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24-03-2024, 05:05 PM
(Esta publicação foi modificada pela última vez: 24-03-2024, 05:14 PM por Libertador.)
Li recentemente o livro A Arte de Viver do Epitecto.
A mensagem do livro é transmitida em uma linguagem simples e direta. Sem rodeios. Estilo o livro A Arte da Guerra. O que eu achei bem produtivo. O pessoal tem mania de ficar enfeitando demais a mensagem que quer transmitir, falando de forma rebuscada e literária demais. Dando voltas e complicando o simples em vez de ir direto ao ponto. Se a mensagem é realmente boa, não precisa de todo esse enfeite. E essa simplicidade sem rodeios desse livro eu acho muito melhor.
Esse autor aí foi mestre de Marco Aurélio, que foi imperador romano, que absorveu muitas de suas lições e foi inclusive autor do livro Meditações que falamos nesse tópico AQUI.
Em alguns lugares dizem que ele é um dos mais brilhantes mestres que já existiram e que produziu uma das mais brilhantes obras de sabedoria que a civilização já possuiu. Porém, na minha opinião, não se iguala nem de perto com o que Salomão produziu 1000 anos antes de forma mais profunda e completa nos livros de Provérbios e Eclesiastes da Bíblia. As lacunas que Epitecto não conseguiu completar Salomão já tinha completado em sua época.
Basicamente o livro do Epitecto focou em 3 temas, ensinando de forma prática como alcançá-los:
1. Dominar os desejos.
2. Desempenhar bem as obrigações.
3. Aprender a pensar com clareza.
Uma das lições interessantes do livro é aprender a focar no que realmente podemos controlar.
Citação:Algumas coisas estão sob nosso controle e outras não. Então foque naquilo que está sob o seu controle e aceite que o que pertence aos outros é problema deles, e não seu. Treine para não se preocupar com qualquer coisa fora do seu controle.
Sob nosso controle:
>Nossas opiniões, aspirações, desejos. Coisas que nos causam repulsa ou desagradam. Estão sobre nossa influência direta. Coisas internas.
Não estão sob nosso controle:
>O corpo que temos, se nascemos ricos ou pobres, se enriquecemos de repente, como somos vistos pelos outros e nossa posição na sociedade. Coisas externas.
E a outra lição interessante é a de aceitar as coisas como elas são e não como gostaríamos que fossem.
Citação:Não são as coisas que nos perturbam, mas a forma como interpretamos seu significado. Podemos escolher como reagiremos a essas circunstâncias externas.
Não exija nem espere que os acontecimentos ocorram de acordo com suas expectativas. Aceite-os quando eles realmente ocorrerem.
As pessoas e as coisas não são como desejamos que sejam nem o que parecem ser. São aquilo que são.
Não tente fazer as suas próprias regras. Aceite as regras da natureza e se adapte a elas. (Comer de forma saudável, dormir bem, estude no horário que rende mais, coisas assim)
A vida e a natureza são governadas por leis que não podemos mudar.
É tolice desejar que um empregado, parente ou amigo não tenha defeitos. Isso é desejar controlar algo que foge do seu controle. No nosso controle está não sermos desapontados por nossos desejos e expectativas se lidarmos com eles de acordo com os fatos.
Li também o livro Vidas Secas de Graciliano Ramos
O livro relata a história de uma família pequena extremamente pobre, simples e burra, que não sabiam nem falar direito (algumas vezes se comunicam por grunhidos ou onomatopeias). Tentando fugir da seca do nordeste para sobreviver. Aparentemente não dá para imaginar sair alguma coisa que preste de um enredo assim. Mas, eu fiquei surpreso com o livro porque o achei muito bom.
O autor descreve o cenário com as plantas e animais da região, as roupas típicas e objetos que usavam e pelos nomes que as chamam lá, os personagens falam com sotaque carregado e com vários vícios de linguagem comuns e característicos de lá. Até as reflexões e comparações são baseadas em coisas comuns daquele ambiente. E o narrador também é bem seco e áspero nas descrições e narrações, o que é legal porque todo o ambiente do cenário em volta é bem árido, o que torna esse tipo de narração bem conveniente.
E tem muitas situações que pessoas sem estudo passam que foram bem retratadas no livro. O personagem em dado momento é injustamente preso e nem consegue desenvolver um argumento ou raciocínio básico para se defender, sendo que bastava explicar um pouco a situação que ele poderia ser solto, mas não consegue e fica ali somatizando aquela raiva interna dando murros na parede e grunhindo para descontar a frustração. Se atrapalha nos próprios pensamentos e não consegue desenvolver uma linha de raciocínio que saia do básico. Tem um respeito e temor exagerado de qualquer figura de autoridade. Coisas do tipo. Então, achei tudo isso muito bem construído.
Citação:Vivia longe dos homens, só se dava bem com animais. Os seus pés duros quebravam espinhos e não sentiam a quentura da terra. Montado, confundia-se com o cavalo, grudava-se a ele. E falava uma linguagem cantada, monossilábica e gutural, que o companheiro entendia. A pé, não se aguentava bem. Pendia para um lado, para o outro lado, cambaio, torto e feio. Às vezes, utilizava nas relações com as pessoas a mesma língua com que se dirigia aos brutos – exclamações, onomatopeias. Na verdade falava pouco. Admira as palavras compridas e difíceis da gente da cidade, tentava reproduzir algumas em vão, mas sabia que elas eram inúteis e talvez perigosas.
Achei os dois livros muito bons.
“A maior necessidade do mundo é a de homens — homens que se não comprem nem se vendam; homens que, no íntimo de seu coração, sejam verdadeiros e honestos; homens que não temam chamar o pecado pelo seu nome exato; homens cuja consciência seja tão fiel ao dever como a bússola o é ao polo; homens que permaneçam firmes pelo que é reto, ainda que caiam os céus.” Educação, Pág 57.
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(24-03-2024, 05:05 PM)Libertador Escreveu: Vivia longe dos homens, só se dava bem com animais. Os seus pés duros quebravam espinhos e não sentiam a quentura da terra. Montado, confundia-se com o cavalo, grudava-se a ele. E falava uma linguagem cantada, monossilábica e gutural, que o companheiro entendia...
O livro eu não li, não sei como é o estilo da escrita e etc, porém a história me remeteu a Cormac MacCarthy e suas histórias brutais passadas no velho oeste Norte Americano. Personagens embrutecidos e de poucas palavras, uma natureza inóspita, muita dificuldade para simplesmente se manter vivo. Esses contrastes e perspectivas com a nossa vida moderna são interessantes de se ter, especialmente pelo fato de termos tudo muito a mão, de estarmos muito "conectados".
"Compreendi o tormento cruciante do sobrevivente da guerra, a sensação de traição e covardia experimentada por aqueles que ainda se agarram à vida quando seus camaradas já dela se soltaram." (Xeones para o rei Xerxes)
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O problema dos três corpos
Ganhei este livro semana passada e por coincidência, no dia seguinte, saiu o seriado na NETFLIX referente a ele.
Iniciei a leitura, trata-se de ficção cientifica e aventura.
Confesso que quando recebi, subestimei um pouco, mas estou me surpreendendo!
Depois eu volto com mais detalhes.
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@"Bandeirante Paulista" já ouvi falarem muito bem dessa série. Depois dê um salve aí para nós para vermos se o livro é bom mesmo.
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Esse ano estou bem fraco nas leituras, não havia lido praticamente nada.
Estou pretendendo voltar ao ritmo de pelo menos um a cada 15-20 dias. Pelo menos um por mês.
Para tanto, terminei de ler o Bitcoin Red Pill, do Renato Amoedo e Alan Schramm.
Como eu sou um analfabeto funcional nesses assuntos, deu até dor de cabeça esse livro
Fui totalmente convencido e já estou estudando mais sobre o assunto para poder, finalmente, comprar meus bitcoins (leia-se frações de bitcoin )
====
Para voltar à pegada da leitura, escolhi um da esgotosfera para pegar ritmo. Daqueles que bem suburbanos mesmo.
Estou lendo O Eterno Marido, do Fiódor Dostoiévski.
Trata-se do reencontro do eterno marido (agora viúvo) com o ex-amante de sua donzela puritana (estavam querendo fazer uma votação de maior mangina do ano, quem vencer pode ler esse livro com sorriso no rosto ).
Aparentemente, muita desgraceira ainda será revelada, o que é ótimo, diga-se de passagem.
O que me fez começar a ler (devo ter lido uns 20%) e já gostar é que o Dostói já mostra o quanto o personagem principal é desprezível/desprezado. Muitos livros da literatura russa são assim.
Quase sempre são homens cultos, de sucesso, mas que por variados motivos acabam se prostrando ao esquecimento, desprezo, ócio, melancolia.
Veltchanínov, o eterno marido, é uma espécie de Ivan Ilitch, digamos assim.
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Em paralelo, também estou lendo O Vinho Novo é Melhor, de Robert Thom.
Vou deixar a sinopse: " Esta é a história inspirativa de um homem que via o invisível, acreditava no incrível e recebia o impossível. A trajetória de Robert Thom prova que milagres acontecem ainda hoje.
O vinho novo é melhor apresenta o relato emocionante de como um marinheiro sul-africano e alcoólatra descobriu o cristianismo e foi transformado em um verdadeiro homem de fé, como os da Igreja Primitiva."
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27-03-2024, 04:08 PM
(Esta publicação foi modificada pela última vez: 27-03-2024, 04:15 PM por gRILO.)
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Estou lendo essa obra-prima no momento. Com certeza um dos melhores livros que já li sobre negócios. Que homem foi Rockefeller, um dos maiores
empreendedores que já existiu. Da infância pobre no interior, começando como auxiliar administrativo, ao homem mais rico do mundo.
Não só isso, foi um dos poucos magnatas daquele período que prezava pela temperança (Não fumava, não bebia, não comia putas) Enfim, vale muito a pena.
Tudo oque te resta é o desenvolvimento pessoal.
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(26-03-2024, 09:45 PM)hjr_10 Escreveu: Esse ano estou bem fraco nas leituras, não havia lido praticamente nada. Não sabe disso, mas li muitos livros por indicações suas neste post e é confortante saber que não sou o único que anda lendo pouco kkkkkk.
Esse ano venho lendo mais livros acadêmicos, o que me exige mais tempo pra digerir e refletir sobre as ideias.
Já na literatura estou travado em um clássico francês que não tem me agradado tanto, mas pretendo finalizar essa semana e mandar as considerações aqui no fórum.
Apreciador de cervejas, viagens e mulheres.
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28-03-2024, 08:41 PM
(Esta publicação foi modificada pela última vez: 28-03-2024, 08:57 PM por Commodoro.)
Venho de 3 anos estudando com muito afinco para concursos. A jornada é muito árdua, mas rendeu bons resultados.
Recentemente tirei férias para se "reencontrar", embora não o devesse (ainda). Tentar descansar a cabeça. O cansaço mental dos concursos é péssimo: você se sente como se fosse um zumbi. Acorda cedo para estudar e dorme tarde já se preparando para o outro dia. E assim vai, estudando até nos domingos. Pouquíssimo lazer. Mas sem sofrimento, não há vitória (e isso serve para quase qualquer coisa na vida).
E só agora consegui voltar a ler alguma coisa. No mundo dos concursos você tem que ter uma dedicação e disciplina ímpar.
Nessas férias peguei um livro que li na adolescência e na época de ateísmo eu me sentia fascinado: " Eram os Deuses Astronautas" de Erich von Daniken. Claro que alguns questionamentos continuam interessantes (a edição original é de 1968) como o fato de todas as culturas do mundo - ou quase todas - terem suas versões do dilúvio bíblico e de outros 'mitos'. O autor quer acreditar (e defende) que várias obras da Antiguidade foram construídas "por" ou "com" auxílio de extraterrestres. Para ele, e explico de forma bem resumida, todas as obras 'sensacionais' dos antigos da América, África e Ásia não poderiam ser construídas sem o conhecimento de ETs. Muita balela, é claro. Não é porque nós - supostamente modernos - não conhecemos como algumas estruturas antigas foram construídas (as técnicas se perdem, devemos lembrar) que só poderiam ter sido feitas por dedos alienígenas. E claro que há muito etnocentrismo também e menosprezo por povos e culturas que o autor consideram 'primitivos'. É interessante ler novamente esse livro, agora como historiador de formação. Mas enfim, esse foi um dos livros que me fizeram ser um apaixonado pelo estudo da ufologia (que não é ciência, muito longe disso).
Agora comecei a ler os dois volumes do arcebispo norte-americano Fulton Sheen " Vida de Cristo" que há bastante tempo separei.
Homens não são reféns das mulheres, mas reféns da própria libido.
Homem cafajeste merece mulher rodada. Ambos se completam.
Casamento nos moldes modernos é uma roleta russa, mas com todas as balas carregadas.
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(28-03-2024, 08:41 PM)Commodoro Escreveu: Venho de 3 anos estudando com muito afinco para concursos. A jornada é muito árdua, mas rendeu bons resultados...
...Agora comecei a ler os dois volumes do arcebispo norte-americano Fulton Sheen "Vida de Cristo" que há bastante tempo separei.
Irmão, tu continua a ler livros em reta final para concursos? eu normalmente paro, mas não sei se ajuda ou prejudica, enfim qual o teu posicionamento e tua opinião?
Desde já agradeço.
Porque o homem não provém da mulher, mas a mulher do homem.
Porque também o homem não foi criado por causa da mulher, mas a mulher por causa do homem.
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29-03-2024, 08:50 AM
(Esta publicação foi modificada pela última vez: 29-03-2024, 08:52 AM por Commodoro.)
(29-03-2024, 08:24 AM)Luiz Escreveu: (28-03-2024, 08:41 PM)Commodoro Escreveu: Venho de 3 anos estudando com muito afinco para concursos. A jornada é muito árdua, mas rendeu bons resultados...
...Agora comecei a ler os dois volumes do arcebispo norte-americano Fulton Sheen "Vida de Cristo" que há bastante tempo separei.
Irmão, tu continua a ler livros em reta final para concursos? eu normalmente paro, mas não sei se ajuda ou prejudica, enfim qual o teu posicionamento e tua opinião?
Desde já agradeço.
Não, simplesmente porque não há tempo para isso. Evito até de ler jornais ou ocupar a mente com qualquer outra coisa exceto com o concurso. Nossa memória tem limite de armazenamento. Não conheço ninguém que tenha sido aprovado em concursos sem ter priorizado ele antes. Apesar de amar estudar, sempre achei a jornada árdua porque de fato a pessoa não tem tempo para ler outras coisas de qualidade, exceto livros de concurso. Então foram 3 anos 'perdidos' pois não progredi nos meus temas favoritos: história, teologia, filosofia, política... Só avancei, é claro, no estudo do Direito, ou melhor dizendo, das leis. Mas o segredo é esse mesmo, sacrificar alguns anos para ter uma vida melhor no futuro, com aposentadoria garantida (obviamente não estou falando de salário mínimo) ou ter condições de ir morar no exterior.
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(29-03-2024, 08:50 AM)Commodoro Escreveu: Não, simplesmente porque não há tempo para isso. Evito até de ler jornais ou ocupar a mente com qualquer outra coisa exceto com o concurso. Nossa memória tem limite de armazenamento. Não conheço ninguém que tenha sido aprovado em concursos sem ter priorizado ele antes. Apesar de amar estudar, sempre achei a jornada árdua porque de fato a pessoa não tem tempo para ler outras coisas de qualidade, exceto livros de concurso. Então foram 3 anos 'perdidos' pois não progredi nos meus temas favoritos: história, teologia, filosofia, política... Só avancei, é claro, no estudo do Direito, ou melhor dizendo, das leis. Mas o segredo é esse mesmo, sacrificar alguns anos para ter uma vida melhor no futuro, com aposentadoria garantida (obviamente não estou falando de salário mínimo) ou ter condições de ir morar no exterior.
Pensei o mesmo e essa era minha dúvida se estava errado ao parar de ler pois estava numa evolução pessoal e espiritual progressiva, mas é isso , não há como vencer sem sacrificar algo que ame.
Valeu.
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30-03-2024, 12:23 PM
(Esta publicação foi modificada pela última vez: 30-03-2024, 12:36 PM por Matuto Paulista.)
Terminei a leitura do "Problema dos três corpos", achei fantástico.
Para @"hjr_10" e os demais confrades, aqui vão algumas impressões do livro (sem spoilers).
O que eu gostei
- O autor Cixin Liu é chinês, e como ele mesmo diz no posfácio: "A realidade impõe a cada um de nós sua marca indelével. Cada era prende grilhões invisíveis nas pessoas que as viveram, e eu só posso dançar com minhas correntes"
Em resumo, "somos frutos de nosso tempo e cultura".
Os personagens dele, são construções de uma visão oriental da humanidade (apesar do livro também conter personagens ocidentais). Achei isso uma grata surpresa, pois o pragmatismo da visão de mundo dos chineses, torna o desenvolvimento dos personagens e das relações entre eles algo lúcido e coeso.
Sem sentimentalismos excessivos e nem romancezinhos pastelões, coisa que eu detesto. Já tem mangina demais por ai e quando paro pra ler, é justamente para me desligar da realidade.
Você está no meio de uma história sobre o destino da humanidade, ninguém está interessado em saber se o protagonista está comendo alguém
- O título, não é o que parece ser! E isso é ótimo!
- A obra conta a história de vários personagens, centrado no problema dos três corpos. Eles são de épocas diferentes e os "time skips", são feitos de forma MAGISTRAL! Então tenham em mente que este livro envolve épocas diferentes, personagens diferentes, "realidades paralelas", tudo conectado e sem perder o ritmo e a progressão.
- É uma obra de ficção cientifica, porém, contém um grau de suspense muito bacana! Você realmente fica ansioso para que as coisas sejam desvendadas, porque desperta uma curiosidade imensa!
O livro tem 316 páginas e terminei em 5 dias, não sou um leitor assíduo, pra mim foi uma imersão.
- O autor no posfácio, fez uma "mea culpa" dizendo que nada do que ele escreve em suas obras, contém críticas ao presente. Acho perfeitamente compreensível afinal, ele é CHINÊS, tolerância não o forte da galera por lá! Mas ao menos pra mim, ficou absolutamente NÍTIDO como ele criticou o AMBIENTALISMO como forma de manipulação de massas e agenda de governos, da utlização do mercado cinematográfico e da ideologia para a mesma finalidade! Porém, não foi uma "lacrada desconexa" na história, esse elementos foram utilizados de forma EXTREMAMENTE CONVENIENTE NA OBRA! De forma que só parando para refletir um pouco depois, consegui extrair uma crítica social DO MUNDO REAL do contexto da história. Convenhamos, tem que tirar o chápeu para este refinamento literário e sutileza!
Conhecimentos sobre física e computação
- O livro contém alguns capitulos densos sobre computação e física, o falta de entendimento no tema não atrapalha no entendimento do enredo, mas tenho certeza que para quem tem conhecimentos profundos nestas áreas, vão obter do livro um nível de imersão incríveis! No meu caso, consegui acompanhar parcialmente ou muito pouco sobre as explicações e teorias apresentadas nestes capitulos. Mas isso não me aborreceu, mas talvez para alguns, isso seja entediante e torne o livro "chato". Mas reitero, não entender estes capitulos, não interfere no entendimento do enredo, talvez somente no nível de imersão.
O Autor faz questão de aprofundar as teorias levantadas no livro.
- Tive um pouco de dificuldade de decorar os nomes chineses
As vezes em alguns dialogos, pensava: "Quem é esse cara mesmo?", os sobrenomes são muito parecidos e como eles normalmente se referem uns aos outros pelo sobrenome, embaralhou as ideias: Ye (essa familia tem uns 4 membros, Yang, Shang e etc)
Nas primeiras páginas, contém uma lista com o nome dos personagens, recorri a ela algumas (centenas) de vezes.
Conclusão
Se você gosta de ficção cientifica, você provavelmente VAI GOSTAR do "Problema dos três corpos"!
Eu ganhei a trilogia, então, já vou iniciar o segundo livro, "A Floresta Sombria":
Este vou ler em um ritmo mais devagar (espero), ontem passei o dia inteiro lendo o Problema dos três corpos, não estudei e nem fiz nada mais da vida kkk.
Mas quando terminar, volto aqui para dizer se recomendo ou não.
Como disse anteriormente, só vou ver o SERIADO que lançou na NETFLIX, depois de ler os três, para não ter spoiler. Mas meu interesse no seriado está grande depois de ler este primeiro livro!
EDIT: Acho importante mencionar, acabei me esquecendo. Estou em um momento da minha vida de muito estudo, trabalho, alguns ajustes de rota. Ou seja, contato intenso com a REALidade.
Re-li o "Meditações" de Marco Aurélio, apesar de achar um livro FANTÁSTICO, não curti a jornada. Cheguei a conclusão de que como estou imerso na realidade, livros com este conteúdo acabam acentuando essa sensação rotina e mecanismos para ter que lidar com ela (gente filha da puta, dinheiro, relacionamentos e tudo que já sabemos), então, tive a ideia de ler sobre ficção para relaxar a mente em alguma história. Deu certo pra mim e recomendo esta formula/estratégia.
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31-03-2024, 04:56 PM
(Esta publicação foi modificada pela última vez: 31-03-2024, 05:10 PM por Texugo Real.)
Hoje eu vou falar de um livro bem controverso, "Sexo e Caráter" (1903), do Otto Weininger. Se as feministas dos anos 2005~2010 viam extremismo em Nessahan Alita, na Real, na Redpill etc, é porque elas não conheceram o Otto Weininger (que se matou aos 23 anos, na mesma época da publicação desse livro).
O livro é uma análise das diferenças de gênero, dos princípios masculino e feminino, críticas ao sufrágio e movimentos pela emancipação da mulher e outros assuntos. Esse livro causou rebuliço na época e um monte de gente pagou pau pra ele também, pois várias pessoas diziam que ele parece ter resolvido um problema debatido a séculos, a "questão feminina" (the woman question).
Eu acredito que alguns MGTOW tenham lido ele, mas não mencionam, ou então chegam a conclusões parecidas com as do autor sem ter lido. Pelo menos alguns MGTOW gringos já devem ter lido alguma coisa desse autor. Ele fala literalmente que a vocação da mulher é só prostituição e maternidade, e a do homem é, além da paternidade, outras realizações (construção, descoberta, invenções, criações de leis e códigos morais etc). Diz que a mulher é só sexo e reprodução, enquanto o homem é mais coisa além do sexo e reprodução. Outro motivo pra eu achar que ele já foi lido por alguns MGTOW é porque ele falava de telegonia também, já naquela época.
O autor lembra que poucas mulheres possuem aptidão para ciências, artes, governo etc. e que geralmente elas são mais masculinizadas, ou até mesmo lésbicas e bissexuais. E também, a mulher realmente emancipada e que tem mais iniciativa e força própria costuma ser mais "masculina". Poucas mulheres são verdadeiramente emancipadas, pois para a emancipação elas devem se livrar de sua personalidade feminina.
O cara também fala que a mulher não tem alma humana, e portanto tem mais inclinação pra gostar de animais e cuidado com plantas, já que se assemelha mais a esses seres pela falta de alma (sim, eu li isso). A mulher também é um ser amoral e sem escrúpulos, enquanto o homem pode ser um criminoso ou tarado que mesmo assim tem mais "moral" do que a mulher, pois os crimes que ele comete é porque ele teve iniciativa de cometer, e não por ter sido influenciado por outros. Segundo Weininger, essa falta de moralidade da mulher pode ser um dos motivos pra elas gostarem de delinquentes.
O livro também tem faz algumas críticas ao judaísmo, dizendo que essa religião é afemininada, e que por isso enfraquece e corrompe as pessoas. Também faz algumas declarações um tanto controversas sobre os negros, dizendo que eles são selvagens e incivilizados, e que a abolição da escravidão pode ter sido um erro, já que eles não conseguem administrar a si mesmos.
Eu achei o livro meio extremista, nem quero pagar de "feministo" aqui, mas é estranho ler um livro que o cara diz que a mulher não tem alma, e que a abolição da escravatura pode ter sido um engano. Apesar de todas essas esquisitices, eu confesso que eu não conseguia parar de ler. É um documento interessante e serve pra quem tem interesse na área de sociais e um aprofundamento nos assuntos da Real, e também assuntos relacionados ao desenvolvimento da personalidade.
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31-03-2024, 05:38 PM
(Esta publicação foi modificada pela última vez: 31-03-2024, 05:43 PM por Matuto Paulista.)
(31-03-2024, 04:56 PM)Texugo Real Escreveu:
Hoje eu vou falar de um livro bem controverso, "Sexo e Caráter" (1903), do Otto Weininger. Se as feministas dos anos 2005~2010 viam extremismo em Nessahan Alita, na Real, na Redpill etc, é porque elas não conheceram o Otto Weininger (que se matou aos 23 anos, na mesma época da publicação desse livro).
O livro é uma análise das diferenças de gênero, dos princípios masculino e feminino, críticas ao sufrágio e movimentos pela emancipação da mulher e outros assuntos. Esse livro causou rebuliço na época e um monte de gente pagou pau pra ele também, pois várias pessoas diziam que ele parece ter resolvido um problema debatido a séculos, a "questão feminina" (the woman question).
Eu acredito que alguns MGTOW tenham lido ele, mas não mencionam, ou então chegam a conclusões parecidas com as do autor sem ter lido. Pelo menos alguns MGTOW gringos já devem ter lido alguma coisa desse autor. Ele fala literalmente que a vocação da mulher é só prostituição e maternidade, e a do homem é, além da paternidade, outras realizações (construção, descoberta, invenções, criações de leis e códigos morais etc). Diz que a mulher é só sexo e reprodução, enquanto o homem é mais coisa além do sexo e reprodução. Outro motivo pra eu achar que ele já foi lido por alguns MGTOW é porque ele falava de telegonia também, já naquela época.
O autor lembra que poucas mulheres possuem aptidão para ciências, artes, governo etc. e que geralmente elas são mais masculinizadas, ou até mesmo lésbicas e bissexuais. E também, a mulher realmente emancipada e que tem mais iniciativa e força própria costuma ser mais "masculina". Poucas mulheres são verdadeiramente emancipadas, pois para a emancipação elas devem se livrar de sua personalidade feminina.
O cara também fala que a mulher não tem alma humana, e portanto tem mais inclinação pra gostar de animais e cuidado com plantas, já que se assemelha mais a esses seres pela falta de alma (sim, eu li isso). A mulher também é um ser amoral e sem escrúpulos, enquanto o homem pode ser um criminoso ou tarado que mesmo assim tem mais "moral" do que a mulher, pois os crimes que ele comete é porque ele teve iniciativa de cometer, e não por ter sido influenciado por outros. Segundo Weininger, essa falta de moralidade da mulher pode ser um dos motivos pra elas gostarem de delinquentes.
O livro também tem faz algumas críticas ao judaísmo, dizendo que essa religião é afemininada, e que por isso enfraquece e corrompe as pessoas. Também faz algumas declarações um tanto controversas sobre os negros, dizendo que eles são selvagens e incivilizados, e que a abolição da escravidão pode ter sido um erro, já que eles não conseguem administrar a si mesmos.
Eu achei o livro meio extremista, nem quero pagar de "feministo" aqui, mas é estranho ler um livro que o cara diz que a mulher não tem alma, e que a abolição da escravatura pode ter sido um engano. Apesar de todas essas esquisitices, eu confesso que eu não conseguia parar de ler. É um documento interessante e serve pra quem tem interesse na área de sociais e um aprofundamento nos assuntos da Real, e também assuntos relacionados ao desenvolvimento da personalidade.
Polêmico esse ai.
Vou por na lista, por curiosidade.
O cara se matou com 23 anos... muito jovem.
EDIT: Só tem em inglês né?!
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@"Bandeirante Paulista"
Eu já vi ele em espanhol à venda, mas é uns 900 reais...
E em inglês é possível encontrar PDF na internet também.
Se for comprar em inglês, recomendo as versões da Forgotten Books, que é uma edição ok e legível, e não é cara igual as outras.
Ah, esqueci de falar mais coisa...
O Otto Weininger era judeu, e escreveu essas coisas meio antissemitas aí, e as ideias dele tiveram alguma relevância em círculos antissemitas e nacionalistas da Alemanha nos anos 20~30 (não necessariamente nazistas)
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Estou lendo viva o povo brasileiro de Ubaldo Ribeiro.
Estou gostando da leitura porque ela não é linear, são várias histórias diferentes que vão se juntando ao longo do tempo, é bem confuso, mas é interessante, porém sinto que terei que ler esse livro daqui uns anos novamente, para deixar tudo melhor organizado dentro da minha cabeça.
Estava muito acostumado com literatura russa, e ela é muito boa, mas é bom ter um contato nacional de vez em quando, e eu ainda não sei se o título do livro é irônico ou é mesmo um ode ao povo brasileiro.
A histórias envolvem tudo de errado que há no brasil hoje e já havia desde de... sempre desde barões folgados que estupravam as pretas escravas, escravos que tratavam mal escravos em um "posto" inferior, conspirações internas, dissimulação e muita folga.
Achei interessante que logo no começo do livro dois holandeses são capturados e um mestiço índio com preto que os havia capturado começa a os comparar eles com os portugueses de lá, era um mestiço canibal, e começa a fazer divagações sobre como os holandeses pareciam melhores do que os portugueses em quase tudo, e até a carne deles era melhor, mais macia, e depois fica divagando se não seria melhor que essas pessoas tivessem descoberto a terra deles, e não os "outros tipos de brancos" que pareciam piores e até a carne era mais dura.
Achei essa reflexão, apesar de um pouco sinistra, bem interessante, pois essa discussão de como o brasil seria se tivesse sido colonizado por germanicos e não ibéricos sempre existiu.
Ainda estou no começo do livro, mas está sendo uma boa leitura.
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Enfim, terminei de ler O Eterno Marido, do Dostoiévski.
É a história de um (re)encontro entre o Eterno Marido, Pávlovich, com Veltchaninov, seu antigo amigo (e que não o vê há quase 10 anos) e também amante de sua donzela. E não o único, inclusive.
Veltchaninov era um playboy na adolescência, gostava de humilhar a quem ele julgava inferior. Já na "entrada da velhice", começa a ter crises de consciência.
O pontapé inicial dessas crises foi começar a se deparar, na rua, com um homem usando um chapéu com uma fita de luto. Ele não reconhece de cara o sujeito, mas sabe que o conhece. Sabe também que a figura desse homem, até então estranho, causa sentimentos ruins nele.
Até que o homem, um dia, praticamente invade sua casa.
O homem é ele, Pávlovich. Depois de quase 10 anos sem se verem, ele aparece na casa de Veltchaninov e anuncia a morte de sua amada, Natália Vassílievna.
Até aqui, não dá para saber o que quer Pávlovich. Ele sabe do caso de sua donzela puritana com Veltchaninov? Sabe de outras traições? Ele quer vingança?
Mas uma coisa dá para saber: Pávlovich é um baita de um corno. Se fosse disputar o campeonato de maior mangina do ano, com certeza seria favorito ao título.
Com o desenrolar da história, surgem várias facetas ocultas dos personagens. Facetas parecidas, dentre suas diferenças.
Para piorar essa desonrosa história, surge Lisa, filha de Natália Vassílievna.
Veltchaninov faz algumas contas e percebe que a criança tem grandes chances de ser sua. O ponto é: até que ponto da história pervertida da esposa, Pávlovich, o Eterno Marido, conhece?
Esse livro é até uma boa obra de entrada para quem quer começar a ler Dostoiévski.
Porém, tendo em vista que existem outros livros bem melhores e que podem servir para o mesmo objetivo, indico (para quem quer começar e não necessariamente nessa ordem):
- Duas Narrativas Fantásticas
- Noites Brancas
- Memórias do Subsolo.
Bom livro, mas confesso que não me causou nenhum tipo de espanto ou surpresa (sentimentos comuns, quando se trata de Dostoiévski). Não sei se é pelo fato do livro não ser lá uma grande obra prima do autor ou se é pelo fato de que já estou acostumado e, por isso, já espero merdas acontecerem no desenrolar da história.
Na real, acredito ser as duas coisas.
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Recentemente terminei 120 dias de sodoma, do marquês de sade.
O livro foi escrito enquanto o autor estava preso na bastilha e sua publicação foi proibida por anos.
Não considero uma leitura fácil, muitas das coisas narradas podem chocar o leitor pois vão na contramão de tudo o que consideramos moral. Não é um livro que leria novamente, mas valeu a experiência.
Apreciador de cervejas, viagens e mulheres.
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02-04-2024, 09:07 AM
(Esta publicação foi modificada pela última vez: 02-04-2024, 02:26 PM por Héracles.)
(01-04-2024, 09:57 PM)hjr_10 Escreveu: Bom livro, mas confesso que não me causou nenhum tipo de espanto ou surpresa (sentimentos comuns, quando se trata de Dostoiévski)
Bem, considerando as profundas digressões existenciais e tragédia de todos os sentidos que vemos em outras obras, uma "simples" traição basicamente é um reducionismo ou um lugar comum. De todos os livros que eu li desse autor, destaco os mesmos que todo mundo - Crime e castigo e os Irmãos Karamazov - e também Memória da Casa dos Mortos e O Idiota. Memórias do Subsolo eu li e reli e sinceramente, não consegui gostar - perdoem a minha blasfêmia - . Não sei ao certo o porque, talvez porque essa história meio que me remeteu ao fórum, ondem uns malucos ficam ruminando o próprio fracasso até a inércia completa. Enfim ...
Pegando esse gancho de um livro sobre "traições", vou citar um que eu li mais ou menos recentemente:
Partindo de um perspectivismo realista, não sei ao certo quem nós poderíamos colocar como protagonista dessa história, Emma ou Charles. Poderíamos pegar duas vertentes ou melhor, dois "princípios" bastante difundidos por aqui e fazer uma breve digressão tendo como norte a trama que se passa nesse livro de MIL OITOCENTOS E CINQUENTA E SEIS! Como disse um sábio, não há nada de novo sob o sol, mas enfim ...
Emma é o que poderíamos classificar como "esposa dos sonhos da ala templários da real - ala sonho de noiva"... muito bem educada, pasmem, num convento - recatada, gestos majestosos, linda, VIRGEM, oriunda de uma família digna, praticamente uma princesa. Gostava muito de ler romances, acreditava friamente que o amor romântico que lia nesses livros e desejava mais do que qualquer coisa se casar e ter um lar com o amor da sua vida. Seguia o que a Santa Igreja pregava... ou seja, o sonho de mulher para grande maioria dos possíveis leitores desse fórum, especialmente os rambos da moral.
Chales era o típico cara mediano, o bonzinho, o beta talvez... Oriundo de uma família da burguesa que se encontrava em declínio, viu que a sua única chance de reerguer o nome da família e o seu próprio seria fazer? Um concurso fodão? não ... sua única chance seria fazer medicina e assim o fez. Qualquer semelhança com o que já limos e lemos na Real é mera "coincidência". Pois bem, entretanto ele não tinha muita aptidão para a coisa, era um aluno obtuso, fraco, como eu gosto de falar, "inepto"... mas mesmo assim persistiu no seu sonho, teve perseverança, confiou em Deus e finalmente concluiu seu martírio.
Se casou como uma tal Heloise, uma balzaca meio histérica que como não deve ser surpresa para ninguém aqui, não o respeitava muito e frequentemente o chutava como um cachorro sarneto, e porém, sem surpresa para ninguém mais uma vez, ele gostava verdadeiramente dela. Mas a vida é uma coisa engraçada, surpreendente ... e um certo dia numa certa circunstância Chales conheceu Emma. E o que acontece quando um beta meio bundão conhece o esteriótipo perfeito da ala sonho de noiva? Paixão avassaladora, é claro.
Acabou que essa tal Heloise morreu e Chales de viu livre para poder cortejar Emma. Como ele tinha um certo "prestígio" e era um cara muito sem personalidade, ou seja, queria agradar todo mundo, não foi difícil de convencer o velho pai de Emma a aceitar o casamento, pois afinal de contas ele era médico, os Bovary tinham uma notoriedade relevante, ele tratava Emma como uma rainha e era completamente apaixonado por ela. No outro lado, Emma de fato se apaixonou pelo nosso beta... ela acreditava de coração que tinha encontrado o amor verdadeiro, pensava que a sua vida seria como nos livros que ela tanto gostava de ler.
Casaram-se, Charles dava tudo do bom e do melhor para Emma - até se endividava por isso - amava-a de todo coração e verdadeiramente, porém ele não tinha uma coisa, e essa coisa fez com que Emma se entediasse profundamente a medida que os dias de casada iam se passando. Charles não tinha ambição, não tinha ímpeto, era completamente previsível... estava confortável na sua posição de médico medíocre de uma vila qualquer no interior da frança.
Bem, repetindo, qualquer semelhança com o que lemos aqui é mera coincidência ... qualquer semelhança com aquele velho discurso de "você só precisa passar em um concurso foda e será automaticamente um destacado" ou "você só precisa se preservar e escolher uma mulher que siga os santos mandamentos da igreja e estará tudo resolvido, pois só rodadas traem" é puro acaso.
Nem a filha que Emma teve a tirou do tédio quase que mortal que sentia, inclusive ela não gostava muito da guriazinha justamente por ela também ser filha de um cara tão sem graça. Como talvez não seja nenhuma surpresa, Emma encontrou um pouco de alívio do seu tédio tendo amantes. Enquanto mantinha relações com seus amantes, sustentava sua imagem de esposa dos sonhos aos olhos da sociedade.
O desenrolar da história é muito interessante e acaba de uma maneira surpreendentemente trágica, pelo menos eu fiquei muito surpreso quando eu li, não vou contar aqui mas sem dúvidas vale a lida. Interessante que essa narrativa pode gerar uma certa ruptura com alguns conceitos cristalizados aqui, inclusive sobre o fato de: será que Emma foi uma genuína vagabunda por ter traído o pobre Charles, um cara tão limitado e sem graça que chegava a dar pena? Seguramente, e podemos notar isso indiretamente, ele era um corno manso, mas sabia consistentemente que jamais acharia uma mulher melhor que Emma, por isso seguia fazendo de conta que não sabia de nada, e também o seu amor por ela era tão avassalador que superava qualquer comportamento dela.
Charles mesmo tendo algum prestígio social advindo do seu ofício, ainda assim era um cara limitado, que não investia em si mesmo profissionalmente e em outros sentidos. Por mais que tivesse alcançado algo, ainda era um pobre miserável e isso corrobora estritamente o que batemos aqui sistematicamente: não é um cargo na polícia ou no corregedoria pública, etc... ou uma mulher santa que vão te resgatar da sua falta de hombridade. Só você pode fazer isso por si, e acreditar em rótulos por eles serem simplesmente RÓTULOS seguramente será um caminho para ser corno ou coisa pior. Como um colega nosso sempre diz, o homem precisa de 'pele no jogo' de não te rótulos, o homem precisa sofrer e se foder para nãos ser mais uma maldito fulaninho sem graça ...
Mas enfim, sinto que a maioria ainda não está preparado para essa conversa. Vamos ficar por aqui.
"Compreendi o tormento cruciante do sobrevivente da guerra, a sensação de traição e covardia experimentada por aqueles que ainda se agarram à vida quando seus camaradas já dela se soltaram." (Xeones para o rei Xerxes)
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02-04-2024, 02:20 PM
(Esta publicação foi modificada pela última vez: 02-04-2024, 02:22 PM por Matuto Paulista.)
(02-04-2024, 09:07 AM)Héracles Escreveu: (01-04-2024, 09:57 PM)hjr_10 Escreveu: Bom livro, mas confesso que não me causou nenhum tipo de espanto ou surpresa (sentimentos comuns, quando se trata de Dostoiévski)
Bem, considerando as profundas digressões existenciais e tragédia de todos os sentidos que vemos em outras obras, uma "simples" traição basicamente é um reducionismo ou um lugar comum. De todos os livros que eu li desse autor, destaco os mesmos que todo mundo - Crime e castigo e os Irmãos Karamazov - e também Memória da Casa dos Mortos e O Idiota. Memórias do Subsolo eu li e reli e sinceramente, não consegui gostar - perdoem a minha blasfêmia - . Não sei ao certo o porque, talvez porque essa história meio que me remeteu ao fórum, ondem uns malucos ficam ruminando o próprio fracasso até a inércia completa. Enfim ...
Pegando esse gancho de um livro sobre "traições", vou citar um que eu li mais ou menos recentemente:
[spoiler]
Que reflexão, essa história é um embate direto a muitos tópicos e teorias que vemos por aqui.
"Paulistarum Terra Matter..."
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10-04-2024, 09:47 PM
(Esta publicação foi modificada pela última vez: 10-04-2024, 09:56 PM por Matuto Paulista.)
Terminei o "Floresta Sombria", que é o segundo livro da trilogia do "Problema dos três Corpos".
Gostei muito, o que pude notar é que não foi uma continuação forçada pra ganhar dinheiro, mas sim, um desenvolvimento ESPETACULAR da história do primeiro livro!
Cheio de reviravoltas, o Cixin Liu realmente não tem dó de suas criações
Este livro conta com muito mais personagens e o que achei mais bacana, foi que o principal problema enfrentado pela humanidade é visto da perspectiva de várias pessoas... desde agentes do governo, militares, tiozão aposentado, cientistas, enfim, é muito enriquecedor esse enredo visto pelo olhar de gente "capacitada" e de gente "simples"! Torna as coisas mais verossímeis do que um super heroi que vai lá e salva todo mundo e você só sabe o que ELE pensa!
A passagem do tempo para andar com a narrativa, incrível também!
Bom, qualquer coisa que eu diga a mais aqui, seria spoiler, então, pra finalizar, quero dizer que recomendo muito este segundo livro, assim como o primeiro!
A próxima leitura será o último livro da trilogia "O Fim da Morte"
E em paralelo, comprei também o "BitCoin Red Pill", do Renato Amoedo.
Vi a recomendação dele pelo confrade @"hjr_10" e me interessei, e também, pelos posts do @ Trglodita a respeito.
Vou ler estes dois e depois volto pra dizer o que achei.
"Paulistarum Terra Matter..."
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