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Politicamente Ressurreto
#1
Politicamente Ressurreto
(Por Major Lobo Honrado)

[Image: HVT8DB6.jpg]


Fato é que a Bíblia está recheada de afirmações que contrariam o conceito popular e pós-moderno das proposições que satisfazem a todos. Isso porque vivemos na época em que o politicamente correto é agradar todo mundo.

Quando criança eu assistia muito aos Trapalhões. O quarteto formado por Didi, Dedé, Mussum e Zacarias tornava as minhas noites mais divertidas, com seu humor pastelão, meio cearense, meio mangueirense, mas na gestalt funcionava muito bem. Tomado então de um certo saudosismo, confesso que me rendi ao meu lado criança e, assim que tomei conhecimento de que  o box de DVDs com os melhores momentos dos Trapalhões havia sido lançado, fui à loja comprar aquele pedaço da minha infância. Sentei-me na poltrona, com gosto de anos 70 na boca, estourei pipocas e passei algumas horas assistindo a muitos quadros do antigo programa. Depois de um certo tempo vendo as peripécias dos quatro, agora com meus olhos de 39 anos de idade e mentalidade do século XXI, uma coisa me chamou bastante a atenção: a total e absoluta falta do chamado “politicamente correto” nos diálogos de cada esquete. E isso me fez refletir.

Com muita frequência, o “afro-brasileiro” Mussum era chamado de “negão” e “azulão”. Quando aparecia um “homoafetivo”, Didi logo soltava um “hmmm, esse rapaz alegre solicita!”. E por aí vai. O curioso é que a sociedade dos anos 70 e 80 não parecia se incomodar com aquilo, dadas as claques que explodiam em gargalhadas a cada piada. E nem eu me lembro de, na época, me incomodar ou ouvir reclamações.

A verdade é que não pude deixar de imaginar a chuva de processos a que os Trapalhões teriam de responder hoje na Justiça caso o programa fosse ao ar em nossos dias com os mesmos roteiros. O quarteto teria sérios problemas, sob acusações de racismo e homofobia para baixo. Pois, afinal, vivemos na era do politicamente correto.

Por um lado, esse conceito é interessante, pois preserva certos grupos de constrangimentos em determinadas situações sociais. Nenhuma pessoa obesa gosta de ser chamada,  como vi no programa, de “saco de banha”. É ofensivo, traumatizante e desnecessário. Nesse sentido, vejo o politicamente correto com muito bons olhos. É uma expressão de respeito pelo sentimento alheio e merece nossa consideração. Por outro lado,  o conceito torna-se um grande problema em certas situações em que se contrapõe às verdades absolutas do Evangelho.

Só de mencionar “verdades absolutas” tenho certeza que alguém que está me lendo agora já se remexeu na cadeira e pensou “isso não é politicamente correto, cada um tem sua própria verdade”. Pois é. Esse é exatamente o ponto.

Existem certas afirmações bíblicas que são bastante politicamente incorretas mas cuja morte e ressurreição de Cristo tornaram um fato de fé. Um exemplo: o não-cristão vai para o inferno (numa sociedade de minoria cristã, ninguém gosta de ouvir isso). Outro: a mulher deve submissão ao marido (vivemos à sombra do feminismo, então isso arrepia os pêlos de muitas mulheres). Outro ainda: o marido deve amar a mulher a ponto de sacrificar-se por ela (na época do “me casei para EU ser feliz”, esposos não querem escutar isso). E não para aí, podemos desfilar um corolário de fatos bíblicos politicamente incorretos: nem todos os caminhos levam a Deus. Minha verdade não importa, importa uma única Verdade. Minha vida não me pertence, pertence a Deus. A justiça de Deus pune o pecador e castiga todos os que Ele ama. Deus se ira. Jesus só abre exceção para o divórcio em caso de relacoes sexuais ilícitas do cônjuge. Sofrimento faz parte da vida do cristão. É possível ser materialmente paupérrimo e ter uma saúde problemática mas ser amado por Deus. E por aí vai.

Fato é que a Biblia está recheada de afirmações que contrariam o conceito popular e pós-moderno das proposições que satisfazem a todos. Isso porque vivemos na época em que o politicamente correto é agradar todo mundo. “Divorcie-se, afinal o amor acabou”. “O amor de Deus é tão grande que não permitiria que muitos fossem ao inferno”. “O Deus de amor não controla o sofrimento”. “Se você tem fé Jesus vai te curar com toda e absoluta certeza”. “Deus não quer que você seja pobre”. Afirmações como essas têm composto o cardápio de teologias politicamente corretas da Igreja do século XXI.

Mas Cristo nos pede para confiarmos na Cruz. Para crermos em sua soberania e na sua capacidade de gerenciar o desenrolar da História sem querer agradar o barro, mas sim realizar os propósitos do oleiro. E, por isso, somos convidados a afirmar para o mundo aquilo que o mundo não quer ouvir. E, muitas vezes, se não sempre, a afirmar isso também para a Igreja – pois uma enorme parcela da Igreja não quer ouvir o que a Bíblia diz, se for diferente de seus próprios interesses. Jesus morreu e ressuscitou não para nos agradar e nos dizer o que queremos que Ele diga porque assim ficamos mais confortáveis e satisfeitos: Cristo morreu e ressuscitou para nos reconciliar com Ele e com suas verdades… que muitas vezes não agradam.

Por isso, é fundamental que, nesse sentido, sejamos politicamente ressurretos com Cristo. Preciso abrir mão de mim mesmo e de minha vida, tomar minha Cruz e segui-lo. Assim como você. Assim como toda a humanidade. Essa é a maior verdade politicamente INcorreta do Evangelho: eu importo infinitamente menos do que Deus. Seja feita a vontade dEle, assim na terra como no Céu. A minha? Não importa.

Se os Trapalhões fossem ao ar hoje, a época do politicamente correto, provavelmente Mussum não poderia ser chamado de “negão” e Vera Verão de “rapaz alegre que solicita”. Mas hoje, ontem e sempre, na época infindável do politicamente ressurreto, nós teríamos de dizer a Didi, Dedé, Mussum e Zacarias: arrependam-se dos seus pecados e entreguem suas vidas a Cristo, pois Ele é o único caminho, a verdade e a vida – e a caminhada com Ele vai exigir de vocês renúncias diárias de seus desejos e vontades e sua substituição pela pergunta: “Que queres de mim, Senhor?”. E não se esqueça de que existe um Didi no seu trabalho. Um Dedé na sua rua. Um Mussum em Samaria. E um Zacarias nos confins da terra.

Paz a todos vocês que estão em Cristo.


Este texto faz parte do projeto: Segunda das Relíquias Perdidas.
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#2
Alto nível !
Tudo quanto te vier à mão para fazer, faze-o conforme as tuas forças, porque na sepultura, para onde tu vais, não há obra nem projeto, nem conhecimento, nem sabedoria alguma. Eclesiastes 9:10
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#3
Só não concordo com essa parte aqui, porque acho que é melhor a pessoa ser constrangida e isso acabar ajudando ela a se cuidar do que tudo mundo fingir que está tudo bem e ir só piorando. Talvez aí esteja o motivo do porque tem tanta gente obesa atualmente.

"Por um lado, esse conceito é interessante, pois preserva certos grupos de constrangimentos em determinadas situações sociais. Nenhuma pessoa obesa gosta de ser chamada,  como vi no programa, de “saco de banha”. É ofensivo, traumatizante e desnecessário. Nesse sentido, vejo o politicamente correto com muito bons olhos. É uma expressão de respeito pelo sentimento alheio e merece nossa consideração."
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