16-07-2015, 02:36 PM
(Esta publicação foi modificada pela última vez: 12-09-2016, 07:43 AM por Diamante.)
Senhores, para os que leram o meu relato mais uma vez deixo o meu muito obrigado e espero ter contribuído de forma positiva para o fórum. Para os que não leram, o título é “Meu Relato”, na sessão “Quarentena”.
Fiquei ausente do fórum por um tempo pois estava terminando um curso de especialização em equipamento, o chamado “Jet Training”. Este curso te dá belas noções de aeronaves a jato e toda a sua complexidade, além das horas de simulador em cabine idêntica a um avião comercial (no meu caso, fiz o curso do Boeing 737). O próximo curso que irei fazer será o preparatório para a prova oral de inglês que é a certificação ICAO (International Civil Aviation Organization – Organização da Aviação Civil Internacional). Esta certificação é obrigatória para candidatos a processos seletivos que pretendem ingressar na linha aérea, que é o meu caso. Como irei começar na próxima semana, mais uma vez ficarei durante um tempo ausente deste fórum para novas postagens, então, aproveitarei o breve período de tempo que tenho esta semana para deixar este outro relato, agora voltado para a parte de realização pessoal.
Vamos lá. Este relato é voltado para aqueles que almejam um objetivo pessoal, neste caso, o que vou contar aos senhores é um sonho que tenho desde criança e que aos poucos vai se concretizando, que é ser piloto de avião de linha aérea. Tudo começou quando tinha sete anos de idade e iria viajar para o nordeste com a minha mãe e meus avós maternos (na época meu pai não podia ir devido ao trabalho) de uma forma mais rápida: nós iriamos realizar a nossa primeira viagem de avião!!
Me lembro do dia em que fomos a uma agência de viagens para comprar as passagens e na época minha mãe comprou os bilhetes para viajarmos pela VARIG (na minha opinião a melhor companhia que o Brasil já teve). Era voo direto e saindo do aeroporto internacional de Guarulhos. No dia em que chegamos ao aeroporto, vi aquela movimentação no saguão de embarque. Todas aquelas pessoas com grandes malas em carrinhos indo em direção ao guichê para efetuar o check-in. E o que mais me impressionava eram aquelas pessoas uniformizadas em trajes elegantes e de porte impecável, como se fossem “semi-deuses” (no caso, os pilotos). Aquele ambiente tinha despertado em mim certa magia. Lembro que eu sentei do lado da asa esquerda e minha avó estava do meu lado. Quando o avião iniciou a corrida de decolagem, senti a sua velocidade imponente em que me fazia “grudar” na poltrona. Quando estava bem alto via as cidades bem pequeninas pela janela e as nuvens muito próximas. Fiquei maravilhado com aquela visão. A sensação de estar acima das nuvens e ter a “visão de Deus” sobre a Terra é algo indescritível. Aquilo me tocou de tal maneira que até parece que o meu destino estava traçado à partir daquele dia pois no meu intimo eu pensei: “Quero virar motorista desse ônibus que tem asa”.
Esta primeira viagem foi realizada em dezembro de 1995. Em 1996, o Brasil presenciou duas tragédias aéreas que também me marcaram de tal forma que aumentou o meu desejo de me tornar piloto (em março houve o acidente da banda Mamonas Assassinas e outubro a queda do Fokker 100 da TAM). Eu chegava a comentar disso com meus pais mesmo criança e eles me falavam o seguinte: “Larga de ser tonto Aviador, voar é coisa pra passarinho”. Um dos sonhos do meu pai era que eu fosse jogador de futebol porque ele teve oportunidade pra ingressar em times profissionais (um amigo dele chegou a jogar num time da Turquia). Ele chegou a me matricular em escolinhas de futebol, porém, eu ia por obrigação porque, sinceramente, eu não gostava de jogar em escolinha e depois começar a competir. Futebol pra mim é diversão e descontração, e não pra ser levado a sério (neste caso, levar para o lado profissional e tirar grana), tanto que hoje eu nem assisto jogo e muito menos torço pra time nenhum. Mas voltando à aviação, meu plano inicial para fazer o curso de piloto era ingressar na FAB. Cheguei a prestar o concurso de ingresso para EPCAR em 2004 e 2005 mas não passei no exame escrito e deixei a ideia de ingressar e levar vida militar por cinco anos após estar formado, pois não via motivos para ser militar em um país que não dá o devido valor a esta profissão a qual também tenho bastante estima (tenho dois tios aposentados que foram oficiais de engenharia. Um do Exército e o outro da Marinha). Mesmo assim, terminei o ensino médio em 2005 e prestei vestibular para o curso de engenharia de produção e em 2006 já estava na faculdade. Meus pais me ajudaram a pagar o curso de engenharia (fiz em faculdade particular) e conclui o curso em 2010. Mesmo estudando engenharia, minha cabeça ainda estava na área da aviação, então, tinha decidido que quando começasse a trabalhar, ia juntar grana pra bancar o meu curso. De acordo com o primeiro relato, comecei a trabalhar de estagiário em 2008 e fui efetivado um ano depois, e mesmo assim fui crescendo nesta empresa e hoje tenho um cargo razoável passados estes sete anos trabalhando (só para não passar em branco sobre o meu atual emprego, trabalho numa empresa concessionária de energia elétrica, no setor de operação e manutenção). O inicio do curso em pilotagem de aviões foi em 2011, em que estudei o módulo inicial, o chamado PP (Piloto Privado). Fazendo uma analogia com a CNH, é como se fosse a “categoria B”, em que você tira a habilitação para fins de desporto, diferente do meu caso. Para tirar esta habilitação, estudei por 8 meses para passar na banca teórica da ANAC e fiz meus voos na cidade de Bragança Paulista porque a hora de voo é mais barata do que em São Paulo. Minha vida à partir de 2011 ficou dividida da seguinte forma: durante a semana trabalho o dia inteiro e no fim de semana ia para o interior realizar os voos. Teve fim de semana que não conseguia realizar uma mísera hora de voo devido a alguns motivos (avião em manutenção, meteorologia, escala cheia) mas isso não me desanimou, pelo contrário, me motivava ainda mais pois nadava contra a maré e sabia que o caminho não seria fácil, mas o premio iria valer a pena. Depois de um ano e meio, consegui tirar a minha habilitação de Piloto Privado e ingressei no outro curso, chamado “PC – Piloto Comercial” cujo pré-requisito era ter a carteira de Piloto Privado. Este curso já é voltado para trabalhar na área, pois envolve voos por instrumento e o exame de saúde também é diferente (para piloto privado o certificado de saúde é classificado como “segunda classe” e piloto comercial é “primeira classe”). E mais uma vez tive que estudar para a banca teórica da ANAC e mais voos foram realizados (mais voos = mais dinheiro dispendido = menos dinheiro na sua carteira enquanto aluno) e consegui tirar a minha licença de piloto comercial no ano passado. Depois disso, fiz outros cursos como instrutor de voo, especialização em equipamento, noções específicas em navegação baseada em performance e por ai vai. A cada etapa concluída fui ganhando o respeito por meus pais e também tendo um certo “destaque” no meio familiar e nos círculos de amigos por ter feito um curso que não se vê qualquer um que faz por ai. E a cada etapa concluída, vou me aproximando do que almejo desde aquele dia que fiz minha viagem pela primeira vez aos sete anos de idade.
Por que escrevo este relato? Pelo simples motivo de que nesta vida é importante que tenhamos um objetivo e sermos firmes em nossa decisão, mesmo que envolva perdas pelo caminho. Hoje eu não vejo mais a aviação com aquele olhar pueril de “magia” porque sei como é basicamente a realidade nesta área. Eu a vejo como um ofício como outro qualquer e que já teve os seus “anos dourados”. Eu consegui as minhas habilitações e só Deus sabe o sacrifício que foi e sou grato a Ele por ter me dado saúde e força de vontade por chegar aonde cheguei.
Para os confrades digo o seguinte: tenha planos e jamais pare no tempo e espaço, pois agora o meu plano é sair da área de engenharia e ingressar na aviação, por isso venho me preparando por quatro anos. Também não sei como será o dia de amanhã e por isso me planejarei sobre quais investimentos posso fazer para ter um futuro relativamente tranquilo, pois, já conheci pilotos que trabalharam em linha aérea que depois que foram demitidos não tiveram mais colocação no mercado e caíram em total esquecimento, especialmente agora que estamos vivendo em crise. Agora, o mercado está parado com muitos profissionais formados e pouquíssimas vagas a serem preenchidas, tanto na aviação quanto na engenharia.
Senhores, assim como o meu relato anterior, espero que este voltado para os objetivos pessoais/profissionais tenha acrescentado algum valor aqui no fórum e mais uma vez agradeço a todos que o leram. Críticas/Sugestões/Dúvidas são muito bem vindas!!!
Depois farei outro relato sobre a minha família e o meu convívio com eles. Preciso tirar um tempo para colocar as ideias no lugar.
Fraterno abraço,
Aviador.
Fiquei ausente do fórum por um tempo pois estava terminando um curso de especialização em equipamento, o chamado “Jet Training”. Este curso te dá belas noções de aeronaves a jato e toda a sua complexidade, além das horas de simulador em cabine idêntica a um avião comercial (no meu caso, fiz o curso do Boeing 737). O próximo curso que irei fazer será o preparatório para a prova oral de inglês que é a certificação ICAO (International Civil Aviation Organization – Organização da Aviação Civil Internacional). Esta certificação é obrigatória para candidatos a processos seletivos que pretendem ingressar na linha aérea, que é o meu caso. Como irei começar na próxima semana, mais uma vez ficarei durante um tempo ausente deste fórum para novas postagens, então, aproveitarei o breve período de tempo que tenho esta semana para deixar este outro relato, agora voltado para a parte de realização pessoal.
Vamos lá. Este relato é voltado para aqueles que almejam um objetivo pessoal, neste caso, o que vou contar aos senhores é um sonho que tenho desde criança e que aos poucos vai se concretizando, que é ser piloto de avião de linha aérea. Tudo começou quando tinha sete anos de idade e iria viajar para o nordeste com a minha mãe e meus avós maternos (na época meu pai não podia ir devido ao trabalho) de uma forma mais rápida: nós iriamos realizar a nossa primeira viagem de avião!!
Me lembro do dia em que fomos a uma agência de viagens para comprar as passagens e na época minha mãe comprou os bilhetes para viajarmos pela VARIG (na minha opinião a melhor companhia que o Brasil já teve). Era voo direto e saindo do aeroporto internacional de Guarulhos. No dia em que chegamos ao aeroporto, vi aquela movimentação no saguão de embarque. Todas aquelas pessoas com grandes malas em carrinhos indo em direção ao guichê para efetuar o check-in. E o que mais me impressionava eram aquelas pessoas uniformizadas em trajes elegantes e de porte impecável, como se fossem “semi-deuses” (no caso, os pilotos). Aquele ambiente tinha despertado em mim certa magia. Lembro que eu sentei do lado da asa esquerda e minha avó estava do meu lado. Quando o avião iniciou a corrida de decolagem, senti a sua velocidade imponente em que me fazia “grudar” na poltrona. Quando estava bem alto via as cidades bem pequeninas pela janela e as nuvens muito próximas. Fiquei maravilhado com aquela visão. A sensação de estar acima das nuvens e ter a “visão de Deus” sobre a Terra é algo indescritível. Aquilo me tocou de tal maneira que até parece que o meu destino estava traçado à partir daquele dia pois no meu intimo eu pensei: “Quero virar motorista desse ônibus que tem asa”.
Esta primeira viagem foi realizada em dezembro de 1995. Em 1996, o Brasil presenciou duas tragédias aéreas que também me marcaram de tal forma que aumentou o meu desejo de me tornar piloto (em março houve o acidente da banda Mamonas Assassinas e outubro a queda do Fokker 100 da TAM). Eu chegava a comentar disso com meus pais mesmo criança e eles me falavam o seguinte: “Larga de ser tonto Aviador, voar é coisa pra passarinho”. Um dos sonhos do meu pai era que eu fosse jogador de futebol porque ele teve oportunidade pra ingressar em times profissionais (um amigo dele chegou a jogar num time da Turquia). Ele chegou a me matricular em escolinhas de futebol, porém, eu ia por obrigação porque, sinceramente, eu não gostava de jogar em escolinha e depois começar a competir. Futebol pra mim é diversão e descontração, e não pra ser levado a sério (neste caso, levar para o lado profissional e tirar grana), tanto que hoje eu nem assisto jogo e muito menos torço pra time nenhum. Mas voltando à aviação, meu plano inicial para fazer o curso de piloto era ingressar na FAB. Cheguei a prestar o concurso de ingresso para EPCAR em 2004 e 2005 mas não passei no exame escrito e deixei a ideia de ingressar e levar vida militar por cinco anos após estar formado, pois não via motivos para ser militar em um país que não dá o devido valor a esta profissão a qual também tenho bastante estima (tenho dois tios aposentados que foram oficiais de engenharia. Um do Exército e o outro da Marinha). Mesmo assim, terminei o ensino médio em 2005 e prestei vestibular para o curso de engenharia de produção e em 2006 já estava na faculdade. Meus pais me ajudaram a pagar o curso de engenharia (fiz em faculdade particular) e conclui o curso em 2010. Mesmo estudando engenharia, minha cabeça ainda estava na área da aviação, então, tinha decidido que quando começasse a trabalhar, ia juntar grana pra bancar o meu curso. De acordo com o primeiro relato, comecei a trabalhar de estagiário em 2008 e fui efetivado um ano depois, e mesmo assim fui crescendo nesta empresa e hoje tenho um cargo razoável passados estes sete anos trabalhando (só para não passar em branco sobre o meu atual emprego, trabalho numa empresa concessionária de energia elétrica, no setor de operação e manutenção). O inicio do curso em pilotagem de aviões foi em 2011, em que estudei o módulo inicial, o chamado PP (Piloto Privado). Fazendo uma analogia com a CNH, é como se fosse a “categoria B”, em que você tira a habilitação para fins de desporto, diferente do meu caso. Para tirar esta habilitação, estudei por 8 meses para passar na banca teórica da ANAC e fiz meus voos na cidade de Bragança Paulista porque a hora de voo é mais barata do que em São Paulo. Minha vida à partir de 2011 ficou dividida da seguinte forma: durante a semana trabalho o dia inteiro e no fim de semana ia para o interior realizar os voos. Teve fim de semana que não conseguia realizar uma mísera hora de voo devido a alguns motivos (avião em manutenção, meteorologia, escala cheia) mas isso não me desanimou, pelo contrário, me motivava ainda mais pois nadava contra a maré e sabia que o caminho não seria fácil, mas o premio iria valer a pena. Depois de um ano e meio, consegui tirar a minha habilitação de Piloto Privado e ingressei no outro curso, chamado “PC – Piloto Comercial” cujo pré-requisito era ter a carteira de Piloto Privado. Este curso já é voltado para trabalhar na área, pois envolve voos por instrumento e o exame de saúde também é diferente (para piloto privado o certificado de saúde é classificado como “segunda classe” e piloto comercial é “primeira classe”). E mais uma vez tive que estudar para a banca teórica da ANAC e mais voos foram realizados (mais voos = mais dinheiro dispendido = menos dinheiro na sua carteira enquanto aluno) e consegui tirar a minha licença de piloto comercial no ano passado. Depois disso, fiz outros cursos como instrutor de voo, especialização em equipamento, noções específicas em navegação baseada em performance e por ai vai. A cada etapa concluída fui ganhando o respeito por meus pais e também tendo um certo “destaque” no meio familiar e nos círculos de amigos por ter feito um curso que não se vê qualquer um que faz por ai. E a cada etapa concluída, vou me aproximando do que almejo desde aquele dia que fiz minha viagem pela primeira vez aos sete anos de idade.
Por que escrevo este relato? Pelo simples motivo de que nesta vida é importante que tenhamos um objetivo e sermos firmes em nossa decisão, mesmo que envolva perdas pelo caminho. Hoje eu não vejo mais a aviação com aquele olhar pueril de “magia” porque sei como é basicamente a realidade nesta área. Eu a vejo como um ofício como outro qualquer e que já teve os seus “anos dourados”. Eu consegui as minhas habilitações e só Deus sabe o sacrifício que foi e sou grato a Ele por ter me dado saúde e força de vontade por chegar aonde cheguei.
Para os confrades digo o seguinte: tenha planos e jamais pare no tempo e espaço, pois agora o meu plano é sair da área de engenharia e ingressar na aviação, por isso venho me preparando por quatro anos. Também não sei como será o dia de amanhã e por isso me planejarei sobre quais investimentos posso fazer para ter um futuro relativamente tranquilo, pois, já conheci pilotos que trabalharam em linha aérea que depois que foram demitidos não tiveram mais colocação no mercado e caíram em total esquecimento, especialmente agora que estamos vivendo em crise. Agora, o mercado está parado com muitos profissionais formados e pouquíssimas vagas a serem preenchidas, tanto na aviação quanto na engenharia.
Senhores, assim como o meu relato anterior, espero que este voltado para os objetivos pessoais/profissionais tenha acrescentado algum valor aqui no fórum e mais uma vez agradeço a todos que o leram. Críticas/Sugestões/Dúvidas são muito bem vindas!!!
Depois farei outro relato sobre a minha família e o meu convívio com eles. Preciso tirar um tempo para colocar as ideias no lugar.
Fraterno abraço,
Aviador.
TOGA RODA FLAP 15