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[RELATO] Vida de Concurseiro
#1
DEPOIMENTO DE FÁBIO ROQUE SOBRE A VIDA DE “CONCURSEIRO”
por Bodyhunter – FÓRUM MUNDO REALISTA - 2015

[Image: concurso111.jpeg]

Vou deixar o relato deste professor fantástico do C ERS, que hoje é JUIZ FEDERAL. quem quiser aprender processo penal e direito penal, assistam às suas aulas.

Depoimento de Fábio Roque sobre a vida de “concurseiro”

Decidi enveredar pela vida dos concursos públicos no decorrer da Faculdade de Direito. Ao contrário da esmagadora maioria dos bacharelando de hoje, que já ingressam na Academia esboçando plano e estratégias de estudo para os concursos, eu não fazia ideia do futuro profissional. Ou melhor, tinha apenas uma pretensão: queria me tornar professor. A vida acadêmica desde cedo me encantava. Pretendia, como a quase totalidade dos professores da área jurídica, exercer uma outra atividade profissional, mas, até meados do curso, eu não fazia ideia se pretendia advogar ou fazer concurso e, uma vez optando pelos concursos, qual pretendia fazer.

Desta forma, até a metade do curso de Direito (ingressei na Universidade Federal da Bahia no primeiro semestre de 1998 e conclui a graduação no segundo semestre de 2002), dediquei-me a atividades voltadas à vida acadêmica: assistia aulas em outras unidades de ensino, lia livros de outras áreas do conhecimento, fiz extensão, participei de projetos de pesquisa, participava (indiretamente, tão-somente) das discussões do movimento estudantil, enfim, vivia a Universidade.

Quando estava no sexto semestre da Faculdade, foi publicado o Edital do concurso público para provimento de cargo de Técnico de Finanças e Controle (TFC) do Ministério da Fazenda (cargo, hoje, vinculado à Controladora Geral da União – CGU). A partir daí, minha vida profissional tomou outro rumo (ou melhor, tomou algum rumo). De início, mostrei-me reticente em participar do certame, e, isto por razões óbvias: concurso de nível médio com apenas quatro vagas para o Estado da Bahia, sem cadastro de reserva, e com matérias nas quais a minha ignorância era manifesta, tais como matemática (incluindo a financeira) e raciocínio lógico. Além destas, havia três matérias nas quais eu esperava me sair bem: direito constitucional, administrativo e português.

Apesar da minha resistência, a necessidade falou mais alto. Eu precisava de dinheiro. Não era de família rica, não possuía fonte de renda e, apesar de me dedicar com afinco aos meus estudos, aos 21 anos eu já começava a me sentir um estorvo para os meus pais (que, frise-se, discordavam completamente desta minha ideia, na medida em que sempre incentivaram meus estudos de todas as formas possíveis e imagináveis).

Decidido a participar da guerra, parti para a aquisição das armas e munições. Refletindo, hoje, sobre aquele tempo, percebo o quanto estava despreparado para enfrentar os concursos. Não fazia ideia de como ou por onde começar. No auge da minha ignorância, torcia o nariz para leituras mais didáticas e objetivas (tais como apostilas, resumos e sinopses), até mesmo nas matérias em que nada sabia, como contabilidade. Sendo aluno da Ufba, passei a frequentar as bibliotecas do curso de Economia e Administração em busca de livros e manuais especializados. Escolhidas as armas, começou o treinamento de guerra. Fui mais displicente neste semestre da Faculdade.

Estudava para as provas nas vésperas (isto, quando estudava), faltava aula de forma contumaz, tudo isso me dedicando ao concurso. Estudava sem método, sem objetividade, mas procurava ler de tudo sobre os temas e, por incrível que pareça, eu realmente conseguia aprender. Fiz o concurso. Recordo-me, vagamente, que eram aproximadamente 2000 candidatos concorrendo as quatro vagas. Quando saiu o resultado, fiquei em quarto ligar, empatado com outro candidato. Obtivemos o mesmo desempenho em todos os grupos de provas e, no último critério de desempate, a idade, ele ficou em quarto e eu em quinto lugar e, como eu havia dito, o concurso não previa cadastro de reserva.

Eu estava extasiado com o resultado. Por mais que tivesse estudado, era difícil acreditar que eu havia me saído tão bem. Não sei explicar as razões, mas eu tinha certeza de que, pelo menos um dos quatro candidatos, desistiria do concurso e eu seria chamado. Foi o que correu. Justamente o quarto colocado, com quem eu havia empatado, foi aprovado em outro concurso e desistiu. Inicie o curso de formação de TFC em 2 de julho de 2001. Eu não tinha ideia, mas, ali, iniciava, efetivamente, minha carreira de “concurseiro”. No decorrer do curso de formação conheci pessoas brilhantes (inclusive os outros baianos, aprovados comigo), com histórias de vida incríveis. Ouvia relatos de pessoas extremamente preparadas que, depois de anos de carreira de sucesso na iniciativa privada, sofreram grande revés e recomeçavam do zero, na vida dos concursos públicos. Mas, o que realmente foi importante para a minha carreira de “concurseiro” foi ter contato com o “mundo dos concurseiros” que, àquela altura, era-me completamente estranho. Aprendi sobre leituras específicas, sobre cursinhos preparatórios conhecidos, sites especializados, fóruns de discussão, técnicas de estudo, dicas de bancas examinadoras, ouvia sobre benefícios e intempérie de cargos públicos (sobretudo da área fiscal, que não me interessavam).

Voltei do curso de formação decidido a me dedicar aos concursos públicos. O concurso de TFC tinha sido uma válvula de escape, uma forma de obter uma fonte de renda de molde a terminar a Faculdade, mais tranquilo, mas só então, após tomar posse, decidi me dedicar de verdade ao estudo para concurso público. Àquela altura, eu estava, profissionalmente, no melhor lugar que poderia estar. TFC, naquela época, era o cargo de nível médio que melhor remunerava, eu morava em minha cidade e estava cursando a Faculdade. De colegas de Faculdade, ouvia comentários do tipo: “o problema desses cargos é que a pessoa acaba acomodando”. Sabia que não seria assim. Eu poderia até não passar, mas não desistiria de estudar e fazer concurso. E por falar em “não passar”, remonta a esta época, inclusive, um dos maiores aprendizados que obtive na carreira de “concurseiro”, qual seja, “só existem dois tipos de ‘concurseiros’: os que desistem e os que passam”.

Justamente nesta época eu aprendi a estudar para concursos. Ou melhor, desenvolvi meu método de estudo para concursos. Não existe “receita infalível” para enfrentar os concursos públicos. Assim, o que funcionou comigo pode não dar certo com outra pessoa. Cada um tem seu tempo, seu ritmo, seus métodos e estratégias de estudo, etc. De toda sorte, posso passar minha experiência que, talvez, ajude aqueles que trilham os tortuosos caminhos da carreira de “concurseiro”.

1– Eu sempre estudei as disciplinas por etapas. Acho contraproducente estudá- las simultaneamente (hoje um capítulo de civil, amanhã uma leitura de penal, etc.). Quando se fica um tempo estudando determinada disciplina, acaba-se compreendendo seus fundamentos, fica muito mais fácil aprender. Desta forma, lia um livro inteiro de determinada matéria até passar para outra.

2 – Eu estudava da seguinte forma: lia o livro grifando as partes mais interessantes, depois, quando fosse revisar, lia apenas o grifado. Isto, para mim, foi extremamente positivo. Deixava para grifar quando terminasse de ler um capítulo ou trecho, sob pena de sair riscando tudo. Depois que lia o trecho e entendia a ideia, grifava os pontos centrais. Desde muito cedo desisti da ideia de realizar resumos; considerava-os uma grande perda de tempo.

3 – Uma coisa que demorei muito tempo para perder foi o preconceito, que alimentei durante toda a graduação, para com os livros mais objetivos, tais como as sinopses e os resumos. É claro que não significa que, a depender do concurso, não se tenha de fazer uma leitura mais aprofundada, mas, ainda assim, considero esses livros mais pragmáticos fundamentais. Para concurso, temos de aprender a ser funcionalista mesmo. Por vezes, é imperioso optar por livros mais concisos e objetivos (quando encontrar autores que conseguem aliar objetividade com o maior grau de conteúdo, terá um excelente livro).

4 – Procurei adotar um “livro-base” para cada matéria. Descobri cedo que não era produtivo ler três ou quatro autores de cada matéria, como se faz, por vezes, na graduação. Sem prejuízo de ler outros autores, recorria ordinariamente ao livro-base quando estudava a matéria respectiva.

5 – A leitura seca da Lei, além de ser muito importante, não é tão chata quanto parece à primeira vista.

6 – Estudar jurisprudência é absolutamente essencial. Tornei-me um compulsivo leitor dos informativos do STJ e, principalmente, do STF.

7 – Nunca consegui estudar realizando questões, apesar de reconhecer a importância deste tipo de estudo.

Adotadas estas diretrizes, que, em verdade, foram se consolidando ao longo do tempo, parti para os concursos. Logo de inicio, ainda em 2011, fiz o concurso para Analista Judiciário da Justiça Federal. Ainda era estudante, mas fiz o concurso para o cargo privado de Bacharel em Direito (não me interessei pelo cargo de Técnico, pois era Técnico da CGU e não via muitas razões para a mudança). Fui aprovado e, relativamente, bem classificado (quando da convocação, já estaria no cargo de Procurador Federal, razão pela qual não tomei posse). A partir daí, já sendo Técnico e cursando o 8o período da Faculdade, decidi prestar concursos privativos de Bacharel. Fiz quatro concursos (dois para o Ministério Público, um para a Magistratura e um para a Advocacia Pública). Fui reprovado em todos. Não desanimei. Consolava-me com a ideia de que ainda não havia me formado e que sequer poderia tomar posse. Demais disso, a despeito das reprovações, meu desempenho não havia sido dos piores, pois nesses concursos eu havia ultrapassado a primeira fase e ficando muito próximo dos aprovados, nas fases subsequentes.

Minha colação de grau foi em 28 de novembro de 2002. Nos dias 7 e 8 de dezembro de 2002, realizei as provas do concurso para Procurador Federal. Fui aprovado e tomei posse em 6 de maio de 2003. Neste período, fui aprovado, também, no concurso para Procurador da Fazenda Nacional. Saiu o Edital para o 20o concurso para provimento de cargos de Procurador da República (que possuía a fama de ser o mais difícil do país) e decidi me inscrever, mesmo não tendo os dois anos de graduado (exigência da Lei Complementar 75/93, sendo certo que o Edital foi anterior à Emenda Constitucional 45, que, como é consabido, instituiu a exigência de três anos de atividade jurídica para o provimento de cargos do Ministério Público e da Magistratura). Nunca estudei tanto para um concurso. Estudava durante todas as horas disponíveis que tinha. Creio que foram os meses da minha vida de “concurseiros” em que menos tive vida social, enclausurado, tendo os livros por companhia. Rememorava conhecimentos já sedimentados, inteirava-me das novidades, conhecia os entendimentos dos membros da banca; foi nesta época, que passei a conhecer autores cujas obras iriam me conferir suporte e embasamento teórico por muito tempo.

Neste concurso, apesar de haver me preparado bastante, malogrei. Fui reprovado na segunda fase, em um dos três grupos de prova, por dois décimos. Historicamente, salvo raríssimas exceções, o concurso de Procurador da República não reprova na terceira fase (prova fase). A obtenção daqueles dois décimos significaria a aprovação no concurso. Formulei o recurso, cheio de esperança... indeferido. Jamais imaginei que uma reprovação pudesse me abalar tanto. Sentia-me absurdamente injustiçado. Não apenas porque havia estudado e me preparado com dedicação e afinco, mas, sobretudo, porque sabia que havia boas provas, respondido o questionado, demonstrado conhecimento, etc. Não considerava a correção rigorosa, e sim destituída de critérios e de fundamentação (o tempo, que a tudo apaga, já tratou de demover aquela impressão e, hoje, apreciando de forma distante a avaliação, já não penso assim).
Esta é outra amarga lição que, fatalmente, a quase totalidade dos “concurseiros” acaba aprendendo. O subjetivismo na correção das provas (que sempre existe, por mais que estipulem critérios objetivos de correção) gera, inexoravelmente, insatisfações, mas, quando a isto, pouco se pode fazer. Demorei para me recuperar da derrota. Continuava estudando, mas sem tanto estímulo. Depois de algum tempo, recobrado o ânimo, passei a me dedicar ainda mais ao estudo para concursos. Fiz concurso para Procurador do Distrito Federal, concurso este que durou mais de um ano.

Fui aprovado. Fui aprovado também nos concursos para Analista do Ministério Público da União e, mais uma vez, Procurador da Fazenda Nacional (já era Procurador Federal e não tinha interesse em assumir estes cargos, mas fiz para adquirir títulos). Pretendi assumir o cargo de Procurador do DF. Já estava tudo programado para isto. Foi quando aconteceu algo que mudou completamente meus planos. Adoeci seriamente.

É incrível como adversidades como estas têm o condão de tornar as demais coisas tão sem importância. De repente, toda a vida de “concurseiro”, a que tanto me dedicava, todo o empenho voltado à realização profissional tornaram-se de somenos importante. Foi nessa época em que desacelerei bastante o estudo para concursos públicos, e desistir de assumir o cargo de Procurador do DF, que era um excelente cargo, para não me afastar de minha família.

Ressalto que, a rigor, nunca abandonei por completo os estudos, mesmo porque gosto de estudar e considero esta uma das atividades mais benéficas que existem. Eu, apenas, desacelerei o ritmo de estudo para concursos públicos que, reconheçamos, por vezes é altamente estressante. Tinha plena consciência de que a pressão constante do estudo para concursos contribuiu sobremaneira para o agravamento da minha enfermidade. Não estou dizendo com isso que tinha uma vida completamente voltada para o estudo. Longe disso. Possuía uma vida social bastante agitada, não deixava de sair ou de me divertir, etc. Ocorre que, independente disto, é a pressão da rotina do estudo para concurso que sempre estava sempre. Não tenho dúvida de que, nesta fase, desacelerar um pouco o ritmo contribuiu não apenas para a superação da enfermidade, como, também, para melhoria do meu desempenho nos estudos. Passei, ainda, a me dedicar a atividades mais importantes e, com toda sinceridade, a vida dos concursos públicos já não tinham a relevância de outrora.

Prestei novo concurso para Procurador da República. Ainda convalescia. Sabia que meu estado era delicado e exigia cuidados, mas, ainda assim, havia estudado bastante (não como deveria, mas sim como podia) e decidi prestar o concurso, sem maiores compromissos. Fui reprovado logo na primeira fase. Desde que havia me formado, era o segundo concurso que perdia e, mais uma vez o Ministério Público Federal (MPF), mas a situação era completamente distinta. Confesso que não senti nem um pouco a derrota. Como eu disse, a enfermidade trouxe novas prioridades a minha vida e, ademais, eu tinha plena consciência de que passaria no concurso que eu queria (àquela altura, o MPF mesmo).
“Existem dois tipos de ‘concurseiros’: os que desistem e os quem passam”.

Foi neste ritmo de estudo que fui aprovado para Juiz de Direito Substituto da Bahia, e tomei posse em 13 de janeiro de 2006. Foi nesta época que desisti do Ministério Público. Nunca imaginei que pudesse gostar e me identificar tanto com a Magistratura.

Mas continuava estudando. Pretendia a área federal. Eu pretendia fazer apenas três concursos: Juiz Federal Substituto da 1a Região (TRF-1), da 5a Região (TRF- 5) e Ministério Público (MPF). Apesar de já me interessar mais pela Magistratura do que pelo Ministério Público, não descartei de plano o MPF, pois pretendia trabalhar na área federal. Não me interessei pelos outros TRF’s, pois considerava-os muito distante de minha casa. Publicados os Editais, inscrevi-me nos três concursos. Continuava estudando e dizia para mim mesmo: não é possível que, dos três, eu não passe em pelo menos um. Eu dizia isto, mas sabia que era plenamente possível, para não dizer provável, que não fosse aprovado.

O mais curioso era o comportamento de algumas das pessoas mais próximas, em relação aos concursos que eu prestava. O bom desempenho que eu havia obtido, até então, em alguns certames, subtraiu-me (na percepção deles, por óbvio) o direito de perder. Comentários do tipo “você já passou” não me deslumbravam; ao revés, sentia aumentar minha responsabilidade, muito embora não houvesse pressão nenhum nisto, com a atribuição de virtudes e méritos que não possuía. Sempre dizia isto e estar mesmas pessoas afirmavam ser modéstia, ou até mesmo falsa modéstia, mas era a mais pura verdade. Nos concursos públicos, as vitórias, sempre almejadas, podem trazer um efeito colateral excessivamente danoso: a vaidade. Nas batalhas dos concursos, não existem fortalezas inexpugnáveis, não existe candidato que não seja passível de reprovações, por mais preparado que esteja. Convencer-se, cotidianamente, que é possível, e necessário, melhorar seu desempenho é uma atividade relevante. Eu não necessitava de maiores esforços para agir assim. Em todos os concursos que eu prestava sentia a sensação de estar partindo do zero, embora já tivesse uma boa bagagem de estudo.

Outro ponto importante: não creio que os candidatos devam se preocupar com a sensação de que não estão preparados para as provas. Como relatei, fiz inúmeros concursos, em alguns fui aprovado e, nunca, nunca mesmo, realizei uma prova de concurso sem que, nas vésperas, tivesse a sensação de que não sabia nada.

Aproveitando o ensejo, imperioso destacar também que, se é certo que a vaidade decorrente das vitórias é um veneno perigoso, a medida contrária também o é: assim, as decepções oriundas das derrotas podem prejudicar bastante o desempenho nos estudos.Não se pode esquecer a máxima: “existem dois tios de ‘concurseiro’: os que desistem e os que passam”, por mais difícil que isto possa parecer. Uma coisa de que deve o “concurseiro” se valer e praticar é a solidariedade. Pode parecer um contra-senso, mas, neste mundo, em que a competividade dá diretriz, a solidariedade entre os “concurseiros” sobressai-se com um papel importantíssimo. Não é raro encontrar “concurseiros” mais experientes dispostos a ajudar, com dicas de estudo, de bibliografia e de concursos públicos em geral. Formação de grupos de estudo, listas de discussão por e-mail, grupos de resumos de pontos, etc. são uma constante e trazem uma série de benefícios.Bem, no que se refere a estes últimos concursos que mencionei (TRF-1, TRF-5 e MPF), reputo relevante tecer alguns comentários sobre a prova oral. Considero praticamente impossível não ficar nervoso na prova orla. Não falo isto apenas pela minha própria experiência, mas pelo contato que tive com outros candidatos. Fiz quatro provas orais e nunca vi um candidato que não estivesse nervoso. A questão não é não ficar nervoso, e sim o quão nervoso você vai ficar. Saber controlar o nervosismo e moderá-lo a níveis aceitáveis é o grande desafio. No meu caso, na véspera da prova oral do TRF-5, por mais que meus pais, irmão e namorada tentassem me acalmar, eu estava uma pilha.

No entanto, procurei moderar esse nervosismo e consegui fazer uma prova, recebendo, inclusive, elogio por parte de um dos membros da banca, no que se refere à minha calma. Já quando da prova oral do TRF-1 e do MPF, minha ansiedade e nervosismo estavam muito menores, razão pela qual obtive bons resultados.

E desta forma, fui aprovado nos três concursos, sendo que, no MPF, depois de duas reprovações, fui aprovado na 1a colocação, aposentando-me da carreira de “concurseiro”. Como dito, àquela altura era diminuto meu interesse pelo MPF e acabei optando pela Magistratura Federal, sobretudo à possibilidade de voltar para Salvador, onde hoje estou. E esta é, em síntese, minha trajetória na carreira de “concurseiro”. No decorrer da minha vida de “concurseiro”, a disposição de candidato mais experientes em fornecer auxílio foi-me extremamente benfazeja. Ouvir relatos de experiências pessoais e tomar ciência dos métodos de estudo de outros candidatos contribuíram consideravelmente para que eu trilhasse meu caminho.

Quando recebi o convite do colega Alexandre Henry para escrever este depoimento, duas impressões imediatas me ocorreram: primeiro, senti-me bastante lisonjeado pela deferência de um colega e “concurseiro” que considero brilhante; segundo, deixou-me satisfeito a ideia de poder partilhar um pouco da minha história, pois, quem sabe assim, as minhas experiências possam também ajudar a alguém e, assim, retribuo, minimamente que seja, o muito do bem que já recebi.

Desejo uma boa sorte (que, a despeito do esforço pessoal, sempre é bem- vinda) a todos aqueles que enfrentam as atribulações da vida de concursos públicos, reiterando que a perseverança é a maior virtude do “concurseiro”.

* Este depoimento foi publicado no livro “Juiz Federal: lições de preparação para um dos concursos mais difíceis do Brasil”, do professor e juiz federal Alexandre Henry Alves.

Fonte: http://fabioroque.com.br/2014/09/depoime...ncurseiro/
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#2
tenho esse livro

o sofrimento é compensado com $ ao longo da vida funcional
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#3
Ótimo relato.
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#4
Video 


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#5
Muito bom o tópico. To pensando em largar tudo e começar a estudar pra concursos, fiscais, talvez (sou militar concursado). É bom ler relatos assim que ajudam a entender as dificuldades que tem que ser superadas na vida de um concurseiro.
Ah, @"Scant" li seus posts sobre concurso público também, mt foda sua história.
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#6
(22-01-2020, 01:29 PM)Kit Carson Escreveu: Muito bom o tópico. To pensando em largar tudo e começar a estudar pra concursos, fiscais, talvez (sou militar concursado). É bom ler relatos assim que ajudam a entender as dificuldades que tem que ser superadas na vida de um concurseiro.
Ah, @"Scant" li seus posts sobre concurso público também, mt foda sua história.

valeu cara
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#7
Eu tô longe de ser servidor federal, sou um mero servidor de autarquia, mas na atual conjectura, está ótimo.
Sobre a rotina, eu me dediquei por cerca de um ano estudando umas 5 horas diárias em parceria com um amigo meu. Refaziamos as provas anteriores da organizadora e de outros concursos com cargos similares.
"Escola? E o aprendizado com os próprios erros? A experiência te faz professor de si próprio".
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#8
O post é longo e confesso que não li por inteiro. Mas vou deixar meus dois centavos com o que vivi em relação aos concursos.

A grande real é que a maioria entra neste mundo pela emoção e a parte colorida da história, a tabela com o salário e o sonho equivocado de coçar o saco o dia inteiro e ter estabilidade, ou ainda a modinha de ser poliça, mas ninguém quer pagar o preço e sentir a dor e o desconforto.

A maioria nem sequer lê o edital inteiro, vi muitos nas salas fazendo coisa errada e perambulando pelos corredores com a famosa frase "vim pra ver no que dá". E claro que NUNCA VAI DAR EM NADA. E nem vou entrar no mérito dos attwhore que sentam para estudar, espalham livros e calculadora, tiram foto para o instagram e pronto, levantam e vão fazer outra coisa e "curtir a vida". Yaoming

Se fodam, esse pessoal nunca me assustou.

Eu diria que quem decide ser concurseiro sério escolhe um estilo de vida. Vai disputar realmente com que não tem absolutamente nada, nem uma oportunidade decente de trabalho, que está com sangue no olho e viu ali a única tábua de salvação para sair da merda. Como eu já fui um dia, com muito orgulho, representei o 1% (ou menos) que realmente ia concorrer.

Bons tempos. Sinto uma sensação foda quando pego meu material na mão, provas antigas, resumos, mapas mentais. Foram realmente muitas horas investidas naquele confinamento dia e noite, que eu fechava para não perceber em que momento do dia estava. Chegava a fazer 9 fucking horas líquidas de estudo diário, separava apenas um tempo para um treino que fazia na garagem de casa com uns equipamentos módicos que comprei e nos intervalos pegava um sol lendo alguma coisa relacionada ao concurso.

Tenho certeza que muitos concursados daqui repassavam a matéria no banho, cagando, escovando os dentes, na fila do banco. É assim que funciona quando se incorpora a coisa.

E pra mim deu certo, já faz quase um ano que saí de casa e virei dono do meu próprio nariz graças ao concurso.

Ontem tomei a decisão de retomar os estudos e já me inscrevi em outro concurso que paga mais do que eu estou atualmente. Só que hoje me enquadro em uma outra categoria que não conhecia. A categoria dos que trabalham, tem casa para cuidar (amélios), não abrem mão do treino e sobram no máximo 2 horas líquidas por dia para estudar. E claro, já possui uma garantia na manga.

Sinceramente eu tenho "medo" de perder tempo porque sei que vou estar concorrendo com alguns clones meus do passado. Yaoming

Mas a experiência passada e a atual no serviço público me colocam em uma certa vantagem também.

Não decidi exatamente porque estou fazendo isso, o salário me atraiu, mas acho que o fato de me colocar novamente em uma situação desafiadora e de superação está falando mais alto. Novamente me remete aos tempos passados, que eu olhava para o céu e pedia para Deus botar carga que eu aguentava mais.

Acredito que depois que se "aprende o caminho" dos concursos, quando o sofrimento do crescimento vira prazer, não tem mais volta. Até pode dar um tempo, mas o retorno é certo e involuntário.

Então é isso senhores, boa sorte na jornada de vocês e quem sabe um dia nos encontraremos nos corredores dos prédios de provas.
Basta que o almejado ideal aconteça todos os dias para que a sonhada perfeição desapareça. 
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#9
Muito bom o texto. Serve de motivação pra galera que está estudando
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#10
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...Então é isso senhores, boa sorte na jornada de vocês e quem sabe um dia nos encontraremos nos corredores dos prédios de provas.
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Li o que pude... vais fazer puliça?
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#11
É só estudar até passar que dá certo.
Em tudo dai graças.

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#12
Parem de fazer esses concursos modinhas ai.
"Há um amplo fosso de aleatoriedade e incerteza entre a criação de um grande romance – ou joia, ou cookies com pedaços de chocolate – e a presença de grandes pilhas desse romance – ou joia, ou sacos de biscoitos – nas vitrines de milhares de lojas. É por isso que as pessoas bem-sucedidas em todas as áreas quase sempre fazem parte de um certo conjunto – o conjunto das pessoas que não desistem." O andar do bêbado.
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#13
Não entendi muito bem o livr de auto-ajuda postado mas vamos la, o cara se formou em 2002, até ele conseguir passar como ele se manteve? Não tinha conta pra pagar? Usava "paitrocínio"?
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