29-04-2020, 03:34 PM
(Esta publicação foi modificada pela última vez: 29-04-2020, 04:38 PM por Gorlami.)
(29-04-2020, 02:18 PM)fernandobon04 Escreveu: Texto do Senhor X do antigo central do búfalo.
Prejuízo alheio
Um leão forte, imponente, forte e saudável. A princípio, uma cena bonita, inspiradora, épica. Visualmente, tudo muito perfeito, não fosse um detalhe: todas as zebras, gazelas e outros animais que ele matou. O leão todo poderoso que você visualiza só está ali às custas destes animais citados. E o abate de cada um deles foi necessário. De outra forma, o leão nem estaria vivo. Era ele ou as presas. O leão fez a escolha certa!
Sim, pois nós somos como leões, irracionais, sem nenhum tipo de senso crítico e precisamos entrar no sistema dicotômico "matar ou ser morto". A sociedade ocidental não evoluiu, ficou estagnada no código de talião e no "que vença o mais forte". Achei que você não acreditava em situações absolutas onde não há outras opções.
Se isso tudo fosse verdade, imagine como seria o conceito de família. Seu pai e sua mãe se casam, mas aparece um homem mais forte que seu pai. Eles se enfrentam em um duelo até a morte e seu pai perde. O que o ricardão vencedor faz? Mata você (o filho) e faz uma nova prole na sua mãe. Fantástico!
Eu até entendo criar algumas metáforas com a natureza, mas de forma literal é uma ideia absurda.
(29-04-2020, 02:18 PM)fernandobon04 Escreveu:Toda a nossa existência implica no prejuízo alheio. Sempre! Se você está trilhando um caminho de sucesso, estará acumulando, pelo caminho, o insucesso de outras pessoas. De certa forma, você é culpado pela derrota dessas. E é bom que você aprenda a conviver com isso, porque, para que você se tornasse um vencedor, a derrota dessas pessoas era inevitável!!!
O carreirista precisa ter habilidade em usar o talento dos outros ao seu favor, seja subordinados, colegas ou até mesmo superiores. Nos meios corporativos, isso se chama inteligência interpessoal. Eu prefiro chamar de manipulação barata. De qualquer forma, tenha o nome que tiver, este ato sempre implicará no benefício de um, em detrimento de uma ou mais pessoas.
Verdades absolutas então? A escola austríaca inteira está errada quando afirma que a sociedade capitalista não é uma equação de soma zero (em outras palavras, eu não preciso perder para você ganhar). Eu quero ver é provar com números e dados essa afirmação absurda.
Papo de socialista de classes "explorador vs explorado", em resumo, ao dizer que o patrão malvado paga mal seu funcionário, tu ta agindo extamente como os supostos perdedores que o texto tanto critica. No mínimo contraditório.
"Em definitivo, a economia não é um jogo de soma zero, uma vez que durante todo o processo de produção de bens e serviços estamos gerando riqueza: seja quando investigamos como converter coisas em bens, quando de fato convertemos as coisas em bens, e quando distribuímos os bens por meio das trocas comerciais.
Ao contrário do que supõem os socialistas — que toda a riqueza já está criada e dada, e que é necessário apenas redistribuí-la —, o livre mercado é o único arranjo no qual os indivíduos podem se organizar de modo a incrementar ao máximo possível a oferta de bens e serviços, os quais iremos utilizar para satisfazer de maneira contínua nossos mais variados fins.
A economia, portanto, não é um jogo de soma zero, mas sim um jogo de saldo positivo e expansivo — a menos que o estado entre em cena e se aposse destes ganhos. "
Fonte: Mises - Soma zero
Uma situação é afirmar que a vida é uma grande disputa onde nem todos podem vencer. Isso é uma maneira justa de explicar as desigualdades que existem. Realmente, na maioria dos casos o mais capacitado vence. Por outro lado é uma simplificação burra da situação, pois deixa de lado variáveis como sorte (estar no momento certo, na hora certa, falar com a pessoa certa, conhecer a pessoa certa), afinidades inter-sociais distintas, capacidades e habilidades únicas a cada tipo de personalidade, e por aí vai.
(29-04-2020, 02:18 PM)fernandobon04 Escreveu:Se você é bom, honesto, altruísta, significa que você aceita o prejuízo próprio para garantir o benefício alheio. O que você ganha com isso? Amizades? Uma boa fama? Faça-me o favor... Bonzinhos são incapazes de garantir a própria existência! Bonzinhos são caras que militam o tempo todo contra si, em prol de terceiros! Em última análise, são perfeitos idiotas!!!
Seguindo esse raciocínio o correto a se fazer é ser um parasita filho da puta aproveitador? Esse é o conceito adequado?
Eu concordo com o fato de que é relativamente comum "bonzinhos" tomarem prejuízo, mas isso automaticamente quer dizer que eu devo ser um aproveitador pau no cu? Como você mesmo diz, não é necessário ficar nessa dicotomia. Por que não posso ser honesto sem deixar alguém me passar pra trás?
E mais, eu vejo um pré julgamento sem sentido aqui. O que seria um bonzinho? Não existem pilantras que agem de maneira bondosa com algum interesse por trás? Todo bonzinho tem algum interesse ou todo bonzinho age sem nenhum interesse?
Essa tentativa de levar o maquiavelismo ao extremo é exagerada e nem sempre benéfica. O próprio Maquiavel já avisou sobre isso.
Se você for odiado (por agir como um pau no cu aproveitador como o texto sugere) deve temer a tudo e a todos (conspiradores vão caçar a sua cabeça, pois o bonzinho pode vir a se tornar um "malvado" para fazer justiça). (Fonte: Maquiavel - O Principe - Pág. 110).
Aditivo:
Outra questão me surgiu a mente. Supondo que tudo que esse texto diz, que devemos abrir mão da moralidade e das virtudes para alcançar "sucesso". O que seria esse sucesso? Dinheiro, uma casa enorme, mulheres ao me dispor, carros esportivos, etc?
Isso não faria sentido se, por exemplo, você descobrir que tem mais uma semana de vida, certo? Existem dezenas de casos de pessoas que atingiram o topo do topo, conseguiram tudo que buscavam e mesmo assim estavam insatisfeitas, alguns até encontraram um vazio existencial. Alexandre, o Grande, é um exemplo que me vem a cabeça.
Lembrando a reflexão do Libertador: memento mori.
Eu me recuso a acreditar nesse texto (por completo) e assumir como uma verdade. Algo que me induz a ser uma pessoa ruim, agir contra a moral e prejudicando outros deliberadamente.
Um homem com escolhas é um homem livre.
