17-07-2018, 02:49 PM
E aí realistas. Não encontrei relatos de desenvolvimento profissional, portanto vou usar meu exemplo para motivação de colegas que estejam na campanha pelo cargo público. A real foi importante pra minha decisão de perseverar nos estudos, creio que minha trajetória pode motivar outros companheiros a persistir.
Omitirei datas e locais para evitar exposição.
O Início
Logo de cara comecei a vida num lar classe média-baixa do Brasil, um daqueles em que se tem o suficiente pra viver sem luxo algum, pai professor, mãe cozinheira. Meu pai foi um cara muito esforçado, depois de conseguir um diploma entrou no mundo dos concursos até conseguir um emprego na prefeitura de uma cidadezinha. A infância foi cheia de restrições financeiras, endividamentos, até chegar o ponto em que uma renda extra era necessária. Meus pais foram pra lavoura, e eu e meu irmão, também. Até os 13 anos trabalhei na roça, conciliando a escola com a plantação. Isto me ensinou uma humildade importante, que me faz entender o valor do trabalho e do dinheiro, por outro lado a rotina exaustiva deixou claro que a enxada não era o que eu queria pro futuro; só o estudo poderia me libertar de uma vida submetida àquela jornada.
A adolescência chega e meu pai é aprovado num cargo melhor, o que tornou possível que todos saíssemos da roça e mudássemos pra cidade grande. Com isso pude me dedicar aos estudos, mas ao invés de colocar a cara nos livros, me joguei na matrix dos videogames. Como resultado da minha vagabundagem não fui aprovado na federal de primeira, passei um ano no cursinho e o governo conseguiu "perder" meu caderno de provas, mais uma derrota. Dois anos sem aprovação, comecei a uniesquina mais próxima de casa. Minha mãe me inscreveu no vestibular da federal daquele ano, eu disse pra ela que só faria se ela me colocasse no portão do local de prova, porque já não cria na aprovação.
Chega o dia da prova, eu me sento na cadeira e faço uma oração: "Deus, não creio que vou ser aprovado, eu não mereço, mas se o Senhor quiser vou ficar onde me mandar". Por simples misericórdia divina (não há outra explicação), fui aprovado, em 1o lugar para o curso de Direito na Federal. Não quero dizer que isso vai ser regra na vida de todos, eu me considero completamente imerecedor dessa vaga, mas por vezes Deus nos ajuda e nos põe em lugares que Ele sabe serem importantes pro nosso desenvolvimento.
Então me mudo para a nova cidade, faço o primeiro semestre do Curso, crio amizades fantásticas, deixo de ser o moleque introvertido para andar com "as crianças legais" da facul. Infelizmente a cobiça subiu a minha cabeça, fui aprovado no 2o semestre para uma outra universidade que eu considerava melhor. Eu tinha me comprometido a estar onde Deus me mandasse, mas agora por pura arrogância achei melhor fazer meu caminho. O resultado foram 5 anos de desventuras e tristezas num lugar que só me deprimia. No fundo do poço, a luz da Real começou a brilhar. Assisti uma palestra do mestre William Douglas em que ele nos desafiou a imaginar nossa vida em 10 anos, após a dinâmica pediu que respondêssemos se chegaríamos a essa meta com o nível de esforço que exercíamos na nossa vida naquele momento. Eu percebi que não teria chance alguma de alcançar minhas metas agindo como um beta dependente de jogos eletrônicos e de amor romântico.
A primeira fase foi largar os jogos, o que foi difícil e traumático, até se tornar leve e libertador. O próximo passo foi escolher um cargo pra disputar, logo me veio Fiscalização Tributária na cabeça. Comecei no último ano de faculdade o projeto, aprendendo uma porrada de coisas, fazendo TCC e lidando com a malfadada depressão. Saindo da universidade voltei pra casa dos meus pais, interessante como o convívio com pessoas que nos amam ajudam os tempos ruins a se esvair. Um ano e meio depois de sair da faculdade, com algumas dezenas de milhares de exercícios feitos, gigabytes de resumos e incontáveis horas de estudo recebo a notícia que fui aprovado no cargo que desejava, no lugar que desejava.
A sensação de dever cumprido é fenomenal, poder viver seu sonho, acordar todo dia e ver o fruto do seu trabalho ali diante de você é muito mais do que se pode descrever. Sempre me vem a mente o final de Faroeste Caboclo: "E se lembrou de quando era uma criança e de tudo que vivera até ali". Lembro de sentar no topo de uma carroça cheia de esterco e pensar como lutar por uma vida longe de tudo aquilo. Troquei a enxada pela caneta, sem perder a convicção de que nós somos capazes de fazer muito mais do que o mundo a nossa volta diz ser possível.
As coisas podem dar errado por muitos motivos, mas nunca por não termos dado o nosso melhor. Por isso continuem lutando, amigos, os resultados certamente virão pra quem se esforça.
Omitirei datas e locais para evitar exposição.
O Início
Logo de cara comecei a vida num lar classe média-baixa do Brasil, um daqueles em que se tem o suficiente pra viver sem luxo algum, pai professor, mãe cozinheira. Meu pai foi um cara muito esforçado, depois de conseguir um diploma entrou no mundo dos concursos até conseguir um emprego na prefeitura de uma cidadezinha. A infância foi cheia de restrições financeiras, endividamentos, até chegar o ponto em que uma renda extra era necessária. Meus pais foram pra lavoura, e eu e meu irmão, também. Até os 13 anos trabalhei na roça, conciliando a escola com a plantação. Isto me ensinou uma humildade importante, que me faz entender o valor do trabalho e do dinheiro, por outro lado a rotina exaustiva deixou claro que a enxada não era o que eu queria pro futuro; só o estudo poderia me libertar de uma vida submetida àquela jornada.
A adolescência chega e meu pai é aprovado num cargo melhor, o que tornou possível que todos saíssemos da roça e mudássemos pra cidade grande. Com isso pude me dedicar aos estudos, mas ao invés de colocar a cara nos livros, me joguei na matrix dos videogames. Como resultado da minha vagabundagem não fui aprovado na federal de primeira, passei um ano no cursinho e o governo conseguiu "perder" meu caderno de provas, mais uma derrota. Dois anos sem aprovação, comecei a uniesquina mais próxima de casa. Minha mãe me inscreveu no vestibular da federal daquele ano, eu disse pra ela que só faria se ela me colocasse no portão do local de prova, porque já não cria na aprovação.
Chega o dia da prova, eu me sento na cadeira e faço uma oração: "Deus, não creio que vou ser aprovado, eu não mereço, mas se o Senhor quiser vou ficar onde me mandar". Por simples misericórdia divina (não há outra explicação), fui aprovado, em 1o lugar para o curso de Direito na Federal. Não quero dizer que isso vai ser regra na vida de todos, eu me considero completamente imerecedor dessa vaga, mas por vezes Deus nos ajuda e nos põe em lugares que Ele sabe serem importantes pro nosso desenvolvimento.
Então me mudo para a nova cidade, faço o primeiro semestre do Curso, crio amizades fantásticas, deixo de ser o moleque introvertido para andar com "as crianças legais" da facul. Infelizmente a cobiça subiu a minha cabeça, fui aprovado no 2o semestre para uma outra universidade que eu considerava melhor. Eu tinha me comprometido a estar onde Deus me mandasse, mas agora por pura arrogância achei melhor fazer meu caminho. O resultado foram 5 anos de desventuras e tristezas num lugar que só me deprimia. No fundo do poço, a luz da Real começou a brilhar. Assisti uma palestra do mestre William Douglas em que ele nos desafiou a imaginar nossa vida em 10 anos, após a dinâmica pediu que respondêssemos se chegaríamos a essa meta com o nível de esforço que exercíamos na nossa vida naquele momento. Eu percebi que não teria chance alguma de alcançar minhas metas agindo como um beta dependente de jogos eletrônicos e de amor romântico.
A primeira fase foi largar os jogos, o que foi difícil e traumático, até se tornar leve e libertador. O próximo passo foi escolher um cargo pra disputar, logo me veio Fiscalização Tributária na cabeça. Comecei no último ano de faculdade o projeto, aprendendo uma porrada de coisas, fazendo TCC e lidando com a malfadada depressão. Saindo da universidade voltei pra casa dos meus pais, interessante como o convívio com pessoas que nos amam ajudam os tempos ruins a se esvair. Um ano e meio depois de sair da faculdade, com algumas dezenas de milhares de exercícios feitos, gigabytes de resumos e incontáveis horas de estudo recebo a notícia que fui aprovado no cargo que desejava, no lugar que desejava.
A sensação de dever cumprido é fenomenal, poder viver seu sonho, acordar todo dia e ver o fruto do seu trabalho ali diante de você é muito mais do que se pode descrever. Sempre me vem a mente o final de Faroeste Caboclo: "E se lembrou de quando era uma criança e de tudo que vivera até ali". Lembro de sentar no topo de uma carroça cheia de esterco e pensar como lutar por uma vida longe de tudo aquilo. Troquei a enxada pela caneta, sem perder a convicção de que nós somos capazes de fazer muito mais do que o mundo a nossa volta diz ser possível.
As coisas podem dar errado por muitos motivos, mas nunca por não termos dado o nosso melhor. Por isso continuem lutando, amigos, os resultados certamente virão pra quem se esforça.