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A Modéstia Cristã no vestir - Versão para Impressão

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A Modéstia Cristã no vestir - Guardião - 04-12-2023

A Modéstia Cristã no vestir
Postado por Major Lobo Honrado em 5 de setembro de 2013.

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Que cada um de vós saiba possuir o seu corpo em santidade e honra.” (I Tessalonissenses 4:4).

Existe uma dificuldade em se definir modéstia e até mesmo em se encontrar um ponto de partida. Por onde começar? Há tantas variáveis que isto pode sugerir que, este assunto é, praticamente, impossível de se abordar. No entanto, está na Escritura, como uma exigência para a mulher cristã, logo é possível de  ser abordado, apesar de haver variáveis que o tornam difícil. Uma delas é que homens variam; eles variam naquilo que os afeta, talvez não todos, mas eles variam. Eles variam fisicamente; eles variam mentalmente. Certamente, aqueles que foram criados num lar Cristão e abençoados pelo Espírito de Deus, desde o início de suas vidas, tendo suas mentes repletas de coisas boas, antes de, pensamentos pecaminosos se arraigarem, tem uma vantagem.
 
Há ainda a falta de sensibilidade que vem do uso. Afinal, uma moda que é altamente provocativa e sensacional, num primeiro momento, pode tornar-se relativamente banal com o passar do tempo. Note quantas variáveis!
     
O que iremos fazer então? Pode-se esperar definições coerentes sobre o que é um traje modesto? Em 1 Timóteo 2:9 diz que, as mulheres devem ataviarem-se com “traje honesto”, vestindo-se “com pudor e modéstia” – a ideia é de uma reserva adequada, sobriedade, moderação ou restrição. A segunda parte do verso discorre sobre ostentação, porque está vinculada ao culto público, onde, a atenção e o foco devem estar em Deus, sendo assim, uma mulher não deve se vestir de maneira que faça com que todos olhem para ela.

Isto não é um ataque contra as mulheres; não é misoginia, nem reflete qualquer desrespeito às mulheres, muito pelo contrário. Queremos defender a dignidade da mulher Cristã, a fim de que não sejam desvalorizadas pela conformidade com as normas deste mundo. Tendo em vista que as Escrituras referem-se, especificamente, ao traje decoroso feminino, então é certo que devemos explicá-lo. Se a bíblia diz algo sobre o decoro feminino, e ela diz, então é nosso dever ouvir e obedecer.

O nosso propósito também não é fazer com que as mulheres fiquem excessivamente introspectivas e autoconscientes sobre si mesmas, contudo, produzir um saudável equilíbrio consciente da necessidade de se vestir para a glória de Deus; para pensar como elas se vestem. Queremos trazer algumas orientações gerais que, esperançosamente, provarão seu uso para este fim. Não estamos procurando uma aparência mórbida ou uma preocupação melancólica, todavia, uma preocupação robusta para obedecer a Palavra de Deus.
 
Nós, seres humanos, somos formados por corpo e alma. Estamos colocados entre os anjos, que são puro espírito, e os seres puramente materiais. No homem, a alma e o corpo estão unidos, formando a própria essência dele. Evidentemente, essa união natural entre a alma e o corpo, querida por Deus, é algo bom. A alma precisa do corpo para realizar suas operações de maneira mais conveniente. A alma, para conhecer as coisas, precisa dos sentidos, da imaginação. Nada está no nosso intelecto, a não ser que tenha passado antes pelos sentidos. Todo o nosso conhecimento vem pelos sentidos. O corpo é, portanto, um bem para a nossa alma, um bem para o ser humano. A alma separada age de modo menos perfeito do que quando se encontra unida ao corpo e, por isso, ela deseja a ressurreição do corpo, após a morte.

Todavia, é claro que a parte mais nobre do composto humano é a alma, parte espiritual, e que pode conhecer a verdade e amar o bem. É pela parte espiritual ou racional, quer dizer, pela inteligência e pela vontade, que nos distinguimos dos animais brutos. E no homem, como em todas as coisas, o inferior deve estar subordinado ao superior. Portanto, é a razão que deve dirigir as ações do nosso corpo, é a razão que, reconhecendo a nossa natureza e reconhecendo a natureza e a finalidade das nossas faculdades, deve ordenar todas as nossas ações. A ordenação dos nossos atos segundo a razão constitui a virtude. A virtude é, então, a ordenação dos nossos atos, de forma que eles sejam conformes à nossa natureza de animais racionais.

Entre esses atos que devem ser ordenados pela razão estão os atos exteriores: as palavras, os gestos e também o vestir. A razão nos mostra com relação ao vestir que ele tem uma finalidade básica e principal, que nos é dada pela própria Revelação. Essa finalidade é a decência.

Quando Deus criou Adão e Eva, os dois estavam em estado de graça e haviam recebido da bondade divina o dom da integridade. Isso significa que todas as suas paixões estavam plenamente subordinadas à razão. Não havia em Adão e Eva nenhuma desordem no campo da concupiscência e, por isso, não precisavam se vestir. A exposição do corpo entre eles, portanto, não era motivo para nenhum pensamento, desejo ou ato desordenado. Assim, a Sagrada Escritura diz que eles não se envergonhavam.

Todavia, nossos pais cometeram o pecado original, que foi um pecado de orgulho. Ao cometerem o pecado original, a razão e a inteligência se revoltaram contra Deus e a faculdades inferiores e as paixões, que se encontravam plenamente submissas à razão, revoltaram-se contra ela. A Sagrada Escritura nos mostra claramente isso com relação ao corpo: os olhos de ambos se abriram e tendo conhecido que estavam nus, coseram folhas de figueira e fizeram para si cinturas. Todavia, essas poucas folhas de figueira não eram suficientes para evitar a desordem e Deus fez, Ele mesmo, umas túnicas de pele e os vestiu.

Quem odeia o corpo são aqueles que não reconhecem o seu devido lugar, subordinado à alma. Quem odeia o corpo são aqueles que o colocam acima da razão e submetem a razão às paixões e usam o corpo de forma indevida. Ao longo da história, vemos que os que mais permitem desordens com o corpo são os que o odeiam. Assim foi com os gnósticos e os cátaros, por exemplo. Essas heresias consideravam o corpo como intrinsecamente mau e, portanto, o entregavam a todo tipo de desordem, com a condição de que se impedisse a geração de uma nova vida, de um novo corpo.

Hoje, é exatamente o que vemos em nossa sociedade. Ela exalta tanto o corpo porque o odeia. Ela não reconhece o lugar do corpo. Ela permite tudo ao corpo e todas as desordens, desde que uma nova vida não seja gerada. As pessoas passam a vida inteira submetendo-se ao corpo para, no final, queimá-lo, cremando-o, com esse costume pagão que tem cada vez mais força entre nós. A Igreja respeita o corpo durante a vida da pessoa e reconhecendo a sua dignidade não vê com olhos favoráveis a cremação. Portanto, se alguém reconhece a bondade e a dignidade do corpo é a Igreja, que chega a proclamá-lo Templo do Espírito Santo, pois nossa alma, em que pode habitar o Espírito Santo, está unida ao corpo intimamente.

Depois do pecado original, apesar de nosso corpo em si ser bom, devemos nos vestir, devemos esconder algumas partes do nosso corpo, a fim de não provocar nos outros maus pensamentos, maus desejos, maus atos em virtude das paixões desordenadas. Depois do pecado original, o pudor e a modéstia são indispensáveis. O pudor consiste na vergonha salutar que leva as pessoas a cobrirem as partes de seu corpo que podem levar outras pessoas a caírem na impureza. Foi o que Deus fez com Adão e Eva, cobrindo-os com túnicas. A modéstia é a virtude que nos leva a ordenar nosso aparato exterior, em particular as vestes, a fim de que elas cumpram bem a finalidade delas: esconder certas partes do corpo. A primeira dessas finalidades é a decência. Para que uma veste seja chamada decente, ela deve cobrir aquelas partes do corpo que induzem o homem de virtude mediana ao pecado. Essas partes que devem ser absolutamente cobertas são aquelas que se encontram entre os joelhos e os ombros, incluindo os dois. Portanto, a roupa deve cobrir o joelho em todas as posições, inclusive quando se está sentada com as pernas cruzadas.

Para que atrair os olhares dos outros sobre nosso corpo? Isso só é lícito entre marido e mulher, em vista da procriação. Para que se mostrar para os outros? O que se ganha a expor o corpo aos outros? Isso lhe fará ganhar o céu? Ao contrário. Para que ser ocasião de pecado para os outros? E não adianta dizer que, se o outro tem pensamentos ruins, a culpa é dele. Não. Nós somos responsáveis pela salvação das almas dos nossos irmãos. Ai daquele que é causa de escândalos, nos diz Nosso Senhor Jesus Cristo.

Tudo isso aqui se aplica sobremaneira à mulher, pois a mulher tem uma inclinação natural a buscar agradar o homem pelo seu aspecto físico e o homem tem uma inclinação natural a deixar-se levar por isso. Vemos isso claramente no livro do Gênesis, em que Eva é apresentada a Adão, que encontra nela agrado. Se essa inclinação permanece sóbria e moderada, dentro da modéstia, ela é algo bom. Se ela se torna excessiva pela indecência, pelo excesso de ornato ou pelo luxo no ornato, ela se torna ruim. Desse modo, a modéstia não é sinônimo de deselegância. A modéstia não se opõe à elegância. A elegância é perfeitamente bem-vinda, desde que seja modesta e sem excessos, sem atrair para si os olhares. A Sagrada Escritura não condena roupas bonitas e não requer uma monotonia deliberada. Podemos dizer, entretanto, que se uma roupa falha em não realizar a sua função básica de cobrir, então, tais formas de se vestir, ainda que sejam elegantes, devem ser rejeitadas.

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“Se vestir com modéstia não é sinônimo de ser mal arrumada”

Alguns pretendem dizer que a moda indecente já é tão comum que ela não provoca mais as paixões desordenadas. Isso é falso. A partir de certo ponto, dizem os moralistas, as vestes indecentes sempre trarão prejuízo para o pudor, para a pureza. Esse limite é justamente os ombros e os joelhos, que devem estar sempre cobertos. E ainda que as modas indecentes não conduzissem ao pecado, o cristão não deve se contentar com os padrões de uma sociedade decadente, corrompida e neo-pagã.
 
Em virtude da união que existe entre a alma e o corpo que falamos mais acima, as vestes têm duas funções importantes. Primeiramente, a veste é reflexo da alma da pessoa. Portanto, se vestir mal reflete uma desordem espiritual, interior. Roupas indecentes geram na alma consequências prejudiciais com relação à pureza e levará a um jeito de se comportar indecente: a um jeito de andar, de sentar, de falar que não convém. Por outro lado, roupas modestas levam a alma a se resguardar melhor contra os pecados opostos ao sexto mandamento. As roupas decentes criam na alma uma disposição que leva a pessoa a andar, a sentar, a falar de um modo que convém para cristãos.

Como chegamos nessa sociedade em que tudo, praticamente, se move pela luxúria? Uma das principais causas é a falta de modéstia no vestir. A modéstia é a guardiã da castidade. Sem a modéstia não há castidade. Sem castidade, não há amor a Deus. Por mais que a intenção da pessoa não seja ser objeto do olhar das outras pessoas, ela será e será ocasião de pecado, se ela se veste indecentemente. Uma boa intenção não é suficiente para tornar uma ação ruim, boa. Assim, vestir-se imodestamente por que está calor, por exemplo, não se justifica.

A modéstia é também vestir-se em conformidade com o próprio estado, com as circunstâncias, com o grau de formalidade do lugar, da atividade e levando em conta a dignidade da pessoa com quem se está. Em geral, devemos nos vestir como pessoas que levam a vida à sério, buscando agradar a Deus.

Evitem-se, então, as roupas desleixadas, com símbolos pagãos, com inscrições contrárias à religião, etc. Sobretudo na Igreja é indispensável observar a modéstia também nesse ponto. A roupa deve ser adequada àquilo que há de mais importante na face da Terra: a Casa de Deus. Também não é bom que sejam usadas dentro da igreja roupas com personagens de desenho, com frases escritas, camisetas de times de futebol, calças rasgadas, bermudas, moleton, etc. Nada disso condiz com a santidade e a dignidade do lugar. Não se deve, porém, cair no erro oposto. Dignidade com simplicidade e sem exageros.

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É próprio da virtude da modéstia também que homens e mulheres se vistam de forma a diferenciar o sexo de cada um e de forma a exprimir o papel de cada um na sociedade. As vestes semelhantes de homens e mulheres causam muitos danos às próprias pessoas e à sociedade. Como disse, as vestes exprimem uma disposição da alma e terminam também influenciando o nosso comportamento. Se homens e mulheres se vestem igualmente, haverá um grande problema. E esse problema nós vivemos hoje. Os homens são cada vez mais efeminados. As mulheres cada vez mais masculinizadas. O homossexualismo se difunde. Portanto, é preciso haver diferença na maneira de vestir do homem e da mulher e que essa maneira seja clara e modesta. E isso não só na Igreja, mas em todos os lugares.

John Bunyan no século dezessete já dizia: “Por que muitas mulheres saem de casa com os ombros desnudos e seios à mostra…? Por que elas pintam o rosto, esticam o pescoço e usam todas as formalidades às quais são levadas por suas fúteis imaginações? É para honrar a Deus e adornar o evangelho? É para tornar o cristianismo atraente e fazer pecadores desejarem a salvação? Não, não; pelo contrário, elas o fazem para satisfazer suas próprias concupiscências… Creio também que satanás tem atraído mais pessoas ao pecado de impureza, por meio do esplendoroso desfile de roupas requintadas, do que poderia ter atraído sem a utilização de tais roupas. Fico admirado ao pensar que as vestes, no passado chamadas vestes de prostitutas certamente não eram mais sedutoras e tentadores que as roupas de muitas mulheres cristãs professas de nossos dias.”

Portanto, é preciso usar vestes modestas. Espero que todos tenham entendido e comecem agora a seguir plenamente esses ditames. A obediência também é uma virtude excelente. E, para deixar claro, as regras de modéstia não se resumem à Igreja. Essas regras de modéstia devem ser observadas sempre e em todo lugar. Será necessário um grande esforço, um grande desapego. Mas ele é necessário. E Deus nos dá as condições para fazê-lo.

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Esperamos agora, se não antes, que saibam que o vestir é uma área de submissão a Cristo. Mulheres cristãs precisam de uma mentalidade de modéstia piedosa em seus pensamentos, trazendo à consciência de que, elas não podem se dar o luxo de apenas, impensadamente, seguir cada moda que este mundo propõe. Reconhecemos livremente que muitas mulheres cristãs não pensam sobre este assunto e que esta é a maior parte do problema. Não atribuímos um motivo desfavorável, a não ser que não haja alternativa. Mas agora que você sabe, então comece a distinguir entre o que é inteligente e o que é sexualmente provocativo. O Senhor Jesus Cristo sofreu e morreu para redimir seu povo de toda a iniquidade. Não o honraremos, então, em todas as coisas, homens e mulheres, nesta área particular do nosso vestir, que é, particularmente, aplicado às mulheres? Você não honrará e amará o Senhor Jesus Cristo que primeiro amou você? Ame ao Salvador. Adorne o Evangelho de Deus nosso Salvador em todas as coisas, incluindo o vestir.


Este texto faz parte do projeto: Segunda das Relíquias Perdidas.



RE: A Modéstia Cristã no vestir - Libre - 04-12-2023

Para quem deseja ler algo sobre, existe este livro: "Deus, o estilista" de Jeff Pollard. (Detalhe pequno: está em português de portugal.)