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[RELATO] Realização de um sonho
#1
Senhores, para os que leram o meu relato mais uma vez deixo o meu muito obrigado e espero ter contribuído de forma positiva para o fórum. Para os que não leram, o título é “Meu Relato”, na sessão “Quarentena”.

Fiquei ausente do fórum por um tempo pois estava terminando um curso de especialização em equipamento, o chamado “Jet Training”. Este curso te dá belas noções de aeronaves a jato e toda a sua complexidade, além das horas de simulador em cabine idêntica a um avião comercial (no meu caso, fiz o curso do Boeing 737). O próximo curso que irei fazer será o preparatório para a prova oral de inglês que é a certificação ICAO (International Civil Aviation Organization – Organização da Aviação Civil Internacional). Esta certificação é obrigatória para candidatos a processos seletivos que pretendem ingressar na linha aérea, que é o meu caso. Como irei começar na próxima semana, mais uma vez ficarei durante um tempo ausente deste fórum para novas postagens, então, aproveitarei o breve período de tempo que tenho esta semana para deixar este outro relato, agora voltado para a parte de realização pessoal.

Vamos lá. Este relato é voltado para aqueles que almejam um objetivo pessoal, neste caso, o que vou contar aos senhores é um sonho que tenho desde criança e que aos poucos vai se concretizando, que é ser piloto de avião de linha aérea. Tudo começou quando tinha sete anos de idade e iria viajar para o nordeste com a minha mãe e meus avós maternos (na época meu pai não podia ir devido ao trabalho) de uma forma mais rápida: nós iriamos realizar a nossa primeira viagem de avião!!

Me lembro do dia em que fomos a uma agência de viagens para comprar as passagens e na época minha mãe comprou os bilhetes para viajarmos pela VARIG (na minha opinião a melhor companhia que o Brasil já teve). Era voo direto e saindo do aeroporto internacional de Guarulhos. No dia em que chegamos ao aeroporto, vi aquela movimentação no saguão de embarque. Todas aquelas pessoas com grandes malas em carrinhos indo em direção ao guichê para efetuar o check-in. E o que mais me impressionava eram aquelas pessoas uniformizadas em trajes elegantes e de porte impecável, como se fossem “semi-deuses” (no caso, os pilotos). Aquele ambiente tinha despertado em mim certa magia. Lembro que eu sentei do lado da asa esquerda e minha avó estava do meu lado. Quando o avião iniciou a corrida de decolagem, senti a sua velocidade imponente em que me fazia “grudar” na poltrona. Quando estava bem alto via as cidades bem pequeninas pela janela e as nuvens muito próximas. Fiquei maravilhado com aquela visão. A sensação de estar acima das nuvens e ter a “visão de Deus” sobre a Terra é algo indescritível. Aquilo me tocou de tal maneira que até parece que o meu destino estava traçado à partir daquele dia pois no meu intimo eu pensei: “Quero virar motorista desse ônibus que tem asa”.

Esta primeira viagem foi realizada em dezembro de 1995. Em 1996, o Brasil presenciou duas tragédias aéreas que também me marcaram de tal forma que aumentou o meu desejo de me tornar piloto (em março houve o acidente da banda Mamonas Assassinas e outubro a queda do Fokker 100 da TAM). Eu chegava a comentar disso com meus pais mesmo criança e eles me falavam o seguinte: “Larga de ser tonto Aviador, voar é coisa pra passarinho”. Um dos sonhos do meu pai era que eu fosse jogador de futebol porque ele teve oportunidade pra ingressar em times profissionais (um amigo dele chegou a jogar num time da Turquia). Ele chegou a me matricular em escolinhas de futebol, porém, eu ia por obrigação porque, sinceramente, eu não gostava de jogar em escolinha e depois começar a competir. Futebol pra mim é diversão e descontração, e não pra ser levado a sério (neste caso, levar para o lado profissional e tirar grana), tanto que hoje eu nem assisto jogo e muito menos torço pra time nenhum. Mas voltando à aviação, meu plano inicial para fazer o curso de piloto era ingressar na FAB. Cheguei a prestar o concurso de ingresso para EPCAR em 2004 e 2005 mas não passei no exame escrito e deixei a ideia de ingressar e levar vida militar por cinco anos após estar formado, pois não via motivos para ser militar em um país que não dá o devido valor a esta profissão a qual também tenho bastante estima (tenho dois tios aposentados que foram oficiais de engenharia. Um do Exército e o outro da Marinha). Mesmo assim, terminei o ensino médio em 2005 e prestei vestibular para o curso de engenharia de produção e em 2006 já estava na faculdade. Meus pais me ajudaram a pagar o curso de engenharia (fiz em faculdade particular) e conclui o curso em 2010. Mesmo estudando engenharia, minha cabeça ainda estava na área da aviação, então, tinha decidido que quando começasse a trabalhar, ia juntar grana pra bancar o meu curso. De acordo com o primeiro relato, comecei a trabalhar de estagiário em 2008 e fui efetivado um ano depois, e mesmo assim fui crescendo nesta empresa e hoje tenho um cargo razoável passados estes sete anos trabalhando (só para não passar em branco sobre o meu atual emprego, trabalho numa empresa concessionária de energia elétrica, no setor de operação e manutenção). O inicio do curso em pilotagem de aviões foi em 2011, em que estudei o módulo inicial, o chamado PP (Piloto Privado). Fazendo uma analogia com a CNH, é como se fosse a “categoria B”, em que você tira a habilitação para fins de desporto, diferente do meu caso. Para tirar esta habilitação, estudei por 8 meses para passar na banca teórica da ANAC e fiz meus voos na cidade de Bragança Paulista porque a hora de voo é mais barata do que em São Paulo. Minha vida à partir de 2011 ficou dividida da seguinte forma: durante a semana trabalho o dia inteiro e no fim de semana ia para o interior realizar os voos. Teve fim de semana que não conseguia realizar uma mísera hora de voo devido a alguns motivos (avião em manutenção, meteorologia, escala cheia) mas isso não me desanimou, pelo contrário, me motivava ainda mais pois nadava contra a maré e sabia que o caminho não seria fácil, mas o premio iria valer a pena. Depois de um ano e meio, consegui tirar a minha habilitação de Piloto Privado e ingressei no outro curso, chamado “PC – Piloto Comercial” cujo pré-requisito era ter a carteira de Piloto Privado. Este curso já é voltado para trabalhar na área, pois envolve voos por instrumento e o exame de saúde também é diferente (para piloto privado o certificado de saúde é classificado como “segunda classe” e piloto comercial é “primeira classe”). E mais uma vez tive que estudar para a banca teórica da ANAC e mais voos foram realizados (mais voos = mais dinheiro dispendido = menos dinheiro na sua carteira enquanto aluno) e consegui tirar a minha licença de piloto comercial no ano passado. Depois disso, fiz outros cursos como instrutor de voo, especialização em equipamento, noções específicas em navegação baseada em performance e por ai vai. A cada etapa concluída fui ganhando o respeito por meus pais e também tendo um certo “destaque” no meio familiar e nos círculos de amigos por ter feito um curso que não se vê qualquer um que faz por ai. E a cada etapa concluída, vou me aproximando do que almejo desde aquele dia que fiz minha viagem pela primeira vez aos sete anos de idade.

Por que escrevo este relato? Pelo simples motivo de que nesta vida é importante que tenhamos um objetivo e sermos firmes em nossa decisão, mesmo que envolva perdas pelo caminho. Hoje eu não vejo mais a aviação com aquele olhar pueril de “magia” porque sei como é basicamente a realidade nesta área. Eu a vejo como um ofício como outro qualquer e que já teve os seus “anos dourados”. Eu consegui as minhas habilitações e só Deus sabe o sacrifício que foi e sou grato a Ele por ter me dado saúde e força de vontade por chegar aonde cheguei.

Para os confrades digo o seguinte: tenha planos e jamais pare no tempo e espaço, pois agora o meu plano é sair da área de engenharia e ingressar na aviação, por isso venho me preparando por quatro anos. Também não sei como será o dia de amanhã e por isso me planejarei sobre quais investimentos posso fazer para ter um futuro relativamente tranquilo, pois, já conheci pilotos que trabalharam em linha aérea que depois que foram demitidos não tiveram mais colocação no mercado e caíram em total esquecimento, especialmente agora que estamos vivendo em crise. Agora, o mercado está parado com muitos profissionais formados e pouquíssimas vagas a serem preenchidas, tanto na aviação quanto na engenharia.

Senhores, assim como o meu relato anterior, espero que este voltado para os objetivos pessoais/profissionais tenha acrescentado algum valor aqui no fórum e mais uma vez agradeço a todos que o leram. Críticas/Sugestões/Dúvidas são muito bem vindas!!!

Depois farei outro relato sobre a minha família e o meu convívio com eles. Preciso tirar um tempo para colocar as ideias no lugar.

Fraterno abraço,

Aviador.
TOGA RODA FLAP 15
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#2
Muito bom cara. Parabéns pelo esforço e dedicação. Eu também tinha vontade de ser piloto de avião. Mas a descoberta de minha deficiência auditiva (perda bilateral de moderada a severa) de nascença aos 8 anos de idade mataram minhas pretenções de ser piloto comercial. Hoje sou formado em Ciencia da Computação, comecei a trabalhar na minha área esse mês e agora em agosto já inicio uma nova graduação em Direito. Futuramente tentarei tirar a carteira de piloto privado, para ao menos poder realizar esse sonho também...
O clichê é imortal. É infinito. É onipresente. Conforta os medíocres e protege os cagões. (Marcello Serpa)

[Image: s2uY1YnJN_X8XF7H6uiNfL-o3T8qgFTKBWvilqd_AMI=w400-h60-no]
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#3
O que eu quero saber é os valores desses cursos.

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#4
(16-07-2015, 04:21 PM)mafioso Escreveu: O que eu quero saber é os valores desses cursos.

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Não é nem um pouquinho barato.

Dá uma olhada nos preços aqui de BH:
http://www.aeroclubeminas.com.br/cursos/
Clique em 'ver mais' pra abrir o leque e depois ver o preço específico.
O clichê é imortal. É infinito. É onipresente. Conforta os medíocres e protege os cagões. (Marcello Serpa)

[Image: s2uY1YnJN_X8XF7H6uiNfL-o3T8qgFTKBWvilqd_AMI=w400-h60-no]
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#5
(16-07-2015, 04:21 PM)mafioso Escreveu: O que eu quero saber é os valores desses cursos.

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O valor total fica entre 90K à 100K. Os cursos teóricos são mais baratos, tanto o curso de piloto privado teórico (não é obrigatório fazer o curso, pode estudar por conta para a banca teórica da ANAC) quanto o curso de piloto comercial (obrigatório para fazer a banca) estão em torno de R$ 3.000,00 cada. O que é mais caro é a hora de voo, que pode ficar entre R$ 350,00 à R$ 1.200,00 (preço da hora de voo para avião, que é o meu caso) ou também entre R$ 650,00 à R$ 2.000,00 (preço da hora de voo do helicóptero). Os modelos mais usados para instrução em avião são os seguintes: CAP 4 “Paulistinha”, Cessna 150/152/172, Cherokee 140/180, Corisco, Tupi e Aero Boero. O preço da hora de voo pode variar do modelo de avião que você for voar. No meu caso, meu PP fiz no “Paulistinha” porque era a hora mais barata que tinha (em 2011 e 2012 estava na casa R$200,00 a hora. Atualmente está R$ 330,00 lá em Bragança Paulista devido o aumento do combustível). Há também as categorias de avião para se voar: Monomotores (possui somente um motor) e Multimotor (dois motores ou mais). Para categoria Multimotor, você pode fazer o curso em dois tipos de aeronaves: Seneca (mais utilizado) ou Twin Comanche (devido a hora ser mais barata em relação ao Seneca mas quase nenhuma empresa de taxi aéreo utiliza este modelo). Em relação à quantidade de horas, para formação do piloto privado é necessário que se tenha 40 horas totais para ter a habilitação, porém, como é o curso em que você de fato aprende a voar, você precisa aprender a executar manobras primárias, tais como, subir, descer, efetuar curvas em voo reto horizontal, curvas em subida, curvas em descida, coordenação pedal/manche, emergências, decolagem, e a principal: POUSAR. Devido a isso, você pode repetir a manobra mais de uma vez. No meu caso, tive que fazer a manobra de pouso DEZESSETE VEZES!!Dificilmente alguém termina o curso em 40 horas exatas. Para o curso de Comercial, é necessário fazer mais 110 horas de voo, que são divididas em 70 horas de navegação (você vai de uma cidade para outra) e 40 horas de voo por instrumento (para sair barato, você pode fazer metade destas horas em simulador homologado e o restante faz em voo real). Outro ponto a ressaltar: a hora de voo é considerada à partir do acionamento do motor até o seu corte. Dependendo do lugar onde você esteja praticando horas de voo do curso, pode perder muito tempo em solo devido a tráfego intenso de aeronaves para pouso/decolagem/taxiamento no pátio.
TOGA RODA FLAP 15
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#6
Bacana cara. Eu desde quando assisti Top Gun, tive essa vontade de pilotar um avião (mais especificamente um jato). A sensação de pilotar e ver todo aquele céu deve ser incrível. Infelizmente não vou poder mais pilotar, mas estou na área que me apaixonei: engenharia. Pretendo me formar em Mecânica, e no futuro, quem sabe, poder fazer uns motores rsrs.

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#7
Deveriam existir mais relatos assim no fórum, sem referência a relacionamentos.
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#8
(16-07-2015, 09:11 PM)Don Welzo Escreveu: Deveriam existir mais relatos assim no fórum, sem referência a relacionamentos.

Concordo totalmente. Excelente relato para motivar os confrades. 


Infelizmente parece que não durou mais de 15 dias a "nova direção" que o MR estava tomando sobre focar mais em desenvolvimento pessoal e 8 entre cada 10 tópicos são sobre mulher como era no MR antigo e outros foruns da real. Parece que muitos aqui vivem apenas em função de mulher.


Voltando a falar do relato, como eu disse nesse artigo aqui do meu blog, não ter sonhos, um motivo para lutar, um motivo definido que te faça levantar todos os dias da cama para tentar atingir o próximo degrau da conquista, é suicídio emocional. Qualquer um tem que ter objetivos na vida, mesmo que seja apenas um.


Parabéns pela conquista sua Aviador.
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#9
Mano do céu, sensacional esse relato!
Oitavo anjo do apocalipse
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#10
Então pra pilotar aqueles Airbus caralhudos é fora de cogitação , todos ali devem ser ex força aérea.

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#11
Caro Aviador, vc é o Spoilersup do Fórum do Búfalo, que escreveu "Longo e Vergonhoso Relato"? É que ele fazia curso/estágio de piloto.
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#12
(17-07-2015, 08:14 AM)mafioso Escreveu: Então pra pilotar aqueles Airbus caralhudos  é fora de cogitação , todos ali devem ser ex força aérea.

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Não precisa ser ex força aérea pra pilotar Airbus. Também tem o curso de jet Training pro Air bus, além do treinamento interno que a empresa realiza com os pilotos.
TOGA RODA FLAP 15
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#13
(17-07-2015, 11:10 AM)Homem Sem Medo Escreveu: Caro Aviador, vc é o Spoilersup do Fórum do Búfalo, que escreveu "Longo e Vergonhoso Relato"? É que ele fazia curso/estágio de piloto.

Não sou o Spoilerup confrade.
TOGA RODA FLAP 15
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#14
(16-07-2015, 02:36 PM)Aviador Escreveu: Senhores, para os que leram o meu relato mais uma vez deixo o meu muito obrigado e espero ter contribuído de forma positiva para o fórum. Para os que não leram, o título é “Meu Relato”, na sessão “Quarentena”.

Fiquei ausente do fórum por um tempo pois estava terminando um curso de especialização em equipamento, o chamado “Jet Training”. Este curso te dá belas noções de aeronaves a jato e toda a sua complexidade, além das horas de simulador em cabine idêntica a um avião comercial (no meu caso, fiz o curso do Boeing 737). O próximo curso que irei fazer será o preparatório para a prova oral de inglês que é a certificação ICAO (International Civil Aviation Organization – Organização da Aviação Civil Internacional). Esta certificação é obrigatória para candidatos a processos seletivos que pretendem ingressar na linha aérea, que é o meu caso. Como irei começar na próxima semana, mais uma vez ficarei durante um tempo ausente deste fórum para novas postagens, então, aproveitarei o breve período de tempo que tenho esta semana para deixar este outro relato, agora voltado para a parte de realização pessoal.

Vamos lá. Este relato é voltado para aqueles que almejam um objetivo pessoal, neste caso, o que vou contar aos senhores é um sonho que tenho desde criança e que aos poucos vai se concretizando, que é ser piloto de avião de linha aérea. Tudo começou quando tinha sete anos de idade e iria viajar para o nordeste com a minha mãe e meus avós maternos (na época meu pai não podia ir devido ao trabalho) de uma forma mais rápida: nós iriamos realizar a nossa primeira viagem de avião!!

Me lembro do dia em que fomos a uma agência de viagens para comprar as passagens e na época minha mãe comprou os bilhetes para viajarmos pela VARIG (na minha opinião a melhor companhia que o Brasil já teve). Era voo direto e saindo do aeroporto internacional de Guarulhos. No dia em que chegamos ao aeroporto, vi aquela movimentação no saguão de embarque. Todas aquelas pessoas com grandes malas em carrinhos indo em direção ao guichê para efetuar o check-in. E o que mais me impressionava eram aquelas pessoas uniformizadas em trajes elegantes e de porte impecável, como se fossem “semi-deuses” (no caso, os pilotos). Aquele ambiente tinha despertado em mim certa magia. Lembro que eu sentei do lado da asa esquerda e minha avó estava do meu lado. Quando o avião iniciou a corrida de decolagem, senti a sua velocidade imponente em que me fazia “grudar” na poltrona. Quando estava bem alto via as cidades bem pequeninas pela janela e as nuvens muito próximas. Fiquei maravilhado com aquela visão. A sensação de estar acima das nuvens e ter a “visão de Deus” sobre a Terra é algo indescritível. Aquilo me tocou de tal maneira que até parece que o meu destino estava traçado à partir daquele dia pois no meu intimo eu pensei: “Quero virar motorista desse ônibus que tem asa”.

Esta primeira viagem foi realizada em dezembro de 1995. Em 1996, o Brasil presenciou duas tragédias aéreas que também me marcaram de tal forma que aumentou o meu desejo de me tornar piloto (em março houve o acidente da banda Mamonas Assassinas e outubro a queda do Fokker 100 da TAM). Eu chegava a comentar disso com meus pais mesmo criança e eles me falavam o seguinte: “Larga de ser tonto Aviador, voar é coisa pra passarinho”. Um dos sonhos do meu pai era que eu fosse jogador de futebol porque ele teve oportunidade pra ingressar em times profissionais (um amigo dele chegou a jogar num time da Turquia). Ele chegou a me matricular em escolinhas de futebol, porém, eu ia por obrigação porque, sinceramente, eu não gostava de jogar em escolinha e depois começar a competir. Futebol pra mim é diversão e descontração, e não pra ser levado a sério (neste caso, levar para o lado profissional e tirar grana), tanto que hoje eu nem assisto jogo e muito menos torço pra time nenhum. Mas voltando à aviação, meu plano inicial para fazer o curso de piloto era ingressar na FAB. Cheguei a prestar o concurso de ingresso para EPCAR em 2004 e 2005 mas não passei no exame escrito e deixei a ideia de ingressar e levar vida militar por cinco anos após estar formado, pois não via motivos para ser militar em um país que não dá o devido valor a esta profissão a qual também tenho bastante estima (tenho dois tios aposentados que foram oficiais de engenharia. Um do Exército e o outro da Marinha). Mesmo assim, terminei o ensino médio em 2005 e prestei vestibular para o curso de engenharia de produção e em 2006 já estava na faculdade. Meus pais me ajudaram a pagar o curso de engenharia (fiz em faculdade particular) e conclui o curso em 2010. Mesmo estudando engenharia, minha cabeça ainda estava na área da aviação, então, tinha decidido que quando começasse a trabalhar, ia juntar grana pra bancar o meu curso. De acordo com o primeiro relato, comecei a trabalhar de estagiário em 2008 e fui efetivado um ano depois, e mesmo assim fui crescendo nesta empresa e hoje tenho um cargo razoável passados estes sete anos trabalhando (só para não passar em branco sobre o meu atual emprego, trabalho numa empresa concessionária de energia elétrica, no setor de operação e manutenção). O inicio do curso em pilotagem de aviões foi em 2011, em que estudei o módulo inicial, o chamado PP (Piloto Privado). Fazendo uma analogia com a CNH, é como se fosse a “categoria B”, em que você tira a habilitação para fins de desporto, diferente do meu caso. Para tirar esta habilitação, estudei por 8 meses para passar na banca teórica da ANAC e fiz meus voos na cidade de Bragança Paulista porque a hora de voo é mais barata do que em São Paulo. Minha vida à partir de 2011 ficou dividida da seguinte forma: durante a semana trabalho o dia inteiro e no fim de semana ia para o interior realizar os voos. Teve fim de semana que não conseguia realizar uma mísera hora de voo devido a alguns motivos (avião em manutenção, meteorologia, escala cheia) mas isso não me desanimou, pelo contrário, me motivava ainda mais pois nadava contra a maré e sabia que o caminho não seria fácil, mas o premio iria valer a pena. Depois de um ano e meio, consegui tirar a minha habilitação de Piloto Privado e ingressei no outro curso, chamado “PC – Piloto Comercial” cujo pré-requisito era ter a carteira de Piloto Privado. Este curso já é voltado para trabalhar na área, pois envolve voos por instrumento e o exame de saúde também é diferente (para piloto privado o certificado de saúde é classificado como “segunda classe” e piloto comercial é “primeira classe”). E mais uma vez tive que estudar para a banca teórica da ANAC e mais voos foram realizados (mais voos = mais dinheiro dispendido = menos dinheiro na sua carteira enquanto aluno) e consegui tirar a minha licença de piloto comercial no ano passado. Depois disso, fiz outros cursos como instrutor de voo, especialização em equipamento, noções específicas em navegação baseada em performance e por ai vai. A cada etapa concluída fui ganhando o respeito por meus pais e também tendo um certo “destaque” no meio familiar e nos círculos de amigos por ter feito um curso que não se vê qualquer um que faz por ai. E a cada etapa concluída, vou me aproximando do que almejo desde aquele dia que fiz minha viagem pela primeira vez aos sete anos de idade.

Por que escrevo este relato? Pelo simples motivo de que nesta vida é importante que tenhamos um objetivo e sermos firmes em nossa decisão, mesmo que envolva perdas pelo caminho. Hoje eu não vejo mais a aviação com aquele olhar pueril de “magia” porque sei como é basicamente a realidade nesta área. Eu a vejo como um ofício como outro qualquer e que já teve os seus “anos dourados”. Eu consegui as minhas habilitações e só Deus sabe o sacrifício que foi e sou grato a Ele por ter me dado saúde e força de vontade por chegar aonde cheguei.

Para os confrades digo o seguinte: tenha planos e jamais pare no tempo e espaço, pois agora o meu plano é sair da área de engenharia e ingressar na aviação, por isso venho me preparando por quatro anos. Também não sei como será o dia de amanhã e por isso me planejarei sobre quais investimentos posso fazer para ter um futuro relativamente tranquilo, pois, já conheci pilotos que trabalharam em linha aérea que depois que foram demitidos não tiveram mais colocação no mercado e caíram em total esquecimento, especialmente agora que estamos vivendo em crise. Agora, o mercado está parado com muitos profissionais formados e pouquíssimas vagas a serem preenchidas, tanto na aviação quanto na engenharia.

Senhores, assim como o meu relato anterior, espero que este voltado para os objetivos pessoais/profissionais tenha acrescentado algum valor aqui no fórum e mais uma vez agradeço a todos que o leram. Críticas/Sugestões/Dúvidas são muito bem vindas!!!

Depois farei outro relato sobre a minha família e o meu convívio com eles. Preciso tirar um tempo para colocar as ideias no lugar.

Fraterno abraço,

Aviador.

Achei bem legal seu relato.Conheço alguns caras que são da área, mas eles cursaram ciências aeronáuticas(curso de nivel superior de duração de 3 anos se não me engano) em paralelo as horas de voo, esse curso que falei tem tanto gente fazendo para ser piloto de avião quanto de helicóptero, quanto comissários(esse ultimo, é achismo meu)

Breve Relato sobre min, sonhos, aviões e etc...(off)>
Eu quando era criança, desde uns 4 ou 5 anos de idade, só falava em ser piloto comercial de avião, tudo meu era avião, brinquedos, conversas, lia revistinhas sobre o assunto, jogava flight simulator todo mundo pensava: "esse menino já tem um destino definido, vai ser aviador", mas quando cheguei na pré-adolescencia esqueci completamente da aviação, quando estava com uns 15 anos a ideia de ser um piloto de avião me veio a mente de novo, nao tao intensamente, pensei em fazer esse concurso militar ai que você fez(que é bem dificil), mas nem fiz...Depois disso nunca mais nem cogitei trabalhar na area, apesar de achar muito interessante e até hoje jogar um flight simulatorzinho de vez em quando(no modo realista) e pousando jato no instrumental(nao é mole nao kkkkk, quando o cara nao sabe demora pra aprender).

Que bom que você teve a oportunidade de realizar seu sonho!Nem todos têm essa oportunidade, eu mesmo tinha um sonho, mas ele era bem inviável e o sonho acabou(sem vitimismo) e agora tenho outras metas, a vida é injusta?Não sei!Foi injusta comigo?Creio que não, fui previlegiado em alguns momentos e fiz besteiras monumentais e consegui sair ileso.Minha vida até hoje foi meio cheia de paradoxos, mas ainda sou muito jovem, ainda tenho muito pela frente, espero e peço a  Deus que me perdoe pelo que já fiz de mal e que me ajude a alcançar minhas metas.
Pq eu era um verdadeiro desonrado, fdp, otario, sem visão....Tvlz até fosse bom que eu fosse burro, pq se eu fosse esperto do jeito que eu era um fdp teria feito um bom estrago em que me rodeava e claro sofreria consequências(não se enganem, no fim agente paga pelo que faz!)
edit: como falaram ali em cima, o pessoal aqui só traz relato de relacionamento, deveriam ter mais relatos dessa natureza...
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#15
Meus parabéns! Relatos de dedicação e esforço para alcançar o seus sonhos é que deveriam ser valorizados na Real.

E concordo com o Mr. Rover...
Wake up Neo... Follow the white rabbit. 

https://ask.fm/Groo_Real
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#16
Quem faz o fórum são os foristas. Acho besteira proibir relatos sobre relacionamentos, porque quem está chegando geralmente é porque sofreu uma desilusão amorosa, o que não pode é macaco véio ficar sempre batendo na mesma tecla e falando sobre problemas com mulher. Também concordo que devem ser priorizados relatos como este, focar na superação e desenvolvimento pessoal mas eliminar totalmente relatos sobre desilusões amorosas, eu acho impossível, e mesmo que não fosse, seria até prejudicial ao fórum, pois se os novatos não puderem chegar desabafando, como poderemos ajudar eles? Se o cara vai atrás, divulgando o fórum vira um jesuíta/missionário/clark kent da real, se os caras vem pra cá falar do que estão passando são espinafrados, aí complica.
O que me preocupa não é nem o grito dos esquerdistas, das feminazis, das mães solteiras, dos corruptos, dos maconheiros, dos cachorrentos, dos LGBTs, dos sem caráter e sem ética... O que me preocupa é o silêncio dos bons.
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#17
(17-07-2015, 03:46 PM)Major Lobo Honrado Escreveu: Quem faz o fórum são os foristas. Acho besteira proibir relatos sobre relacionamentos, porque quem está chegando geralmente é porque sofreu uma desilusão amorosa, o que não pode é macaco véio ficar sempre batendo na mesma tecla e falando sobre problemas com mulher. Também concordo que devem ser priorizados relatos como este, focar na superação e desenvolvimento pessoal mas eliminar totalmente relatos sobre desilusões amorosas, eu acho impossível, e mesmo que não fosse, seria até prejudicial ao fórum, pois se os novatos não puderem chegar desabafando, como poderemos ajudar eles? Se o cara vai atrás, divulgando o fórum vira um jesuíta/missionário/clark kent da real, se os caras vem pra cá falar do que estão passando são espinafrados, aí complica.

Eu na minha humilde opinião acho que todos os relatos, de qualquer natureza, são bem vindos. Quando falei ai em cima que o povo só traz relato de relacionamento, foi só um comentariozinho, talvez um pequena crítica. Agora eu acho que devemos nos focar mais no desenvolvimento pessoal do que nos relacionamentos passados (aliás, esses penso que devem ser esquecidos e tomados como experiência), creio que sucesso com mulheres são consequência (master of obvious?), falo por experiência própria, já estive bem na fita (no meu contexto da época) e sei do que do falando, já me fudi também na mão de vadia, já passei secas brabas, fiquei períodos sem pegar nem gripe, atualmente to meio assim, só focando no desenvolvimento pessoal, mas acho que próximo mês as coisas vão mudar, vai "pintar" uma grana ai na minha mão, vou investir nos negócios que trabalho e ai a coisa provavelmente vai mudar de figura, vou tirar um dinheiro bom da minha atividade. Sou autônomo, estudante de direito (viso advogar na área civel comercial), marombeiro old school (voltando  a ativa ehehehe) e por enquanto to numa situação não lá as melhores, só estudo, trabalho, malho e uso internet como entretenimento, as vezes tomo umas pra relaxas (já fui um cachaceiro da porra, mas mudei), ah e quando sobra um trocado vou num trash comer uma puta.
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#18
- Esforço, paciência e dedicação. Revigorante ler uma história assim.
- Você! Já pagou seu imposto hoje?
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#19
Parabéns, companheiro
Sei muito bem o quão difícil é essa jornada, compartilho da mesma paixão
De fato, não há melhor sensação do que observar o mundo lá do alto
Por curiosidade, como anda a carreira? Está atuando na área?
 Rm 8:28
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#20
(05-01-2017, 07:10 PM)Jovem inexperiente Escreveu: Parabéns, companheiro
Sei muito bem o quão difícil é essa jornada, compartilho da mesma paixão
De fato, não há melhor sensação do que observar o mundo lá do alto
Por curiosidade, como anda a carreira? Está atuando na área?
Olá Jovem!!!Muito obrigado pelo comentário!!Enfim, ainda não estou na área porque houve retração no setor devido à crise e por isso estou na área de engenharia. Estou aguardando dar uma melhorada no setor porque meu foco é linha aerea. Há rumores de que a Azul faça seleção para copiloto este ano. De qualquer forma, meu currículo já está cadastrado em todas as linhas aéreas com os requisitos mínimos. Confrade, você já fez o curso? Já chegou a voar em aeroclube ou escola de aviação civil?

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