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Discussão - Meditações de Marco Aurélio
#1
Discussão do 3° livro - Meditações de Marco Aurélio


Foi feita uma votação e esse livro foi eleito para ser o terceiro livro estudado e discutido aqui no fórum Legado Realista. Link da votação AQUI!

A leitura do livro será assim:

Fase 1: 14/06 (pgs. 01-46)
Introdução
Hino de Cleanthes
Nota do Tradutor
Livro 1
Livro 2
Livro 3

Fase 2: 23/06 (pgs. 47-96)
Livro 4
Livro 5
Livro 6
Livro 7
Livro 8

Fase 3: 01/07 (pgs. 97-136)
Livro 9
Livro 10
Livro 11
Livro 12
Notas

A partir do dia 14 podem comentar tudo que esteja até a página 46 do livro. Do dia 23 em diante podem comentar tudo até a página 96 que é referente a fase 2. E, por último, do dia 01/07 em diante podem comentar tudo que quiserem de qualquer parte do livro.

Para entender melhor como funciona as nossas discussões leiam as regras AQUI!

Link do livro em PDFAQUI![/b]

Link do livro para comprar na Amazon AQUI e AQUI.

Links indicados por @Bastardo e @Daredevil para facilitar a nossa vida.

Boa Leitura a todos!
“A maior necessidade do mundo é a de homens — homens que se não comprem nem se vendam; homens que, no íntimo de seu coração, sejam verdadeiros e honestos; homens que não temam chamar o pecado pelo seu nome exato; homens cuja consciência seja tão fiel ao dever como a bússola o é ao polo; homens que permaneçam firmes pelo que é reto, ainda que caiam os céus.” Ellen White, Educação, Pág 57.
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#2
O nível do clube do livro continua alto! Lendo.
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#3
Bom, vou deixar minhas primeiras impressões aqui, espero que os colegas mais cultos e letrados contribuam melhor do que eu.

As observações do "tradutor" na introdução são enriquecedoras. Quando decidi ler esta obra, o fiz por um desejo de conhecer mais sobre o Estoicismo, que recebe uma breve contextualização logo no início do livro. Interessante observar como ocorreu essa troca entre filosofia e religião no decorrer da história.

 Eu já sabia que a Igreja Católica Apostólica Romana havia bebido na fonte da filosofia grega durante sua formação (principalmente pela forte influência de Santo Agostinho e São Tomás de Aquino), e o autor detalha muito bem esta relação em seus comentários. A princípio fiquei preocupado quanto ao viés pagão e politeísta característico dos estoicos, mas fui persuadido à prosseguir ao descobrir que Marco Antônio foge um pouco do esteriótipo e das influências que o estoicismo teve na formação dos dogmas que eu sigo hoje.

 Em relação ao Marco Aurélio, particularmente não sabia que se tratava de alguém "bondoso", ainda mais se tratando do contexto e da época em que vivia. 

 Ainda estou no livro 1, mas notei uma semelhança forte desta livro com o livro do Eclesiastes, escrito pelo rei Salomão. Pensamentos e ideias "soltos" que ensinam muito.
Um homem com escolhas é um homem livre.
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#4
Spoiler Revelar
[Image: 6TzIexL.jpg]


Já havia lido a alguns anos atrás as Meditações de Marco Aurélio, e que foi, na época, muito influente no meu modo de viver e de encarar os eventos inevitáveis da existência. Me ajudou muito no sentido de observar a minha situação atual à época a partir de uma perspectiva holística, mais ampla e desapegada, me fazendo entender por fim que existem circunstâncias que simplesmente não podemos alterar e devemos aprender a aceita-las sem mágoas ou ressentimentos, pois o sofrimento é algo pelo qual vamos e DEVEMOS passar. Aquela frase que eu sempre repito por aqui que “só temos controle sobre as nossas ações, e nada mais”  seria uma espécie de axioma dessa escola de pensamento, e sem dúvida, transformar essas reflexões em ações da vontade é algo realmente libertador.

Justamente nessa época eu me encontrava naquele triste cenário de final de faculdade, desmotivado, sem perspectivas, sem saber o que fazer ou o que diabos seria de mim nos anos subsequentes, andava ansioso pela cobrança que empunhava a mim mesmo sobre “ser alguém na vida”, algo que ao meu ver, estava muito longe de acontecer. Fazia todo tipo de idiotice por conta dessa ignorância, afinal, eu acreditava que não tinha muita coisa a perder, então pouco importava ... mas a filosofia foi um grande  alívio para mim, assim como veremos que foi a base sólida onde Marco Aurélio fundamentou todo o seu admirável e virtuoso modo de vida - e longe de mim querer me comparar ao Grande Imperador, mas quis situar esse horizonte no sentido de que possa ser evidente, para as pessoas que talvez ainda não tenham se dado conta, que a filosofia pode e será útil, e talvez até ser a última salvação de um homem que se encontra disperso no meio do poder e glória, como era o caso de Marco, ou no meio de um ambiente vagaroso de ansiedade constante e niilismo brutal que um Universitário sem prestígio, semianalfabeto, sem dinheiro e que não sabe o que quer e muito menos o que fará da vida pode se encontrar.  

Passei a considerar pontos que até então eu jamais havia prestado atenção, que eu não tinha a sensibilidade e destreza de razão e espírito para perceber. Assim como muitos, - talvez a maioria dos que aqui se encontram - eu acabei tendo uma "iniciação" a filosofia estoica, e consequentemente o conhecimento desta obra supracitada através do Enquirídio de Epicteto (Ἐγχειρίδιον Επικτήτου). Provavelmente Epicteto, juntamente com Sêneca são os principais pensadores dessa escola filosófica para nós da era moderna, e ambos tiveram uma importância fundamental nos princípios aos quais o Imperador Marco Aurélio acreditava e praticava na conduta do seu principado.

Bem, sucedida essa breve introdução, vamos ao que realmente interessa. Esse outro livro da foto é uma biografia muito bem feita do imperador Marco Aurélio que conta os “bastidores” e explica porque as meditações foram escritas da forma que foram. Qual era o pensamento real por trás dessas reflexões? Porquê Marco se importava tanto com filosofia? Que influencias ele teve? E principalmente, será que ele aplicava na PRÁTICA o que dizia nas meditações? Sem dúvida esse é o aspecto mais importante ao se analisar e absorver essa obra. Será que pensamentos tão elevados são possíveis de se pôr em prática? 

É isso que vamos descobrir ao longo das postagens que eu farei nesse tópico, começando pelo Livro I das meditações. Como talvez seja evidente, o pensamento Helênico é fundamental na minha forma de encarar a vida. É claro que todo pensamento filosófico ocidental também é procedente e fundamentalmente influenciado por esta escola filosófica, até o advento do cristianismo, que inclusive se disseminava no governo de Marco Aurélio e como veremos, era uma espécie de atividade revolucionária na época. Mas eu gostaria de enfatizar esse fato da influência no helenismo no meu caso, porque desde muito jovem eu sempre fui fascinado pela mitologia Grega. Era simplesmente encantador, para mim, ler e pesquisar as histórias dos mitos gregos, eu me sentia verdadeiramente liberto de todas as frustrações e amarguras da vida quando mergulhava nas tragédias. Passei e perceber o quão REAL e aplicável a mitologia é - como já disse em diversas oportunidades aqui - e Hércules, sem dúvida, seria o alter ego que eu adotaria pela representatividade que possui para mim, ou seja, ele é a personificação de todas as minhas aspirações mais intimas e profundas. Fico muito feliz e orgulhoso pelo fato de que hoje esse alter ego vem se tornando cada vez mais real, mais verdadeiro, e eu não me refiro no sentido puramente físico da coisa, mas sim porque ele se tornou simbolicamente e empiricamente o ícone do meu trabalho com as outras pessoas. Um sonho que está ganhando forma. O pessoal aí do fórum que me conhece mais de perto sabe do que eu estou falando, enfim...  

Espero que aproveitem o que seguirá, assim como desejo que as Meditações possam ser um alívio e uma nova esperança nas vossas vidas, talvez até uma luz no fim do túnel, assim como foi para mim.
"Compreendi o tormento cruciante do sobrevivente da guerra, a sensação de traição e covardia experimentada por aqueles que ainda se agarram à vida quando seus camaradas já dela se soltaram."  (Xeones para o rei Xerxes)

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#5
INTRODUÇÃO
LIVRO I

Como podemos perceber, o livro 1 das meditações são agradecimentos de Marco Aurélio a diversos mentores que ele teve ao longo da sua vida. Em especial ao seu pai adotivo, o imperador ao qual ele sucedeu, Antonino Pio. Ao analisar a história da Roma antiga, o século dos Antoninos foi aquele em que as atividades intelectuais foram vistas como essências na vida do império, sendo assim, com Marco não seria diferente.O ideal básico que norteava a definição de como deveria ser a sociedade romana, Marco herdou de Antonino, que era um defensor ferrenho das tradições do Espírito Romano, favorecendo a livre ação das instituições que estavam ligadas a ideias de libertas e de aequalitas. E aqui devemos ser cuidadosos na compreensão destes termos, que evidentemente eram muito diferentes do sentido ao qual é empregado na sociedade atualmente.

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“Um dos princípios fundamentais da vida social em Roma, desde os tempos mais remotos, baseava-se numa ficção a que todos os espíritos se ligavam – o sentimento que as diferenças objetivas de riqueza, sabedoria e influencia não passavam de acidentes da Fortuna”. Marco cresceu entendendo perfeitamente que o que diferencia o príncipe dos outros cidadãos é, antes de mais nada, as OBRIGAÇÕES que a sua condição lhe impõe, mais que os prazeres que ela pode proporcionar". Essa ideia fundamental no seu reinado, e que foi sistematicamente esquecido nos anos de declínio do império, bem como ainda mais evidentemente na sociedade atual, pode ser o primeiro ponto onde podemos obter insgths importantes e uma profunda reflexão acerca da nossa função como seres sociais.

Nota: "Fortuna" era uma divindade que hoje poderia ser entendida como destino, providência.


Lembro de um vídeo onde o professor Olavo fala sobre os títulos acadêmicos. Que hoje, especialmente no brasil – e isso é muito fácil de se confirmar – título acadêmico virou simplesmente um sinal de status. Porém as obrigações que esse status requer, são esquecidas. A partir do momento que você passa a ser chamado de doutor, ou seja, que você adquire essa designação social parente os seus semelhantes, você terá um DEVER e uma RESPONSABILIDADE a ser cumprida. O seu título significa que você tem a OBRIGAÇÃO de resolver problemas de outras pessoas, e consequentemente será remunerado de alguma maneira por isso. Ou seja, antigamente as pessoas procuravam uma faculdade porque tinham uma vocação, um desejo de se tornar conhecedor de algum saber para sanar o desejo de solucionar algum problema, para dar vasão a próprias criatividade.

Porém, hoje os jovens que saem da “facul” se achando as pessoas mais incríveis e superiores da toda história da humanidade, esperam obter apenas as vantagens conceituais de ser chamado de doutor, resolver problemas é uma outra questão que geralmente nunca sequer passou na cabeça destes. Além de não haver um conhecimento prático que justifique o título alcançado, o jovem de hoje simplesmente não se sente RESPONSÁVEL por nada, não sente que tem uma dívida com a sociedade e que as pessoas esperam algo dele. Você que está lendo isso no fórum, entenda que a partir do momento que você se torna um soldado aqui – lembre-se, o Legado Realista tem esse nome justamente porque é baseado nos princípios fundamentais da Roma antiga – você tem a OBRIGAÇÃO de retribuir com a comunidade de alguma forma, da mesma forma que quando você adquirir o seu tão sonhado título acadêmico seja lá do que for, você terá SIM a obrigação de retribuir de alguma forma na sociedade. Acredite, concretizar esse ideal vai te livrar de muito sofrimento psicológico. O varão contemporâneo anda tão deprimido e ansioso, porque se vê como uma célula desconecta da sociedade, nãos percebe-se como parte de um todo maior, diretamente dependente e responsável por esse todo. O egoísmo reina, principalmente entre aqueles com mais títulos, e assim, o âmago do espirito humano vais sendo vilipendiado.

Percebam que o primeiro conceito filosófico importante do imperador do mundo conhecido naquela época, era que ele tinha, antes de qualquer coisa, uma DIVIDA COM A SOCIEDADE. Essa é, sem dúvidas, uma ideologia e visão ampla muito diferente da que encontramos na maioria dos imperadores em toda a história, e como veremos foi um dos grandes diferencias de Marco Aurélio. Com essa mentalidade de pano de fundo, o estoicismo e a filosofia teriam terreno fértil para se desenvolver de uma maneira fascinante.

Ao recordarmos das personificações dos imperadores de Roma, é evidente que eles possuíam, ou melhor, eram representados de uma maneira que o desejo que a humanidade sempre teve – especialmente entre os Gregos, os quais inspiravam toda a base da moral Romana -  de unir o divino com o humano pudesse ser personificado. Vemos nas obras de arte feitas de Júlio César, Trajano, Adriano, Claudio entre outros, a imagem do trinfo, da glória e poder muito acima do ser humano comum, e em Marco Aurélio também foi imbuída esse essa imagem triunfal de imperador-deus.

“Sem dúvida, a idealização do príncipe é uma tradição muito antiga, que remonta às efígies reais helenísticas e que tinha sido retomada pelos Júlio-Claudianos, mas o contraste entre o príncipe ideal e o da realidade assume, com Marco Aurélio, uma significação mais profunda, que talvez as Meditações nos permitam descobrir. Essa carne que mascara a alma é uma parcela da matéria de que é feito o universo; é conhecida por algum tempo; é passageira, logo, de pouca importância O que importa, o que escapa ao tempo, à velhice, à decrepitude, é o deus interior, o demônio que vive em nós e anima o nosso corpo”. Como lemos no livro III, 5: “O deus que há dentro de ti deve presidir sobre um ser que seja viril e maduro, homem de estado, romano e soberano; um homem que não ceda terreno, qual soldado à espera do sinal de retirada do campo de batalha da vida, pronto a dar as boas-vindas ao seu alívio;” – reflitam sobre esse trecho, mergulhem de cabeça na profundidade que essas palavras e observem como ele pode renovar as esperanças do nosso espírito masculino que é tão judiado e esculachado hoje em dia.

NOTA: “Demônio” (daimom) tinha uma conotação diferente do que temos hoje. Seria como o nosso instinto natural, nossa intuição ou a personificação das características da natureza humana, como ira, desejo, etc.
 
Esses relevos, que hoje poderíamos considerar como instrumentos de propaganda, de fato contém uma mensagem política, é verdade, mas também a expressão de certa filosofia – a do próprio Marco Aurélio. “Os atos de um príncipe fazem história, porém os profundos motivos que o inspiraram e que se inscrevem numa visão total do universo transcendem o desenrolar dela”.

[Image: marco+aurelio+imperador.JPG]

Como vermos, a “coletânea das Meditações, não foi concebida, em seu conjunto, como um livro ordenado, um tratado em regra. Também não se trata de uma diário, tanto que os acontecimentos cotidianos não são tratados ali. Essas reflexões pertencem a vida PÚBLICA do príncipe, são coisas que dependem da Fortuna. A meditação filosófica dele se eleva muito acima do cotidiano: o campo da parte dirigente da alma é o mesmo que o do divino. Fica além do tempo. A anedota fica desprovida de importância. Aqui e ali, há uma impressão recente, um fato inspirado pelo cotidiano, porém nada que não tenha lugar nesse pensamento atemporal.” Marco acreditava profundamente que a filosofia era a única coisa que nos aproximava do que é eterno, do que é natural ou igual aos deuses, por isso a sua base filosófica foi de longe a sua característica mais importante. Apenas pela filosofia, ou seja, apenas o agir e pensar de um homem – razão - é que permanecerá, todo o resto é passageiro e efêmero, e Isso é um dos fundamentos básicos do estoicismo. Em certa altura, até acreditou-se num certo niilismo de Marco perante os eventos da vida, mas esse niilismo “não é resultado de um humor, é a expressão imagética meio viva do que constitui um dos primeiros procedimentos do estoicismo: a crítica da opinião, a recusa de tudo que a imaginação acrescenta ao real.

A filosofia estoica não se baseia numa opinião pura e simples, mas antes na intuição do ser, ou seja, o seu alinhamento com a natureza. Antes de se praticar um ato, deve-se perguntar: “o que de bom esse ato trará para as outras pessoas e para mim? Isso é fruto da razão pura os das impressões pessoais minhas sobre determinado assunto?" Sempre levado a questionar suas próprias impressões, Marco tinha o cuidado de não se precipitar em qualquer que fosse o assunto, assim como seu pai Antonino também havia sido cuidadoso nesse sentido. A glória pessoal para ele, não era algo importante, mas como veremos, características viris ainda lhe eram caras.

Nota: Sobre razão pura seria interessante uma leitura de Inmanuel Kant.

Frontão foi um dos seus principais mentores, no sentido que ensinou-lhe a enaltecer uma de suas características pessoas mais importantes, a seriedade. Adotado por Antonino, era realmente um filho do rei, ou seja, bajulado por todo lado por todas as pessoas imagináveis, podia ter uma sem fim de diversões e prazeres, porém ele deplorava a solidão moral em que se encontraria, caso não tivesse Frontão para lhe dizer a verdade e ouvir dele a verdade. Podemos ler no ponto 11 do livro I: “Ao meu conselheiro Frontão devo a percepção de que a maldade, a astúcia e a má-fé acompanham o poder absoluto; e que as nossas famílias patrícias tendem, na sua maior parte, a carecer de sentimentos de humanidade”. Frontão também o prevenia contra os excessos de sua sensibilidade, o que poderia ter feito dele, uma vítima.

Nas bases de sua educação, desde menino, Marco tinha em mente que tudo existe para a utilidade, mais do que o prazer, ele recusava-se a ter ideias prontas bem como enaltecer ou disfarçar o seu pensamento. Ele possuía um espírito de independência, indiferente a posição que ocupava, que inclusive, como veremos, deve ter sido um dos principais motivos que o fez ser eleito como próximo Augusto, uma vez que estava muito, mas muito longe na linha de sucessão do imperador, mesmo depois de ter sido adotado. Inclusive esse fato é visto como um plano de Antonino, que desde muito cedo já havia notado as virtudes e superioridade moral de Marco perante os demais, o que levo-o a arquitetar a sua sucessão por ele. A Sua seriedade severa era vista como uma atitude rude muitas vezes, pois Marco absolutamente não se preocupava com os eventos sociais aos quais um homem na posição dele deveria participar. Com efeito, foi Frontão quem o ensinou essa arte de ser sempre cristalino nas usas ações e pensamentos.

Muitos anos depois, Marco definiria o que considerava que deveria ser (e sem dúvidas tinha sido) a sua linha de conduta:
“Decide com firmeza, a todas as horas, como romano e como homem, fazer tudo aquilo que te chegar às mãos com dignidade, e com humanidade, independência e justiça. Liberta o espírito de todas as outras considerações. Isto podes tu fazer se abordares cada ação como se fosse a última, pondo de lado o pensamento indócil, o recuo emocional das ordens da razão, o desejo de causar uma boa impressão, a admiração por ti próprio, a insatisfação pelo que te calhou em sorte. Vê o pouco que um homem precisa de dominar para que os seus dias fluam calma e devotadamente: ele apenas tem de observar estes poucos conselhos, e os deuses nada mais lhe pedirão”.

No próximo texto vou discorrer sobre a importância da aptidão física, que nessa época, bem como na Grécia antiga, era baseada sempre nas habilidades e gosto pela caça. Também discutiremos sobre as qualidades intelectuais e de eloquência que o imperador deveria ter.  

[Image: ?id=284786&maxw=495&maxh=660]
Adônis é o mito de um fenomenal caçador
"Compreendi o tormento cruciante do sobrevivente da guerra, a sensação de traição e covardia experimentada por aqueles que ainda se agarram à vida quando seus camaradas já dela se soltaram."  (Xeones para o rei Xerxes)

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#6


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#7
Não falarei a principio do conteúdo do livro mais do livro em si. E já começo pelo titulo meditações, o que se é meditar ? Acredito eu que esta dividido em duas coisas, uma o ato de purificação da mente através da eliminação de pensamentos e a segunda o ato de pensar, de refletir sobre algo e é neste segundo tipo de meditação que Marco Aulério faz, fletir sobre a vida. Acredito ser dever de todo homem parar para refletir sobre a vida, nela é onde se chegará ao autoconhecimento. Autoconhecimento esse que ajudará a guiar e descobrir resoluções para a vida.

É de se observar que Marco Aurélio fala de um homem ideal, ele tinha esse homem ideal e tenta emplementar em sua vida. Um homem ideal é um modelo a ser seguido é a personificação da excelência, a busca pela nobreza. 

No mais é isso, ao termino da data do livro colocarei mais minha opnião sobre e lerei os comentários. Obs: Sem tempo por agora.

                Passei, vi e, ao contrário deles, venci.
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#8
Photo 
Primeiramente, peço desculpas por não ter conseguido falar acerca do livro antes (tendo em vista que falei bastante do livro nas últimas votações). Estava trabalhando muito, e nos últimos dias, tive febre, vindo a descobrir que estou com a covid-19 (não só eu, mas esposa e filho). Nem se quisesse, eu conseguiria pegar um livro para ler nos últimos dias. Como hoje posso, comecemos.

[Image: 13SkrCG.jpg?3]

MARCO AURÉLIO – INFORMAÇÕES RETIRADAS DO PREFÁCIO

Para início de conversa, Marco Aurélio foi um dos mais celebrados imperadores romanos.

Devido a morte prematura de seu pai, Marco Aurélio foi criado por seu tio Antonio Pio, Imperador de Roma na época. Marco Aurélio nasceu em 121 d.C. e assumiu o Império em 161 d.C. Morreu aos 58 anos, durante uma de suas expedições. Passou a última década de sua vida dedicando-se a defender as fronteiras do Império Romano, garantindo a paz dentro do Império.

Trata-se de uma das poucas pessoas que atingiu os ideais platônicos, sendo bem-sucedido como filósofo e como chefe de Estado, algo em que nem o próprio Platão lograria êxito na tentativa.

Cássio Dião, um historiador da época, relatou o seguinte acerca do imperador: “Marco não encontrou a boa sorte que merecia, pois ele não era dotado de um físico vigoroso e se viu envolvido em um turbilhão de problemas durante praticamente todo o seu reinado. Mas, na parte que me toca, eu o admiro ainda mais por essa razão, já que, em meio a dificuldades incomuns e extraordinárias ele conseguiu sobreviver e preservar o império.”

O relato do historiador é importante em nossa análise, nos lembra que a vida não é uma estrada sem curvas e bem pavimentada, mas esburacada e sinuosa. A vida que temos em mente e a vida que temos que encarar na realidade são coisas distintas, esteja preparado para quando as coisas não saírem como o planejado.


LIVRO I


Trata-se de agradecimentos feitos por Marco Aurélio às pessoas que tiveram exímia importância em sua caminhada. Selecionei as partes que mais me chamaram a atenção para tecer comentários. Vejamos.

Da mãe, aprendeu a abstinência dos maus atos, e não só isso, como dos maus pensamentos. Mais importante: a simplicidade no modo de vida, bem distante dos hábitos dos ricos. Mesmo sendo o líder do maior Império que já existira, Marco Aurélio buscava uma vida de simplicidade, livre de vaidades e ostentações. A mim não me agrada pensar em passar a maior parte do tempo tentando obter riquezas, mas ser uma pessoa justa e simples com as demais.

Do bisavô, além do fato de não haver estudado em escolas públicas, saber que, em questão de educação, um homem não deve fazer economias. Marco Aurélio menciona que um homem não deve economizar quando se trata de obtenção de conhecimento, deixando claro o quanto preza pelo saber.

De seu mentor, a não se intrometer na vida alheia, nem dar ouvido aos difamadores. Se fez, o que você ganhou por se intrometer na vida alheia? Dando ouvido a difamadores? A vida é extremamente curta para que caiamos na tentação de regular a vida alheia sem que isso nada nos possa ensinar. Quanto menos averiguamos a vida alheia, mais cumprimos o papel de sermos senhores do nosso próprio destino.

De Rústico, a impressão de que o caráter requer evolução e disciplina; a não se perder nos devaneios sofistas nem escrever sobre temas especulativos; a não se intitular um homem que domina suas paixões ou praticar caridade por pura exibição. A tratar com respeito mesmo aqueles que o ofenderam com palavras ou o fizeram mal. A estar sempre disposto à reconciliação assim que esta se fizer oportuna. Dele também aprendeu a ler atentamente, a não se satisfazer com a compreensão superficial de um livro, tampouco ser facilmente convencido por aqueles que falam aos brados. Perceberam que fiz algumas modificações nos pensamentos de Marco Aurélio? Tempo verbal, cortei alguns pensamentos, etc. Quando se fala sobre não se intitular um homem que domina suas próprias paixões, acredito que Marco Aurélio queria dizer que mesmo ele, um estoico com amplo domínio das emoções, estaria sujeito a se perder nos prazeres mundanos. Por isso, não se gaba disso, o que por si só seria um erro em sua perspectiva. Quantos aqui no fórum, veteranos, com anos de casa, já não repetiram os erros mais comuns que os homens cometem em um relacionamento?

Sobre praticar caridade por pura exibição, logo me lembro do badalado Instagram. Pessoas que viajam à África sob pretexto de ajuda humanitária, que têm chamado a atenção para a quarentena nesses tempos difíceis, que pagam um almoço àqueles que não têm condições financeiras, etc. Tudo isso é postado. O que é um gesto sincero de amor e o que é vaidade?

O autor também chama bastante atenção para o cultivo da razão na tomada de decisões, ou melhor dizendo, sobre jamais se deixar influenciar por aqueles que falam aos gritos, porque estes, não fazem o melhor uso de suas faculdades intelectuais.

De Apolônio, a aceitar favores estimados dos amigos, sem me humilhar (em agradecimentos exagerados) nem deixar que passem desapercebidos. Este trecho reforça um pensamento que eu já cultivava: nunca deixar de receber ajuda quando me for necessária. A não me humilhar pela ajuda, e quando possível, retribuir ao emissor, ou àqueles que necessitarem de mim, em forma de agradecimento.

De Sexto de Queroneia (filósofo estoico e um de seus mentores), a olhar com cuidado as necessidades dos amigos, assim como tolerar os ignorantes e aqueles que formam suas opiniões de maneira superficial. Trabalhemos nosso desenvolvimento para que nunca viremos a face quando um amigo precisar. Evoluamos para que jamais formemos nossa opinião de forma equivocada como fazem os ignorantes.

De Máximo, a governar a mim mesmo, a não me distanciar de meu próprio pensamento; a ter bom ânimo até mesmo na doença; a cumprir os deveres que me são colocados sem reclamar da vida. Me faz lembrar da tolice que é pensar que tudo na vida gira em torno da felicidade. Cumprimos os deveres que nos são colocados. Em busca de uma vida que gire em torno da felicidade, os homens esquecem os filhos, os ascendentes, enveredam para uma vida hedonista e terminam miseráveis, guiados pelos prazeres mundanos em vez de assumirem suas próprias responsabilidades nesse mundo.

Agradeço por, apesar de ter sido o destino de minha mãe morrer cedo, que ela tenha passado os seus últimos anos de vida ao meu lado. Me faz lembrar da minha própria experiência terrena. Minha mãe faleceu cedo, vítima de uma doença só não mais implacável que a sua vontade de viver. Apesar de tudo, apenas agradeço pelo tempo de qualidade que ela pôde me proporcionar, mostrando-me as virtudes que eu deveria cultivar e me afastando dos vícios que destroem os homens por dentro e por fora.


LIVRO II


Um período limitado de tempo lhe foi concedido, e se não o aproveitar para limpar as brumas de sua mente, o tempo escorrerá junto com a sua vida, para nunca mais retornar. Quer passe a olhar para o passado ou para o futuro, o seu tempo escorrerá junto com a sua vida para nunca mais retornar. Viva o presente, pois este é o único tempo que ainda te pertence. O passado pode turvar a sua visão, e as expectativas te levam para o futuro, fazendo com que se perca o presente.

Está sob o poder do próprio homem se encaminhar para o bem ou para o mal, e não sob o poder dos eventos externos (a morte e a vida, a honra e a desonra, a dor e o prazer etc.), que não são em si mesmos nem bons nem maus. Este trecho é um complemento do tradutor a uma das passagens de Marco Aurélio. Está sob as rédeas do próprio homem escolher por qual caminho seguir, por que optar, etc., independentemente dos eventos externos. Aqui basicamente se diz que o homem é responsável por suas próprias ações, devendo assumir-se senhor do seu próprio destino, sucessos ou fracassos, bons ou maus atos.

Aquele que vive por muitos anos e aquele que morre cedo perdem a mesma coisa. Assim sendo, o presente é a única coisa que pode ser privada de um homem, pois em realidade é a única coisa que lhe pertence, e um homem não pode ser privado daquilo que não tem. Viva mais ou viva menos, todos perdem a mesma coisa. O que vive menos, deixa de desfrutar das coisas que a vida ainda poderia oferecer, o que vive mais sofre perda da cognição e todo o vigor que se esvai com a idade madura. Seja na tenra idade ou na idade senil, é uma constante, todos perdem a mesma coisa: a vida.


LIVRO III


Devemos aproveitar todo o nosso tempo presente, não somente porque a cada dia nos aproximamos da morte, como pelo fato de que a nossa capacidade de conceber e bem compreender as coisas tenderá a cessar ainda antes da sua chegada. Sobre não deixar que sua vida corra diante dos seus próprios olhos em tarefas sem sentido ou preocupações vãs. A cada dia que passa, mais nos aproximamos da morte, e antes da morte, a cada dia que passa, podemos sofrer perda de nossa capacidade cognitiva. Revise seus planos, não me diga que sua vida gira em torno de um projeto de aposentadoria. Não te envergonhas de destinar para ti somente resquícios da vida?

Não desperdice o que lhe resta da vida pensando na vida alheia, a menos que em tais pensamentos exista algum objeto de interesse público comum. Pois quando se prende a preocupações do tipo – o que fulano faz, e porque o faz, e o que deve estar dizendo, no que deve estar pensando, maquinando, e coisas assim – se perde um tempo precioso, que deveria ser usado para cuidar do governo de nossa própria alma. Tendo consciência da brevidade da vida, perderia você, seu precioso tempo, especulando sobre a vida alheia? Não há nada mais claro que perder um dia na terra como isso. Seus atos são decisivos em destacar se você perdeu um dia na terra em meditações miseráveis e improdutivas sobre a vida alheia, ou se ganhou mais um dia na terra com ações honradas que promovem um crescimento contínuo na governança da sua própria alma.

Não seja um homem de falar muito, nem alguém envolvido em mais negócios do que pode dar conta. E mais: permita que a divindade em seu interior seja a guardiã de um ser maduro e viril, engajado na política, um romano, um imperador que tomou o seu posto após receber o sinal de vida, e que se encontrava preparado para tal posição, não tendo sido necessário nenhum juramento, tampouco a testemunha de outros homens.  Seja também alegre e sereno, e não busque a tranquilidade nos outros. Um homem deve se manter ereto, apoiado em si mesmo, e não se valer dos demais como muleta. Trazendo para o contexto hodierno, jamais fale mais do que o necessário, desvendando os seus planos para pessoas que você não sabe se se alegrariam da sua desgraça. Ademais, esteja preparado para o que vier, assuma a sua responsabilidade seja ela qual for, estando firmemente consciente dos seus compromissos.

Jamais atrele a sua tranquilidade à outra pessoa, apoie-se em si mesmo. Não seja refém das paixões. Controle os seus sentimentos para que jamais tenham prazer em explorar suas vulnerabilidades.

Tire de sua mente todas as demais coisas, e se preocupe apenas com as essenciais, que são poucas. Além disso, tenha em mente que cada homem vive apenas neste momento presente, que é como um ponto indivisível; todo o resto de sua vida é ou passado, ou algo incerto. Não perca seu tempo sendo multitarefas, entretanto, empenhe-se em fazer o seu melhor na atividade em que estiver executando. Faça uma coisa de cada vez, sempre dando o seu melhor, caso contrário, não deve ser feito. Mais uma vez, o autor chama atenção, ao final de seu pensamento, para a brevidade da vida.


MENÇÃO HONROSA A EPÍTETO

Para terminar essa primeira parte de comentários, farei uma menção honrosa a Epíteto, a quem o tradutor da obra diz ser o maior influenciador estoico de Marco Aurélio, com um recorte basilar da filosofia estoica: “As coisas se dividem em duas: as que dependem de nós e as que não dependem de nós. Dependem de nós o que se pensa de alguma coisa, a inclinação, o desejo, a aversão e, em uma palavra, tudo o que é obra nossa. Não dependem de nós o corpo, a posse, a opinião dos outros, as funções públicas, e numa palavra, tudo o que não é nossa obra.”
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#9
Consegui hoje o meu exemplar físico do livro. Finalmente começarei a leitura dele.

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Aí estão os meus livros físicos em ordem das 3 edições do clube realista. Agora minha coleção está completa.  Gargalhada Gargalhada

A fase 2 da discussão já está liberada.

O @Fernando_R1 e o @Gorlami ainda estão esperando o exemplar físico deles chegar, por isso, o tempo de discussão será estendido e vou atualizar ali no início do tópico.
“A maior necessidade do mundo é a de homens — homens que se não comprem nem se vendam; homens que, no íntimo de seu coração, sejam verdadeiros e honestos; homens que não temam chamar o pecado pelo seu nome exato; homens cuja consciência seja tão fiel ao dever como a bússola o é ao polo; homens que permaneçam firmes pelo que é reto, ainda que caiam os céus.” Ellen White, Educação, Pág 57.
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#10
@Libertador ... esperando a boa vontade dos Correios e Telégrafos

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#11
(19-06-2020, 09:32 AM)Héracles Escreveu: Já havia lido a alguns anos atrás as Meditações de Marco Aurélio, e que foi, na época, muito influente no meu modo de viver e de encarar os eventos inevitáveis da existência. 
[....]
Espero que aproveitem o que seguirá, assim como desejo que as Meditações possam ser um alívio e uma nova esperança nas vossas vidas, talvez até uma luz no fim do túnel, assim como foi para mim.

Não fazia ideia que o livro tinha uma influência tão forte no seu modo de pensar e de viver. Só aumentou ainda mais a minha vontade de estudar o livro com calma para absorver os detalhes.

Durante a leitura do livro não pude deixar de lembrar dos conceitos do livro de Eclesiastes da Bíblia, que é o meu favorito (link do tópico do fórum sobre ele AQUI). Essa linha de pensamento é algo que eu também me identifico bastante, não sabia, até então, que o imperador Marco Aurélio tinha essa visão de mundo. Até porque nunca tinha lido o livro ou sequer pesquisado a linha de pensamento dele.

(19-06-2020, 09:32 AM)Héracles Escreveu: Me ajudou muito no sentido de observar a minha situação atual à época a partir de uma perspectiva holística, mais ampla e desapegada, me fazendo entender por fim que existem circunstâncias que simplesmente não podemos alterar e devemos aprender a aceita-las sem mágoas ou ressentimentos, pois o sofrimento é algo pelo qual vamos e DEVEMOS passar. Aquela frase que eu sempre repito por aqui que “só temos controle sobre as nossas ações, e nada mais”  seria uma espécie de axioma dessa escola de pensamento, e sem dúvida, transformar essas reflexões em ações da vontade é algo realmente libertador.

Vou fazer um paralelo desse trecho com o livro de Eclesiastes da Bíblia.

Citação:Então passei a contemplar a sabedoria, e a loucura e a estultícia. Pois que fará o homem que seguir ao rei? O mesmo que outros já fizeram.
Então vi eu que a sabedoria é mais excelente do que a estultícia, quanto a luz é mais excelente do que as trevas.
Os olhos do homem sábio estão na sua cabeça, mas o louco anda em trevas; então também entendi eu que o mesmo lhes sucede a ambos.
Assim eu disse no meu coração: Como acontece ao tolo, assim me sucederá a mim; por que então busquei eu mais a sabedoria? Então disse no meu coração que também isto era vaidade.
Porque nunca haverá mais lembrança do sábio do que do tolo; porquanto de tudo, nos dias futuros, total esquecimento haverá. E como morre o sábio, assim morre o tolo!

Eclesiastes 2:12-16

Citação:Tudo sucede igualmente a todos; o mesmo sucede ao justo e ao ímpio, ao bom e ao puro, como ao impuro; assim ao que sacrifica como ao que não sacrifica; assim ao bom como ao pecador; ao que jura como ao que teme o juramento.
Este é o mal que há entre tudo quanto se faz debaixo do sol; a todos sucede o mesmo; e que também o coração dos filhos dos homens está cheio de maldade, e que há desvarios no seu coração enquanto vivem, e depois se vão aos mortos.

Eclesiastes 9:2,3

Como você disse, existem circunstâncias que simplesmente não podemos alterar. O sábio traz essa mesma conclusão, algumas coisas simplesmente vão acontecer e não adianta você ser sábio ou tolo (se desenvolver ou não), como, por exemplo, a morte e o fato de não podermos levar nada que acumularmos aqui. Uma pandemia mundial como o Chinavirus também é um bom exemplo, direta ou indiretamente afetou a todos independente da classe social, desenvolvimento pessoal, riqueza, cor e país. Está todo mundo tendo problemas no trabalho, tendo a locomoção afetada, lojas que comprava fechadas.

É uma questão de aceitar algumas verdades imutáveis em vez de ficar tentando lutar contra elas a vida toda. Exemplo: mulheres que gastam muito dinheiro com cirurgias e técnicas de rejuvenescimento na tentativa inútil de não envelhecer. Ou pessoas que em vez de levar um estilo de vida @Patrulheiro, como uma vida solar e oceânica, ficam desesperadamente tentando acumular riquezas, sem sequer reservar um tempo para usufruir a vida durante o processo, vivendo como se acumular dinheiro fosse mais importante do que de fato viver. E quando chegar a hora de morrer repentinamente de que adiantará uma vida inteira dedicada só ao trabalho?

As pessoas vivem a vida como se nunca fossem morrer e depois quando a morte chega agem como se tivessem sido pegos de surpresa. Como dito abaixo:

Citação:Voltei-me, e vi debaixo do sol que não é dos ligeiros a carreira, nem dos fortes a batalha, nem tampouco dos sábios o pão, nem tampouco dos prudentes as riquezas, nem tampouco dos entendidos o favor, mas que o tempo e a oportunidade ocorrem a todos.
que também o homem não sabe o seu tempo; assim como os peixes que se pescam com a rede maligna, e como os passarinhos que se prendem com o laço, assim se enlaçam também os filhos dos homens no mau tempo, quando cai de repente sobre eles.

Eclesiastes 9:11,12

(19-06-2020, 09:32 AM)Héracles Escreveu: É isso que vamos descobrir ao longo das postagens que eu farei nesse tópico, começando pelo Livro I das meditações.

Estou acompanhando as postagens da série que está fazendo. No aguardo do Livro II.

(19-06-2020, 09:32 AM)Héracles Escreveu: Mas eu gostaria de enfatizar esse fato da influência no helenismo no meu caso, porque desde muito jovem eu sempre fui fascinado pela mitologia Grega. Era simplesmente encantador, para mim, ler e pesquisar as histórias dos mitos gregos, eu me sentia verdadeiramente liberto de todas as frustrações e amarguras da vida quando mergulhava nas tragédias. Passei e perceber o quão REAL e aplicável a mitologia é - como já disse em diversas oportunidades aqui - e Hércules, sem dúvida, seria o alter ego que eu adotaria pela representatividade que possui para mim, ou seja, ele é a personificação de todas as minhas aspirações mais intimas e profundas. Fico muito feliz e orgulhoso pelo fato de que hoje esse alter ego vem se tornando cada vez mais real, mais verdadeiro, e eu não me refiro no sentido puramente físico da coisa, mas sim porque ele se tornou simbolicamente e empiricamente o ícone do meu trabalho com as outras pessoas. Um sonho que está ganhando forma. O pessoal aí do fórum que me conhece mais de perto sabe do que eu estou falando, enfim...  

Está explicado! Gargalhada

Realmente, tem tudo haver com o seu trabalho e seu perfil pessoal.
“A maior necessidade do mundo é a de homens — homens que se não comprem nem se vendam; homens que, no íntimo de seu coração, sejam verdadeiros e honestos; homens que não temam chamar o pecado pelo seu nome exato; homens cuja consciência seja tão fiel ao dever como a bússola o é ao polo; homens que permaneçam firmes pelo que é reto, ainda que caiam os céus.” Ellen White, Educação, Pág 57.
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#12
(20-06-2020, 08:40 PM)Daredevil Escreveu: Primeiramente, peço desculpas por não ter conseguido falar acerca do livro antes (tendo em vista que falei bastante do livro nas últimas votações). Estava trabalhando muito, e nos últimos dias, tive febre, vindo a descobrir que estou com a covid-19 (não só eu, mas esposa e filho). Nem se quisesse, eu conseguiria pegar um livro para ler nos últimos dias. Como hoje posso, comecemos.

Melhoras para você e sua família. Espero que se recuperem bem.

(20-06-2020, 08:40 PM)Daredevil Escreveu: Trata-se de uma das poucas pessoas que atingiu os ideais platônicos, sendo bem-sucedido como filósofo e como chefe de Estado, algo em que nem o próprio Platão lograria êxito na tentativa.

Cássio Dião, um historiador da época, relatou o seguinte acerca do imperador: “Marco não encontrou a boa sorte que merecia, pois ele não era dotado de um físico vigoroso e se viu envolvido em um turbilhão de problemas durante praticamente todo o seu reinado. Mas, na parte que me toca, eu o admiro ainda mais por essa razão, já que, em meio a dificuldades incomuns e extraordinárias ele conseguiu sobreviver e preservar o império.”

Pelo que entendi ele não era um filosofo no termo que eu conheço da palavra. Eu sempre imaginei como alguém teórico. Mas, ele era alguém que vivia na prática essa filosofia estoica, um praticante acima de tudo, então suas reflexões acabam sendo um relato prático de alguém que passava por essas situações e se desenvolvia com elas em vez de criar situações mentais na cabeça e procurar respostas e depois escrever um texto em um fórum de internet querendo ensinar os outros sobre algo que não vivenciou a fundo.

Outro ponto é que ele estava mais preocupado em ensinar para si mesmo, diferente de muitos juvenas que chegam aqui sem uma vida prática, sem buscar praticar primeiro em si mesmos o que leram e ainda querendo dar lição de moral nos outros de coisas que eles sequer viveram. 

(20-06-2020, 08:40 PM)Daredevil Escreveu: O relato do historiador é importante em nossa análise, nos lembra que a vida não é uma estrada sem curvas e bem pavimentada, mas esburacada e sinuosa. A vida que temos em mente e a vida que temos que encarar na realidade são coisas distintas, esteja preparado para quando as coisas não saírem como o planejado.

Pois é, os próprios intempéries que o tornaram mais forte e admirável. Duvido muito que ele teria tais reflexões elevadas consigo mesmo se em vez de imperador do maior império da terra naquela época, tivesse um oficio mais simples e afastado de grandes responsabilidades.

(20-06-2020, 08:40 PM)Daredevil Escreveu: Da mãe, aprendeu a abstinência dos maus atos, e não só isso, como dos maus pensamentos. Mais importante: a simplicidade no modo de vida, bem distante dos hábitos dos ricos. Mesmo sendo o líder do maior Império que já existira, Marco Aurélio buscava uma vida de simplicidade, livre de vaidades e ostentações. A mim não me agrada pensar em passar a maior parte do tempo tentando obter riquezas, mas ser uma pessoa justa e simples com as demais.

Me impressiona também o fato de alguém que cresceu cercado por todo o luxo, devassidão, vícios e imoralidade da cúpula do poder não ter sido seduzido por todo esse brilho. Não queria ostentar e se aparecer aos outros, buscava a simplicidade como estilo de vida. 

Essa ideia de ter uma vida simples e abnegada, longe de vícios me parece ser bem mais saudável tanto fisicamente, mentalmente quanto espiritualmente.

(20-06-2020, 08:40 PM)Daredevil Escreveu: Quando se fala sobre não se intitular um homem que domina suas próprias paixões, acredito que Marco Aurélio queria dizer que mesmo ele, um estoico com amplo domínio das emoções, estaria sujeito a se perder nos prazeres mundanos. Por isso, não se gaba disso, o que por si só seria um erro em sua perspectiva. Quantos aqui no fórum, veteranos, com anos de casa, já não repetiram os erros mais comuns que os homens cometem em um relacionamento?

Nem me fale, é uma decepção toda vez que vejo alguém com anos de real fazer uma atitude vergonhosa como se fosse um juvena. Acredito que o próprio fato de achar que conhecer a real o torna superior e mais imune do que os matrixianos acaba baixando a guarda deles e abrindo brecha para cometerem erros graves.

Lendo o livro de estudo anterior, A Lei, um ponto interessante que o autor aborda é o fato dos governantes se acharem acima da massa, como uma espécie de iluminados, quase como divinos, merecedores de todo o luxo, direitos e benefícios, que não precisam se submeter as mesmas regras e leis que os simples mortais que eles governam e com inteligência para decidir como todos devem viver por os considerarem incapazes de decidirem sozinhos. Uma espécie de semi-deuses acima do povo comum.

Que contraste com o pensamento de Marco Aurelio, que como disse o Hércules, se via como alguém beneficiado pela providência (destino) e não melhor que os outros, mas alguém colocado em uma posição em que poderia ajudar a nação, se considerando como o maior servo do império romano, e administrá-lo era pra ele um dever e uma missão. Se via como você disse "sujeito a se perder nos prazeres mundanos", ou seja, não se via como alguém iluminado e especial que não estava sujeito aos mesmos erros que todos os outros. 

E olha que ele era o imperador do maior império da terra, tinha tudo para se achar o cara, enquanto um simples ministro do STF de um dos vários países da terra se acha uma espécie de divindade aqui que não pode sequer ser criticado.
“A maior necessidade do mundo é a de homens — homens que se não comprem nem se vendam; homens que, no íntimo de seu coração, sejam verdadeiros e honestos; homens que não temam chamar o pecado pelo seu nome exato; homens cuja consciência seja tão fiel ao dever como a bússola o é ao polo; homens que permaneçam firmes pelo que é reto, ainda que caiam os céus.” Ellen White, Educação, Pág 57.
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#13
Sobre o Livro I eu nao entendi essa parte:

"Não criar codornas nem se entusiasmar com coisas desse tipo"

O que ele quis dizer com isso? Não consegui entender. Era um animal domestico da epoca? Seria algo como não criar gatos e cachorros hoje em dia?

"Não circular pela casa trajando meu manto e nada fazer de semelhante"

Ele quis dizer não andar em casa com pijama? Não andar em casa com o manto como o de imperador? Seja qual dos dois foi, porque não?

Alguém conseguiu entender o sentido desse trecho?

"De Apolônio, a liberdade e a ponderação à prova de contestação"

Como assim ponderação à prova de contestação? também não ficou claro pra mim esse trecho.

Essas sao minhas duvidas, se alguem puder esclarecer eu agradeço
"A paixão é como o álcool. Entorpece a consciência, elimina a lucidez, impede o julgamento crítico e provoca alucinações, fazendo com que o ser amado seja visto como divino." Como lidar com Mulheres - Nessahan Alita
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#14
(04-07-2020, 11:22 PM)Melancton Escreveu: Sobre o Livro I eu nao entendi essa parte:

"Não criar codornas nem se entusiasmar com coisas desse tipo"

O que ele quis dizer com isso? Não consegui entender. Era um animal domestico da epoca? Seria algo como não criar gatos e cachorros hoje em dia?

"Não circular pela casa trajando meu manto e nada fazer de semelhante"

Ele quis dizer não andar em casa com pijama? Não andar em casa com o manto como o de imperador? Seja qual dos dois foi, porque não?

Alguém conseguiu entender o sentido desse trecho?

"De Apolônio, a liberdade e a ponderação à prova de contestação"

Como assim ponderação à prova de contestação? também não ficou claro pra mim esse trecho.

Essas sao minhas duvidas, se alguem puder esclarecer eu agradeço

No meio sobrevivencialista, codornas são conhecidas por serem boas fontes de alimento, mais baratas e mais fáceis de criar do que galinhas. Não sei dizer ao certo qual o significado, mas creio que essa informação ajude com o contexto.

E sobre o manto, minha interpretação foi a de que não se deve ser soberbo. Por qual razão você usaria sua melhor roupa (terno sob medida caríssimo) dentro de casa, no dia-a-dia? 

A terceira eu também não faço a menor ideia.

Edit: Alguém sabe o que seria essa "providência" que ele cita no livro 2?
Um homem com escolhas é um homem livre.
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#15
Antes de mais nada o livro é fantástico, poderia chamar-se de provérbios de Marco Aurélio, conforme prometi, segue aqui minhas impressões ao livro

O caráter da  obra é caracterizado notadamente por um ceticismo no proceder em três aspectos fundamentais:

Práticas de virtudes: Atacando os vícios e os mal habitos em geral, consistindo em uma postura de resignação diante de um imponderável de acontecimentos a qual sequer temos controle

Devoção religiosa: Culto ao deuses e divindades tutelares e obediencia às leis, entenda religião neste caso como uma devoção a uma mitologia de estado deslocado do sentindo de uma autoridade metafísica transcendental

Ações virtuosas: Tendo em vista as práticas onde o mais importante é pensar no interesse coletivo acima dos interesses individuais


Livro IX

af. 3 Ensina a morte com uma dávida de vida, como algo de um processo natural ... com referência a morte: Não ser negligente, nem impulsivo, nem desdenhoso, mas por ela aguardar como uma das atividades da natureza

12 - M.A entende o trabalho como uma função social, em um sentido de legado coletivo ... Esforça-te no trabalho, não como um infeliz que se considera nem como um infeliz, nem como alguém que quer ser algo da compaixão e da admiração, mas como a pessoa que que unicamente mover-se ou deter-se como a razão social.

22 - Interessante o termo 'faculdade condutora', tal qual é o livre arbítrio para o cristianismo, remetendo a uma ordem superior ... agiliza o exame de sua faculdade condutora, bem como daquela do universo e do teu semelhante


35 - M.A enxerga a morte como um traço natural da existência ... a perda da vida não passa de uma transformação] tal qual uma manifestação irrestível da natureza e segundo ele [ ... é de acordo com ela que todas as coisas passam a existir de maneira positiva, no seguinte ele completa;

36 -  ... a decomposição da matéria , fundamento de cada um dos seres, produz água, cinzas, precários ossos e fetidez, por outro lado o mármore são as concreções da terra, ouro e prata são os sedimentos.  O sentido da vida como um ciclo de transformação fica claro nesta passagem, há aqui uma clara noção de um sentido de transformação das coisas e que mesmo o corpo humano em decomposição tem sua serventia por sua transformação da natureza.

Depois resenho o livro X

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#16
Tem alguns pontos do livro que achei bem interessantes. Vou citar alguns trechos do livro e comentar um pouco.

Marco Aurélio Escreveu:Não me ater a preocupações inúteis

Pode reparar que se a gente descuidar acabamos nos prendendo a preocupações inúteis e atividades triviais. E o nosso tempo de vida é curto demais para ficar perdendo tempo com besteira.

Marco Aurélio Escreveu:Nunca mostrando sinais de zanga ou qualquer emoção, ele era, ao mesmo tempo, imperturbável e cheio de bondosa afeição. Quando
manifestava a sua concordância, fazia-o sempre calma e abertamente

A ideia de não manifestar jamais ira ou alguma outra paixão sendo não passional lembra muito o que é falado por Nessahan Alita sobre a guerra da paixão, mas aqui ele aplica isso de forma bem mais ampla, para tudo na vida.

Marco Aurélio Escreveu:Aceitava sem complacência ou compunção os bens materiais que a sorte pusera à sua disposição; quando estavam à mão aproveitava-os, e quando não estavam, não sentia qualquer mágoa.

Achei esse ponto também interessante, o desapego que tinha ao luxo, conforto e dinheiro. Coisa difícil de se ver é alguém, principalmente mulheres, mesmo endividado e falindo aceitar reduzir o seu estilo de vida. As pessoas são apegadas demais a tudo.

Aproveitar as facilidades da vida quando presentes mas sem sentir falta delas quando ausentes é para poucos.

Marco Aurélio Escreveu:Sem levar sua amabilidade às raias da conversação excessiva e fatigante

Pessoas sensatas e sábias não ficam falando sem parar. Isso é coisa de mulher. Lembre-se disso.

Marco Aurélio Escreveu:Também não gostava da agitação e da mudança e tinha uma arreigada preferência sempre pelos mesmos lugares e sempre pelas mesmas atividades.

Achei esse ponto interessante pois nos lembra da importância de se ter rotina e constância. Criar hábitos saudáveis e se ater a eles. Isso é disciplina e qualidade de vida.

Marco Aurélio Escreveu:Os seus documentos secretos e confidenciais não eram muitos, e os raros temas neles tratados referiam-se exclusivamente a assuntos do estado.

Quem não tem segredos vive com mais paz de espírito, sem aquele trabalho todo de estar sempre tentando esconder algo, aquele medo constante de ser pego, de tudo ser exposto, sentimento conflitante de culpa e vergonha. Enfim, ser honesto, transparente, ter ética e princípios gera muita paz mental.

Marco Aurélio Escreveu:e deixa de te exasperares com o destino, resmungando com o hoje e queixando-te do amanhã.

Neste ponto ele dá um puxão de orelha em si mesmo, como que lembrando que precisa aceitar a vida como ela é. Algo que precisamos sempre ter em mente.

Marco Aurélio Escreveu:Em tudo o que fizeres, disseres ou pensares, lembra-te de que está sempre na tua mão o poder de te retirares da vida.

As pessoas vivem como se fossem viver para sempre esquecendo-se que podem morrer a qualquer momento.

Marco Aurélio Escreveu:Liberta o espírito de todas as outras considerações. Isto podes tu fazer se abordares cada ação como se fosse a última, pondo de lado o pensamento indócil, o recuo emocional das ordens da razão, o desejo de causar uma boa impressão, a admiração por ti próprio, a insatisfação pelo que te calhou em sorte.

Aprender a viver como se cada ação fosse a última é um jeito interessante de se abordar a vida. Nos faz lembrar que vamos morrer a qualquer momento. Nos ajuda a desapegar mais da vida. Também nos faz valorizar as coisas que estamos fazendo além de priorizar o que realmente vale a pena e descartar coisas inúteis e sem propósito.

Marco Aurélio Escreveu:os pecados do desejo são mais censuráveis do que os pecados da paixão. Porque na paixão, o afastamento da razão parece trazer consigo, pelo menos, um certo desconforto e uma impressão meio sentida de constrangimento; enquanto que os pecados do desejo, entre os quais predomina o prazer, revelam um carácter mais auto-indulgente e mais feminino.

Pelo que eu entendi aqui quem age por impulso, como que motivado pela ira, ódio, tem por um momento uma falta de bom senso naquela hora, por isso, ele acha menos reprovável do que quem faz algo errado sem uma motivação forte, como, por exemplo, um gordo que fica comendo porcaria toda hora, agindo de forma desregrada e feminina sabendo exatamente o que está fazendo.

Interessante, que ele compara a palavra feminino como qualificação de inferioridade. Conceito que se perdeu na sociedade moderna.

Marco Aurélio Escreveu:e final e principalmente, para que espere a morte com dignidade, como nada mais do que a simples dissolução dos elementos de que todo o organismo vivo é composto

Ele trabalha muito com essa ideia nas suas reflexões. Dá pra ver claramente que ele via a morte com tranquilidade, paz e até certa expectativa.

Muito diferente do que vemos por toda parte hoje no mundo, as pessoas estão desesperadas, morrendo de medo de morrer. Se apegam demais a vida e as coisas materiais. Um exemplo claro é este momento de quarentena, um monte de esquerdistas, feministas e até pessoas comuns, em pânico com o Chinavírus, morrendo de medo de morrer, mas quando vamos ver como vivem suas vidas tão preciosas antes e durante a quarentena vemos eles comendo lixo o dia todo e destruindo o seu corpo que já está fraco e debilitado e apresentando sinais de dificuldade, como se sua saúde e corpo fossem lixos, sem valor algum, sem nem se importar com os danos causados, com total descaso. (Se tratam assim seu corpo que é a sua única casa, como querem exigir que os outros cuidem do planeta?)

Vemos eles jogando seu tempo de vida no lixo vendo porcarias no Instagram, na Netflix, no Youtube e Facebook, desperdiçando dias e mais dias de suas vidas com lixo virtual, literalmente fritando seus cérebros e derretendo seus neurônios com tanta porcaria excessiva, um total descaso com o precioso tempo de vida que lhes resta, mas quando encaram de frente a possibilidade de morrer e encerrar suas existências miseráveis eles entram em desespero. 

Ou talvez o que ocorra é que no fundo se sintam culpados de saber que vão morrer e só desperdiçaram a vida com futilidades. Porém, quando as coisas voltam ao normal e percebem que vão viver mais tempo, imediatamente eles voltam a tratar suas vidas como lixo, destruir sua saúde e a desperdiçar o seu tempo.

Enquanto do outro lado temos o Marco Aurélio, um cara ponderado, que procurava viver sempre pela razão sem deixar suas emoções dominarem, não agia por impulsos, moderado, aproveitando bem o seu tempo de vida sabendo que morrerá mais cedo ou mais tarde e por isso não tem tempo a perder com besteiras, administrando o maior império da terra com muitas responsabilidades, lidando com a morte com total franqueza e tranquilidade. Sempre pronto para morrer e tranquilo em relação a isso. Aproveitou bem a vida e ao mesmo tempo é desapegado para depor ela quando chegar a hora. Que contraste com a postura atual que desperdiça a vida e na hora de entregar ela entram em desespero completo.

Quem vive uma vida bem vivida cuidando de deixar as coisas sempre bem resolvidas não tem medo de morrer a qualquer momento. Você estaria pronto para morrer hoje a noite?

Marco Aurélio Escreveu:E a moral de tudo isto? Esta. Embarca-se, faz-se a viagem, chega-se ao porto: desembarcase, então. Noutra vida? Há deuses por toda a parte, mesmo no além. Na insensibilidade final? Então ficaremos fora do alcance da dor e do prazer, e já não escravos desta embarcação terrena, tão incomensuravelmente mais mesquinha do que o seu ministro assistente. Porque um é espírito e divindade; e o outro, apenas barro e corrupção.

O ponto acima que falei. Ele não fazia ideia do que iria encontrar do outro lado, se veria uma nova realidade ou se seria o completo aniquilamento do pensamento e da vida, mas mostrava claramente que estava muito bem com o fato de saber que iria morrer.

Lembrei de uma frase escrita por Monteiro Lobato:

"O meu cavalo está cansado, querendo cova — e o cavaleiro tem muita curiosidade em verificar pessoalmente se a morte é virgula, ponto e virgula ou ponto final."

Tem outros pontos que achei interessantes e essa semana vou trazer aqui também.
“A maior necessidade do mundo é a de homens — homens que se não comprem nem se vendam; homens que, no íntimo de seu coração, sejam verdadeiros e honestos; homens que não temam chamar o pecado pelo seu nome exato; homens cuja consciência seja tão fiel ao dever como a bússola o é ao polo; homens que permaneçam firmes pelo que é reto, ainda que caiam os céus.” Ellen White, Educação, Pág 57.
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#17
Quero comentar mais quatro reflexões interessantes que vi do livro:
  1. Dominar a si mesmo.
  2. Não se importar com o que os outros fazem.
  3. Gerenciar os seus pensamentos.
  4. Não ser especialista em futilidades.
Imperador Marco Aurelio Escreveu:É um concorrente ao maior dos concursos, a luta contra o domínio da paixão;

Isso aqui tem tudo haver com Nessahan Alita. A maior de todas as batalhas que devemos travar é dominar as própria paixões.

É interessante que vários autores, focam nesse ponto. Cito dois versículos de Salomão abaixo.

Salomão Escreveu:Melhor é o homem paciente do que o guerreiro, mais vale controlar o seu espírito do que conquistar uma cidade. Provérbios 16:32

Como a cidade com seus muros derrubados, assim é quem não sabe dominar-se. Provérbios 25:28

As pessoas ficam tão preocupadas tentando mudar os outros, criticando e acusando, sendo que mudar os outros não está na nossa esfera de alcance. Precisamos focar em mudar a si mesmos e deixar as outras pessoas limitadas a conselhos e nada mais. Para que se estressar com coisas que não podemos mudar?

Marco Aurelio aborda esse ponto também.

Imperador Marco Aurelio Escreveu:Não desperdices o que resta da tua vida a especular sobre os teus vizinhos, a não ser que tenhas em vista qualquer benefício mútuo. Interrogares-te sobre o que fulano está a fazer e porquê, ou sobre o que ele está a dizer ou a pensar ou a planear — numa palavra, sobre qualquer coisa que te desvie da fidelidade ao soberano governador dentro de ti — significa uma perda de oportunidade para outra tarefa qualquer.

Em que ele complementa no livro 4 item 18:

Imperador Marco Aurelio Escreveu:Quem ignora o que o vizinho está a dizer ou a fazer ou a pensar, e apenas cuida de que os seus próprios actos sejam justos e piedosos, ganha
enormemente em tempo e em paz. Um homem bom não anda à procura dos defeitos dos outros, antes prossegue vigorosamente em direcção ao seu
objectivo.

Já um outro ponto que acho interessante abordar é sobre administrar os pensamentos e tem ligação com o de cima:

Imperador Marco Aurelio Escreveu:Repara então que o fluir dos teus pensamentos está liberto de fantasias ociosas ou casuais, particularmente daquelas de natureza indiscreta ou maldizente.

Ensina que devemos prestar atenção no que pensamos e administrar esses pensamentos.

Isso nos leva também a não ficar perdendo tempo com coisas inúteis e supérfluas. A saber usar bem o tempo que temos para coisas produtivas. Segue um trecho que escrevi em um texto que chamei de "Não ser especialistas em futilidades" que se relaciona ao tema:

Libertador Escreveu:Acho vergonhoso que hoje em dia as pessoas são especialistas em futilidades. BBB, Game of Thrones, séries da Netflix, vida de cantores e jogadores, novelas, fofocas sobre a vida dos outros, sabem tudo sobre jogos de videogame, ou sobre campeonatos esportivos. Mas, não sabem nada sobre a história do próprio país, não sabem nada sobre administrar o próprio dinheiro, não entendem sobre reserva de emergência, sobre a bíblia e o desenvolvimento espiritual, como se alimentar corretamente pra ter saúde, como se exercitar, se defender sozinho, um ofício prático que possa garantir a subsistência sem depender de empregadores ou governo, não sabem dominar as próprias emoções e praticar o desenvolvimento emocional e outras coisas essenciais.

Não digo que não devemos saber um pouco de coisas por hobby ou curiosidade, mas antes de perder tempo com inutilidades devemos se esforçar para ter o básico de conhecimento bem fundamentado antes. Fazer uma refeição caprichada com arroz, feijão e batata antes de comer a sobremesa. Hoje, as pessoas só comem a sobremesa e descartam a comida essencial.

E Marco Aurelio no item 6 do livro 3, nos diz:

Imperador Marco Aurelio Escreveu:Dir-te-ia, então, que escolhesses simples e espontaneamente o mais elevado e aderisses a ele. «Mas o melhor para mim é o mais elevado», dizes tu? Se é o melhor para ti como ser racional, segura-o bem; mas se o é meramente como animal, então di-lo abertamente e mantém o teu ponto de vista com a correspondente humildade — assegura-te apenas de que ponderaste bem o assunto.

Em outra tradução:

Imperador Marco Aurelio Escreveu:Escolhe, eu digo, de maneira simples e livre o que é o melhor e prende-te a isso.

E mais a frente no item 12 do livro 3 diz:

Imperador Marco Aurelio Escreveu:Desprezando todos os fins menores

E em outra tradução ficou assim:

Imperador Marco Aurelio Escreveu:Não admitindo que nada secundário te desvie de tua ação

E fecho com chave de ouro o que ele diz no livro 4, item 24:

Imperador Marco Aurelio Escreveu:«Se quiserdes conhecer a satisfação, sede parco nos actos», disse o sábio. Melhor ainda, limita-te àqueles que são essenciais, e àqueles que a razão exige de um ser social. Isto traz a satisfação que resulta de fazer apenas algumas coisas e fazê-las bem. A maior parte das coisas que dizemos e fazemos não são necessárias, e a sua omissão pouparia tempo e aborrecimentos. Portanto, um homem deve perguntar-se a cada passo, «Será esta uma das coisas supérfluas?» Mais ainda, não apenas os actos inúteis, mas mesmo as impressões inúteis devem ser suprimidas; porque assim não resultarão numa acção desnecessária.
“A maior necessidade do mundo é a de homens — homens que se não comprem nem se vendam; homens que, no íntimo de seu coração, sejam verdadeiros e honestos; homens que não temam chamar o pecado pelo seu nome exato; homens cuja consciência seja tão fiel ao dever como a bússola o é ao polo; homens que permaneçam firmes pelo que é reto, ainda que caiam os céus.” Ellen White, Educação, Pág 57.
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#18
(19-06-2020, 02:15 PM)Héracles Escreveu: No próximo texto vou discorrer sobre a importância da aptidão física, que nessa época, bem como na Grécia antiga, era baseada sempre nas habilidades e gosto pela caça. Também discutiremos sobre as qualidades intelectuais e de eloquência que o imperador deveria ter.  

Héracles, não consegui achar a parte II da sua análise do livro. Deu continuidade em algum outro tópico?
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#19
Não tem e não terá ... kkk estoicismo faz parte do meu passado, um passado que eu prefiro deixar onde está. Yaoming
"Compreendi o tormento cruciante do sobrevivente da guerra, a sensação de traição e covardia experimentada por aqueles que ainda se agarram à vida quando seus camaradas já dela se soltaram."  (Xeones para o rei Xerxes)

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#20
(03-12-2021, 09:50 AM)Héracles Escreveu: Não tem e não terá ... kkk  estoicismo faz parte do meu passado, um passado que eu prefiro deixar onde está. Yaoming

se me permite o questionamento, quais foram os motivos que fizeram tu "abandonar" ou talvez "desgostar" do estoicismo?
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