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As solidões pós-modernas e os mitos do amor
#1
As solidões pós-modernas são o resultado de um longo processo no qual o conceito de individualismo foi imposto de forma progressiva. Lentamente foram sendo impostas ideias contraditórias na cultura. Uma, de que cada um deve criar seu próprio clã. A outra, de que a solidão é algo terrível.
Da mesma forma, as solidões pós-modernas derivam de um fato cada vez mais palpável: temos medo do outro. O conceito do próximo desapareceu quase por completo. No mundo há pessoas do nosso entorno e também estranhos, e não temos interesse em conhecer estes últimos. Há algo ameaçador nos desconhecidos.

[i]“Nunca encontrei uma companheira mais sociável do que a solidão.”
– Henry David Thoreau-
[/i]


O resultado é uma sociedade na qual as pessoas estão cada vez mais sozinhas, mas lutando contra a solidão. Criamos um mundo no qual não somos capazes de viver em comunidade, mas no qual também não somos capazes de viver sozinhos. Tanto a solidão quanto a companhia se transformaram em um problema.

O assunto da solidão não teve muita transcendência até o romantismo. Antes disso, a solidão não era fonte de grandes reflexões, nem de profundos problemas existenciais. Era normalmente aceito que nascíamos sós e morreríamos sós.

O individualismo também não tinha um lugar preponderante. As pessoas, basicamente, viviam em comunidade. Era comum que uma família inteira vivesse na mesma casa. Avós, filhos, netos e, muitas vezes, outros parentes próximos também. O relacionamento com os vizinhos também era muito forte. As pessoas se conheciam quando viviam em lugares próximos.
Da mesma forma, existiam rituais coletivos que envolviam praticamente toda a população da área. A missa ou as novenas, festas de rua, etc. Resumindo, existia um conceito claro de que cada um era uma parte da comunidade. 

Com o romantismo, isso mudou. O casal se transformou na resposta para tudo. Um casal isolado, privado, submerso em seu próprio mundo. A [b]sociedade começou, paulatinamente, a se organizar ao redor do casal e do núcleo familiar mínimo que os envolvia. [/b]Paralelamente, a solidão começou a tomar uma conotação dramática e se transformou em algo indesejável.

Após esta mudança de uma família grande vivendo em comunidade para uma sociedade composta de casais, uma nova realidade começou a surgir com a introdução das novas tecnologias. Assim foram inauguradas as solidões pós-modernas. Estas se movem dentro de uma contradição fundamental: estamos conectados com todo o mundo e nos sentimos mais sós do que nunca. 

As pessoas se sentem tão sós consigo mesmas que se sentem mal quando não recebem um like ao publicar nas redes sociais. De fato, há tanta solidão que já existem pessoas viciadas em redes sociais. As pessoas se viciam em receber e enviar mensagens, mesmo que estas não digam nada importante.

Por sua vez, no marco das solidões pós-modernas, o casal adquiriu um significado totalmente desproporcional. As pessoas assumem que não fazer parte de um casal é estar sozinho, como se o mundo fosse composto unicamente pelo casal e um término amoroso nos jogasse no abismo da infelicidade total. Como se só um relacionamento pudesse ser fonte de felicidade.
Questionar os mitos do amor e da solidão

Talvez tenha chegado o momento de questionar esses mitos que rondam a solidão e o amor. As solidões pós-modernas provam que estamos errando em alguma coisa. A cultura, da forma como é hoje, não está nos proporcionando um sentimento de paz, plenitude ou felicidade. Está fazendo justamente o contrário. Cada vez são mais frequentes as dificuldades emocionais ou os problemas psicológicos.

Comecemos relembrando algo que a maioria de nós já sabe: todos precisam de amor. No entanto, o amor de casal é só uma das múltiplas manifestações desse sentimento.Também há o amor entre a família, entre os amigos, pelas ideias e pelas causas, pela humanidade e, é claro, por nós mesmos. Reduzir nossas preocupações e expectativas somente ao amor de casal nos empobrece enormemente e nos torna mais vulneráveis.

Dessa forma, vale a pena questionar o conteúdo dessas solidões atuais. Quando começamos a negar a solidão? Esta é uma realidade para a qual não se tem antídoto. Nascemos sozinhos e morremos sozinhos. Os demais sempre estarão em nossas vidas em qualidade de empréstimo. 


Quanto mais e melhor nos entendermos com a solidão, mais capacitados estaremos para viver e, também, para morrer.

https://amenteemaravilhosa.com.br/solidoes-pos-modernas-mitos-do-amor/ 
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#2
Interessante, é importante ressaltar como a revolução industrial, e posteriormente, a tecnologia, afetaram isso.

Antes não existia amor romântico, até o século XVIII, e começo do século XIX, os casamentos eram em sua maioria, arranjados, isso diz muito sobre nós hoje, e naquela época também.

E creio que a tecnologia teve um fato fundamental também, criamos formas diversas de comunicação, porem, não nos atentamos a como isso iria nos afetar.
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#3
(28-06-2018, 09:26 PM)Navalha Escreveu: Interessante, é importante ressaltar como a revolução industrial, e posteriormente, a tecnologia, afetaram isso.

Antes não existia amor romântico, até o século XVIII, e começo do século XIX, os casamentos eram em sua maioria, arranjados, isso diz muito sobre nós hoje, e naquela época também.

E creio que a tecnologia teve um fato fundamental também, criamos formas diversas de comunicação, porem, não nos atentamos a como isso iria nos afetar.

Tem alguma fonte sobre isso jovi?

Ao autor do tópico, boa reflexão!
Basta que o almejado ideal aconteça todos os dias para que a sonhada perfeição desapareça. 
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#4
Citação:Ao contrário do que possa parecer, nem todos os casamentos do século XIX eram um mero arranjo entre famílias, com objetivos escusos. Ao longo do século, conforme a ideia de amor romântico vai se disseminando na sociedade, mais pais começam a levar em consideração as afeições dos filhos, mas isso não é de forma alguma uma regra. O que era realmente comum era que o cônjuge fosse escolhido dentro das relações da própria família: podia ser um irmã ou irmã do melhor amigo, primos distantes, vizinhos.

@"Gashead"

http://shdestherrense.com/home/2015/03/0...eculo-xix/

Li nesse site ai, mas não creio que seja mentira. Antes do século 19, não tinha essa de escolher com quem tu casava, casamento era para distribuir e compartilhar propriedades, e não para fazer amorzinho.
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#5
(28-06-2018, 09:34 PM)Navalha Escreveu: http://shdestherrense.com/home/2015/03/0...eculo-xix/

Li nesse site ai, mas não creio que seja mentira. Antes do século 19, não tinha essa de escolher com quem tu casava, casamento era para distribuir e compartilhar propriedades, e não para fazer amorzinho.

Perguntei porque tempos atrás matutei neste assunto e acabei esquecendo de dar uma googleada por ter outras prioridades. Depois vou ler esse link.

Obrigado
Basta que o almejado ideal aconteça todos os dias para que a sonhada perfeição desapareça. 
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#6
(28-06-2018, 09:26 PM)Navalha Escreveu: Interessante, é importante ressaltar como a revolução industrial, e posteriormente, a tecnologia, afetaram isso.

Antes não existia amor romântico, até o século XVIII, e começo do século XIX, os casamentos eram em sua maioria, arranjados, isso diz muito sobre nós hoje, e naquela época também.

E creio que a tecnologia teve um fato fundamental também, criamos formas diversas de comunicação, porem, não nos atentamos a como isso iria nos afetar.

 Sim, concordo plenamente, o amor romântico é lírico e só existe em um universo imaginário formulado por abstrações da realidade. Eu acredito que a promiscuidade era o "símbolo" da elite social e portanto, unica e exclusivamente direcionada aos súditos do poder. Enquanto isso, os miseráveis em demasia, temiam os castigos e os pecados carnais oriundos dos moldes reliosos que perduraram nos séculos passados, sendo entidades um pouco mais comportadas... A elite sempre fora sem pudor, os casamentos "formais" serviam apenas como artifícios de opulência, firmamentos que em essência eram por si só informais, serviam apenas para a preservação de interesses econômicos, porém, os "amores carnais" imperavam dentro dos desejos insanos da alma... traições eram constantes e "fetiches" sexuais eram consumados sem pudor algum... os regozijos da elite eram desconhecidos pela população pobre, os casamentos dos miseráveis eram ou por gravidez indesejada ou por arranjamento dos pais, o que de fato não modificaria o cenário drástico e caótico das famílias pobres, que em determinadas ocasiões, transformavam-se em tirânicas e oportunistas. A situação era ainda pior em lugares interioranos e isolados... os fetiches sexuais eram desconhecidos pelas mulheres que se contentavam com o simples desejo ardente e intenso de seus parceiros, foi uma época de ouro para os homens, suas mulheres sequer fantasiariam sobre orgias, surubas ou adventos da sexualidade moderna, e se o fizessem, seriam rechaçadas pelo pudor moral ortodoxo, eram exímias subservientes do sistema. O que o olhos não vêem, o cérebro não processa, há de se alvitrar que as meras formas de entretenimento público, além de escassas, eram frívolas, sobrando apenas o ato sexual como forma de distração... não existia um outro caminho.


 Dois jovens se interligavam mediante aos desejos da paixão, copulavam, e então como em um passe de mágica, tinha 9,10, 15 ou 19 filhos para criar, quem nasceu ou vivenciou uma realidade interiorana, conhece bem os seus antepassados... por essa lógica ortodoxa e "arcaica", podemos deduzir que o desejo sexual por si só foi o principal algorítimo de preservação da espécie. Em um mundo animalesco e pouco civilizado, contos romantizados nunca existiram e o sentimentalismo é derivado do desejo sexual... a literatura romântica surge como uma forma à bel-prazer de fantasiar e entreter os ricos e elitizados... logo mais com a intrumentalização da informação e com o surgimento de colulas textuais de fácil acesso, a população teve acesso ao que antes só existia para os "ricos"... o "boom" das inúmeras revoluções em massa e uma caralhada de outras cousas contribuiram para a intensificação da revolução sexual, e é irônico citar que o homem moderno fantasia o romantismo enquanto sua mulher fantasia apenas os desejos carnais... o que existe hoje não é amor e sim "manginaria", os homens eram felizes porque suas mulheres eram subservientes e dependentes de uma força maior, hoje a história é outra, não há necessidade alguma de um braço de apoio, as mulheres emponderadas estão se multiplicando e os homens estão se transformando em zumbis de vaginas fétidas... a mulher do passado era ingenua, a do presente é "emponderada". Ressaltei a "elite" porque nos séculos passados a vida era "pesada", trabalhos populares eram demasiadamente cansativos e demandantes, não havia espaço algum para a ala feminina popular, não havia nenhuma perspectiva para esse público, o sistema era dependente dos homens comuns, as mulheres elitizadas porém, eram rainhas e detentoras do poder juntamente com seus cônjugues, o nível cultural era outrora mais elevado, o contato com a diversidade era bastante intenso para com estes últimos... o entretenimento só servia para um público específico, o homem comum era destinado ao trabalho braçal e sua mulher ao trabalho doméstico... nos dias atuais a "elite" inexiste e toda a diversidade perdura com pouquíssimos esforços individuais... sexo está mais fácil que pedir pizza pelo telefone, algo que antigamente só era destinado a um público específico, implantar a sexualidade desenfreada na massa popular era pedir pro caos se instalar mesmo... acredito firmemente que o amor romântico fora apenas uma construção social de manipulação mental a fim de desinstabilizar o emocional de uma parcela significativa da população, no caso os homens... a força política e cultural de todos os tempos... acabei desvirtuando um pouco a temática mas é essa a minha opinião, bela discussão.
 

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#7
"o que existe hoje não é amor e sim "manginaria", os homens eram felizes porque suas mulheres eram subservientes e dependentes de uma força maior, hoje a história é outra, não há necessidade alguma de um braço de apoio, as mulheres emponderadas estão se multiplicando e os homens estão se transformando em zumbis de vaginas fétidas... a mulher do passado era ingenua, a do presente é "emponderada".

Tenho minhas dúvidas se as mulheres eram "ingênuas".  E tenho certeza de que os homens sempre foram zumbis de vaginas; e hoje não são fétidas. As mulheres estão cada vez mais asseadas, depiladas.  E quem tem medo do "empoderamento" feminino?

Sei lá. Tenho muto receio quanto a dizer que "antigamente" era melhor. Era melhor pq a mulher era subjugada, aí era fácil. Não havia um poder real no homem; só um poder imposto pela cultura da época; a mulher era subserviente. Fácil ser "foda" assim.

No mundo de hoje sim é preciso ser homem de verdade; é preciso, como tantas e tantas vezes é dito aqui, em se desenvolver em todos os aspectos da vida. Esse sim é o poder real. Um homem que se preocupa com seu desenvolvimento não acha que "antigamente era melhor"; ele funciona bem em qualquer época.

Sei lá, de novo. Toda vez que leio uma crítica às mulheres eu vejo medo nessa crítica. Não, não sou um "homem feministo". Ocorre que sempre que somos fracos, inseguros, imaturos seremos ludibriados em qualquer aspecto da vida, e não só por mulheres: pelos amigos, irmãos, qualquer pessoa.

O segredo todo está em crescer e ficar acima disso tudo. Um homem que se desenvolve não teme nada. Essa é a filosofia, não?
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#8
@Dallas 

Que texto foda cara!

Não sabia desse aspecto "underground" das elites não, mas de fato faz sentido, gente rica e ociosa iria passar o tempo como? Ainda mais naquela época, onde não se tinha internet, nem televisão, nem porra nenhuma? Transando, obviamente.


@MarDon 

Você está certo e errado ao mesmo tempo.

De fato a culltura daquela época valorizava os homens em detrimento das mulheres, mas era uma valorização lógica. 

Homens eram fortes. Trabalhos da época exigiam força. Homens eram muito mais valorizados.

E outra, dificil não virar "homem de verdade" trabalhando 16 horas por dia dentro de uma fábrica lá pelo meio do século 19.

Ou fundido ferro, em épocas mais antigas, um ferreiro por exemplo, fazendo espadas para um soldado que vai usa-las, não vejo lugar para hmens fracos naquela época, tirando os ricos ociosos que passam o dia todo transando, claro, e são justamente esses que eram os cucks.
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#9
@MarDon vaginas fétidas no sentido de terem sido esporradas por vários homens, na maioria das vezes marginais e porra lokas da vida.
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#10
Tem um cara que escreveu um pouco sobre a individuação, vou colocar um trecho aqui (Produtos do Nosso Tempo):

''Urbanização, superpopulação, tecnologias da informação, industrialização e mobilidade derivada de combustível fóssil formaram um novo tipo de pessoa - o individualista, independente, mas financeiramente endividado, consumidor de informação, erudito, autoerótico, moralmente decadente, sem raízes, altamente móvel mas sedentário. Urbano moderno esteticamente físico, emocionalmente isolado mas socialmente conectado.''

A tendência é que nosso modelo de sociedade mude aos poucos para algo mais sustentável com menos comércio internacional e mais local, menos industria e mais bens produzidos localmente. Isso vai gerar uma comunidade mais unida e menos individuação.
"A Real não é Igreja, para tu aparecer somente quando está precisando!"
- Hombre de Hielo
"O mundo continuará, pois, a mergulhar nesse vazio, nessa barbárie, e esses sonhadores maravilhosos, jamais vão acordar dos seus sonhos." 
- Esther Vilar, em O Homem Domado
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#11
A modernidade trouxe problemas e benefícios para o homem, se por um lado era ruim não ter a tecnologia para simplificar processos de trabalho manufaturados e sem nenhum tipo de proteção física, por outro, o excesso dela torna fácil o trabalho cotidiano, mas torna o lado emocional do homem distante das pessoas e perto da solidão.
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#12
Interessande análise. A obra inaugural do romance moderno, Madame Bovary, assim considerada, o foi justamente por propanganda do lar como prisão para a mulher e do adultério como saída.
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#13
A modernidade criou uma sociedade ansiosa e neurotica, onde vivemos em uma constante corrida onde não existe propósito no final dela. Não é por acaso que ensinamentos milenares de culturas do Oriente estão sendo espalhadas pelo Ocidente, pois a sociedade do Ocidente se encontra doente e vazia. Hoje não conseguimos lidar com a idéia que o corpo físico morrerá, de que somos sozinhos, de que vivemos em um mundo idealizado por falsas crenças, de que somos insignificantes comparado com o Universo todo. Para viver uma existência tão insignificante o Ser humano idealiza esse conto de fadas onde o "eu" está no centro, pois a idéia de que somos insignificantes e morreremos um dia, é considerada "pessimista" e radical, mesmo sendo a realidade. Na minha opinião é de grande importância o homem tirar uns minutos do dia para refletir ou meditar, silenciar a mente e apenas "existir" pois dessa forma não se deixa a mente ociosa, refletimos sobre nossos objetivos, erros e analisamos nossas limitacões, ou seja, um exercício de introspecção. Algo que percebo em alguns novatos que chegam aqui no fórum é que suas mentes ociosas começam a teorizar sobre tudo e a criar monstros que nem existem, ao fazerem isso eles esquecem da máxima que é silenciar a mente e buscar a paz de espírito para poder lidar com toda a desilução que acontece depois de conhecerem a Real.
O homem que tenta ser bom o tempo todo está fadado à ruína entre os inúmeros outros que não são bons.
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#14
Para uns há algo de ameaçador nos desconhecidos, para outros apenas algo entediante.
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#15
(28-06-2018, 11:44 PM)Dallas Escreveu:
(28-06-2018, 09:26 PM)Navalha Escreveu: Interessante, é importante ressaltar como a revolução industrial, e posteriormente, a tecnologia, afetaram isso.

Antes não existia amor romântico, até o século XVIII, e começo do século XIX, os casamentos eram em sua maioria, arranjados, isso diz muito sobre nós hoje, e naquela época também.

E creio que a tecnologia teve um fato fundamental também, criamos formas diversas de comunicação, porem, não nos atentamos a como isso iria nos afetar.

 Sim, concordo plenamente, o amor romântico é lírico e só existe em um universo imaginário formulado por abstrações da realidade. Eu acredito que a promiscuidade era o "símbolo" da elite social e portanto, unica e exclusivamente direcionada aos súditos do poder. Enquanto isso, os miseráveis em demasia, temiam os castigos e os pecados carnais oriundos dos moldes reliosos que perduraram nos séculos passados, sendo entidades um pouco mais comportadas... A elite sempre fora sem pudor, os casamentos "formais" serviam apenas como artifícios de opulência, firmamentos que em essência eram por si só informais, serviam apenas para a preservação de interesses econômicos, porém, os "amores carnais" imperavam dentro dos desejos insanos da alma... traições eram constantes e "fetiches" sexuais eram consumados sem pudor algum... os regozijos da elite eram desconhecidos pela população pobre, os casamentos dos miseráveis eram ou por gravidez indesejada ou por arranjamento dos pais, o que de fato não modificaria o cenário drástico e caótico das famílias pobres, que em determinadas ocasiões, transformavam-se em tirânicas e oportunistas. A situação era ainda pior em lugares interioranos e isolados... os fetiches sexuais eram desconhecidos pelas mulheres que se contentavam com o simples desejo ardente e intenso de seus parceiros, foi uma época de ouro para os homens, suas mulheres sequer fantasiariam sobre orgias, surubas ou adventos da sexualidade moderna, e se o fizessem, seriam rechaçadas pelo pudor moral ortodoxo, eram exímias subservientes do sistema. O que o olhos não vêem, o cérebro não processa, há de se alvitrar que as meras formas de entretenimento público, além de escassas, eram frívolas, sobrando apenas o ato sexual como forma de distração... não existia um outro caminho.


 Dois jovens se interligavam mediante aos desejos da paixão, copulavam, e então como em um passe de mágica, tinha 9,10, 15 ou 19 filhos para criar, quem nasceu ou vivenciou uma realidade interiorana, conhece bem os seus antepassados... por essa lógica ortodoxa e "arcaica", podemos deduzir que o desejo sexual por si só foi o principal algorítimo de preservação da espécie. Em um mundo animalesco e pouco civilizado, contos romantizados nunca existiram e o sentimentalismo é derivado do desejo sexual... a literatura romântica surge como uma forma à bel-prazer de fantasiar e entreter os ricos e elitizados... logo mais com a intrumentalização da informação e com o surgimento de colulas textuais de fácil acesso, a população teve acesso ao que antes só existia para os "ricos"... o "boom" das inúmeras revoluções em massa e uma caralhada de outras cousas contribuiram para a intensificação da revolução sexual, e é irônico citar que o homem moderno fantasia o romantismo enquanto sua mulher fantasia apenas os desejos carnais... o que existe hoje não é amor e sim "manginaria", os homens eram felizes porque suas mulheres eram subservientes e dependentes de uma força maior, hoje a história é outra, não há necessidade alguma de um braço de apoio, as mulheres emponderadas estão se multiplicando e os homens estão se transformando em zumbis de vaginas fétidas... a mulher do passado era ingenua, a do presente é "emponderada". Ressaltei a "elite" porque nos séculos passados a vida era "pesada", trabalhos populares eram demasiadamente cansativos e demandantes, não havia espaço algum para a ala feminina popular, não havia nenhuma perspectiva para esse público, o sistema era dependente dos homens comuns, as mulheres elitizadas porém, eram rainhas e detentoras do poder juntamente com seus cônjugues, o nível cultural era outrora mais elevado, o contato com a diversidade era bastante intenso para com estes últimos... o entretenimento só servia para um público específico, o homem comum era destinado ao trabalho braçal e sua mulher ao trabalho doméstico... nos dias atuais a "elite" inexiste e toda a diversidade perdura com pouquíssimos esforços individuais... sexo está mais fácil que pedir pizza pelo telefone, algo que antigamente só era destinado a um público específico, implantar a sexualidade desenfreada na massa popular era pedir pro caos se instalar mesmo... acredito firmemente que o amor romântico fora apenas uma construção social de manipulação mental a fim de desinstabilizar o emocional de uma parcela significativa da população, no caso os homens... a força política e cultural de todos os tempos... acabei desvirtuando um pouco a temática mas é essa a minha opinião, bela discussão.

Cirúrgico.
"I have not yet begun to fight!" - John Paul Jones


Não basta ter-se um bom ideial; é preciso que ele se transforme em realidade -  Marechal José Pessoa Cavalcanti de Albuquerque.


O dedo que se move escreve, e tendo escrito se vai - Omar Ibn Ibrahim El Kháyyám.
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