12-04-2024, 07:01 PM
(Esta publicação foi modificada pela última vez: 12-04-2024, 07:03 PM por Nativo.)
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(02-04-2024, 09:07 AM)Héracles Escreveu:(01-04-2024, 09:57 PM)hjr_10 Escreveu: Bom livro, mas confesso que não me causou nenhum tipo de espanto ou surpresa (sentimentos comuns, quando se trata de Dostoiévski)
Bem, considerando as profundas digressões existenciais e tragédia de todos os sentidos que vemos em outras obras, uma "simples" traição basicamente é um reducionismo ou um lugar comum. De todos os livros que eu li desse autor, destaco os mesmos que todo mundo - Crime e castigo e os Irmãos Karamazov - e também Memória da Casa dos Mortos e O Idiota. Memórias do Subsolo eu li e reli e sinceramente, não consegui gostar - perdoem a minha blasfêmia - . Não sei ao certo o porque, talvez porque essa história meio que me remeteu ao fórum, ondem uns malucos ficam ruminando o próprio fracasso até a inércia completa. Enfim ...
Pegando esse gancho de um livro sobre "traições", vou citar um que eu li mais ou menos recentemente:
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Partindo de um perspectivismo realista, não sei ao certo quem nós poderíamos colocar como protagonista dessa história, Emma ou Charles. Poderíamos pegar duas vertentes ou melhor, dois "princípios" bastante difundidos por aqui e fazer uma breve digressão tendo como norte a trama que se passa nesse livro de MIL OITOCENTOS E CINQUENTA E SEIS! Como disse um sábio, não há nada de novo sob o sol, mas enfim ...
Emma é o que poderíamos classificar como "esposa dos sonhos da ala templários da real - ala sonho de noiva"... muito bem educada, pasmem, num convento - recatada, gestos majestosos, linda, VIRGEM, oriunda de uma família digna, praticamente uma princesa. Gostava muito de ler romances, acreditava friamente que o amor romântico que lia nesses livros e desejava mais do que qualquer coisa se casar e ter um lar com o amor da sua vida. Seguia o que a Santa Igreja pregava... ou seja, o sonho de mulher para grande maioria dos possíveis leitores desse fórum, especialmente os rambos da moral.
Chales era o típico cara mediano, o bonzinho, o beta talvez... Oriundo de uma família da burguesa que se encontrava em declínio, viu que a sua única chance de reerguer o nome da família e o seu próprio seria fazer? Um concurso fodão? não ... sua única chance seria fazer medicina e assim o fez. Qualquer semelhança com o que já limos e lemos na Real é mera "coincidência". Pois bem, entretanto ele não tinha muita aptidão para a coisa, era um aluno obtuso, fraco, como eu gosto de falar, "inepto"... mas mesmo assim persistiu no seu sonho, teve perseverança, confiou em Deus e finalmente concluiu seu martírio.
Se casou como uma tal Heloise, uma balzaca meio histérica que como não deve ser surpresa para ninguém aqui, não o respeitava muito e frequentemente o chutava como um cachorro sarneto, e porém, sem surpresa para ninguém mais uma vez, ele gostava verdadeiramente dela. Mas a vida é uma coisa engraçada, surpreendente ... e um certo dia numa certa circunstância Chales conheceu Emma. E o que acontece quando um beta meio bundão conhece o esteriótipo perfeito da ala sonho de noiva? Paixão avassaladora, é claro.
Acabou que essa tal Heloise morreu e Chales de viu livre para poder cortejar Emma. Como ele tinha um certo "prestígio" e era um cara muito sem personalidade, ou seja, queria agradar todo mundo, não foi difícil de convencer o velho pai de Emma a aceitar o casamento, pois afinal de contas ele era médico, os Bovary tinham uma notoriedade relevante, ele tratava Emma como uma rainha e era completamente apaixonado por ela. No outro lado, Emma de fato se apaixonou pelo nosso beta... ela acreditava de coração que tinha encontrado o amor verdadeiro, pensava que a sua vida seria como nos livros que ela tanto gostava de ler.
Casaram-se, Charles dava tudo do bom e do melhor para Emma - até se endividava por isso - amava-a de todo coração e verdadeiramente, porém ele não tinha uma coisa, e essa coisa fez com que Emma se entediasse profundamente a medida que os dias de casada iam se passando. Charles não tinha ambição, não tinha ímpeto, era completamente previsível... estava confortável na sua posição de médico medíocre de uma vila qualquer no interior da frança.
Bem, repetindo, qualquer semelhança com o que lemos aqui é mera coincidência ... qualquer semelhança com aquele velho discurso de "você só precisa passar em um concurso foda e será automaticamente um destacado" ou "você só precisa se preservar e escolher uma mulher que siga os santos mandamentos da igreja e estará tudo resolvido, pois só rodadas traem" é puro acaso.
Nem a filha que Emma teve a tirou do tédio quase que mortal que sentia, inclusive ela não gostava muito da guriazinha justamente por ela também ser filha de um cara tão sem graça. Como talvez não seja nenhuma surpresa, Emma encontrou um pouco de alívio do seu tédio tendo amantes. Enquanto mantinha relações com seus amantes, sustentava sua imagem de esposa dos sonhos aos olhos da sociedade.
O desenrolar da história é muito interessante e acaba de uma maneira surpreendentemente trágica, pelo menos eu fiquei muito surpreso quando eu li, não vou contar aqui mas sem dúvidas vale a lida. Interessante que essa narrativa pode gerar uma certa ruptura com alguns conceitos cristalizados aqui, inclusive sobre o fato de: será que Emma foi uma genuína vagabunda por ter traído o pobre Charles, um cara tão limitado e sem graça que chegava a dar pena? Seguramente, e podemos notar isso indiretamente, ele era um corno manso, mas sabia consistentemente que jamais acharia uma mulher melhor que Emma, por isso seguia fazendo de conta que não sabia de nada, e também o seu amor por ela era tão avassalador que superava qualquer comportamento dela.
Charles mesmo tendo algum prestígio social advindo do seu ofício, ainda assim era um cara limitado, que não investia em si mesmo profissionalmente e em outros sentidos. Por mais que tivesse alcançado algo, ainda era um pobre miserável e isso corrobora estritamente o que batemos aqui sistematicamente: não é um cargo na polícia ou no corregedoria pública, etc... ou uma mulher santa que vão te resgatar da sua falta de hombridade. Só você pode fazer isso por si, e acreditar em rótulos por eles serem simplesmente RÓTULOS seguramente será um caminho para ser corno ou coisa pior. Como um colega nosso sempre diz, o homem precisa de 'pele no jogo' de não te rótulos, o homem precisa sofrer e se foder para nãos ser mais uma maldito fulaninho sem graça ...
Mas enfim, sinto que a maioria ainda não está preparado para essa conversa. Vamos ficar por aqui.
Emma é o que poderíamos classificar como "esposa dos sonhos da ala templários da real - ala sonho de noiva"... muito bem educada, pasmem, num convento - recatada, gestos majestosos, linda, VIRGEM, oriunda de uma família digna, praticamente uma princesa. Gostava muito de ler romances, acreditava friamente que o amor romântico que lia nesses livros e desejava mais do que qualquer coisa se casar e ter um lar com o amor da sua vida. Seguia o que a Santa Igreja pregava... ou seja, o sonho de mulher para grande maioria dos possíveis leitores desse fórum, especialmente os rambos da moral.
Chales era o típico cara mediano, o bonzinho, o beta talvez... Oriundo de uma família da burguesa que se encontrava em declínio, viu que a sua única chance de reerguer o nome da família e o seu próprio seria fazer? Um concurso fodão? não ... sua única chance seria fazer medicina e assim o fez. Qualquer semelhança com o que já limos e lemos na Real é mera "coincidência". Pois bem, entretanto ele não tinha muita aptidão para a coisa, era um aluno obtuso, fraco, como eu gosto de falar, "inepto"... mas mesmo assim persistiu no seu sonho, teve perseverança, confiou em Deus e finalmente concluiu seu martírio.
Se casou como uma tal Heloise, uma balzaca meio histérica que como não deve ser surpresa para ninguém aqui, não o respeitava muito e frequentemente o chutava como um cachorro sarneto, e porém, sem surpresa para ninguém mais uma vez, ele gostava verdadeiramente dela. Mas a vida é uma coisa engraçada, surpreendente ... e um certo dia numa certa circunstância Chales conheceu Emma. E o que acontece quando um beta meio bundão conhece o esteriótipo perfeito da ala sonho de noiva? Paixão avassaladora, é claro.
Acabou que essa tal Heloise morreu e Chales de viu livre para poder cortejar Emma. Como ele tinha um certo "prestígio" e era um cara muito sem personalidade, ou seja, queria agradar todo mundo, não foi difícil de convencer o velho pai de Emma a aceitar o casamento, pois afinal de contas ele era médico, os Bovary tinham uma notoriedade relevante, ele tratava Emma como uma rainha e era completamente apaixonado por ela. No outro lado, Emma de fato se apaixonou pelo nosso beta... ela acreditava de coração que tinha encontrado o amor verdadeiro, pensava que a sua vida seria como nos livros que ela tanto gostava de ler.
Casaram-se, Charles dava tudo do bom e do melhor para Emma - até se endividava por isso - amava-a de todo coração e verdadeiramente, porém ele não tinha uma coisa, e essa coisa fez com que Emma se entediasse profundamente a medida que os dias de casada iam se passando. Charles não tinha ambição, não tinha ímpeto, era completamente previsível... estava confortável na sua posição de médico medíocre de uma vila qualquer no interior da frança.
Bem, repetindo, qualquer semelhança com o que lemos aqui é mera coincidência ... qualquer semelhança com aquele velho discurso de "você só precisa passar em um concurso foda e será automaticamente um destacado" ou "você só precisa se preservar e escolher uma mulher que siga os santos mandamentos da igreja e estará tudo resolvido, pois só rodadas traem" é puro acaso.
Nem a filha que Emma teve a tirou do tédio quase que mortal que sentia, inclusive ela não gostava muito da guriazinha justamente por ela também ser filha de um cara tão sem graça. Como talvez não seja nenhuma surpresa, Emma encontrou um pouco de alívio do seu tédio tendo amantes. Enquanto mantinha relações com seus amantes, sustentava sua imagem de esposa dos sonhos aos olhos da sociedade.
O desenrolar da história é muito interessante e acaba de uma maneira surpreendentemente trágica, pelo menos eu fiquei muito surpreso quando eu li, não vou contar aqui mas sem dúvidas vale a lida. Interessante que essa narrativa pode gerar uma certa ruptura com alguns conceitos cristalizados aqui, inclusive sobre o fato de: será que Emma foi uma genuína vagabunda por ter traído o pobre Charles, um cara tão limitado e sem graça que chegava a dar pena? Seguramente, e podemos notar isso indiretamente, ele era um corno manso, mas sabia consistentemente que jamais acharia uma mulher melhor que Emma, por isso seguia fazendo de conta que não sabia de nada, e também o seu amor por ela era tão avassalador que superava qualquer comportamento dela.
Charles mesmo tendo algum prestígio social advindo do seu ofício, ainda assim era um cara limitado, que não investia em si mesmo profissionalmente e em outros sentidos. Por mais que tivesse alcançado algo, ainda era um pobre miserável e isso corrobora estritamente o que batemos aqui sistematicamente: não é um cargo na polícia ou no corregedoria pública, etc... ou uma mulher santa que vão te resgatar da sua falta de hombridade. Só você pode fazer isso por si, e acreditar em rótulos por eles serem simplesmente RÓTULOS seguramente será um caminho para ser corno ou coisa pior. Como um colega nosso sempre diz, o homem precisa de 'pele no jogo' de não te rótulos, o homem precisa sofrer e se foder para nãos ser mais uma maldito fulaninho sem graça ...
Mas enfim, sinto que a maioria ainda não está preparado para essa conversa. Vamos ficar por aqui.
Estou no início do livro O vermelho e o Negro e algo semelhante acontece.
Julien, um jovem camponês ambicioso e detentor de algum conhecimento vai morar na casa de um político com a função de educar os filhos desse ilustre senhor.
A mulher do político é descrita como uma verdadeira dama honrada, bonita, um tanto ingênua e nada exibicionista. Seria como uma mulher gostosa que não posta fotos no Instagram e usa roupas modestas, mas adivinha só o que acontece entre a senhora honrada e Julien...
O que não falta na literatura é a corrupção de uma mulher "honrada".
Nada como um dia após o outro.
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