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[RELATO] O homem que criou as grades de sua própria prisão - Versão para Impressão

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O homem que criou as grades de sua própria prisão - Indomável - 26-06-2024

O poder da mente - parte 1

Dentro de seu universo de possibilidades singulares, oportunidades únicas de vitória. Cada uma delas carrega uma história, um drama pessoal, jornada por vezes intransponível por aqueles que de longe observam.

Mas, desta memorável vez, tive a oportunidade de ver tal cenário de perto e decidi compartilhar.

Montei o quebra cabeça de uma mente doentia, que por fim traiu seu próprio dono. Seus momentos de sucesso, dor e derrota, estampados minuciosamente em tudo aquilo que deixou para trás após sua partida. Acompanhei de perto a dor relatada, detalhadamente, por seus familiares.

A mente, como o próprio nome bem diz, mente.

A mente deste homem em seu ápice o permitiu galgar encosta acima, rumo ao topo do serviço público federal. O palco era seu, lhe foi dado o direito de brilhar.

Uma bela família, posses e um passado. Passado este que batia em sua porta frequentemente, algo inconveniente, erro de percurso.

Sua familia anterior era vista com desprezo. A atual era um troféu, que, mesmo sem precisar, cuidava de suas duas filhas mais velhas, negligenciadas pela mãe. Em suas jovens cabeças, até mesmo os piolhos faziam morada.

Pavio curto, mas capaz de instrospecção. Não fugia da briga, que muitas vezes sequer existia. Tímido, embora bem apessoado. No campo espiritual, acreditava por vivência própria, mas nada o impediu de se corromper.

Tudo aconteceu, lentamente, uma exceção por vez.

Não se traiu por não cumprir dogmas vazios, mas por rejeitar o maior dos tesouros: O verdadeiro caminho, raramente visto.

Qual era o verdadeiro caminho? Aquele que se apresentou a ele. Uma fé enraizada em sua história pessoal, que fazia sentido e era confirmada por sua vivência.

Se não fosse por tal detalhe, sua história seria mais uma no meio de tantas quantas? Não podia dizer que não sabia.

Sabia, não porque ouviu falar de um representante. Viveu e viu aquilo que acreditava, frente a frente.

Em meio a tanta oportunidade de sucesso, sua mente o traiu. Se envaideceu. Considerou-se, dentro de sua extraordinária capacidade, imune ao caos.

Oportunidades de ganhar ainda mais surgiram. Prontamente, concordou. Mais dinheiro, mal não faz.

Sua fé, por fim se tornou apenas alegórica, talvez nem isso. Findou sem acreditar sequer em si mesmo.

Traiu a si próprio, como não trairia os outros?

Se implodia. Um gole, lento, de cada vez.

Viveu perseguindo sombras, situações que existiam somente dentro de sua cabeça. Amargurado com pessoas que nem sequer se lembravam de sua existência, exceto para remoer seus traumas, justificados ou não.

Em seu processo de destruição, criava as celas de sua própria prisão, que mesmo que de ouro fossem, já não podiam mais conter sua carga magnética fatal.

Sua família troféu acabou o deixando, vitimada por suas próprias ações. Nem todos em sua volta o dinheiro podia comprar. Quando não o quiseram, percebeu, que não poderia comprar a verdadeira felicidade.

E quando não comprou, seu mundo caiu.

O muito, virou muito pouco, pela simples ausência de significado. Na ausência angustiante, se apegou mais ainda a tudo aquilo que o arrastara, anteriormente, para o fundo do poço.

Continua(Nas próximas partes, direi os momentos cruciais que fiquei sabendo, aqueles que poderiam ter mudado toda a sua trajetória)


RE: O homem que criou as grades de sua própria prisão - Matuto Paulista - 26-06-2024

Muito bom, aguardando a segunda parte.

Realmente, a soberba precede a queda.


RE: O homem que criou as grades de sua própria prisão - The Return - 27-06-2024

Interessante, mas não desaconselharia o uso de um tom épico em relatos. Explico sobre isso em Off-Topic.
A parte poética ficou incrível com diversas figuras imaginativas. Gostaria de ver o desfecho do "personagem"...


Off-Topic:
Como uma adição particular, digo que já estive em uma posição onde imaginava escrever relatos/textos no fórum (acho que aqui já fiz isso uma ou outra vez - no fórum do búfalo costumava fazer isso muito) de forma que algo, situação ou superação parecesse épica ou demasiadamente dramática.
Há um bom tempo, percebi que dramatizar as coisas só torna a solução mais distante. A palavra realismo nunca caiu tão bem: observar a situação de maneira racional e controlar o emocional (raiva, tristeza, alegria e nojo). Pude então mudar a minha postura em relação a diversas situações do cotidiano em minha vida e finalmente o desejo de ser reconhecido (seja nos fóruns ou fora) sumiu.
Desse modo, acredito que dar um tom épico a um relato pessoal não é uma maneira positiva de compartilhar algo nesse espaço. Os leitores terão a impressão de que o autor do relato passou por uma situação maior do que aconteceu. Espero não ser mal interpretado. Obrigado pelo relato.