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[REFLEXÃO] O VÍRUS DA PAIXÃO
#1
Não haverá assunto nenhum no mundo onde o meu desejo de estar errado seja mais acentuado que este. Adoraria o fato de descobrir que tudo o que irei escrever estivesse errado, pois apesar de o compreender, o amor ainda exerce uma espécie de fascinação à distância no meu subconsciente; talvez fruto da minha criação e condicionamento cultural. 

Em todo o caso, reitero que seria um motivo de felicidade para mim, perceber que a minha visão sobre o amor passional e a paixão romântica estivessem terrivelmente equivocadas e que eu fosse um tolo, alvo de desmentidos públicos constantes de gente inteligente e que me soubesse explicar e sustentar visões sobre o amor passional que invalidassem as minhas. (não credibilizo os incautos românticos que apenas gostam de gerar polémica, somente os estudiosos).

Esta reflexão sobre o apaixonamento (ou amor romântico) NÃO é fruto de nenhum dissabor amoroso em particular ou de qualquer tipo de ressabiamento sentimental. Ele é oriundo de um interesse natural, e uma postura de curiosidade acerca da verdadeira essência da paixão humana nos relacionamentos. Não espero obviamente que, aqueles que nunca ouviram tais alegações, aceitem de prontidão todas as minhas reflexões, em todo o caso, seria bom que reflectissem sobre isso pelo menos uma vez de forma fria e pragmática. Talvez isso lhes venha a poupar dissabores no futuro.

Quando falo de "amor romântico", refiro-me ao amor passional, aquele que permeia os casais apaixonados de hoje e não ao amor superior, (altruista) e Consciente, desprovido de exigências e livre. O amor superior seria uma espécie de capacidade transcendental para amar e para querer o bem alheio de forma desinteressada e sem a exigência de compensações. A esse eu defendo e procuro...
Essa realidade é praticamente uma utopia nos dias de hoje e será com toda a certeza, uma piada de mau gosto, na geração que ai vem. 

Poetas, escritores românticos e demais artistas, têm vindo ao longo dos tempos a incentivar a paixão luxuriosa e interesseira, confundindo-a com o verdadeiro amor, (eventualmente acessível em níveis de consciência superior). Pessoalmente, consigo concebê-lo (amor superior) na minha mente e na minha imaginação, mas não acredito que na pratica ele possa existir de facto, não neste mundo distorcido e invertido.
No amor consciente a que me refiro, não existe sentimento de posse, que existe por exemplo, na paixão assolapada dos homens e mulheres irreflectidos de hoje. Se aplicarmos isso ao nosso dia-a-dia e ao nosso relacionamento com a nossa companheira(o) (no caso das senhoras) o amor superior seria uma espécie de amor desapegado e desprovido de qualquer necessidade de retribuição. Seria um amor livre e portanto, verdadeiro. Nele, não existe o desespero de estar junto e de receber carinho e atenção em doses diárias constantes. Nele não estaria associada a necessidade de bens materiais e de compensações financeiras, como acontece por exemplo, com tantos casais por esse mundo fora.

Costumo dizer em jeito de brincadeira: "Queres testar o teu relacionamento e o amor da tua companheira por ti?"

...Fica pobre!

Esta frieza na analise não é fruto de nenhuma frustração amorosa, mas apenas da observação desapegada e realista sobre o mundo de hoje. Esses condicionamentos são no entanto, praticamente invisíveis aos românticos e infantis que preferem os "contos de encantar" à dura realidade do mundo e das emoções humanas. Existem românticos inveterados que, apesar de sofrerem constantes dissabores amorosos, continuam a falhar no processo de entendimento acerca da origem desse mesmo sofrimento. Quando um homem "ama" uma mulher ele acede a uma forma de inferior de amor. Um amor descompensado, volátil e de profundo apego emocional. Um ligação energética sexual que o homem aprende a controlar e a relegar para o subconsciente, tornando-se imperceptível.

Quando uma mulher ama um homem, ela deseja pura e simplesmente que as suas inseguranças e desejos de ser bajulada e idolatrada, sejam suprimidas. Ela quer igualmente provar a si mesma que o seu poder de sedução se encontra intacto e em ultimo caso: ela quer ser mãe. Não há nada de divino nisso. É algo puramente animal, ao contrário do que muitos possam pensar. Por outras palavras, o amor romântico, é um amor que pode terminar a qualquer altura, fruto de condicionamentos exteriores ou pela simples perda de interesse (admiração) do parceiro ou do próprio.

No amor superior, a pessoa amada seria amada de forma constante e (eventualmente) à distância pois o mais importante seria o seu bem estar e não a satisfação pessoal (e invejosa) de ter a pessoa perto de si, para desfrutar dos prazeres (sexuais, emocionais e sociais) que ela lhe proporcionasse. Seria um amor que poderia ser dirigido não só à esposa/namorada, mas a qualquer pessoa do seu meio. Não conheço sinceramente, ninguém capaz de atingir tais estados de Consciência.

A verdade é que todos os conflitos e infernos da relação originam-se das emoções inferiores de posse e dependência emocional do apaixonamento. Por outras palavras, não é possivel alcançar a paz, estando apaixonado. O apaixonado vive da ilusão e do desespero de estar com a pessoa amada. Ainda que tenha conhecimento disso, ele sente-se feliz com a sua "triste situação" desde que, claro... Ela o alimente diariamente com doses constantes de volúpia, declarações amorosas e declarações de paixão. Ainda que, mais cedo ou mais tarde, esse estado tenda a diminuir e a "acalmar", causando a dúvida e o "medo de perder" na mente daquele que era adorado(a), esse sofrimento, ainda assim, é socialmente incentivado pela sociedade em geral, algo que considero uma perfeita loucura.

Desta forma, parece-me que o apaixonado vive um devaneio emocional, uma ilusão, da qual será arrancado mais cedo ou mais tarde, por forma a ser lançado ao inferno sentimental altamente destrutivo e sem precedentes. 

No livro "A Arte de Amar", Erich Fromm, o autor oferece reflexões detalhadas sobre a questão do amor e ele divide o conceito de amar em varias formas doentias de amar:

O amor passional ou a paixão romântica. Fromm, faz referência a este tipo de amor como sendo algo sádico, idolatra, projectivo, sentimental, narcisista e erótico.  
  • O amor sádico seria uma forma de amor que prima pela intenção de dominar e descobrir segredos no outro.
  • O amor idolatra é o endeusamento da pessoa amada, da qual se exige perfeição divina. 
  • O amor sentimental é caracterizado pelas fantasias românticas de filmes, novelas, revistas, etc. Elas nunca chegam a acontecer na vida real, porque são incompatíveis com a própria realidade. Apenas num mundo de ilusão é que elas são passiveis de existir. 
  • O amor narcisista é quando a pessoa se ama a si mesma através da outra pessoa. 
  • O amor erótico é um amor sexual de carácter enganador, fazendo com que a pessoa troque constantemente de parceiros(as) em busca de felicidade. Felicidade essa, que nunca chega a ser alcançada. 


Essas formas doentias de amor, são também chamadas de "pseudo-amor" e afectam a civilização ocidental contemporânea de forma avassaladora. Estão directamente opostas ao amor verdadeiro e consciente e como tal, devem ser suprimidas por meio do raciocínio, da lógica, da Consciência e da meditação.  

No caso da mulher esse amor neurótico expressa-se através de um obsessivo desejo de induzir o homem ao apaixonamento para manipulá-lo e submetê-lo através do corpo e de poses ou movimentos erotizados e sensuais, vozes doces, olhares instigadores e "inocentes". No seu aspecto masculino, essa expressão seriam as tolas tentativas de proibir, vigiar e controlar o comportamento da mulher.  

No caso do homem, somente aquele que consegue desapaixonar-se, pode renunciar ao impulso territorial, troglodita, pré-histórico e ancestral de proibir a mulher. O controle, as proibições, os ciumes e a desconfiança, são inerentes ao apaixonamento masculino. 

Já a mulher, precisa de vencer dentro de si mesma, os seus impulsos manipulatórios e desejo de seduzir e de obter poder de forma voluntária através de uma tomada de Consciência. São muito poucas (ou quase nenhumas) as que conseguem vencer este lado tenebroso nos dias de hoje.  

É inegável que a dor da paixão seja real, lancinante e profunda. É sentida manifestamente no coração e detectável de forma clara e objectiva. Causa danos insuportáveis ao ser humano, submetendo-o à condição de "farrapo psicológico". Se bebermos o "veneno da paixão", o feitiço ira guiar o seu pensamento à força e de forma autónoma. Poderá tentar pensar em outras pessoas mas não conseguirá. O objecto de adoração habitara nos seus sonhos mais profundos, na sua imaginação e na sua mente, mesmo contra a sua vontade. 

Em todo o caso, não é a outra pessoa que é o "inimigo a abater". O verdadeiro inimigo é você mesmo. É contra si mesmo que você deve lutar, contra as suas debilidades emocionais, loucuras, afectos, medos, desejos, sonhos, fantasias, dores, apegos, etc. O maior inimigo do apaixonado é ele próprio.

O apaixonamento é uma forma de loucura Humana.
"Os únicos homens que possuem uma visão romanceada e idealista das mulheres são aqueles que tiveram poucas experiências em sua vida. Os demais, adquirem uma postura realista e não caem nas artimanhas."
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#2
Texto e abordagem magnifica! 

Parabéns nobre confrade Português.
Fumei 25 cigarros esta noite e você sabe da cerveja.

Buwkoski.

Buceta não machuca e não se faz sexo com a bunda.

Leg. Bean, fórum mundo realista.
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#3
Paixao é uma doença mental temporaria.
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#4
Amor incondicional só existe de mãe para seus filhos.
Sua mulher não terá amor incondicional por você, será totalmente condicional ao que você pode prover para ela, e ao modo como você faz ela se SENTIR.

Como foi dito no texto, uma mulher que fique ao seu lado quando você estiver na MERDA - desempregado, fraco, acabado, que não vá atrás de outros homens e não te traia, e o mais importante na minha opinião, tenha VONTADE DE TRANSAR com você nesse momento de fraqueza, será uma mulher que você deve manter ao seu lado. Pois as mulheres chegam a sentir NOJO de um homem de baixo valor querendo ter acesso ao corpo dela, mais ou menos quando um pedreiro dá uma cantada nela, o que ela sente é nojo. Pena que a chance de encontrar uma mulher dessa hoje em dia é praticamente zero.
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