18-04-2017, 06:23 PM
Fui a amante dele por 33 anos e hoje sou esposa!
Reportagem: Taís Helena Amaral (com colaboração de Gabriella Gouveia)
O amor me levou a questionar meus valores morais, desafiar a minha família e fazer algo que eu jamais me julgara capaz: virar amante de um homem casado. | [i]Crédito: Arquivo pessoal[/i]
Fonte: http://soumaiseu.uol.com.br/noticias/acr...PZuzvnyvIV
Fui a outra durante dois casamentos do Salvador, fiz amizade com a segunda esposa e juntas, demos pau numa terceira!
Reportagem: Taís Helena Amaral (com colaboração de Gabriella Gouveia)
O amor me levou a questionar meus valores morais, desafiar a minha família e fazer algo que eu jamais me julgara capaz: virar amante de um homem casado. | [i]Crédito: Arquivo pessoal[/i]
Amo demais o Salvador. Amo de um jeito que nem eu entendo direito e que, talvez, você também não vá entender. O sentimento que me arrebatou quando o vi, em 1979, foi avassalador. O amor me levou a questionar meus valores morais, desafiar a minha família e fazer algo que eu jamais me julgara capaz: virar amante de um homem casado. Na época, o Salvador tinha não apenas uma mulher, mas três filhos pra sustentar. E, contra toda lógica e razão, mergulhei nessa história de cabeça.
Eu era novinha quando conheci meu amor. Tinha 23 anos. Fomos apresentados por colegas de trabalho na empresa onde eu era secretária e para a qual ele prestava serviço. Me envolvi no primeiro “Oi”. Ele sempre chegava cedo e pedia café. Íamos para a copa e passávamos um tempão papeando sobre a vida. Eram tantas trocas de olhares, elogios e sorrisos que achei que ele também estava na minha. Até que me contaram que ele era casado. E foi apenas o começo dessa relação maluca.
O amor foi mais forte que a razão. Me joguei
Com o passar dos dias, o interesse do Salvador, então com 29 anos, em mim se tornou óbvio. Só que ele vivia falando bem da mulher, que era uma ótima mãe para os filhos deles. Que confusão! Conquistador, ele pediu meu telefone e não resisti. Logo engatamos um caso e começamos a nos encontrar às escondidas. Só que fui criada como moça direita e tinha uma família com a moral bem rígida. Não sei como não enlouqueci. Odiava a sensação de estar fazendo algo errado, mas não conseguia acabar com aquilo. O Salvador foi safado, mas pelo menos foi honesto. Logo de cara ele falou que não tinha a menor intenção de largar a mulher e os filhos. Na loucura, nem me importei. Essa foi uma decisão que me custou muito, mas da qual não me arrependo. Passamos a nos encontrar sempre. E não era só no motel que a gente ia, não. Saímos para barzinhos com amigos, íamos ao cinema e a restaurantes. Tudo que um casal “normal” faz a gente fazia. A gente nunca falou muito sobre isso, mas acho que a oficial dele sabia e não achava muito ruim. Tanto que ele não me escondia de ninguém. Quem mentia para a família era eu, já que meus pais não aceitavam. Cheguei a contar para a minha mãe, que odiou a história toda, mas eu já não queria saber de sermão.
A situação era cômoda para todo mundo...
É claro que eu sabia que minha situação não era das melhores. Mas encarei a encrenca em que me meti. Cheguei a conhecer a mulher e os filhos do Salvador na igreja. Ele me apresentou como uma colega de trabalho e, em vez de dar barraco, mantive a pose. Tremi, mas não fiz nada por saber que ele preservaria a família. A esposa dele chegou a fazer uma ceninha e ameaçar com divórcio uns dois anos depois do início da nossa relação, mas ele conseguiu contornar o problema. A verdade é que a situação era cômoda tanto para ele, como para nós. Foi assim por 13 anos. A gente tentou se separar algumas vezes, mas sempre acabávamos voltando. “Ruim com ele, pior sem ele”, pensava. E é engraçado como a gente se acostuma às mais estranhas situações. Depois de um tempo, eu me conformei que aquela era a minha vida e queria mais era ser feliz do jeito que desse. Aos 36 anos, falei para o Salvador que queria um filho dele e engravidei.Assim nasceu o Daniel. O Salvador era presente e ajudava com as despesas, mesmo não morando com a gente.
Ele separou e se casou com outra. Quase desisti
Nessa época, a oficial do Salvador se cansou do triângulo amoroso e pediu as contas. Eles se separaram e achei que finalmente chegara a minha vez. Mas que nada. Mesmo comigo carregando nosso recém-nascido no colo, o Salvador foi morar com uma tal de Meg, uns 15 anos mais nova que eu. Aí meu sangue subiu. Que desaforo! Me deu uma sensação horrível de não ser boa o bastante e cobrei uma explicação. Meu amor disse que não queria comprar briga com a minha família e era “mais fácil” ir pra casa da Meg.
Aqui, mais uma vez, tive que decidir o que queria para mim. Já conhecia o Salvador o suficiente pra saber que falar “É ela ou eu” resultaria em solteirice instantânea para mim. Ele queria as duas, não queria dor de cabeça e não fazia segredo sobre isso. Cabia a mim aceitar ou não. Minhas amigas me questionavam muito e reforçavam que eu era solteira, desimpedida e tinha tudo para achar um novo homem, mas meu amor por ele falou mais alto. Tudo bem, eu confesso: também me acostumei ao Salvador e tinha medo de deixá-lo para começar do zero com outra pessoa. Até tentei isso. Separei e namorei um rapaz durante um ano, mas não foi pra frente. Eu tinha que assumir pra mim mesma que estava bem como amante do Salvador e parar de me preocupar com o que os outros pensavam. O moralismo dos meus pais funcionava muito bem na teoria, mas na prática a vida é muito mais complexa.
Morava no mesmo prédio que a oficial
Enquanto eu vivia todos esses questionamentos, a Meg estava muito tranquila com a situação. O Salvador não assumiu explicitamente que a gente ainda se relacionava. Só disse que tínhamos um filho. Ela, que não era boba nem nada, quis nos conhecer e aproveitou para sacar o cenário. Mas, em vez de tentar nos separar ou de armar confusão, a Meg quis ser minha amiga. Acho que ela sabia que o Salvador não era homem de uma mulher só e, pra ela, era melhor unir forças comigo que ficar brigando com ele. Pouco tempo depois, meu amor comprou dois apartamentos no mesmo prédio. Um pra mim e para o Daniel e outro para ele e a Meg. A gente morava no sétimo andar e eles, no 20º. Como nos encontrávamos sempre no elevador ou no saguão, eu e a Meg acabamos virando amigas de verdade. Saíamos para fazer compras e almoçar, dávamos pitaco na casa uma da outra e, mais importante, falávamos sobre o Salvador. Quando uma das duas estava com um problema com ele, a outra aconselhava e ajudava a resolver. A Meg não era uma esposa comum, tampouco eu era a amante destruidora de lares. Além de Amigas, outra coisa que tínhamos em comum era ficar de olho no nosso “marido” mulherengo. Uma vez, descobrimos que o danado estava dando mole para uma sirigaita que trabalhava no shopping. Aí ela me ligou certa de que ele estava indo até a fulaninha e fomos atrás dele no meu carro para conferir. Chegando lá, ela armou o maior barraco, com direito a tapas no Salvador e na periguete!
Antes de morrer, ela disse para ele ficar comigo
Jamais me voltei contra a Meg. Infelizmente, um câncer que ela já havia tratado reapareceu há cinco anos e ela não resistiu. Cheguei a visitá--la com meu filho, já com 19 anos, no hospital e ambos ficamos arrasados. Ele nunca entendeu bem nossa relação, mas gostava da Meg, a quem chamava de madrasta. Quando ela faleceu, fiz uma visita discreta ao velório para me despedir da minha amiga. E que amiga! Antes de morrer, a Meg pediu ao Salvador para que ficasse apenas comigo dali em diante. De luto, ele passou três meses morando e dormindo sozinho no apartamento do 20º. Não sabia o que ia acontecer nesse período. Foi assim até que minha mãe, uma das grandes críticas da nossa relação, também morreu.
Nesse momento, o Salvador entendeu que não tinha mais ninguém da minha família para se opor ao nosso relacionamento e resolveu me chamar pra viver com ele. É triste que tudo isso tenha que ter acontecido para chegarmos até aqui, mas chegou a nossa hora. Pedi para que pudéssemos fazer uma reforma no apartamento porque não queria sentir que estava morando na casa de outra pessoa, e ele topou. Depois de 33 anos, finalmente deixei de ser amante e virei a esposa oficial!
Moramos juntos sem dilemas. Finalmente!
Dormir na mesma cama como mulher do Salvador me deixa muito feliz, porque nunca deixei de amá-lo. Não sei se é o título de esposa que mais me agrada ou o fato de que, agora, não existem mais os dilemas morais. Tanto que nem faço questão de assinar papel em cartório. Também adoro que meu filho esteja convivendo mais com o pai. O Salvador costuma brincar que nós somos o carma um do outro e que, não importa o que façamos, vamos acabar juntos. Nossa relação não foi fácil, mas temos algo especial. Ele faz eu me sentir bem e me preenche de um jeito que mostra que ainda é vantajoso estar com ele. Hoje, meu amor sossegou um pouco o facho e parou de correr atrás de todo rabo de saia que vê por aí. Mas sabe que eu nem ligo? Ele ainda faz o tipo galante e conquistador e talvez até tenha um casinho aqui ou outro ali, mas não fico procurando sarna para me coçar. Ele chega em casa cedo e está sempre presente. É isso que importa. Sem falar que o que eu quero agora é um companheiro e um pouco de paz nessa vida. Já vivi emoção até demais!
Marilia Lopes, 60 anos, dona de casa, Taboão da Serra, SP
Box:
“Ela está sempre por perto. Que bom!”
“Eu me casei errado. Tinha apenas 22 anos quando assumi esse compromisso e hoje sei que foi uma péssima decisão. Apesar de ter sido sempre uma ótima mãe para meus filhos, minha primeira mulher e eu não tínhamos química na cama e só descobrimos isso quando já era tarde. Como ela engravidou, achei que o certo seria manter a relação pelo bem da família. Só que, quando conheci a Marilia, me encantei de cara. O envolvimento foi tão natural que não me sentia culpado. Acho que um dos maiores empecilhos para gente não ter ficado juntos antes oficialmente foi a família dela, que nunca aceitou nosso relacionamento. Se eu fosse morar com ela, só arranjaria confusão. Claro que isso não me impediu de levar a relação adiante. Ter um filho com ela foi maravilhoso. Pouca gente entende a amizade que a Meg e a Marilia cultivaram, mas a gente vivia bem. Chegamos a viajar todos juntos. A Marilia é uma presença constante na minha vida. Já entendi que ela sempre vai estar por perto e não quero mudar isso. Ela é uma mulher muito especial, mãe e esposa dedicada e querida. Se a gente não tivesse um carinho especial um pelo outro, o relacionamento não teria durado tanto.”
Salvador Palomares, 66 anos, representante comercial, o marido da MariliaFonte: http://soumaiseu.uol.com.br/noticias/acr...PZuzvnyvIV