[REFLEXÃO] 6 anos sem maconha, 5 anos sem cigarro e 4 anos sem bebida.

[Ares]

Parabéns pelo relato, cara!
Uma dúvida, tu sentiu algum benefício no que diz respeito as suas capacidades cognitivas?

Eu também queria saber, aliás... eu sempre fui interessado por questões de "hacks" para o corpo e tal. 
Gostaria de saber se você utilizou de alguma coisa pra poder parar.

Sim senti uma melhora na minha capacidade cognitiva e uma melhora geral no meu quadro de saúde físico e principalmente psicológico e mental, não cheguei a ser um retardado mas eu vi minha mente voltando a um funcionamento semelhante ao início da adolescência quando comecei a tomar minhas primeiras biritas e fumar cigarro, a sensação é de uma espécie de retorno para casa, para dento de si mesmo, é difícil explicar isso com palavras mais posso resumir dizendo que você come melhor, dorme melhor, sua irritação fica em um ponto contornável, ou seja, sóbrio se é mais tolerante, menos explosivo e o temperamento fica dentro da normalidade.

Um situação que ilustra bem isso foi em uma tarde que eu estava andando na rua em um dia chuvoso e nublado e de repente eu "senti" alguma coisa estranha, estava passando por problemas pessoais e o dia estava uma merda, daí eu percebi que estava sóbrio, essa sensação de conexão com a realidade é uma pancada para quem esta se drogando a muito tempo, porque ela demonstra que não tem nada demais em ter problemas, não existe nada demais em encarar a vida de peito aberto, melhora no paladar, melhora na digestão, sono mais consistente, mais animo para fazer atividades físicas, melhor sociabilidade e etc, meu pai atribui o meu aumento de disciplina e minha capacidade de estudar matemática ao fato de ter parado de beber principalmente.

@Awaken: Eu fiz terapia e procurei o psiquiatra, pensei que o psiquiatra iria me passar alguma remédio para me auxiliar a ficar sóbrio, mais ele me olhou com desdém e me tratou como se eu estivesse indo lá buscar mais drogas, ele entendeu tudo errado, acabou que essa vacilada dele me ajudou a parar na base da porrada, o que me ajudou muito foi malhar na praça (calistenia) e caminhada, muita caminhada, fiz acompanhamento com nutricionista e endocrinologista, busquei muita ajuda dos médicos, a obesidade estava me ferrando, enfim, foi um trabalho multi-disciplinar e muita força de vontade.

Parabéns pela disciplina e força de vontade confrade.

Gostaria de saber uma coisa: para atingir tal objetivo, você precisou se afastar das amizades? Poderia detalhar um pouco mais sobre como lidou com essa questão de maus hábitos x amizades?

Paralelamente à isso, você buscou ajuda na fé ou religião? Foi pra UNIVERSAL?

@Sagitario: Foi o fim da minha vida social como se configurava até então, a realidade é a seguinte, usuários de droga reclama de sofrer preconceito, porém a verdade é que eles também são preconceituosos com quem não usa, como eu já estava no meio muitos anos a galera achava curioso eu ter parado de fumar maconha, quando parei de beber continuei frequentado bares, tomava suco, refrigerante, energético e comia alguma porcaria, depois de uns 2 anos nisso a coisa desandou e eu comecei a sofrer um ostracismo do grupo que participava no final das contas eu fui meio que "expulso" da panela.

O auto-controle incomoda o viciado, comecei a ser vítima de comentários agressivos, distratos, ser recebido com uma certa repulsa e etc, no final das contas a coisa ficou tão ruim que eu tive que parar quase 100% com vida noturna, bares e saídas para shows e etc, os papos são diferentes, viciado que saber em qual favela ele vai pegar droga, quem é o novo aviãozinho, essas coisas, o papo é quase totalmente voltado para esquerda, existem poucas exceções, e você esta no meio dessas raposas, com uma namorada 6 anos mais nova, saudável, sorridente, falando de trabalho, ciência, matemática e coisas interessantes, isso deixa os caras revoltados silenciosamente a famosa inveja, minha namorada foi me ajudando a corta essa onda e hoje em dia quando quero me distrair acordo 6:30 da manhã e vou para praia, fiz uma transição da vida noturna para vida diurna, hoje meus passeios são shopping center, restaurante, cafés, livrarias, praças, museus, cinema e muito raramente teatro, quase todas as peças são esquerdistas ou humorismo de terceira ai é brabo.

Deixar de usar drogas te torna mair produtivo, ser produtivo te leva a renegar os argumentos da esquerda, isso te leva a ter um pensamento de direita, e ai a coisa desandou também para meus amigos da época de faculdade, você é economista sabe como é, eu sou da área de história, para não dizer que perdi todos os meus contatos, ficou apenas um colega de filosofia, isso porque encontrei com ele aleatoriamente no centro da cidade, converso com ele quando me liga, mais não procuro nem alimento um contato mais próximo, isso vale para a mulherada, como zé droguinha eu chamava muito atenção das mulheres hoje eu não sou tão atraente assim até por me vestir sobriamente, o que atrai a mulherada agora é o fato de estar namorando a muito tempo, aquele velho padrão, lidar com a solidão é difícil mas com o tempo você percebe sua vida melhorando muito e as coisas progredindo, os seus antigos amigos vão sendo substituídos por novos e os ciclo se renova.

Sobre religião é simples, eu decidi não usar bengalas, decidi para de uma maneira muito radical, isso envolveu perder quase todas minhas amizades, meus ciclos sociais, não queria ser o cara que virou crente porque esta pedindo arrego, frequentei umbanda um tempo, ajudou um pouco, depois fiquei sem frequentar nada fazendo muita terapia e por final participei de encontrar Hare Krishna e foi com o Krisnaísmo que eu coroei minha sobriedade, frequentei como convidado, vi que não era minha praia e hoje sou membro da AMORC (Antiga e mística ordem rosa cruz), fiz muita oração, conversei muito com Deus cara, eu li a Torá, a Bíblia Sagrada, O Alcorão, O Gitã e o Tao, os livros sagrados me ajudaram a firmar uma conexão forte com Deus e todos os caminhos me revelaram uma unicidade em Deus, não existem deuses existe apenas um único Deus, e através da compreensão de conceitos hindus fui me desapegando do entorpecimento dos sentidos e fui encontrando prazer na conexão com o divino, isso daria outro tópico, mas resumindo o resumido é isso.