(08-10-2021, 05:55 PM)Diamante Escreveu: [ -> ]Esse é o raciocínio, Monarca. Muitos (até mesmo aqui no fórum) acreditam que para começar a investir precisam ganhar "x" valor. No fim, a vida passa e o cara continua na mesma. Trabalhando... trabalhando... preso num ciclo, e por fim, se aposentar pelo INSS ganhando trocados.
É a famosa corrida dos ratos ou, para quem nunca leu Pai rico, pai pobre, trabalhar para adquirir bens que não geram renda.
Quando se trata de investimentos, ou melhor, de juros compostos, duas coisas fazem a diferença: aporte e tempo. Quanto mais dinheiro você investir mensalmente, menos tempo precisará para viver dos seus rendimentos; quanto menos dinheiro você investir mensalmente, mais tempo precisará para viver dos seus rendimentos (considerando a mesma rentabilidade). Sabemos que quem ganha de um a três salários mínimos vive com dificuldade no Brasil, e que aportar um valor de até R$ 500,00 por mês fará diferença somente no longo prazo (30 anos), considerando investimentos mais conservadores. Por vezes, ter pouco dinheiro para investir desestimula as pessoas a investirem.
O ponto é que, quando você começa a investir, você começa a aprender mais, a adquirir mais conhecimento. Uma vez que o hábito de investir está criado, o mais difícil já foi feito; após isso, você enxergará um desejo de ganhar mais, de sair da sua zona de conforto. Não por dinheiro, mas por tempo - investir é "comprar tempo". Todos nós vendemos alguma coisa; eu, por enquanto, só vendo o meu tempo. A minha hora de trabalho hoje é em torno de R$ 60,00, se eu dividir o meu salário por 160 horas. Infelizmente, quem vende o seu tempo por um salário mínimo, está vendendo cada hora de trabalho por menos de R$ 7,00! Sabemos que o nosso tempo é um recurso escasso e que, na condição de "vendedores de tempo", estamos limitados a 24 horas por dia, não conseguimos escalar isso. Sabemos, também, que não é possível comprar mais 10 anos de vida...
Então, o que eu quero dizer com o "comprar tempo"? Vou citar a minha experiência pessoal como exemplo para responder esse questionamento. Eu fiquei três anos me matando de estudar para passar em um concurso público federal; eu perdi meus amigos, faltei em almoços de família, passei as viradas de ano estudando... sem demagogia. Foi um período muito difícil para mim e o preço que paguei foi muito alto, mas o que é pior: se matar de estudar por três anos ou passar anos da sua vida ganhando mal, sem dinheiro para poder ir no mercado e comprar o que quiser, sem dinheiro para pagar um plano de saúde, sem dinheiro para ajudar a sua família...? Para mim, a segunda opção é muito mais difícil. Aceitar essa segunda opção não é viver três anos na dificuldade, mas viver uma vida inteira na dificuldade para, no final, depender do INSS cujos proventos só conseguem sustentar 1% dos aposentados (e isso é estatística oficial). Isso é loucura.
Hoje, como sou jovem e solteiro, ganhar mais ou menos dinheiro não faria tanta diferença na minha vida - eu conseguiria aportar mais, é claro, mas já aporto uma quantia razoável. Porém, faria diferença na vida da minha família, faria diferença na minha realização pessoal estar criando e progredindo em um projeto, isso é o que busco. Meus pais já estão quase com 60 anos e eu venho ver eles umas 8 vezes no ano. Isso significa que, se eles viverem mais 20 anos, eu estou nos últimos 160 encontros com eles antes de eles morrerem. Por isso, pagar o preço hoje de perder amigos, faltar em reuniões de família, etc. é algo que eu considero caro demais e busco empreender com projetos que me deem, principalmente, liberdade geográfica, para que eu possa passar mais tempo com a minha família, poder pagar um plano de saúde aos meus pais, comprar uma casa melhor para eles, etc. Eu poderei fazer isso daqui 30 anos se eu continuar aportando regularmente? Sim, mas até lá pode ser que eles não estejam mais comigo e, por isso, tentarei fazer em menos tempo.
O que eu tiro da minha experiência pessoal é que, em alguns momentos da vida, você realmente vai ter que se isolar para executar algum projeto. Porém, sempre considere isso um custo muito alto, principalmente se isso significar passar menos tempo com pessoas que você gosta. Lembre-se sempre do porquê você trabalha e que tem coisas que o dinheiro não pode comprar ou trazer de volta. Isso não tem nada a ver com ganhar bem ou ganhar mal, financeiramente falando; tem a ver com o tanto que você valoriza o seu tempo de vida, o seu tempo com pessoas que você gosta, o seu tempo fazendo o que você gosta. Quem é pobre gosta muito de falar que quem tem dinheiro vive pelo dinheiro. Quem nunca ouviu o seguinte questionamento: "Por que trabalhar tanto, se não levaremos nada para o túmulo?". Esse questionamento, apesar de ser filosoficamente bom, deveria ser reformulado da seguinte maneira: "Se o nosso tempo é tão escasso, porque vendê-lo por tão pouco?". Afinal, se iremos para o túmulo, por que não valorizarmos mais o nosso tempo, e utilizá-lo fazendo aquilo que gostamos? Uma hora do meu tempo de trabalho é R$ 60,00; se eu tivesse ganhando um salário mínimo teria que trabalhar 8 horas para receber isso; eu posso hoje trabalhar uma hora e passar as outras sete fazendo o que eu gosto, figurativa e comparativamente falando.
Enfim, fica a reflexão. Aproveitem a vida, vivam. Não sejam meros vendedores de tempo ou, se forem, valorize-o; compre tempo.