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Discussão - Admirável mundo novo
#6
Sobre o livro, vou postar uma crítica pós leitura porque alguns realistas queriam saber porque achei o livro ruim. 

Mas, que audácia desse leão em criticar uma obra-prima consagrada não é mesmo?  Gargalhada Gargalhada

Primeiro quero ressaltar que criei uma expectativa grande com o livro já que vivem falando dele por aí. Tanto que preferi comprar a versão física para já deixar guardado na minha prateleira quando terminasse. Certo que seria um bom livro por ser um clássico.

Terminei de ler e tudo que achei útil no livro são justamente os primeiros capítulos no qual havia relatado aqui no tópico as minhas impressões. Dá pra se fazer um paralelo com a nossa situação atual. Tirando essas referências, não vejo nada mais a acrescentar de proveitoso.

Má formatação

Eu já comecei a me decepcionar no início por ser muito descritivo e sem enredo. Não desenvolvia. Quando começa a história, finalmente, ele vai mudando o ambiente e personagens totalmente de um paragrafo para o outro, intercalando histórias distintas e sem conexão entre si. É um recurso que alguns até usam. Eu já não gosto, ainda mais de forma exagerada como fez. Por sorte, ele fez isso só em um capítulo e depois o livro muda de estilo literário. Quem leu percebe que isso é chato de se ler. Mas deve ter quem gosta. 

Além disso, eu pessoalmente achei o desenvolvimento da trama mal feito, a história dá pulos entre episódios sem explicação e conexão, avança no tempo do nada. Coisas absurdas que eu não esperava ver em uma "obra-prima". 

Conforme fui lendo fui gostando menos ainda do livro. Ele não consegue criar conexão com os personagens, tornando assim a leitura cansativa. Aparentemente ele foca em descrever um mundo distópico, mas tenta jogar uns personagens no meio da descrição, os levando a andar por ambientes distintos com o objetivo de explicar os ambientes, mas esquece deles durante a descrição, deixando o enredo falho, depois lembra e continua a história de um ponto sem conexão com a anterior. Parece que ele criou uma descrição do mundo e só depois tentou jogar uns personagens no meio, só pra justificar um enredo para vender a ideia do livro como um romance em vez de um manual descritivo. 

Estilo de vida distintos:

Conforme eu lia, pior ficava o livro na minha avaliação. Durante o enredo o autor faz questão de criar dois perfis distintos: Os escravos iludidos e os homens livres que são chamados de selvagens e são completamente transtornados e malucos. Ele tenta deixar claro que não é possível uma pessoa viver fora de um sistema controlador e ser mentalmente saudável. O que vi foram dois estilos de vida "concorrentes" (os selvagens e a civilização) e ambos eram destrutivos, mas o estilo do selvagem como ser livre era mais destrutivo ainda. Pra mim foi uma tentativa de tentar validar o admirável mundo novo como algo legítimo por associação com uma alternativa pior ainda. Basta ver como ele colocou o selvagem como um louco irremediável e como uma vítima iludida maior que os escravos condicionados desde a infância. O relacionamento dele com a moça retrata bem isso e a forma estupida como ele se mata. Levando o leitor inconscientemente achar que entre as duas opções é melhor mesmo ser doutrinado por um governo mundial e viver nessa suruba futurística escravagista do que ser livre longe da sociedade. Me pareceu muito forçado.

Se o selvagem era para ser um contraponto de pensamento livre para o mundo distópico destrutivo, então Aldous Huxley falhou miseravelmente. Mas, depois de concluir a obra, tenho certeza que não foi uma falha dele, ele criou o personagem livre pior que os escravos de propósito justamente porque era a alternativa ideal para reforçar a sua mensagem subliminar (vou falar dela daqui a pouco).

Deve ser por isso que ele estragou completamente o final com o selvagem agindo como um louco e idiota e se matando. Poderia ter mudado a abordagem do personagem para aprofundar muito alguns dilemas morais de livre-arbítrio, liberdade, e criar um contra-ponto incrível em vez de ter feito essa merda. Isso me decepcionou por completo com o livro. E o que mais me chateou foi ter percebido depois que ele fez isso de propósito sabendo que era ruim e estragaria a trama mas que reforçaria a ideologia que queria colocar nas massas, como ele mesmo diz na introdução do livro (para os mais atentos).

O "selvagem" se auto-flagelando no final deve ser uma metáfora que ele fez com o infeliz do leitor que chegou até o final do livro com esforço achando que salvaria o tempo perdido da primeira metade da leitura, mas depois da auto-flagelação de lermos tudo concluímos que só tornou a perda de tempo maior ainda.

Entrevista final:

No final ele coloca todos os personagens cara a cara com o mais importante do livro, o Mustapha Mond (controlador mundial), com uma seção de perguntas e respostas para terminar de explicar seu mundo distópico e tirar dúvidas que as pessoas possam ter tido sobre seu funcionamento. O livro aqui demonstra claramente que o seu objetivo sempre foi ser uma aula e uma propaganda, em vez de ser um enredo bem desenvolvido de romance de ficção científica. Foi nesse dialogo me levou a confirmar por completo os meus questionamentos durante a leitura sobre a real intenção do autor do livro. 

No dialogo o controlador mundial defende que o livre-arbítrio deve ser sacrificado em prol da segurança e paz mundial. Igual o argumento que usam hoje para defender as medidas ditatoriais do coronavírus. Mas, ele vai além, defende que a felicidade é mais importante que a liberdade, entre outros pontos que ouvimos a esquerda defender. O autor tenta, através do personagem mais sábio, o esforço final para convencer o leitor que vale a pena comprar a ideia do livro, que uma ditadura global é inevitável e é a melhor solução. 

Cheguei a essa conclusão óbvia pela forma como ele aborda com habilidade a defesa do mundo distópico e de seus ideiais usando o personagem tido como o mais sábio e mais poderoso, enquanto não rebate os argumentos apresentados usando os outros personagens. E quando finalmente um deles faz, é o selvagem louco e iludido e de forma rasa e fraca que é rapidamente refutada com argumentos bem embasados pela voz do personagem ditador. Levando ao leitor médio (a grande maioria), sem perceber, comprar as ideias de que no final das contas, apesar da "crítica" que o livro fez, uma ditadura dessa não é tão má quanto pensava quando começou o livro, e assim, inconscientemente, a desejar abrir mão da liberdade em troca de um "futuro glorioso". 

Exemplo tosco:

Ele cita uma experiência fictícia para corroborar sua ideia nos argumentos da entrevista final, que um grupo de alfas foi fabricado, algo como 20 mil humanos e foram colocados em uma ilha, de Chipre, se não me engano, esse grupo era o grupo mais inteligente de seres humanos feitos geneticamente e decidiram fazer uma experiência, sem um governo autoritário e ditatorial eles seriam livres para se organizarem como quisessem. E eles entram em guerra civil e se matam e os poucos imploram que a ditadura volte. Na cabeça do autor, ele diz que liberdade sempre vai dar em uma guerra civil pois sem uma ditadura para controlar as massas isso é algo inevitável. E que criar pessoas burras e dividir por castas pro resto da vida é a única solução. Quem já leu "A Lei" de Frédéric Bastiat, ou Desobediência Civil de Henry Thoreau, consegue ver o quanto isso é absurdo e que ele forçou demais aí, mas o leitor médio que é o alvo do escritor não consegue. 

Hipocrisia do autor:

As pessoas acham que ele fez o livro para criticar o autoritarismo tecnocrata. Ele fez na verdade um aviso e propaganda para promover ele, nem de longe foi uma crítica. Apesar que ele finge que é para os desatentos. Se o autor quisesse criticar teria criado um contra-ponto dos argumentos feitos, no mínimo com o mesmo nível para ambos os lados, mas, ele defende de forma embasada os argumentos em favor da ditadura e opressão como algo lindo e do outro lado ele faz faz críticas tão vagas, tão esparsas e tão leves que claramente não tentam defender ou refutar nada.

Para mim ficou nítido que o autor trollou a humanidade. Ele, pelo menos, deveria ter sido sincero de que sonhava e lutava por esse mundo, em vez de fingir avisar os outros enquanto dentro da obra só faz apologia e defesa desse mundo. Quem leu N.A. sabe que temos que nos basear no que a pessoa faz e não no que fala. Então, não adianta o livro parecer uma crítica a ditadura se dentro dele só tem proselitismo tecnocrata.

Mas, aos incautos, às massas, que são a grande maioria, o livro foi certeiro, caíram no engano sem quase ninguém perceber. Atingindo, assim, exatamente o que o autor queria. Divulgar uma nova ideia de mundo e a tornar conhecida sem parecer estar promovendo isso. Uma jogada bem elaborada de mal caratismo.

E depois de toda a propaganda que ele fez no livro eu vi muita gente em comentários por aí dizendo que uma ditadura assim seria algo bom e gostaria de viver lá. É muita ingenuidade dos realistas aqui do fórum acharem que ele escreveu o livro como aviso ou entretenimento para as pessoas, sem segundas intenções, e sem uma agenda esquerdista forte por trás. 

E tenho certeza que meu comentário criticando vai ofender alguns, mas não vão apresentar contra-argumentos refutando, no máximo me criticar como pessoa, alegando ingenuidade minha, falta de compreensão e coisas do tipo. Afinal, como alguém ousa criticar uma obra-prima consagrada e elogiada? Indicado a prêmios importantes pelos mesmos que defendem que um controle absoluto sobre as massas é a solução? Talvez o ingenuo não seja eu.

É claro, que, apesar da intenção do autor, alguns homens sábios, professores e doutores, vão conseguir tirar excelentes lições do livro, como as considerações que postei no início do tópico. É possível se aprender até com manuais da esquerda radical feita para doutrinar os outros. O fato de ter boas análises de pessoas sérias não torna a obra boa, apenas mostra que essas pessoas sabem tirar proveito de coisas ruins.

Mas, as massas, a absurda maioria que ler, vai comprar a ideia subliminar vendida e, infelizmente, o propósito do livro é alcançado independente dessa minoria esclarecida que faz boas análises.

A grande solução para as ditaduras segundo ele é descobrir como fazer os escravos amarem a sua servidão e o livro aborda como seria a suposta solução. A ideia do livro não é usar a força para dominar as massas, mas submergir as massas em um mundo encantado de prazeres para que fiquem em estado de transe constante sem conseguir acordar. Como estão fazendo hoje no ocidente com smartphones, celular, internet, pornografia, maconha, cerveja, cigarro.

Conclusão:

Resumindo, o livro é uma merda e a própria ideologia defendida dentro dele também, mas o autor usa palavras bonitas e difíceis e faz citações de Shakespeare para dar mais importância na sua propaganda, então, fica uma merda em uma caixa bonita com um perfume em cima para tirar o cheiro, fica mais apresentável mas por dentro não deixa de ser merda.

É como eu dizer que vou criticar a esquerda e faço um livro com personagens defendendo todos os pontos esquerdistas de forma embasada e elaborada e nenhum personagem criticando os pontos e se o fazem é de forma estupida por personagens burros. É isso que o autor fez no livro e tem gente aqui no fórum que ingenuamente comprou a mentira dele.

Um livro desses ser um clássico e ter ganho prêmios me leva a pensar o quanto esses sistemas de premiações estão corrompidos e quais as intenções desses líderes. Eu comprei o livro para ter impresso que é o que eu faço com os clássicos, porque já pré-julgo que serão bons livros e é bom ter livros bons impressos para reler, mas esse eu vou jogar no lixo, normalmente eu doo quando não gosto, mas não vou fazer mais alguém perder o tempo lendo isso, o melhor lugar dele é o lixo mesmo.
“A maior necessidade do mundo é a de homens — homens que se não comprem nem se vendam; homens que, no íntimo de seu coração, sejam verdadeiros e honestos; homens que não temam chamar o pecado pelo seu nome exato; homens cuja consciência seja tão fiel ao dever como a bússola o é ao polo; homens que permaneçam firmes pelo que é reto, ainda que caiam os céus.” Ellen White, Educação, Pág 57.
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RE: Discussão - Admirável mundo novo - de Libertador - 27-09-2020, 09:45 PM

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