Bom, peço desculpas aos camaradas por não ter o cacife necessário para iniciar as análises acerca dessa obra clássica e aclamada (com razão) da literatura russa e mundial.
Todavia, li esse livro há pouco tempo e, por isso, aproveito enquanto as coisas estão frescas na cabeça.
De antemão, parabéns ao camarada @
Libertador por dar prosseguimento nesse projeto excelente e, também, ao camarada @
Dark_Painter01 pela indicação dessa obra, a 4ª a ser debatida aqui neste reduto.
A Morte de Ivan Ilitch, de Lev Tolstói, foi meu primeiro contato com a literatura russa. E para um primeiro contato, ler logo uma das melhores novelas russas não poderia ter sido melhor.
Acabei descobrindo o porquê de gostar dos escritos de Tolstói, Dostoiévski, Kafka, Bukowski, entre alguns outros. É a maneira como conseguem falar de sentimentos, posturas e ações totalmente repulsivas dos seres humanos de maneira tão clara, simples, direta e extremamente reflexiva.
Chinasky, Ilitch, Samsa, e por aí vai. Todos têm pontos em comum: desprezo, falta de humanidade, solidão.
A situação de Ilitch foi interessante. Se olhássemos de fora, sem conhecer sua história, iríamos de imediato achar que Ivan levava a vida perfeita, que todos nós queríamos.
Família, filhos, um bom emprego (juiz).
Precisou a morte bater em sua porta para poder perceber que foi enganado por si mesmo acerca da vida que levava. Vida de mediocridade, de reclamações, de fazer coisas sem vontade alguma, mas que importavam aos que o cercavam.
Que tristeza só perceber que a vida não fez sentido no momento da morte.
Um casamento de bosta, totalmente sem vontade, sem apreço. Enquanto o personagem foco da obra gritava de dor, a esposa procurava o cômodo mais distante da residência, para o som não a incomodar.
Aqui, digo: tem muito casamento igual a esse por aí.
Outra reflexão extremamente perturbadora que Tolstói traz nessa novela é o desprezo de “amigos” e familiares, mesmo Ilitch sendo um homem respeitado por sua carreira profissional.
Seu amigo mais íntimo, Ivanovich, está pouco se lixando pelo ocorrido. Repito: seu amigo mais íntimo. É um querendo puxar o tapete do outro. Alguma coincidência com o nosso ambiente de trabalho?
Ora, a primeira coisa que pensam quando tomam ciência do falecimento do Ivan é: “será que eu serei promovido?”
Essa é a verdadeira vida real.
Aqui, digo novamente: tem muito Ilitch e “amigos de Iilitch” por aí.
Detalhe importante: Tolstói havia parado de escrever. Se não me engano, essa obra, publicada em 86, foi a primeira de sua volta ao mundo da escrita.
(re)Estreia em altíssimo nível.