tinha já alguma desconfiança com relação a algumas coisas, mesmo tendo uma atitude mais "anti-sistema", eu já tinha um sinal de alerta ligado: a diferença maior que vejo é que hoje questiono o progressismo e uma coisa que desconfiava naquela época se mostrou verdade;:
Criticar demais o tradicional, o senso comum ou o status quo, testado e aprovado pelo tempo, e ainda sem sugerir nada comprovadamente melhor no lugar, é algo prejudicial. Hoje sei que é o caminho que os progressistas usam pra ganhar espaço na guerra cultural.
Esse caso anedótico é só um caso isolado, mas isso me deu um "estalo", me mostrou que ao mesmo tempo eu ainda entendo o que pensei naquela época, eu não estou tão a frente daquilo, então não posso me radicalizar numa dita "direita" e apenas criticar tudo o que dizem ser "esquerda".
Não preciso negar minha história, como meu pensamento chegou até onde está hoje, como muita gente com algum grau de revolta faz, espancando ou ignorando aquele seu velho eu que talvez ainda more lá dentro de você. O cara que talvez fosse um romântico altruísta, mas que hoje se tornou um ressentido egoísta por que suas crenças foram traídas pela realidade cruel.
Há ideias que tem validade, há boas críticas e razões do lado de lá, há ainda gente de boa fé, talvez inocente, talvez apenas diferente, mas que possivelmente concorda com algo que acredita ser o melhor e mais correto, e talvez por azar só esteja do lado errado da história. E falo isso pra todo esse Fla x Flu ideológico que a gente vive hoje.
Eu acredito que a gente tem que ser pragmático e tentar achar essas poucas pessoas honestas e procurar pontos de consenso mínimo, pra poder trabalhar numa base mínima de sociedade para todos, apesar das divergências. É o que acredito ser o caminho para o avanço.
Me permita só reforçar algo aqui: Não estou dizendo que todo pensamento é válido, que a gente tem que discutir com gente merda ou engolir qualquer porcaria. Nunca. Maioria das ideias podem ser "novas", mas serem péssimas. Estou dizendo que qualquer ser humano mais ou menos racional, dentro de um certo delta, vai ter alguns pensamentos que você deve concordar e que isso deve ser trabalhado.
Antagonizar, rechaçar esquerdistas, mesmo com razão, pode parecer ser algo muito mais interessante, mas não traz avanços pra ninguém, é diversão barata, perda de tempo que não agrega. Quem está disposto a conversar pra talvez mudar de ideia não se meteria em tal confusão pra começo de conversa.
III)
Pra resumir, ficam aqui algumas sugestões que resumem bem o espírito do textão:
1. Não se envergonhe das suas ideias passadas, elas são parte do que você se tornou e mesmo sendo ideias ruins, você deve ter tido um motivo pra acreditar nelas.
2. Da mesma forma, não se deixe cair na zona de conforto, procure novas ideias, desafiar suas próprias concepções de maneira honesta. Mas não falo nem exatamente de viés político (aquilo foi só um exemplo), falo de própria real, dos conceitos que conversamos aqui. O mundo não parou, a red pill tem mais conhecimentos disponíveis hoje, a black pill tem validade limitada, mas tá trazendo algumas discussões na ponta da sua lança que valem a pena serem revistos sem apenas julgar isso como coisa de revoltado ou perda de tempo. Já diria lá o mamãechorei: Vamo questionar tudo.
(Eu entendo: É ruim, é desconfortável para uns, é muito melhor ter uma ignorância, uma mentira ou verdade parcial do que ficar na dúvida, que é paralisadora, mas tente desapegar das suas próprias ideias, veja elas como algo mutável, não como uma verdade inquestionável, não ache que sua vida ou essência depende das suas ideias)
3.Por outro lado, também não é bom polarizar no ceticismo generalizado ou na crítica de ideias contrárias, é melhor opção trabalhar em consensos comuns, tanto pra desenvolver os raciocínios como pra encontrar algo que seja realmente de valor para você e outras partes envolvidas, se houverem. Quando duas pessoas discordam, algo dificilmente avança. Como diria lá o Rodrigo Pimentel, o Capitão Nascimento do mundo real, certamente terá alguma coisa que você e outras pessoas devem concordar e a mudança social tem que partir disso.
Por hora deixo esse texto. Força e honra a cada dia mais,
Acho que entendo onde o comentador quer chegar. E pensando nisso cheguei numas reflexões que deixo pra hoje.
I)
Esse ponto do comentário sempre foi exatamente esse um dos apelos que faço para que a gente continue sempre se esforçando para poder nunca entrar numa zona de conforto por tempo demais e continuar evoluindo as discussões, tornando elas mais especializadas, trazendo novos temas, fomentando novas narrativas, etc.
No fundo muito cara dito red pill e até black pill pode ser libertado da Matrix da sociedade, mas é preso na Matrix das suas próprias ideias. A pessoa está longe da ilusão sonífera, mas ainda está longe de ter uma visão da realidade, vive tendo essas alucinações.
Ao invés de ter esse conhecimento como uma base pra construir outros, usa ele como um fim em si. Acaba se limitando naquilo lá e torna isso a sua verdade pessoal e absoluta. Isso é mais comum do que parece, mesmo aqui em comunidades realistas.
No fim eu acho que todo mundo procura uma "verdade" para se apegar, algo que o deixe conformado com a situação atual do seu estado de espírito. Não recrimino, isso acontece comigo também. A vigilância precisa ser constante.
Com o tempo e cristalização das ideias na mente, com tanto reforço positivo e viés de confirmação durante anos, o sujeito vai ficando mais cabeça dura e fica progressivamente mais difícil do cara se adaptar a novas ideias e conhecimentos.
Não preciso nem dizer como isso é daninho, como a pessoa rapidamente fica defasada para os novos conhecimentos que surgem todo dia e para as visões válidas de outras pessoas.
II)
Mini-Relato:
Esses dias encontrei umas velharias limpando a bagunça daqui e reencontro textos meus do passado, do tempo do ensino médio. Não sou de registrar a história do meu pensamento, mas naquela época eu tinha um viés claramente mais esquerdista. Se tratava de uma resenha rápida do filme Die Wellen (A onda) que falava sobre autocracia e os perigos de ideias com viés mais "bigosdista" (Sim... Podem jogar suas pedras agora). Por sinal, o filme é uma boa reflexão e a resenha não ficou de todo ruim, mesmo pra época.
De toda forma me pegou de surpresa como sim, aquilo fazia pleno sentido pra época que eu vivia. Eu tinha já alguma desconfiança com relação a algumas coisas, mesmo tendo uma atitude mais "anti-sistema", eu já tinha um sinal de alerta ligado: a diferença maior que vejo é que hoje questiono o progressismo e uma coisa que desconfiava naquela época se mostrou verdade;:
Criticar demais o tradicional, o senso comum ou o status quo, testado e aprovado pelo tempo, e ainda sem sugerir nada comprovadamente melhor no lugar, é algo prejudicial. Hoje sei que é o caminho que os progressistas usam pra ganhar espaço na guerra cultural.
Esse caso anedótico é só um caso isolado, mas isso me deu um "estalo", me mostrou que ao mesmo tempo eu ainda entendo o que pensei naquela época, eu não estou tão a frente daquilo, então não posso me radicalizar numa dita "direita" e apenas criticar tudo o que dizem ser "esquerda".
Não preciso negar minha história, como meu pensamento chegou até onde está hoje, como muita gente com algum grau de revolta faz, espancando ou ignorando aquele seu velho eu que talvez ainda more lá dentro de você. O cara que talvez fosse um romântico altruísta, mas que hoje se tornou um ressentido egoísta por que suas crenças foram traídas pela realidade cruel.
Há ideias que tem validade, há boas críticas e razões do lado de lá, há ainda gente de boa fé, talvez inocente, talvez apenas diferente, mas que possivelmente concorda com algo que acredita ser o melhor e mais correto, e talvez por azar só esteja do lado errado da história. E falo isso pra todo esse Fla x Flu ideológico que a gente vive hoje.
Eu acredito que a gente tem que ser pragmático e tentar achar essas poucas pessoas honestas e procurar pontos de consenso mínimo, pra poder trabalhar numa base mínima de sociedade para todos, apesar das divergências. É o que acredito ser o caminho para o avanço.
Me permita só reforçar algo aqui: Não estou dizendo que todo pensamento é válido, que a gente tem que discutir com gente merda ou engolir qualquer porcaria. Nunca. Maioria das ideias podem ser "novas", mas serem péssimas. Estou dizendo que qualquer ser humano mais ou menos racional, dentro de um certo delta, vai ter alguns pensamentos que você deve concordar e que isso deve ser trabalhado.
Antagonizar, rechaçar esquerdistas, mesmo com razão, pode parecer ser algo muito mais interessante, mas não traz avanços pra ninguém, é diversão barata, perda de tempo que não agrega. Quem está disposto a conversar pra talvez mudar de ideia não se meteria em tal confusão pra começo de conversa.
III)
Pra resumir, ficam aqui algumas sugestões que resumem bem o espírito do textão:
1. Não se envergonhe das suas ideias passadas, elas são parte do que você se tornou e mesmo sendo ideias ruins, você deve ter tido um motivo pra acreditar nelas.
2. Da mesma forma, não se deixe cair na zona de conforto, procure novas ideias, desafiar suas próprias concepções de maneira honesta. Mas não falo nem exatamente de viés político (aquilo foi só um exemplo), falo de própria real, dos conceitos que conversamos aqui. O mundo não parou, a red pill tem mais conhecimentos disponíveis hoje, a black pill tem validade limitada, mas tá trazendo algumas discussões na ponta da sua lança que valem a pena serem revistos sem apenas julgar isso como coisa de revoltado ou perda de tempo. Já diria lá o mamãechorei: Vamo questionar tudo.
(Eu entendo: É ruim, é desconfortável para uns, é muito melhor ter uma ignorância, uma mentira ou verdade parcial do que ficar na dúvida, que é paralisadora, mas tente desapegar das suas próprias ideias, veja elas como algo mutável, não como uma verdade inquestionável, não ache que sua vida ou essência depende das suas ideias)
3.Por outro lado, também não é bom polarizar no ceticismo generalizado ou na crítica de ideias contrárias, é melhor opção trabalhar em consensos comuns, tanto pra desenvolver os raciocínios como pra encontrar algo que seja realmente de valor para você e outras partes envolvidas, se houverem. Quando duas pessoas discordam, algo dificilmente avança. Como diria lá o Rodrigo Pimentel, o Capitão Nascimento do mundo real, certamente terá alguma coisa que você e outras pessoas devem concordar e a mudança social tem que partir disso.
Por hora deixo esse texto. Força e honra a cada dia mais,
Citação:“Fortuna Perdida? Nada se perdeu... Coragem perdida?
Muito se perdeu... Honra perdida? Tudo se perdeu...”
(Provérbio Irlandês)


