Avaliação do Tópico:
  • 1 Voto(s) - 5 em Média
  • 1
  • 2
  • 3
  • 4
  • 5
[REFLEXÃO] A DEMÊNCIA DA PAIXÃO
#1
Muitas pessoas irão “torcer o nariz” ao ler o título desta reflexão. Fazem-no porque não compreendem a amplitude e o significado que o estado de apaixonamento tem dentro de si mesmos, muito menos os seus efeitos nefastos.
As suas visões românticas e, portanto, distorcidas acerca da realidade e da vida, impedem-nos de ver a verdadeira essência do mundo que os rodeia e como tal, não conseguem ver as coisas, tal como elas são, mas somente, como gostariam que elas fossem. Preferem adaptar a realidade às suas crenças e ver o mundo com o filtro das suas convicções e crenças pessoais. Há quem passe uma vida inteira a acreditar que “um dia irá vencer” por ajuda divina; e morre muitas vezes com essa crença sem que nada demais tenha acontecido. É pouco provável que a Natureza suspenda as suas leis naturais para beneficio pontual de um determinado ser humano.
 
Para muitas pessoas, não se deter em romantismos e paixões, recusando-os, é assumir uma postura sórdida, desumana e até vil: tal pensamento é um perfeito disparate e nada tem de coerente, quando meditamos sobre ele.  É assim, desta forma inepta e totalmente desprovida de sentido, que brotam todas as crenças, visões politicas polarizadas (romantizadas) e todos os dogmas raciais, culturais e demais obsessões doentias sobre tudo, e que tanto dano causa à mente humana.
 
Gostamos de acreditar que a nossa visão politica é a melhor, que a nossa religião e os nossos deuses são os verdadeiros e que a nossa raça e cultura é a melhor: é desta forma que o imbecil pensa. A paixão aliada ao desconhecimento, resulta em crenças infundada e leva à ignorância e ao desvirtuamento da realidade. Em simetria com este fato, está o perigo de nos extremarmos definitivamente em posições fixas de opinião, tal é a força da adoração que o seu objecto de culto pode exercer sobre si. Refiro-me à paixão no sentido iato e não num sentido específico. 
 
A paixão não é inerentemente boa ou má e ainda que, eu afirme que ela distorce a leitura que fazemos sobre o mundo. Devo dizer a bem da verdade que a vida sem paixão (no sentido da determinação racional e não da adoração egocêntrica) seria um erro, já que são as paixões e os desejos que fazem as pessoas se moverem e fazem o mundo pulsar e avançar. Um cientista terá de ser um apaixonado pelas ideias que têm ou não terá impulso para as concretizar. Terá de ter a visão e apaixonar-se por essa visão, para que então, possa desenvolver a sua tese e materializar o seu pensamento.  Em todo o caso, a paixão, pode ser igualmente destrutiva e penosa. Em grande parte dos casos assim o é: aí estão os inúmeros casos de quebra amorosa, passional e romântica que tantas pessoas leva ao suicídio, para confirmar a minha hipótese.
 
A paixão e os desejos estão interligados à condição humana. Eles fazem parte da vida e estão por todo o lado e ao “virar da esquina”. Como tal, a minha proposta vai no sentido, não de nos opormos gratuitamente a isso (de forma ingénua como muitos o fazem), mas de nos submetermos ao estudo dos seus efeitos, compreendendo e dissecando os seus mecanismos mais elaborados e subterfúgios mais recônditos. 
 
Devemo-nos abster de ser submetidos por eles, por meio da aquisição de novos conhecimentos e aprendendo a movimentar-nos na sua corrente magnética de forma lúcida e orientada, sempre para o beneficio do ser e da comunidade. Abstenhamo-nos de a classificar em termos de convenções pré-estabelecidas de “certo” ou “errado” e sejamos capazes de entender e aplicar à singularidade da paixão e do desejo a cada momento; examinando-a friamente. 
 
A paixão a que me irei referir, é à paixão não esclarecida, impulsiva, inconsciente, avassaladora, colérica, irrefletida, insensata, precipitada, irresponsável e corrompida. 
 
Assim…
 
A paixão é uma clara tendência para o absurdo. É algo que se exagera por si só. É uma atração progressiva e exponencial que se instala obstinadamente no seio do espírito da pessoa, convertendo-a num seguidor sem poder próprio. A paixão passa então a ser o seu “centro de tudo”, comandando-o. Ela exerce domínio sobre a pessoa e sobre as suas vontades, assim como a dos demais (por influência fascinatória). É através deste estado alterado de consciência que se dá aquilo a que se chama: fascinação hipnótica. Esta, turva a razão e a lógica em detrimento da emoção: eis a paixão no seu estado mais integral.
 
As pessoas em geral, levam somente em conta como preocupantes, aqueles estados de fascinação óbvios em que não há margem para dúvidas e onde as emoções e os sentimentos se exaltam contundentemente. Todavia, a maior parte dos estados de fascinação são sutis e como tal, impercetíveis à mente humana comum. O estado de apaixonamento é uma das debilidades espirituais mais recorrentes e destrutivas no ser humano.
O estado de apaixonamento é uma deturpação no seio da cognição da pessoa e é ela a responsável pela abrupta incapacidade de interpretação da realidade, daquele pelo qual atua a ação fascinante. Podemos sentir emoções e sensações de forma positiva, quando a origens destas, são definitivas e finais. Um jogador profissional de um determinado desporto pode emocionar-se por ter conquistado um título e deve desfrutar desse momento porque esse momento é definitivo. O titulo é dele(a)! Muito diferente daquele que se deixa levar por vislumbres fugazes de atenção momentânea não definitiva, como são as promessas feitas por terceiros. (ex: promessas de amor, promessas de ajuda, promessas de contribuição).
 
Todo o Homem se deve deixar fascinar por subir ao cume de uma enorme montanha e contemplar o topo do mundo. Ele deve, porém, evitar a fascinação inferior, oriunda da promessa, da vaidade e da palavra enganadora dos homens. Por forma a resistir à fascinação e à paixão, deve o iniciado submeter-se às disciplinas interiores de aquietação da alma que requerem, primeiro que tudo, uma submissão ao estudo, à reflexão e ao silêncio. Torna-se essencial uma certa desvinculação de laços afetivos sobre o objeto de cobiça por meio reflexão e apaziguamento interior.
Todos nós, estamos sujeitos à manipulação, à dominação, ao engano e à mentira. Mas apenas aqueles que desarticulam o ego por meio de compreensão e nada desejam para si, nada cobiçam e nada querem, poderão sair ilesos de tais intentos e considerar-se, eles mesmos, como seres livres.  Aquele que se diz “dono e senhor” de si mesmo, mas ao mesmo tempo, se deixa influenciar emocionalmente pelas circunstâncias e por terceiros, é um tolo, um fanfarrão que falha de forma cabal naquilo que é mais fundamental em todo este processo: a identificação da sua própria condição. Por outras palavras, um doente apenas se pode tratar se reconhecer que está doente e então, procurar ajuda.
 
Reconhecer a própria condição de idiota é o primeiro passo para deixar de o ser, mas a larga maioria rejeita isso. Sente um profundo incómodo nisso, porque o seu ego assim o adverte. Por essa razão, não evolui, é manipulado e sofre. É absolutamente necessário resistir às influências fascinadoras, sejam elas quais forem, por forma a manter a independência do pensamento. Essas influências consistem na identificação de nós mesmos para com os objetos e acontecimentos exteriores. 
 
A paixão é uma forma de demência porque ela é ativada por agentes exteriores ao ser. Requer a presença ou a possessão do objeto de cobiça e, portanto, é um problema grave para quem dela padece. A essência dos estados apaixonatórios consiste na necessidade de estar perto, de possuir, de controlar, de se deter em contemplação. Como tal, o agente passivo (apaixonado) não é capaz de suportar a ausência daquilo que adora. O seu objeto de paixão, é sempre tido como superior, ainda que muitas das vezes assim não pareça. Os maridos controladores, as esposas ciumentas e os lideres opressores do mundo, todos são movidos por suas paixões (e inseguranças).
 
Dos seus objetos de culto, exigem a adoração constante e devoção, e essa é a sua fraqueza e o meio pelo qual, os manipuladores podem atuar. Sexo, riqueza, poder, status, vaidade, são algumas das paixões (desejos) pelos quais podemos ser submetidos por alguém a estados de devoção. Um exemplo disso é o homem que não consegue resistir ao pedido de ajuda de uma bela mulher, de voz doce, meiga e algo libidinosa, da mesma forma que a mulher não consegue resistir ao fascínio da proposta de um homem seguro, bem-sucedido e elegante, para um jantar a dois num dos melhores restaurantes da cidade e indo buscá-la a casa no seu aparatoso, Ferrari. 
 
Faça a seguinte pergunta a si mesmo(a): “Quais são os desejos mais intensos e vigorosos que possuo?”
 
A resposta sincera a esta questão irá revelar o meio pelo qual a sua vontade pode ser conquistada e manipulada, transformando-o num servo. Lembre-se; “não existem vagabundos encantados, apenas príncipes.”
"Os únicos homens que possuem uma visão romanceada e idealista das mulheres são aqueles que tiveram poucas experiências em sua vida. Os demais, adquirem uma postura realista e não caem nas artimanhas."
Responda-o
#2
- Geralmente a pessoa que é dominada por completo pela paixão, sofre de alguma carência.

- É sempre bom fazermos uma alta análise em nosso ser interior para trabalharmos e sabermos administrar nossas fraquezas, posteriormente melhorar e evoluir.
- Você! Já pagou seu imposto hoje?
Responda-o
#3
Eu me apaixono todo dia, e quando não me apaixono busca me apaixonar e sempre procuro ser uma pessoa apaixonante.

Nada melhor que uma paixão esclarecida, consciente, refletiva, sensata e responsável.

Não lutem contra seus instintos saibam ouvi-lo e andar de mão dada com ele, não complique o que já é complicado.

A vida é apaixonante.
"Há um amplo fosso de aleatoriedade e incerteza entre a criação de um grande romance – ou joia, ou cookies com pedaços de chocolate – e a presença de grandes pilhas desse romance – ou joia, ou sacos de biscoitos – nas vitrines de milhares de lojas. É por isso que as pessoas bem-sucedidas em todas as áreas quase sempre fazem parte de um certo conjunto – o conjunto das pessoas que não desistem." O andar do bêbado.
Responda-o
#4
Como dizia o sábio: O apaixonamento do homem é o seu total aprisionamento.

Responda-o
#5
Muitas criaram uma concepção deturpada da realidade fundada em ideais românticos e sentimentais, completamente ao arrepio da racionalidade. Assim, deixam de interpretar racionalmente alguns fatos cotidianos e de simples resolução, adotando uma postura sentimental, e até mesmo emocional, perdendo as rédeas da própria vida, se "deixando levar" de acordo com os próprios sentimentos e perdendo o eixo de sustentação para com a realidade.
Não vou entrar no mérito do motivo disso, existem as mais variadas respostas por causa da pecualidade de cada indivíduo, mas é no mínimo temerário adotar um estilo de vida desses, porque não há controle dos sentidos e das decisões pessoais.

O apaixonamento reside nesta realidade, já que nada mais é do que um exacerbado estado sentimental que reprime à razão e passa a dominar um indivíduo, ditando suas escolhas, seus dogmas, crenças e até mesmo a própria vida, que deixa de ter um sentido individual para se tornar um ato de devoção para outro ser humano.
É o tal estado do mais completo apaixonamento que torna um indivíduo uma mera "coisa" de outro, o qual N.A alerta e tenta combater através da desconstrução deste paradigma e consequentemente libertar indivíduos aprisionados pelos seus próprios sentimentos, algo que pode acometer um homem fraco de convicções e amor próprio. Na mesma toada, Vilar vai alertar sobre as situações nefastas que podem ocorrer à qualquer indivíduo reduzido a esta situação deplorável.
O descontrole individual que resulta no estado mais profundo do apaixonamento é o instrumento utilizado para converter um ser pensante em um animal irracional, devotado à servir exclusivamente um único sentimento e assim perder a sua liberdade em prol de um suposto amor doentio por outra pessoa.

Não se trata de defender uma lobotimização geral do ser humano, ou torná-lo um robô sem nenhum sentimento ou emoção, porque isto seria castrar a própria essência do ser humano, mas sim defender à procura de um equilíbrio perfeito que conjugue razão, emoção e os sentimentos, tornando a vida mais aproveitável e saudável. O homem não deve perder o amor pela vida, pelas coisas prazerosas, por seus hobbies, por seus filhos, amigos e familiares, na verdade, deve reinterpretar esse sentimento com lastro em sua racionalidade e não se deixar levar por impulsos sentimentais ou ser acometido por fortes emoções que lhe afetem o juízo.

Entendo que este é um perfil saudável para o homem e desejável. Em que pese já ter lido críticas consistentes de outros confrades quanto à utopia deste perfil, diante do nefasto processo de castração do homem moderno, entendo que ele não é utópico, mas sim crível e algo para ser atingido quando o realista superar todos os estágios da Real, e começar a convertê-la em um estilo de vida e aplicá-la no seu cotidiano.
Cansei de ver gente se desviando desse modelo, a ponto de buscar "tutoriais" de como reagir e lidar com algumas situações do dia-a-dia, ou até mesmo em polarizar em uma extrema, grotesca e caricata frieza, achando que ou situações futuras podem ser antecipadas e decoradas (para serem respondidas como um robô), ou então que basta emular a faceta de um badass.

A vida não perde o encanto por causa da Real, muito pelo contrário, ela fica bem mais colorida porque nós interpretamos e entendemos as cores que nos cercam. E ainda há a possibilidade de pintar muitos trechos descoloridos para escrever uma nova história.
Responda-o
#6
Bom texto
Responda-o


Pular fórum:


Usuários visualizando este tópico: 1 Visitante(s)