28-04-2020, 01:48 PM
Inspirado no Projeto Segunda das Relíquias Perdidas e no post do @Guardião , vou compartilhar com os senhores uma reflexão de minha própria evolução.
Vou relatar aqui o que eu já vivi e compartilhar com os senhores a experiencia de um simples mortal até onde conseguir chegar hoje.
A idade 0 não será o meu primeiro ano de vida, será o marco zero do que eu consigo lembrar. A ideia desse relato é refletir sobre as decisões que tomei na vida e perceber o quanto elas foram impactantes quando olho para trás. Sejam elas escolhas boas ou ruins, me fizeram chegar onde estou hoje.
Família
De família humilde, o mais velho de seis irmãos criei desde cedo uma certa revolta com algumas coisas que eu questionava, mas não entendia quando criança. Uma delas era o fato de não ter pai. Fui criado por minha avó materna e por minha mãe, desde que eu consigo lembrar a história que eu escutava de minha mãe era que ela havia me levado quando criança para o meu suposto pai conhecer e ela sempre dizia “ele nem olhou na sua cara”.
Aí nascia uma revolta sem nem mesmo saber o motivo. Mais tarde pude compreender que a minha mãe assim como o meu pai era muito mais responsável por eu estar no mundo. Embora pobres eu meus irmãos tivemos uma boa infância, mesmo com todas as restrições que tínhamos. Minha mãe foi muito humilhada por os meus tios, e de certa forma de minha avó, acredito que boa parte por ter sido mãe solteira.
Tenho lembranças de que muitas vezes em que eu a vi chorando e perguntava o que está acontecendo? E ela dizia que não era nada. Para mim não fazia sentido alguém está chorando por “nada” desde que eu consigo lembrar isso me revoltava. Porque as coisas são assim? Não tínhamos casa (ainda não temos) morávamos de aluguel enquanto ia tudo bem e minha mãe dava conta de pagar.
Lembro que mudávamos muitas vezes e quando eu estava me acostumando com a casa “nova” mudávamos, e entre uma e outra mudança voltamos para a casa de minha avó onde morávamos de favor. Tive um padastro, pai dos meus irmãos mais novos, foi o mais próximo que eu tive de um pai. Eles ficaram juntos até um tempo, depois dele ter agredido minha mãe.
Educação
Infelizmente, como todos nós sabemos o nosso sistema educacional é precário. Eu e meus irmãos sempre estudamos em escola pública, em uma escola com poucas condições e estrutura e sem muitas expectativas. Minha avó é analfabeta, minha mãe estudou até a quarta série (3º ano hoje).
Aqui começa a resposta para os meus questionamentos, criei maturidade muito cedo, com ajuda de vários livros que eu li. Aqui a ficha começou a cair, quanto mais eu lia mais expandia minha mente e lá no fim do túnel surgia uma pequena luz de esperança de que com muito esforço e dedicação eu conseguiria mudar de vida (ainda estou nessa fase).
Finanças
Como eu disse, sou de família humilde. Vivíamos basicamente com um salário mínimo, salário da aposentadoria da minha avó quando morávamos com ela, quando minha mãe morava com meu padastro era com o que ele conseguia com trabalho braçal. Educação financeira zero. Nossas crenças em relação a dinheiro são as das mais comuns, que pobre nasce pobre, que o dinheiro é sujo, que não precisávamos de dinheiro e sim de vida e saúde.
Vivíamos com mentalidade de escassez extrema, desde criança sempre ouvi minha avó dizer que nunca sobra nada. Que vivia devendo, e até hoje com 80 anos repete a mesma história. Cresci com essas mesmas crenças que me custaram muito caro anos depois, até eu entender que isso era prejudicial e que eu poderia muda-las.
Refletindo sobre essa primeira fase de minha vida, vejo que cada evento isolado não fazia sentido na época e que hoje com um pouco mais de maturidade eu consigo interpretá-los de uma maneira que eu só poderia aprender com eles. Dada as circunstancia do ambiente em que eu vivia e com os recursos que eu tinha disponível.
Então caro leitor, se você estiver vivendo agora essa fase em sua vida, tenha em mente que por mais difíceis que sejam as circunstâncias em que você se encontra, você ainda tem muito o que viver e que por mais doloroso que seja essa fase, cabe única e exclusivamente a você continuar o desistir.
E que as suas escolhas agora refletiram em seu futuro e quando você tiver vivido o bastante para enxergar o quadro todo, verá que as coisas “mais difíceis” são as que mais impactaram a sua vida positivamente. Contraditório, não? Pois é.
Aproveite essa fase com cautela. Mesmo com todas as dificuldades que passei nessa fase eu vivi da melhor forma que eu pude, sentado aqui escrevendo revivo muitas memórias boas. E vejo que mesmo sem um direcionamento, sem uma boa educação, bons mentores. Eu enfrentei aquelas adversidades com muita coragem e determinação, e que todas as dificuldades que vivemos fazem parte dessa experiencia que chamamos de vida.
No próximo post vou escrever a segunda fase dos 15-20 anos com um pouco mais de maturidade tomei algumas decisões que hoje vejo que foram as melhores decisões que poderia tomar na época. Grande abraço até a próxima.
Mazzaropi
Há uma diferença entre conhecer o caminho e percorrer o caminho.
Morpheus