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Versão completa: [Relato] O que o câncer mudou em mim
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[Relato] O que o câncer mudou em mim
(Por Besouro)

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Venho por meio deste relato contar pra vocês uma história que aconteceu comigo que envolve doença, valores, Matrix e aprendizado... sei que nessa comunidade ainda devem existir ALGUNS membros mais jovens que só pensam em mulheres, baladas e viver a vida... espero q esse meu relato ajude, nem que seja pelo menos um pouco, a enxergar o mundo de uma maneira diferente...

Obs.: O que eu tive foi sério, acho que ninguém é moleque aqui, portanto, respeito.

Bom, até a uns anos atrás eu era um matrixiano/miguxo, não tinha lá grande sorte com mulheres, a maioria em que eu chegava me dizia não e me tirava pra amiguxo, me achava menos homem por causa disso, sofria com zoações dos meus ‟amigos‟ (na época eram, hoje quase não os vejo, e quando vejo não faço questão nem de falar nem oi). Lembro até com muita raiva de mim, que tinha vergonha de andar com meus pais por medo que mulheres me vissem e achassem que sou infantil. TUDO POR CAUSA DE QUE?! Dessa merda de Matrix que me dizia que mulher era deus supremo, que eu devia fazer de tudo por elas, que eu deveria ser bonzinho, que se eu não pegasse trocentas em uma balada eu seria um homem sem pinto...

Sofri toda minha adolescência com essa situaçao, só me ferrava nos estudos, só pensava em mulher o dia inteiro, estava afundado na Matrix...

Mas as coisas começaram a melhorar um pouco a partir dos meus 17-18 anos, com carta na mão, fazendo faculdade (nos trancos e barrancos) e andando de carro, minha situação melhorou um pouco, antes tímido, passei a tentar conversar mais, mudei de amigos; nas micaretas/festas a cerveja me deixava mais solto e descolado, mas ainda continuava achando que mulher era tudo, ou seja, continuava na Matrix; no começo desse ano eu estava me sentindo fodão pois estava saindo com 2 ao mesmo tempo, e inclusive por uma delas eu estava fisgado, imaginando mil coisas, indo buscar ela no trabalho e levar pra casa dela, conversas até às 2h da manha no MSN, tudo parecia estar ótimo, eis que me aconteceu uma desgraça.

No começo desse ano durante um banho, notei que a minha bola direita estava estranha, meio inchada, e ao apalpar ela, senti um carocinho grudado... semana seguinte fui ao médico e ele me mandou fazer alguns exames e, depois de um deles, o médico pediu pra falar só com a minha mãe, e eu preocupado pra caralho a esperando do lado de fora, minha mãe depois saiu do consultório com os olhos vermelhos quase chorando e me disse que estava com câncer em um dos testículos e que eu precisaria operar. Nem preciso falar pra vocês o tanto que eu sofri, fiquei revoltado, não tinha vontade de fazer
mais nada, ainda mais depois do médico me falar pessoalmente que eu teria que remover a bola e fazer 3 sessões de quimioterapia das bravas. Ele me tranquilizou um pouco falando que  eu poderia por uma prótese e que o fato uma bola a menos não ia alterar em nada minha função sexual.

Depois da operação comecei a ver o mundo de uma outra maneira, o choque foi forte e fez com que eu crescesse como pessoa, fiquei mais maduro, foi justamente nessa mesma época que conheci a OLODM e os blogs do doutrina e do Bufalo man, que me deram um tapa na cara e me fizeram enxergar certas coisas, o porquê não ser bonzinho com mulheres, o porquê respeitar de pai e mãe, e como não ser um miguxo. 

Depois disso comecei a fazer academia e me dedicar mais nos estudos, e esse semestre estou com boas chances de passar em Calculo e Física que são as matérias mais cabeludas, isso porque agora estou focado em MIM, não faço mais nada tendo mulher como objetivo.

O que eu aprendi com tudo isso:
1-FAMILIA É A COISA MAIS IMPORTANTE QUE TEMOS, quando eu estava indo de maca para a sala de cirurgia, meu pai (trabalhador, honrado e forte, nunca chorou na minha frente) foi segurando a minha mão e me dando força até a anestesia fazer efeito, depois que acordei da cirurgia, minha mãe me ajudava a comer pois estava meio alto e ficava me dando força também, meu irmão matou aula na faculdade dele e veio me ver no mesmo dia que eu operei, sem contar que quando eu estava careca por causa da quimio ele raspou o cabelo pra ficar igual a mim, até meu cachorro, ia no meu quarto me agradar todo o dia, sem falar das visitas dos meus novos amigos e parentes, isso meus amigos, não tem dinheiro no mundo que compre.

2-TENHA UM BOM PLANO DE SAÚDE, sempre vejo por aqui homens falando de coisas que compram depois que tem um emprego: carros, roupas de marca, casas, mas nunca vi alguém falando de ter um plano de saúde. TENHAM UM PLANO DE SAÚDE BOM! Se acontecer com você o que aconteceu comigo, não vai adiantar ficar se esfregando no seu carro de trocentos mil reais, o câncer não vai sumir, muita gente prefere ter carrão pra impressionar vadias e se esquece disso. Se eu fosse depender de SUS, o câncer já teria se alastrado até no cú e já estaria nas últimas, e nenhuma vadia parasita ia no meu enterro chorar por mim. 

Muitas pessoas hoje não prestam! Lembram-se da mulher que eu falei a pouco que estava meio fisgado? Pois é, eu contei pra ela e sabe o que ela fez? Se afastou aos poucos, no começo ate perguntava como eu estava mas depois começou a se distanciar, entrava no MSN e não me falava nem um oi, não me ligava mais... Há umas semanas atrás ela me disse que precisou se afastar um pouco por tinha que acabar a faculdade...MENTIRA! Eu sei que ela ia em baladas, fazia questão de colocar fotos e recadinhos nas atualizações do Orkut. Segui os conselhos da real e a exclui de tudo (MSN, Orkut, etc).
E lembram-se da outra com quem eu saia? Sempre perguntava como eu estava, saia comigo mesmo careca, não tem vergonha de andar no meu Fusca, hoje ela é minha namorada (Não estou falando que ela é santa e imaculada que nunca irá me trair, ela tem sim seu ladinho obscuro, mas demonstrou uma atitude honrada ao ficar do meu lado quando precisei ao contrario da vadia de merda; e pro ladinho obscuro dela, sigo os conselhos viris do Bufalo man e do Doutrina que me ajudam pra caralho).

4-ESTUDEM PARA CRESCER PESSOALMENTE, sempre fui um aluno mediano, aquele que passava raspando nas matérias mais difíceis, quando eu estava na
matrix não estudava muito, mas depois descobri como é bom estudar, crescer mentalmente e não depender mais de mulher pra se sentir bem consigo mesmo; faço curso superior de Tecnólogo em Eletrônica Industrial pelo Instituto Federal de São Paulo, uma das melhores do estado.

Bom galera é isso! Espero ter ajudado a comunidade com essa minha história. Obrigado Bufalo man, Doutrinador, membros da OLODM, MGDHB, Reflexões Masculinas e outros, vocês me ajudaram e muito a sair dessa merda chamada mm\atrix, em breve colocarei a prótese e voltarei a vida normal, mas com muito mais experiência.

Esse tópico faz parte do projeto Segunda das Relíquias perdidas.
Belo relato.
Quando fui atropelado e fiquei de cama nenhum dos meus amigos de festa do ônibus veio me visitar, apenas minha avó e namorada da época vieram.
Terminei com ela tempos depois, pois estava querendo guardar dinheiro, e deu que mesmo se não tivesse terminado, a pandemia provavelmente nos afastaria por sermos de cidades diferentes, embora próximas.

Até hoje não sei se não me visitaram por alguma espécie de respeito a minha recuperação, ou por indiferença mesmo, só sei que, mesmo não gostando muito de companhias, doeu.

Antes disso, eu já não gostava muito de ter pessoas perto de mim, mesmo quando faziam questão, após o acidente, me isolei muito por um tempo, e parei de me sentir culpado por não querer mais a companhia dos outros. Esse mesmo amigo, que não me visitou na cama, depois veio me chamando para uma festa, quando eu estava melhor, eu, com sono, mudei de ideia na hora e resolvi não ir, sem remorco algum.

Tempos depois, resolvi dar uma de bom samaritano e chama-lo para conversar, queria jogar conversa fora com alguém, ele deu aquela velha esquivada, e eu entendi o recado.

Hoje, estou voltando a me relacionar melhor com as pessoas, mas não tem mais aquele brilho ingenuo no olhar de olhar para qualquer um e ver como companheiro, pois nem a minha própria família veio me visitar, quando eu estava na pior.

Isso me quebrou por dentro, e hoje sou uma pessoa mais fria e desconfiada, até que ponto isso é bom ou ruim, não sei dizer, talvez isso seja ser apenas mais adulto, de qualquer forma.
Teus amigos eram amigos de festa, queria o que ? Fazer uma festa dentro do hospital com vc todo fudido ? Ainda reclama que quando se recuperou foi chamado pra festa...

Afinal gostava ou não gostava de pessoa por perto ?

Doeu pq vc era/é fracote que quer um ombro pra ficar chorando, paga uma puta pra conversar.

E ainda engata a família no meio da conversa.
Ainda doído por achar que todo mundo tem que trabalhar até morrer e não aceitar outra opinião.
Belo relato. Ninguém vai te ajudar.
Quando você passa por um perrengue é que se dá valor, em grande parte nestes aspectos:

1 - A vida como sopro de Deus que move a existência;
2 - Dar valor ao que é mais simples e ainda sim mais profundo;

Nestas horas, bens materiais pouco importam, eles podem ajudar como se fossem morfinas para aliviar a dor mas angústias torturantes vão visitar desde o bilionário ao office boy, sem distinção.

A Carta do Apóstolo Paulo aos Romanos (Rom. 5: 3-5), diz que as tribulações: PRODUZEM

“E não somente isto, mas também nos gloriamos nas tribulações; sabendo que a tribulação produz a paciência. E a paciência, a experiência, e a experiência, a esperança.

... Ou seja muitos problemas, as dificuldades e pesos da existência são pontos de oportunidades para mudanças de percepção acerca da Vida.
Normalmente se fico doente e ninguém aparece não ligo. Sou meio solitário por natureza então quem me conhece vai entender que prefiro ficar sozinho.

Uma vez fiz uma cirurgia e iria passar 30 dias de molho, alguns no hospital. Já tinha separado vários filmes e o fone de ouvido para curtir esse período.

Foi só melhorar um pouco que uma galera apareceu para visitar, o que atrapalhou um pouco.

Enfim, acho que amizade se mostra no sentido de vc chamar e a pessoa ir; ou então a pessoa procurar sua mãe e seu pai pra avisar que se vc precisar de algo, ele estará lá.