24-07-2024, 04:44 PM
Já faz um bom tempo que não resenho algum livro por aqui. Então hoje decidi sair da ociosidade e finalmente trazer uma contribuição ao tópico.
Recentemente, li "Os sofrimentos do jovem Wether" pela terceira vez. Ia viajar e precisava de um livro de bolso para passar as horas tediosas de viagem, então essa obra encaixou-se perfeitamente nesse propósito. E, claro, também combinou muito com o ambiente ao qual eu fui visitar.
Eu já havia feito uma resenha desse livro anteriormente. No entanto, ela ficou demasiadamente extensa e superficial. Agora, após ter lido "O crepúsculo dos Ídolos", do Nietzsche, pude compreender certas nuances que outrora não havia percebido. Aliás, o bigodudo elogia veementemente o Goethe, o considera o maior alemão de todos. E definitivamente ele está certo.
O tal livro é um romance epistolar, escrito em 1774, que conta a história de Wether, um jovem sentimental e impetuoso que se apaixona por Carlota, uma moça comprometida com Alberto. Não tendo seu amor correspondido, o protagonista se afunda em um vazio existencial e em angústia, e termina com um final trágico. Essa obra mistura verdade com mentira, já que o próprio Goethe se apaixonou por uma Carlota, que também era comprometida. O final do livro é inspirado em um amigo de Goethe, Karl Jerusalém, que também teve um fim trágico por conta de uma impetuosa paixão. Tudo o restante, os fatos imaginário, foram construídos poeticamente, e ai reside sua maior beleza.
O fato é que Goethe colocou muito de si em Wether, não obstante, de forma exagerada e até caricaturesca. Obstinado, de uma sensibilidade singular e um amor incondicional à natureza, esse é Wether (e Goethe, é claro). Também no livro estão contidas diversas ideias do próprio Goethe, contadas pelo seu personagem. As principais seriam com certeza sua critica ao iluminismo e a valorização exacerbada da razão, a racionalização da arte, ao moralismo, e, talvez esteja contido ali uma critica ao próprio movimento que o livro pertence, o romantismo.
Após essa terceira leitura, pude perceber porque Nietzsche estimava tanto Goethe. A valorização da sensibilidade, dos instintos, da natureza, bem como a sua critica aos moralistas, tudo isso é muito similar as ideias de Nietzsche.
Não concordo com boa parte do conteúdo do livro, por achar assaz exagerado, contudo, a questão da sensibilidade me fez refletir. Eu passei por uma fase de muita repressão de meus próprio sentimentos, tudo isso em prol de me tornar mais forte, de não ser dominado por minhas emoções. E eu não percebia como eu estava me destruindo, afogando em angústia e indiferença. Após a leitura desses dois filósofos, pude finalmente compreender que deve haver um equilíbrio entre a razão e a sensibilidade, para que um não sabote o outro. Cada uma dessas faculdades tem sua serventia e importância, cada qual com sua função e utilidade tanto fisiológica, como existencial. Atualmente, busco me compreender melhor, e viver com mais leveza e espontaneidade, sem reprimir ou exagerar demais. A auto disciplina é um processo árduo, mas recompensador. O nosso problema central está em pensar que uma faculdade é melhor que a outra, eis ai nossa desgraça!
Gostei muito da escrita de Goethe e pretendo comprar mais livros do mesmo, pois, realmente, Nietzsche foi preciso quando considerou esse homem um grande espírito.
Recentemente, li "Os sofrimentos do jovem Wether" pela terceira vez. Ia viajar e precisava de um livro de bolso para passar as horas tediosas de viagem, então essa obra encaixou-se perfeitamente nesse propósito. E, claro, também combinou muito com o ambiente ao qual eu fui visitar.
Eu já havia feito uma resenha desse livro anteriormente. No entanto, ela ficou demasiadamente extensa e superficial. Agora, após ter lido "O crepúsculo dos Ídolos", do Nietzsche, pude compreender certas nuances que outrora não havia percebido. Aliás, o bigodudo elogia veementemente o Goethe, o considera o maior alemão de todos. E definitivamente ele está certo.
O tal livro é um romance epistolar, escrito em 1774, que conta a história de Wether, um jovem sentimental e impetuoso que se apaixona por Carlota, uma moça comprometida com Alberto. Não tendo seu amor correspondido, o protagonista se afunda em um vazio existencial e em angústia, e termina com um final trágico. Essa obra mistura verdade com mentira, já que o próprio Goethe se apaixonou por uma Carlota, que também era comprometida. O final do livro é inspirado em um amigo de Goethe, Karl Jerusalém, que também teve um fim trágico por conta de uma impetuosa paixão. Tudo o restante, os fatos imaginário, foram construídos poeticamente, e ai reside sua maior beleza.
O fato é que Goethe colocou muito de si em Wether, não obstante, de forma exagerada e até caricaturesca. Obstinado, de uma sensibilidade singular e um amor incondicional à natureza, esse é Wether (e Goethe, é claro). Também no livro estão contidas diversas ideias do próprio Goethe, contadas pelo seu personagem. As principais seriam com certeza sua critica ao iluminismo e a valorização exacerbada da razão, a racionalização da arte, ao moralismo, e, talvez esteja contido ali uma critica ao próprio movimento que o livro pertence, o romantismo.
Após essa terceira leitura, pude perceber porque Nietzsche estimava tanto Goethe. A valorização da sensibilidade, dos instintos, da natureza, bem como a sua critica aos moralistas, tudo isso é muito similar as ideias de Nietzsche.
Não concordo com boa parte do conteúdo do livro, por achar assaz exagerado, contudo, a questão da sensibilidade me fez refletir. Eu passei por uma fase de muita repressão de meus próprio sentimentos, tudo isso em prol de me tornar mais forte, de não ser dominado por minhas emoções. E eu não percebia como eu estava me destruindo, afogando em angústia e indiferença. Após a leitura desses dois filósofos, pude finalmente compreender que deve haver um equilíbrio entre a razão e a sensibilidade, para que um não sabote o outro. Cada uma dessas faculdades tem sua serventia e importância, cada qual com sua função e utilidade tanto fisiológica, como existencial. Atualmente, busco me compreender melhor, e viver com mais leveza e espontaneidade, sem reprimir ou exagerar demais. A auto disciplina é um processo árduo, mas recompensador. O nosso problema central está em pensar que uma faculdade é melhor que a outra, eis ai nossa desgraça!
Gostei muito da escrita de Goethe e pretendo comprar mais livros do mesmo, pois, realmente, Nietzsche foi preciso quando considerou esse homem um grande espírito.
A sorte favorece os audazes