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Como gerenciar pessoas
#1
Este é um post sobre gerenciamento de pessoas onde vou citar alguns atributos que considero importantes e o assunto não ficará fechado, tanto por haverem nuances nas relações entre as pessoas quanto porque na Blogsfera existe em geral um sentimento de proletário explorado.

Já tive a oportunidade de gerenciar pequenas equipes e também ter assistentes pessoais diretos no trabalho, portanto nos últimos 10 anos aprendi alguma coisa prática sobre isso. O que escrevi vale tanto para subordinados quanto para colegas de equipe em um projeto.

Em primeiro lugar coragem é o mais importante. Sem ela não se sai nem de casa. A verdade é que liberdade implica em responsabilidades, por isso o ser humano em geral tem medo e prefere ser comandado. Um bom gestor deve ter coragem de olhar nos olhos das pessoas, passar com clareza suas ordens e não ser afetado psicologicamente por contrapontos e falta de educação de quem ouve.

Deve ter competência. Se você não tiver competência a máscara cai rapidinho e você vira um adereço sem importância.

O que seus subordinados querem é ver liderança, certeza, assim como um filho vê no pai e perde o respeito no momento em que deixa de ver segurança nele para auxiliar a resolver todas as questões da vida. Eles não querem pensar, querem executar ordens. Sem segurança o comando vai todo pela janela. Liderança deve ser executada com firmeza sem tão-pouco ser confundida com tirania. Ouça as pessoas, mas escolha o que vai agregar pois quem manda é você. Se a opinião de algum colaborador fosse realmente necessária o tempo todo, ele seria o patrão e você o empregado.

Não se deve ser amigo dos subordinados. Eles perderão o respeito e você a autoridade. A capacidade de manter um ambiente alegre e boas relações com todos sem se tornar seus amigos é muito importante.

Disciplina é necessário. Sem disciplina você não chega a lugar nenhum, pois a falha é mais recorrente que o acerto, portanto só os mais disciplinados chegam longe. É necessário muita disciplina para não reclamar na frente dos empregados e manter foco em resultados. A primeira coisa que queremos fazer quando algo não dá certo é buscar a ajuda de um amigo. Se isso acontecer e você confundir as coisas, os empregados perderão o senso de sentido e os esforços começam a se dispersar pois eles também se sentirão no direito de choramingar, descansar e por o conforto antes das tarefas.

Os empregados devem ser mantidos em uma espécie de “coleira”, através de seu salário e outras necessidades, como pequenos confortos e pausas. Nos navios o rum era uma espécie de moeda de barganha dos capitães para evitar motins. Quando os caras trabalhavam bem, ganhavam ração a mais, quando trabalhavam mal, eram punidos. Isso se observa nos presídios também, é aquela história da panela de pressão durante o governo militar, você deve apertar a corda com uma mão, e folga-la com a outra no momento certo. Como escreveu Sun Tzu, é muito importante dividir os espólios com suas tropas, ou elas vão te ver com raiva.

Conhecer sua equipe a ponto de saber trabalhar com fluidez os estímulos e punições é a arte de gerenciar pessoas. Para isso deve-se conhecer bem a legislação vigente, os costumes das pessoas e a cultura da empresa.

Veja o que seus colegas valorizam individualmente para melhor gerenciá-los. As vezes um pequeno sorriso ou elogio trazem bons efeitos. As vezes os tornam preguiçosos. Criar expectativas de maiores ganhos financeiros ao meu ver são a estratégia que melhor funciona.


“os homens são porcos que se alimentam de ouro” – Napoleão.

Uma pessoa que acredita que vai crescer na empresa trabalha com mais afinco do que alguém sem perspectivas. Mesmo assim, elas não devem ser mais fieis ao "ouro" do que à "pátria". Caso isso ocorra, você criará cobras na sua casa, e é assim que todos os grandes impérios caíram na história, ou empresas perderam seus empregados para concorrentes que pagam mais. Deve-se instituir um clima de que é humilhante deixar a empresa ou colocá-la em segundo lugar.

Lembram daquele comercial das Havaianas em uma praia onde brasileiros reclamam do Brasil, e quando um argentino se junta a eles, os brasileiros começam a defender o Brasil e xingar a Argentina? Vejo muito isso por ai.

As pessoas podem detestar seu ambiente de trabalho, mas se sentem pressionadas em defendê-lo. É uma espécie de sentimento de pertencimento. Deve-se administrar isso com sabedoria. Crie um inimigo em comum, como a imagem de um empregado que se deve combater por prejudicar a equipe ou mesmo um concorrente que ameaça a loja.

É especialmente importante fazer reuniões de qualidade semanais, de preferência na Segunda-Feira, onde se lê notícias e se fala de fatos que podem influenciar no mercado em que a empresa atua. Depois pode-se deixar as pessoas falarem, sempre perguntando na ordem do mais fodão, até os de nível menor. Isto é importante para que eles visualizem a hierarquia, assim vão aspirar posições mais altas.

Este é um bom método para eles sentirem que tem voz e dar suas contribuições, sem descambar pra democracia plena, que nivela por baixo e estraga tudo. Também é importante para corrigir desvios, fazendo comentários de maneira geral. Esta semana li sobre a importância psicológica dos "cutuques mentais", como pequenas "cutucadas" são influentes em moldar a vida das pessoas na sociedade e elas nem mesmo percebem.

As pessoas devem ter um ambiente de trabalho tranquilo e organizado. Por mais que você não controle a felicidade dos outros, regras devem ser tidas como leis. Por exemplo, colaboradores jamais devem brigar, jamais discutir na frente de clientes, jamais serem porcos imundos desorganizados, devem ter uma boa apresentação, educação aprimorada, e pontualidade. O importante é criar uma cultura que se propague sem que seja necessário ficar ensinando os novos empregados. O próprio ambiente deve enquadrar a pessoa.

Antes de pensar que não possui habilidades gerenciais, lembre que ninguém as nasce tendo. Nada além da pratica trás experiência, seja no que for. Centenas de milhares de repetições vão torna-lo eficiente.

Recomendo o livro da FGV "Aspectos Comportamentais na Gestão de Pessoas" pra ter uma base. Não sei quanto custa pois adquiri na matéria do MBA que cursei (cursei poucas matérias num MBA da instituição). É o único que li que trata diretamente do assunto, mas deve ter melhores, até porque o mesmo trata o que escrevi aqui como algo antiquado e que não funciona na "Era do Conhecimento".

Se apenas estas questões forem observadas, e se contratar gente com competências correlacionadas com as tarefas que executam, você terá um ambiente de trabalho produtivo.

Não se deve comer nem manter hábitos "humanos" na frente dos subordinados, como assoar o nariz, cortar as unhas, beber álcool ou relaxar. Você deve ser visto como alguém realmente superior, que não sente fome, nem frio, nem tropeça ou comete erros, um verdadeiro ciborgue. Alguém que não desiste de ir a algum lugar por estar chovendo ou de falar com alguém que não gosta. As pessoas devem ver você como uma pessoa que resolve qualquer problema (não os delas) e se sentirem pressionadas a ser do mesmo jeito naquele ambiente. 

Os melhores colegas-colaboradores que tive foram os com a característica de resolver sozinhos ou pelo menos buscar ajuda e ter perseverança até terminar sua tarefa, eram os mais independentes e observei que se tornaram mais independentes quando o ambiente não lhes tratava com demasiado cuidado e proteção.

Minha opinião é a de que as pessoas são 10% personalidade e 90% um "papel em branco" que vai dar seu máximo ou seu mínimo, dependendo do estímulo. As pessoas reagem à estímulos apesar de considerarem auto-suficientes e racionais.

Estava vendo um filme sobre navios e descobri de onde surgiu chamarem a medida de velocidade no mar de "nós". Antigamente amarravam um peso na ponta de uma corda cheia de nós e verificavam quantos nós tinham passado por sua mão durante determinado tempo. Um método extremamente rudimentar, mas serve. Pessoas que resolvem problemas com o que tem são as melhores. Tem gente que não faz algo porque não tem um equipamento foda, não vai malhar porque o calção está pra lavar, e por ai vai.

É melhor que uma pessoa seja insubordinada na sua frente do que prometa que vai fazer algo e cague o processo todo. Não se deve ser conivente com erros. Isso ocorre muito com empregados mais antigos na empresa, que deixam de observar seus erros e de ser exemplo para os mais novos. Minha avó tem uma empregada que manda na casa, pois os velhos tem pena de demitir ela. Isso é inadmissível.

Confiança é tudo em negócios, se não tiver total confiança em um empregado demita rápido.

No fim, são tudo business. Nunca entre em questões pessoais e discussões sem sentido. Jamais ofenda as pessoas, isso é dar munição para elas.

Isto é o que penso ser vital na gestão de pessoas, certo ou errado perante os livros e profissionais da área, é no que acredito, e acho que vale por um semestre todo dessa matéria em uma faculdade.

E aí? Deixem suas opiniões.

https://conhecimentofinanceiro.blogspot....ssoas.html
Tudo oque te resta é o desenvolvimento pessoal.

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#2
Fórum precisa de conteúdo assim sempre, Parabéns @gRILO !!!
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#3
Otimo tópico @gRILO , pena que a maioria dos confrades só pensam em mulher...

E realmente a formação de um líder deve ser imponente não demonstrar fraquezas perante seus subordinados, pois é o mesmo que dar aza a cobra, agora a principal característica de um líder e o que realmente fará você ter controle sobre os demais é a iniciativa, ir lá e fazer, porém fazer o correto e o acertado mas para isso é necessário ser superior em todos os sentidos que os seus subordinados, afinal tem subordinados que dão de 10 a 0 em muitos lideres...

                Passei, vi e, ao contrário deles, venci.
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#4
Bom texto @gRILO

Analisando o texto e colocando-o a minha realidade de serviço:

É especialmente importante fazer reuniões de qualidade semanais, de preferência na Segunda-Feira, onde se lê notícias e se fala de fatos que podem influenciar no mercado em que a empresa atua.
- Mais do que se reunir toda hora é saber fazer uma reunião. Acho que uma suruba tem mais ordem que as reuniões da empresa.

Aqui onde eu trabalho a coisa mais rara de acontecer são reuniões, quando algum chefe convoca reuniões é porque a vaca já está atolada no brejo, quando estávamos dentro daqueles programas de qualidade os requisitos para reuniões eram especificados em regimento interno, existia uma memória de reunião, e todo uma periodicidade para elas.
- Ocorriam outros problemas nestas reuniões, a grande quantidade de colaboradores que participavam tornavam estas reuniões verdadeiras confusões, onde se falava muito e chegava a pouco consenso, o ideal é uma reunião mais enxuta e seguindo uma PAUTA DE REUNIÃO, para pelo menos algo de concreto sair delas.


As pessoas devem ter um ambiente de trabalho tranquilo e organizado. Por mais que você não controle a felicidade dos outros, regras devem ser tidas como leis.

- Na época que estava na qualidade implementamos um Regimento Interno bem enxuto e abrangente, ainda que diga coisas óbvias, pelo menos o funcionário que entra já vê que existe um código de normas e regras no ambiente de trabalho.

Não se deve comer nem manter hábitos "humanos" na frente dos subordinados, como assoar o nariz, cortar as unhas, beber álcool ou relaxar. Você deve ser visto como alguém realmente superior, que não sente fome, nem frio, nem tropeça ou comete erros, um verdadeiro ciborgue.
- Aqui, é um escritório de família, os donos não exigem aquele protocolo formal de tratamento e a relação patrão-empregado é mais informal. Mesmo assim alguns doidos passam dos limites.

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#5
O texto é muito bom, porém tenho algumas ressalvas: empresas familiares (geralmente pequenas) e empresas grandes mas antigas (geralmente com o donos com mais de 70 anos) não possuem plano de carreira para os funcionários e estes por mais que sejam competentes frustram-se por não terem um aumento salarial e progressão de cargos automáticos; o salário é outro fator limitante - se você está contratando um funcionário mas oferece uma remuneração média de mercado, muito raramente você terá um profissional experiente mas bem qualificado, ele será condizente com com o que você dá - no máximo mediano, sendo generoso. 

Estou vivenciando isso: preciso de um auxiliar de engenharia e até agora dos cinco candidatos que apareceram, todos estão aquém tecnicamente dos requisitos pedidos. Aumentar o salário está fora de cogitação, então terei duas alternativas ou aceitar o "menos pior" que tem experiência ou aceitar um rapaz esforçado mas sem experiência nenhuma.

Hoje sou servidor, mas trabalhei 6 anos no mercado privado em seis empresas de engenharia, todas eram de médio porte, com mais de 200 funcionários e com o mesmo sistema de gestão de pessoas: arcaico, sem incentivo laborais ou plano de carreira, sindicato inexpressivo, enfim, tinha Departamento Pessoal e não Recursos Humanos. Só conseguia aumento salarial como contraproposta quando arrumava um emprego de melhor remuneração. Subi de cargo duas vezes, de desenhista para projetista e de projetista para supervisor em 10 meses, mas mesmo como supervisor fiquei seis meses recebendo como projetista. Quando recebi o primeiro salário ao cargo condizente, eu já insatisfeito, mudei de empresa.

Para quem é chefe, isso é fato: uma hora seu funcionário se estafará e ficará desmotivado, daí de duas, uma: ou você aumenta o salário dele ou terá que conviver com um subordinado que fica se lamuriando o dia inteiro.
"Escola? E o aprendizado com os próprios erros? A experiência te faz professor de si próprio".
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