02-07-2017, 04:29 PM
(Esta publicação foi modificada pela última vez: 21-07-2017, 02:33 PM por Aragons.)
Resolvi escrever esse texto e relato por conta dos conflitos que aconteceram aqui onde moro nesses últimos dias, aproveitando o gatilho para escrever sobre situações urbanas de perigo e algumas técnicas. Esse assunto é bem extenso, então considere isso como uma breve introdução com exemplos práticos vividos por mim.
Desde aurora dos tempos, o homem possui conhecimentos diversos, que proporcionam não somente uma melhor qualidade de vida, mas também a garantia da sobrevivência. Nos tempos mais modernos, a segurança foi passada para as mãos do estado, então consequentemente muitas habilidades que antes eram cultivadas foram abandonadas pelos homens em geral, que sempre foram os maiores responsáveis pela segurança e integridade de seu povo.
Alguns homens preservaram tais técnicas, pois sabem da utilidade delas, mesmo em tempos como os nossos. Dispostos à não deixar a modernidade castrar as tradições masculinas, mantiveram o legado passado, sempre com o orgulho de fazerem parte dos poucos viventes que não se prostituíram em troca de uma vida capada, sem desafios físicos, mentais ou espirituais.
Todo índio Sioux possuia duas opções: Possuir uma percepção aguçada do mundo em sua volta ou morrer, seja pelas mãos de um animal ou invasor. Nenhum povo conhecido desenvolveu tão bem o uso dos cinco sentidos como os índios Sioux, que desde muito jovens eram treinados nas artes do combate, da caça e da pesca. Apesar de todo o seu conhecimento e aptidão, acabaram caindo mediante a civilização, mas suas culturas permanecem até hoje.
Como grandes estudantes da natureza, observavam todos os seus movimentos. Sabiam que se muitos pássaros estivessem voando ao mesmo tempo, era grande a chance de um combate próximo da localização onde levantaram voo. Fogo não era sinal de nada bom. Esse papo de que os índios faziam fogueiras durante caçadas é mentira, pois os únicos burros o suficiente para se identificar na floresta fazendo fogo eram os homens civilizados.
Muitos podem se perguntar a utilidade de uma técnica como essa nos dias atuais, até que se encontram em uma cidade como Rio de janeiro ou São Paulo, onde conflitos urbanos são parte do cotidiano. Estava dirigindo em rumo ao túnel próximo da favela chamada Pavão-Pavãozinho na quarta-feira, quando avistei diversos pombos voando na direção contrária e uma fumaça, quase imperceptível no horizonte. Como bom aprendiz Sioux, soube imediatamente que algo estava acontecendo na favela e imediatamente entrei em uma rua paralela. Praticamente todos os outros carros seguiram reto e o túnel estava fechado.
Quase três kilometros antes, percebi que algo estava errado e tomei a decisão certa de pegar outro caminho. Chegando em casa vi matérias sobre o conflito, onde uma pessoa morreu e cinco ficaram feridas. Decisões como esta que tomei são a diferença entre a vida e a morte em um ambiente urbano caótico.
Voltando do trabalho no próximo dia(quinta-feira), ouvi rojões sendo soltados na mesma favela e em outra muito próxima, o que significava, naquele momento específico, que o conflito não acabaria e que possivelmente os traficantes de ambos os morros estavam se comunicando ou se unindo para outra empreitada. Tinha conhecimento de uma suposta greve no dia seguinte, então naturalmente evitei a Cinelândia e algumas áreas próximas do Centro, pois sempre que qualquer protesto ou manifestação acontece aquela região fica conturbada. O conflito continuou até o sábado(dia 01/07/2017) e possivelmente irá continuar.
Hoje cedo queria ir até Copacabana para correr na praia e sabia que, como o clima estava tenso por lá, era bem possível uma manifestação da população da favela na orla, onde talvez algum conflito ou situação desagradável pudesse ocorrer.
Também existia a chance de alguma facção colocar menores para assaltar nas ruas, já que foram atacados nas favelas. Isso não aconteceu muito provavelmente por causa do tempo fechado e da chuva, que espanta os marginais.
Optei por fazer um exercício na praça, perto de casa.
Após voltar, abri o G1 e percebi que realmente teve um protesto em frente o famoso Copacabana Palace, apesar de aparentemente pacífico.
Quem aprende a observar o ambiente em sua volta com cautela, nunca é pego desprevenido. Observe muito bem tudo em sua volta e independente do que for visto nunca se desespere, pois isso é o suficiente para contaminar suas ações, algo que pode custar sua vida em situações de risco.
Trabalhe a visão periférica, pois o covarde sempre ataca pelas costas e em grupo maior.
Os índios estudavam os hábitos dos animais, assim como estudamos nossos livros e fazemos faculdades sobre um tema específico. Existiam índios que se especializavam em determinados animais e conseguiam mimetizar seu comportamento e atitude com precisão incrível. O animal que é meu objeto de estudo e aprendizado é a águia, que vê longe e de cima. Devido a isto, consegue se projetar para fora de qualquer situação indesejada, atacando na hora certa, caso necessário. A águia é um animal que voa a maior parte do tempo sozinho, então precisa saber se livrar de qualquer situação, sem contar com a ajuda de ninguém.
Manter seus olhos adaptados é muito importante, então sempre quando estiver saindo seja para uma caçada ou viajem, calibre seus olhos antes olhando para o céu claro e caso de noite, saia de seu abrigo somente com os olhos preparados para a escuridão.
Certa vez fui obrigado a levantar de madrugada para comprar um remédio em uma farmácia 24 horas (minha mãe estava passando mal). Conhecia bem o local e sabia que de madrugada diversos grupos de pivetes rondavam a região com barras de ferro, bastões, canivetes e pedras. Como não tinha opção, precisava ir de qualquer maneira, então caso tivesse conflito tinha que estar preparado.
Sabia previamente que quase nenhum poste funcionava bem perto daquela área, então me vesti completamente de cinza escuro, que é uma boa cor para essa situação, pois o preto total chamaria bastante atenção, mesmo que de noite, caso passasse por algum poste com iluminação fraca.
Precisava escolher o sapato, caso fosse necessário correr ou chutar precisava estar preparado. Como meu estilo de luta utiliza bastante chutes baixos e médios, escolhi uma bota velha, que funcionaria bem caso precisasse correr e ajudaria no impacto do chute. Escolhi uma calça de academia cinza, que não travava meus movimentos.
Antes de ficar com o casaco, testei se as cotoveladas não ficariam travadas, assim como chutes e socos. Ir de carro e parar próximo era a melhor maneira de ser assaltado, então optei por ir andando. Sabia que precisava andar cerca de 8 kilometros.
Não tenho nenhuma arma, então peguei um pedaço de pau pequeno dentro de casa, catei uma pedra na rua e deixei no bolso.
Andando quase quatro horas da madrugada na rua vazia, precisava de algo que me diferenciasse de qualquer mero homem normal andando naquele horário, mas mantendo a neutralidade, transparecendo um certo ar de imponência e fazendo qualquer um que me visse pensar duas vezes antes de começar um conflito. O policiamento é zero, então não tinha chance de atrair nenhum policial.
Comprei uma lata de Caracu no posto, uma cerveja que quase ninguém bebe por aqui e que causa estranhamento por parte das pessoas. Pedi para usar o banheiro e joguei a cerveja fora, fiquei somente com a lata cheia de água. Qualquer um que me visse aquele horário andando tranquilamente na rua pensaria: -Que porra de homem é esse andando com essa calma bebendo caracu 4 horas da manhã? não vou tentar fazer nada com ele.
Fui obrigado a passar por uma praça completamente escura com alguns cracudos e meliantes esperando alguma vitima. Enquanto estava atravessando a rua, exatamente 7 meliantes adultos, que estavam sentados na porta de uma loja fechada, se levantaram lentamente e vieram em minha direção. Olhei rapidamente de relance para ver se ninguém vinha pelas costas e joguei a lata de caracu no chão.
Coloquei a mão nas costas, como se estivesse colocando a mão em uma arma, preparado para sacar e atirar(tinha somente um pedaço de pau e uma pedra no bolso). Imediatamente os meliantes voltaram andando de costas e sentaram no chão novamente. Peguei a lata de caracu e fui embora, fingindo que estava bebendo caracu.
Se não tivesse feito esse teatro todo, aqueles bandidos poderiam ter me agredido covardemente. Algumas pessoas já apareceram mortas ali naquela região, no meio da rua, esfaqueadas e baleadas. Mesmo sabendo lutar, contra 7 pessoas possivelmente armadas, não tinha muita chance de sucesso, porque não sou o Bruce Lee e nem vivemos em um filme de ação. Mas, não tinha opção, não ia deixar minha mãe sem remédio e se corresse deles não conseguiria ir pelo único caminho que levava até a farmácia.
Cheguei ao destino e comprei o remédio, sem maiores problemas voltei para casa e tudo ficou bem.
Se tivesse ido todo colorido e de carro 4 horas da manhã, sem nenhum conhecimento sobre o local onde estava indo, estaria possivelmente morto e não estaria escrevendo esse texto. Outras situações parecidas e piores já aconteceram, como quando tomei uma facada que por sorte não pegou em nenhum lugar letal, tentando me defender de alguns meliantes. Sabia que não tinha como fugir naquela situação e não tive outra opção, pois fui atacado pelas costas e pela frente simultaneamente em um lugar fechado. Vi eles se aproximando e não tive como fazer nada efetivo.
O lugar onde moro hoje é quase uma faixa de gaza, a única diferença é que ninguém fala sobre isso, muito menos divulga o que realmente acontece. Em grupos de bairro e com outros moradores é que a verdade aparece, todo dia um atentado diferente contra alguém que estava no lugar errado na hora errada. Um dia pode ser você.
Trabalhe a sua memória ao se lembrar de detalhes específicos de partes da sua cidade, conheça tudo que for possível. Projete situações hipotéticas dentro dos ambientes onde você está, mas não se deixe levar pela emoção, muito menos pela raiva caso algo aconteça, pois isso irá infectar suas ações. Você não quer tremer durante uma luta, nem de raiva nem de medo. Nunca sente de costas para a entrada de lugar nenhum, esteja de preferência de costas para a parede. Proteja a sua família como um lobo cuida de sua alcateia. Esteja sempre alerta, sem perder a sanidade e mantendo a naturalidade. Torne esse o seu modus operandi natural e a vida urbana será mais fácil para você.
Quero escrever uma série sobre conhecimentos masculinos ancestrais, incluindo alguns relatos de um tio carneador e caçador, além do relato de guerra de um amigo que voltou invalidado da legião estrangeira e o que ele aprendeu no processo, incluindo mulheres e relacionamentos. Também vou escrever sobre um outro amigo, que foi engraxate na PM do RJ, garçom e músico. Ouviu diversas histórias memoráveis, tanto de pessoas de bem quanto de corruptos. Se eu conseguir escrever sobre tudo, conto também outras histórias edificantes.
Obrigado pessoal.
Conhecimentos masculinos ancestrais: técnicas de percepção e sobrevivência urbana
Desde aurora dos tempos, o homem possui conhecimentos diversos, que proporcionam não somente uma melhor qualidade de vida, mas também a garantia da sobrevivência. Nos tempos mais modernos, a segurança foi passada para as mãos do estado, então consequentemente muitas habilidades que antes eram cultivadas foram abandonadas pelos homens em geral, que sempre foram os maiores responsáveis pela segurança e integridade de seu povo.
Alguns homens preservaram tais técnicas, pois sabem da utilidade delas, mesmo em tempos como os nossos. Dispostos à não deixar a modernidade castrar as tradições masculinas, mantiveram o legado passado, sempre com o orgulho de fazerem parte dos poucos viventes que não se prostituíram em troca de uma vida capada, sem desafios físicos, mentais ou espirituais.
Mais um dia normal no admirável mundo novo
Técnicas milenares dos Sioux
Todo índio Sioux possuia duas opções: Possuir uma percepção aguçada do mundo em sua volta ou morrer, seja pelas mãos de um animal ou invasor. Nenhum povo conhecido desenvolveu tão bem o uso dos cinco sentidos como os índios Sioux, que desde muito jovens eram treinados nas artes do combate, da caça e da pesca. Apesar de todo o seu conhecimento e aptidão, acabaram caindo mediante a civilização, mas suas culturas permanecem até hoje.
Como grandes estudantes da natureza, observavam todos os seus movimentos. Sabiam que se muitos pássaros estivessem voando ao mesmo tempo, era grande a chance de um combate próximo da localização onde levantaram voo. Fogo não era sinal de nada bom. Esse papo de que os índios faziam fogueiras durante caçadas é mentira, pois os únicos burros o suficiente para se identificar na floresta fazendo fogo eram os homens civilizados.
Muitos podem se perguntar a utilidade de uma técnica como essa nos dias atuais, até que se encontram em uma cidade como Rio de janeiro ou São Paulo, onde conflitos urbanos são parte do cotidiano. Estava dirigindo em rumo ao túnel próximo da favela chamada Pavão-Pavãozinho na quarta-feira, quando avistei diversos pombos voando na direção contrária e uma fumaça, quase imperceptível no horizonte. Como bom aprendiz Sioux, soube imediatamente que algo estava acontecendo na favela e imediatamente entrei em uma rua paralela. Praticamente todos os outros carros seguiram reto e o túnel estava fechado.
Antes de fecharem o túnel
Quase três kilometros antes, percebi que algo estava errado e tomei a decisão certa de pegar outro caminho. Chegando em casa vi matérias sobre o conflito, onde uma pessoa morreu e cinco ficaram feridas. Decisões como esta que tomei são a diferença entre a vida e a morte em um ambiente urbano caótico.
Voltando do trabalho no próximo dia(quinta-feira), ouvi rojões sendo soltados na mesma favela e em outra muito próxima, o que significava, naquele momento específico, que o conflito não acabaria e que possivelmente os traficantes de ambos os morros estavam se comunicando ou se unindo para outra empreitada. Tinha conhecimento de uma suposta greve no dia seguinte, então naturalmente evitei a Cinelândia e algumas áreas próximas do Centro, pois sempre que qualquer protesto ou manifestação acontece aquela região fica conturbada. O conflito continuou até o sábado(dia 01/07/2017) e possivelmente irá continuar.
Vítima fatal do conflito
Hoje cedo queria ir até Copacabana para correr na praia e sabia que, como o clima estava tenso por lá, era bem possível uma manifestação da população da favela na orla, onde talvez algum conflito ou situação desagradável pudesse ocorrer.
Também existia a chance de alguma facção colocar menores para assaltar nas ruas, já que foram atacados nas favelas. Isso não aconteceu muito provavelmente por causa do tempo fechado e da chuva, que espanta os marginais.
Optei por fazer um exercício na praça, perto de casa.
Após voltar, abri o G1 e percebi que realmente teve um protesto em frente o famoso Copacabana Palace, apesar de aparentemente pacífico.
Quem aprende a observar o ambiente em sua volta com cautela, nunca é pego desprevenido. Observe muito bem tudo em sua volta e independente do que for visto nunca se desespere, pois isso é o suficiente para contaminar suas ações, algo que pode custar sua vida em situações de risco.
Trabalhe a visão periférica, pois o covarde sempre ataca pelas costas e em grupo maior.
Os índios estudavam os hábitos dos animais, assim como estudamos nossos livros e fazemos faculdades sobre um tema específico. Existiam índios que se especializavam em determinados animais e conseguiam mimetizar seu comportamento e atitude com precisão incrível. O animal que é meu objeto de estudo e aprendizado é a águia, que vê longe e de cima. Devido a isto, consegue se projetar para fora de qualquer situação indesejada, atacando na hora certa, caso necessário. A águia é um animal que voa a maior parte do tempo sozinho, então precisa saber se livrar de qualquer situação, sem contar com a ajuda de ninguém.
Manter seus olhos adaptados é muito importante, então sempre quando estiver saindo seja para uma caçada ou viajem, calibre seus olhos antes olhando para o céu claro e caso de noite, saia de seu abrigo somente com os olhos preparados para a escuridão.
Certa vez fui obrigado a levantar de madrugada para comprar um remédio em uma farmácia 24 horas (minha mãe estava passando mal). Conhecia bem o local e sabia que de madrugada diversos grupos de pivetes rondavam a região com barras de ferro, bastões, canivetes e pedras. Como não tinha opção, precisava ir de qualquer maneira, então caso tivesse conflito tinha que estar preparado.
Sabia previamente que quase nenhum poste funcionava bem perto daquela área, então me vesti completamente de cinza escuro, que é uma boa cor para essa situação, pois o preto total chamaria bastante atenção, mesmo que de noite, caso passasse por algum poste com iluminação fraca.
Precisava escolher o sapato, caso fosse necessário correr ou chutar precisava estar preparado. Como meu estilo de luta utiliza bastante chutes baixos e médios, escolhi uma bota velha, que funcionaria bem caso precisasse correr e ajudaria no impacto do chute. Escolhi uma calça de academia cinza, que não travava meus movimentos.
Antes de ficar com o casaco, testei se as cotoveladas não ficariam travadas, assim como chutes e socos. Ir de carro e parar próximo era a melhor maneira de ser assaltado, então optei por ir andando. Sabia que precisava andar cerca de 8 kilometros.
Não tenho nenhuma arma, então peguei um pedaço de pau pequeno dentro de casa, catei uma pedra na rua e deixei no bolso.
Andando quase quatro horas da madrugada na rua vazia, precisava de algo que me diferenciasse de qualquer mero homem normal andando naquele horário, mas mantendo a neutralidade, transparecendo um certo ar de imponência e fazendo qualquer um que me visse pensar duas vezes antes de começar um conflito. O policiamento é zero, então não tinha chance de atrair nenhum policial.
Comprei uma lata de Caracu no posto, uma cerveja que quase ninguém bebe por aqui e que causa estranhamento por parte das pessoas. Pedi para usar o banheiro e joguei a cerveja fora, fiquei somente com a lata cheia de água. Qualquer um que me visse aquele horário andando tranquilamente na rua pensaria: -Que porra de homem é esse andando com essa calma bebendo caracu 4 horas da manhã? não vou tentar fazer nada com ele.
Nunca brinque com um cara que bebe caracu
Fui obrigado a passar por uma praça completamente escura com alguns cracudos e meliantes esperando alguma vitima. Enquanto estava atravessando a rua, exatamente 7 meliantes adultos, que estavam sentados na porta de uma loja fechada, se levantaram lentamente e vieram em minha direção. Olhei rapidamente de relance para ver se ninguém vinha pelas costas e joguei a lata de caracu no chão.
Diversos mendigos viram bandidos quando chega a noite
Coloquei a mão nas costas, como se estivesse colocando a mão em uma arma, preparado para sacar e atirar(tinha somente um pedaço de pau e uma pedra no bolso). Imediatamente os meliantes voltaram andando de costas e sentaram no chão novamente. Peguei a lata de caracu e fui embora, fingindo que estava bebendo caracu.
Se não tivesse feito esse teatro todo, aqueles bandidos poderiam ter me agredido covardemente. Algumas pessoas já apareceram mortas ali naquela região, no meio da rua, esfaqueadas e baleadas. Mesmo sabendo lutar, contra 7 pessoas possivelmente armadas, não tinha muita chance de sucesso, porque não sou o Bruce Lee e nem vivemos em um filme de ação. Mas, não tinha opção, não ia deixar minha mãe sem remédio e se corresse deles não conseguiria ir pelo único caminho que levava até a farmácia.
Cheguei ao destino e comprei o remédio, sem maiores problemas voltei para casa e tudo ficou bem.
Se tivesse ido todo colorido e de carro 4 horas da manhã, sem nenhum conhecimento sobre o local onde estava indo, estaria possivelmente morto e não estaria escrevendo esse texto. Outras situações parecidas e piores já aconteceram, como quando tomei uma facada que por sorte não pegou em nenhum lugar letal, tentando me defender de alguns meliantes. Sabia que não tinha como fugir naquela situação e não tive outra opção, pois fui atacado pelas costas e pela frente simultaneamente em um lugar fechado. Vi eles se aproximando e não tive como fazer nada efetivo.
O lugar onde moro hoje é quase uma faixa de gaza, a única diferença é que ninguém fala sobre isso, muito menos divulga o que realmente acontece. Em grupos de bairro e com outros moradores é que a verdade aparece, todo dia um atentado diferente contra alguém que estava no lugar errado na hora errada. Um dia pode ser você.
Trabalhe a sua memória ao se lembrar de detalhes específicos de partes da sua cidade, conheça tudo que for possível. Projete situações hipotéticas dentro dos ambientes onde você está, mas não se deixe levar pela emoção, muito menos pela raiva caso algo aconteça, pois isso irá infectar suas ações. Você não quer tremer durante uma luta, nem de raiva nem de medo. Nunca sente de costas para a entrada de lugar nenhum, esteja de preferência de costas para a parede. Proteja a sua família como um lobo cuida de sua alcateia. Esteja sempre alerta, sem perder a sanidade e mantendo a naturalidade. Torne esse o seu modus operandi natural e a vida urbana será mais fácil para você.
Cidade maravilhosa
Quero escrever uma série sobre conhecimentos masculinos ancestrais, incluindo alguns relatos de um tio carneador e caçador, além do relato de guerra de um amigo que voltou invalidado da legião estrangeira e o que ele aprendeu no processo, incluindo mulheres e relacionamentos. Também vou escrever sobre um outro amigo, que foi engraxate na PM do RJ, garçom e músico. Ouviu diversas histórias memoráveis, tanto de pessoas de bem quanto de corruptos. Se eu conseguir escrever sobre tudo, conto também outras histórias edificantes.
Obrigado pessoal.